Meus jogos favoritos de 2020 – Alexandre Galvão

Os redatores do GameBlast falam sobre os títulos que mais curtiram entre os lançamentos deste ano.


Sinceramente, se eu soubesse que 2020 seria um ano tão complicado, teria chutado o pau da barraca com mais força no meu aniversário, em janeiro. Este ano foi tão ruim que eu acho que vou chamá-lo de Final Fantasy Crystal Chronicles Remastered Edition (Multi). Mas nada superou meu misto de ódio e tristeza com Cyberpunk 2077 (Multi). Eu até esperava que o jogo não fosse tão bom quanto estavam prometendo, mas o que os poloneses da CD Projekt Red fizeram com a versão para os consoles atuais, pra mim, foi um verdadeiro ato de traição.
Bonitinho, mas ordinário

Bom, perdão pelo desabafo já de início. Sei que foi um ano difícil pra todo mundo, mas, felizmente, talvez por conta da transição de gerações ou simplesmente por ter sido uma das poucas coisas boas que tive pra fazer neste ano, 2020 trouxe uma grande leva de jogos interessantes pra gente e tive a oportunidade de experimentar – e até completar – vários deles. Desde experiências super decepcionantes como já citei no parágrafo acima, passando por algumas que já esperava que fossem bem legais, e outras que superaram minhas expectativas e amadureceram a minha percepção com esse meu querido hobby que já pratico há cerca de trinta anos.

Hoje quero compartilhar com você, leitor, um pouco sobre meus jogos favoritos de 2020. Saindo um pouco daquela abordagem mais técnica e crítica e tratando estes títulos sob uma ótica mais intimista e pessoal. Comentários e opiniões que seriam incompatíveis com uma análise, e mais voltados para algo bem mais casual. Enfim, vamos voltar para o início do ano.

Coisa pouca, mas coisa boa

Quero começar relembrando alguns títulos com que me diverti bastante, e o primeiro deles foi Journey to the Savage Planet (Multi). Como disse no texto na época, esse game é uma coisa como “Borderlands e No Man’s Sky entraram num bar...”. O resultado de uma bebedeira entre esses dois jogos poderia facilmente resultar no game da Typhoon Studios, por conta da ambientação, da exploração de locais exóticos e do humor ácido (e bem-vindo) que temos ali. Tudo é colorido, muitas vezes exageradamente engraçado, mas sem perder aquele feeling de aventura que esse tipo de jogo deve ter. Foi bem divertido conhecer bafarinhos neste game.

Um que me rendeu belas sessões de adrenalina foi Ghostrunner (Multi). Se o game da CD Projekt Red tivesse metade da qualidade deste, eu já estaria feliz. Ambientação cyberpunk muito boa, com música, sons, história e uma jogabilidade que é uma verdadeira delicinha. Além de um nível de desafio formidável. Claro que não tem o mesmo tom de grandiosidade e doses de revolução como o 2077, mas foi uma experiência bastante divertida que chegou a me tirar do sério algumas vezes. E acredite, isso é bom!

Agora, relembrando um que tive muita satisfação de finalmente poder jogar de forma decente foi Mega Man Zero/ZX Legacy Collection (Multi). Sempre fui fã da franquia, mas nunca tive a competência, por assim dizer, de jogá-lo direito. Não porque eu seja ruim neste estilo de jogo, mas pelo fato de serem títulos exclusivos para portáteis. Eu sou um daqueles “véios” que têm mãos grandes, e depois de um tempo jogando num portátil, começa a sentir um certo desconforto, principalmente em jogos com mais ação.

O lançamento dessa coletânea finalmente me proporcionou a oportunidade de jogar Mega Man Zero de forma decente, e isso foi muito recompensador. E sim, as funções que facilitam a vida do jogador me ajudaram muito a aproveitar mais ainda este título. A vida já anda tão difícil, por que dificultar mais ainda, né?

Explorando novos ares

2020 também me proporcionou a chance de experimentar novos gêneros de jogos que eu, sinceramente, não teria ânimo para tal se não fosse pela oportunidade de produzir algumas análises. O melhor exemplo que posso dar nesse caso é F1 2020 (Multi). Eu gosto de jogos de corrida, mas eu tenho uma inclinação bem acentuada para coisas mais arcade, como Need for Speed. Simuladores sempre foram um bicho de sete cabeças para mim, mesmo sabendo que eles são bem melhores.

F1 2020 foi uma experiência que me deixou um pouco assustado de cara, pois eu estava me aventurando em mares que não costumo navegar – ou estradas por onde nunca dirigi, pra colocar no contexto. Porém, tive a sorte de pegar um dos games mais acessíveis da franquia. Sério! Eu fiquei de cara com o quanto o jogo é amigável pra quem tá chegando agora no rolê e isso me deu a oportunidade de produzir um dos materiais de que mais gostei durante o ano. Tem como ser mais sincero ao falar de um simulador não sendo habituado com isso? Tá que eu tive que aprender a pilotar na marra, mas felizmente deu tudo certo.


Ainda sobre simuladores, este outro teve um ponto a favor que foi o fato de ser baseado em Star Wars. OK, é complicado dizer se um simulador de caça espacial é fiel ao que propõe, pois são coisas que não existem. Mas, se existissem, Star Wars: Squadrons (Multi) poderia facilmente ser considerado uma excelente escola de aviação espacial.

Eu sou fã de Star Wars desde moleque. Já produzi, inclusive, alguns materiais sobre o tema aqui no GameBlast, como os títulos baseados no universo expandido, em que os jogos e os filmes se comunicam e até mesmo uma volta no tempo para falar de Star Wars Episode III: Revenge of the Sith (PS2/Xbox). Então, acho que posso dizer que eu realmente estava em casa quando recebi Squadrons para jogar e analisar.

E me atrevo a dizer que, mesmo sendo um título com um orçamento menor para o padrão dado pela EA para os jogos da franquia, Star Wars: Squadrons é extremamente competente no que propõe. Inclusive se você tiver mais aparatos como um manche e um headset VR para jogar. Ainda quero experimentar ele dessa forma. Além disso, até a história – que é bem “OK”, diga-se de passagem – é bem mais competente que os últimos filmes. Acho que dessa vez quem deveria tomar uma puxada de orelha é a Disney. A EA acordou depois de Battlefront II.


E cá entre nós, devo admitir também que os trailers fizeram um excelente papel na hora de vender esses dois jogos. Me ganharam muito fácil só com eles. Pois bem, prosseguindo para o próximo tópico!

Ah, o Japão…

Aqui vou destacar os títulos tipicamente inspirados em obras do nosso querido país do outro lado do mundo, o Japão. One Piece: Pirate Warriors 4 (Multi) foi meu xodozinho no primeiro semestre de 2020. Bom, sou suspeito pra falar aqui pois gosto de One Piece e sou “bitch” de jogos estilo Musou. Eu até brinco dizendo que se tivesse um game desse gênero da Hello Kitty, eu jogaria com o mesmo fervor de um Dynasty Warriors – na verdade, eu digo que falo brincando, mas é verdade! Sanrio, seu filho está pronto!

Com Pirate Warriors 4 eu fui bem além de jogar para fazer uma análise. Investi um bom tempo ali para completá-lo só pelo prazer de ter um troféu de platina deste game e também pela jogabilidade viciante ao atacar dezenas de centenas de milhares de inimigos. Me julguem!

Um título que já é mais voltado para entusiastas é Mobile Suit Gundam Extreme Vs. MaxiBoost ON (PS4). Um port dos arcades japoneses diretamente para este lado do mundo trazendo nada menos do que uma centena de robôs gigantes para se digladiarem em arenas, principalmente pela internet. A quantidade de conteúdo para desbloquear é absurda, mas recompensador para quem curte a série, com muita informação e curiosidades.

Não sou um entusiasta de Gundam, mas sei reconhecer quando um jogo é feito pensando com um certo carinho para um determinado nicho. Até mesmo algumas músicas dos animes estão lá, e isso é raro. Se você consome jogos de animes sabe o quão difícil é ter uma música da série num jogo ou outro tipo de mídia.

Doraemon Story of Seasons (Multi) foi outro título nipônico que também consumiu meu tempo durante a pandemia e trouxe momentos agradáveis durante os dias em que joguei. Foi bom passar um tempo na roça, por assim dizer, depois de tantos títulos com muita ação, tiroteio, drama, violência e muito mais. Chegou a ser até terapêutico em alguns momentos, pois, quando se pega uma rotina de trabalho na fazenda, você consegue deixar a cabeça organizar algumas ideias e organizar um pouco sua vida. Melhor que ver notícias de Brasília na TV, com certeza.
O mês de dezembro, que eu inicialmente havia planejado ser totalmente dedicado para jogar Cyberpunk 2077, acabou virando o mês em que renovei meu amor pelo gênero JRPG com Dragon Quest XI S: Echoes of an Elusive Age – Definitive Edition (Multi). Mais um título que sou suspeito em falar pois sou #TeamDragonQuest, diferente de muita gente que prefere a outra franquia, que recebeu um remake bonito no começo deste ano, e que não atraiu meu interesse.

Graças a esta verdadeira obra-prima nipônica, meu fim de ano está sendo extremamente agradável nas jogatinas de fim de semana. Fazia tempo que eu não me divertia e me emocionava com um jogo tão bonito em todos os sentidos. DQXI S tá sendo aquele abraço quente e confortável que os poloneses não conseguiram me dar no fim de 2020.

Mas antes de salvar o mundo, #Partiu Cassino

Emoções à flor da pele

Agora chegou a hora de trazer os cachorros grandes para a conversa. Os títulos mais pesados, elaborados, densos ou mesmo emocionantes que tomaram meu tempo em 2020. Começando com um título que não tive a oportunidade de jogar no lançamento, no ano passado, mas que consegui obter pouco depois que chegou para o PC neste ano: Death Stranding (PC/PS4).

Eu consegui me manter “virgem” o máximo que pude para não tomar nenhum spoiler até que pudesse jogá-lo. Cheguei um pouco avariado, mas no geral consegui uma experiência única e viciante na pele de Sam Bridges, realizando entregas em um país devastado. Eu sinceramente achava a premissa de delivery de DS meio piegas, mas, quando me vi imerso naquele mundo, eu simplesmente tirava dias para simplesmente realizar os pedidos mais aleatórios possíveis só pelo prazer de viajar.


Pode parecer estranho, eu sei, mas só jogando pra entender essa sensação. Foi justamente isso que um amigo me disse na época que ele jogou. Quando a jogabilidade e o roteiro se mesclam, muito daquele mundo começa a fazer sentido. E por mais que Hideo Kojima seja excêntrico em suas criações, ele ainda consegue segurar nossa atenção mesmo quando estamos mais perdidos que o próprio Sam.
"Fala patrão! Frete aqui nóis faz até o fim do mundo, fechô?"
De longe, este próximo título foi um dos que mais me impactaram em 2020. Seja pela história, pela qualidade, ou mesmo por toda a repercussão e polêmicas que gerou. Sabe aquele dito popular do “falem mal, mas falem de mim”? Aconteceu muito isso na época que The Last of Us Part II (PS4) chegou.

Admita! Você também ficou incomodado quando começou a jogar com a Abby e percebeu que o jogo agora iria meio que recomeçar sob o ponto de vista dela, não ficou? Eu me lembro da minha reação ao ter que aceitar o fato de jogar com aquela mulher, ainda mais depois do que ela fez. E também me lembro da minha reação ao ver a história dela e os motivos que a levaram até aquela situação. Isso me fez rever todo meu alinhamento em relação a ela e também à Ellie. De vilã a segunda melhor personagem da série. A primeira não é a Ellie, e não vou revelar quem é.


Aos que depositaram ódio no jogo por motivos sexistas, ou então por não concordar com a narrativa pesada que foi apresentada ali, apenas lamento por não saberem ver além de um par de seios ou por não se darem ao luxo de abrir sua percepção para outros temas que não sejam seu próprio umbigo para um dos roteiros mais intensos e emocionantes da história do entretenimento. The Last of Us Part II é até hoje um título que me faz lembrar dele só de ouvir seu nome ou então ao ver ou ouvir algo sobre ele. E com certeza essa sensação vai continuar com o passar do tempo, e com uma intensidade que jamais tive com qualquer outro game que joguei em minha vida.
Intenso do início ao fim

O que esperar de 2021?

Primeiramente que seja um ano bem melhor que 2020, acima de qualquer outra expectativa, e que a vacina chegue logo também. O que vier de bom além disso já é um grande lucro. Agora, sobre jogos, eu sinceramente não cheguei a pensar seriamente sobre isso. Claro que tenho alguns jogos em mente, mas nenhuma lista ou grandes expectativas. De cara, o único jogo que realmente estou esperando é Horizon Forbidden West (PS4/PS5). Pelo fato de ele ser lançado também para PS4, me alivia do fardo de ter que comprar um PS5, o que não deve acontecer em 2021, com toda certeza.

Outros que ganharam minha atenção e que quero deixar registrados aqui são Gotham Knights, Wonder Boy: Asha in Monster World, Persona 5 Strikers e Far Cry 6. Gosto de ser surpreendido, então aguardo mesmo um anúncio que vai me deixar com aquele tesão gostoso de “mano, quero jogar isso aí logo”. Fora esses, eu não reservei um tempo para listar mais jogos em meu “radar de interesses” para o ano que vem.
Anunciado para fevereiro de 2021, já foi adiado
Acho que a novela da CD Projekt Red me ensinou uma lição valiosa sobre parcimônia na hora de escolher onde investir meu tempo e dinheiro para as jogatinas e por isso aprendi a, literalmente, esperar pra ver. Essa foi a terceira e última vez que comprei algo em pré-venda. Das últimas duas vezes fui bem feliz e satisfeito. Acho que o famoso “um é pouco, dois é bom, três é demais” caiu como uma luva nessa história.
Em 2020 aprendemos que um jogo só pode ser lançado quando estiver realmente pronto
Amigos, me despeço de vocês hoje desejando um ótimo período de festas de fim de ano. Curtam a família, os jogos, continuem tomando os cuidados pois ainda tem um vírus perigoso rodando por aí. Um abraço e se cuidem!

Revisão: Ives Boitano

Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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