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Análise: Journey to the Savage Planet (Multi) é colorido, bem-humorado e ótimo para quem gosta de explorar

Desbrave um planeta remoto e selvagem para descobrir se ele serve como moradia para a raça humana nesta jornada, no mínimo, exótica.

Anunciado durante a edição de 2018 do The Game Awards, Journey to The Savage Planet é uma aventura em primeira pessoa onde assumimos o papel de um empregado da Kindred Aerospace, a orgulhosa detentora do título de “4ª melhor companhia de exploração interestelar”. Nosso trabalho é explorar um planeta inóspito, catalogando sua fauna e flora para avaliar se ele é propício para servir como moradia para a raça humana.

Felizmente não estamos sozinhos nesta empreitada. Somos acompanhados por E.K.O., uma inteligência artificial que atua como uma assistente de campo, dando informações sobre nossas atividades no planeta, objetivos e fazendo comentários sarcásticos acerca do nosso trabalho. O jogo também possui um modo cooperativo online, caso você queira dar um rolê com um amigo no planeta.

Chegamos! E aí?

A Kindred Aerospace nos manda para um planeta catalogado como AR-Y 26. A tarefa é, teoricamente, bem simples: meter a cara lá fora para catalogar a fauna, a flora e enviar relatórios periódicos sobre as descobertas feitas no planeta para Martin Tweed, presidente e fundador da Kindred. Para nos acompanhar nesta jornada, E.K.O. está devidamente equipada com sua arma mais poderosa: uma personalidade bem-humorada, sarcástica e até simpática às vezes.

Como a viagem foi longa, é necessário fazer um rápido teste psicológico para saber se chegamos bem de viagem. Após confirmar nossa foto de perfil para a empresa e ajustar o nível de interação da E.K.O., é hora de sair da nave, que foi avariada na aterrissagem, e dar início aos trabalhos no planeta.
Numa escala de zoeira, como você está hoje?
Após uma rápida inspeção na Javelin, que funciona como um tutorial ensinando a utilizar o scanner do visor, nos vemos equipados com uma das únicas armas de fogo do jogo: uma pistola Nômade de baixo orçamento com munição ilimitada. Além da arma, estamos equipados com algumas latas de Grob, que é usado como isca para atrair animais, e um Amostrador Vivo, uma espécie de vareta usada para analisar animais específicos das missões de pesquisa científica.

Tanto a pistola quanto seu traje podem ser aprimorados com uso de uma impressora 3D em sua nave, desde que alguns pré-requisitos sejam cumpridos: coleta de elementos, progresso de exploração e análise de tecnologia alienígena. Interagir com a flora e matar criaturas no planeta proporcionam os elementos carbono, silício e alumínio, usados na impressora.

Explorando o planeta, é possível encontrar um quarto item usado para fazer aprimoramentos, uma liga metálica alienígena. Ela é essencial para criar os aprimoramentos mais importantes, como o propulsor de pulo duplo, triplo e até quádruplo, melhorias na pistola, aperfeiçoamento do visor, de um cordão de próton usado como uma espécie de arpéu, e do seu traje para poder carregar mais itens.

Seu título também é um pré-requisito para liberar o desenvolvimento destes aprimoramentos. Para subir de ranking, é necessário realizar algumas tarefas e pesquisas específicas, como chutar criaturas e acertá-las com sua pistola no ar, ou fazer uma análise de determinadas espécies. Quanto maior o ranking, mais aprimoramentos é possível fazer no seu traje.

E.K.O. envia regularmente solicitações para os engenheiros da Kindred sobre quais melhorias estarão disponíveis na impressora 3D de sua nave, conforme você progride na sua exploração. Por exemplo: ao encontrar uma fruta chamada bombã, você não é capaz de guardá-la com você, pois ela explode pouco tempo depois de retirada do pé. Ao fazer o aprimoramento de sua luva, é possível armazená-la com você para usar em outras ocasiões.

A impressora 3D já citada não é usada apenas para desenvolver, mas também para te trazer de volta caso você morra lá fora. Um fato curioso é que E.K.O. diz que “algo errado pode ocorrer caso você precise ser reimpresso mais de 50 vezes”. Durante minha exploração eu não tive a sorte, ou azar, de morrer esse tanto de vezes para saber se o que ela disse é verdade ou se foi mais uma amostra da linda personalidade dela.

Se isso já não fosse impressionante o suficiente, ainda podemos interagir com nosso corpo morto, dando a ele um sepultamento digno ao invés de deixá-lo apodrecendo em posição fetal. Isso garante algumas unidades de elementos e ainda indica quantas cópias suas já pereceram.

Aqui jaz um desbravador de mundos!
Aqui jaz o desbravador que morreu de novo!
Retornar à sua nave é importante, pois é lá que seus recursos são armazenados e são feitas todas as melhorias necessárias para que você seja capaz de explorar novas áreas do planeta. Caso você morra, um pacote ficará disponível próximo ao local onde você faleceu, para que você possa recuperar os recursos que possuía. Um marcador na sua bússola e na seleção de área mostra onde ele está, e ficará disponível até que você o colete ou morra novamente.

Para agilizar os rotineiros retornos à Javelin, você faz uso de plataformas de teletransporte que são encontradas nas várias áreas do planeta. Elas precisam ser ativadas para que possamos usá-las como pontos de viagem rápida. Alguns destes pontos são protegidos, sendo necessário derrotar algumas criaturas para que ele seja ativado e disponível para uso. O acesso a novas áreas do planeta também é feito apenas com o uso dos teletransportadores.

Fazendo turismo científico

Quem jogou No Man’s Sky já deve estar familiarizado com a mecânica de catalogação. Lá, para cada planeta que visitamos, precisamos catalogar a fauna e flora para receber recompensas. Aqui a ideia é a mesma, mas apenas no planeta em que estamos trabalhando. Pressionando o direcional para cima no controle, o scanner do visor é ativado. Para escanear um objeto, miramos nele e pressionamos o botão de escanear. Tudo que é escaneado fica catalogado no Kindex. Caso você queira rever alguma informação sobre uma criatura ou checar quantas ainda faltam encontrar para completá-lo, este é o lugar.
A descrição de item mais didática que verá hoje.
Tirando o lado científico da coisa, também temos um modo foto bem básico, equipado com alguns filtros de imagem para fazer fotos legais da sua viagem e mostrar aos amigos. Aqui tem algumas fotos que fiz de momentos da jornada.

A fauna do planeta é bem vasta. Por todo local que passamos nos deparamos com criaturas que despertam nossa imaginação e nos fazem soltar um “mas que p… é essa?”. Os que mais encontramos são os carismáticos Bafarinhos. Tem de todos tipos: com presas, com armaduras de seiva, cobertos de rocha, explosivos e até zumbis. Todos eles te amam, menos os zumbis, por motivos óbvios. Ao chegar em um local, novo, sempre nos deparamos com essas criaturinhas fofas que só querem ficar na deles. E.K.O. ainda orienta que você os mate para ter uma fonte rápida e fácil de carbono. Que maldade!

Outras criaturas possuem personalidade ou carisma semelhante aos Bafarinhos, como as Mamuscas, que saem em disparada gritando de forma hilária e os Bordôs, que, apesar da aparência, também só estão de passagem pelo local onde você está visitando. Já outros não possuem a mesma simpatia dos Bafarinhos, como os Calangos e as Medusas-do-ar. Outros animais maiores, como o Caragueverme, fazem o papel de chefes das principais áreas do jogo.


A flora do planeta proporciona uma ótima fonte de munição para itens que podem ser usados para diversas finalidades:
  • Bolha gelatinosa: ao lançá-la, cria uma espécie de trampolim, proporcionando um impulso. Pode ser usada por você ou utilizada como armadilha para surpreender criaturas inimigas;
  • Bile vinculante: uma gosma que pode ser lançada no chão ou diretamente contra um animal para deixá-lo imobilizado por algum tempo. É bem útil contra inimigos que não deixam aberturas para seus pontos fracos;
  • Semente de garra: algumas superfícies possuem uma espécie de fungo onde é possível lançar esta semente, que cria um ponto de contato para o cordão de próton;
  • Bombã: uma fruta explosiva, praticamente uma granada que explode alguns segundos após ser lançada, ou na sua mão se você segurar por muito tempo;
  • Bomba da destruição: é usada para causar dano corrosivo aos inimigos e também para derreter superfícies cobertas de seiva endurecida;
  • Fruta do choque: faz você soltar raios pelas mãos em um gesto maneiro, e pode causar dano em cadeia quando vários inimigos estiverem próximos.
Uma gosma laranja é encontrada em várias localidades e proporciona um aumento permanente nos pontos de vida e resistência. As primeiras dão aumentos imediatos, mas com o passar do tempo, para cada aumento de nível são necessárias três gosmas, quatro, e assim por diante. Cada aumento de nível proporciona uma adição de 10 pontos em sua saúde e 1 segundo em sua resistência, consumida para correr. Um aprimoramento do scanner facilita a busca por estas gosmas, revelando a posição delas no seu campo de visão.

No meio do caminho tinha uma torre...

Escaneamos umas plantas aqui, trombamos com criaturas simpáticas e melequentas ali, e aí esbarramos com estátuas, construções, tábuas enigmáticas e uma imensa torre alienígena no meio do caminho. Ao enviar um novo relatório sobre esse achado para o Sr. Tweed, ele diz que os acionistas podem não achar essa ideia muito boa, e pede para que mandemos informações sobre o local exclusivamente para ele. Se você já sentiu um cheiro de treta nisso, então somos dois. Nossa missão agora é investigar a tal torre e coletar uma tal semente que está lá dentro. E, claro, continuar catalogando o planeta, pois somos assalariados e precisamos desse emprego.

#SelfiedaTorre
Com a ajuda de E.K.O.. aos poucos vamos decifrando um pouco mais dos mistérios acerca dos alienígenas que levantaram a tal torre através de algumas estátuas espalhadas pelo mundo, e o negócio vai começando a ficar um pouco tenso. Mas como estamos jogando Journey to the Savage Planet até aqui, já sabemos que a zoeira ainda prevalece, então tá sussa! Nossa nova missão é encontrar um meio de entrar na torre, invadi-la, tomar a semente do planeta e voltar para a Terra.

A primeira parte da campanha principal termina quando conseguimos derrotar o monstro grotesco e imenso na torre, obtendo a semente do planeta, mas nosso verdadeiro trabalho ainda está longe de acabar. E.K.O.. nos informa que a Javelin não tem combustível para voltar à Terra, e que não receberemos nosso bônus e pensão se não concluirmos totalmente o trabalho.

Durante minha jornada tive a sorte de encontrar barris de combustível suficientes para fazer a Javelin decolar sem a necessidade de precisar de um melhoramento do scanner para facilitar a busca por eles, o que me deu a liberdade de finalizar o jogo imediatamente ou voltar pra casa como um funcionário exemplar da Kindred Aerospace.
Martin Tweed, meu chefe!

Afinal, para quem é esta aventura?

A jornada a este planeta selvagem me mostrou que Journey to the Savage Planet pode agradar bastante dois nichos específicos de jogadores: os que adoram sair catando tudo que o jogo tem para oferecer em questão de colecionáveis, através dos muitos itens e criaturas para registrar no Kindex, e os speedrunners, pois o jogo conta com uma conquista/troféu que premia o jogador que terminar a campanha em menos de 4 horas, e é bem provável que veremos muitos vídeos de pessoas querendo estabelecer recordes neste jogo. A descrição até menciona que veremos ele no próximo GDQ (Games Done Quick).
Journey to the Savage Planet teve um anúncio bem tímido, de um estúdio novo, e deixou uma boa primeira impressão do trabalho da equipe da Typhoon Studios. Falando no clima descontraído do jogo, eu faria uma piada que poderia começar com “Borderlands e No Man’s Sky entraram num bar...” e isso já daria uma noção do clima que o jogo passa. É um título divertido e bem feito, fiquei muito satisfeito com a experiência que tive ao explorar o planeta. E se lançarem Bafarinhos de brinquedo, quero colecionar.

Prós

  • Narrativa bem-humorada;
  • Mundo aberto rico em detalhes e originalidade;
  • A exploração é bem estimulada e não é cansativa;
  • Criaturas exóticas despertam nossa curiosidade;
  • É possível ser criativo para acessar determinadas áreas ou coletar alguns itens;
  • Localização em nosso idioma muito bem adaptada (menus e legendas);
  • Possibilidade de jogar online com um amigo.

Contras

  • Acessar o menu não pausa o jogo;
  • Versão para consoles poderia rodar a uma taxa de quadros maior. No PS4 é 30.
Journey to the Savage Planet – PC/PS4/XBO – Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: PS4
Análise feita com cópia digital cedida pela 505 Games
Revisão: Davi Sousa

Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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