Star Wars: os jogos do universo expandido

Vamos relembrar alguns dos jogos que vão além dos filmes e beberam da fonte de criatividade que gerou o universo expandido de Star Wars.

Celebrando o fim da atual trilogia cinematográfica de Star Wars em dezembro, hoje vamos abordar o Universo Expandido. Nascido com o objetivo de contar mais histórias além das mostradas nos filmes da saga, a mitologia galáctica da série serviu de inspiração para contar inúmeras histórias sobre fatos, personagens e locais desta galáxia tão distante.



Também reproduzidas nos games, hoje nosso objetivo é relembrar alguns dos títulos que foram diretamente baseados nestas obras, em sua maioria livros, que foram lançados desde a estreia do primeiro filme em 1977.

O que é cânone e o que é lenda

Mas antes de abordar os jogos, vamos nos atentar a um fato recente e como isso afetou a forma como classificamos quais histórias realmente fazem parte do universo expandido de Star Wars.

Em novembro de 2012, a The Walt Disney Company adquiriu a Lucasfilm, de George Lucas, tornando-a detentora da propriedade intelectual de Star Wars. Em abril de 2014, já preparando todo o terreno para o lançamento do primeiro filme da nova trilogia após a aquisição, a Disney anunciou que o universo expandido de Star Wars sofreria um reboot, no qual o objetivo era adequar os acontecimentos da nova trilogia com outras histórias que seriam contadas fora do universo cinematográfico.

Com isso, quase tudo o que foi escrito e reconhecido por Lucas como cânone no lore de Star Wars passou a ser desconsiderado. A Disney optou por contar novas histórias que conversariam diretamente com os novos filmes. Todo o conteúdo que deixou de ser cânone passou a ser conhecido pelo selo Legends e a ser considerado como uma linha temporal alternativa. Hoje esse universo se divide em Novo Universo Expandido e nas Lendas de Star Wars.

Como exemplo do Novo Universo Expandido temos a obra Um novo amanhecer, de John Jackson Miller. Protagonizado por Kanan Jarrus, o livro conta sobre suas dificuldades durante o expurgo dos Jedi e é um prólogo da série televisiva Rebels. Este mesmo período é retratado no recente Star Wars Jedi: Fallen Order, lançado para PC e consoles em novembro.

Um novo universo surge.
Já Sombras do Império, de Steve Perry, se tornou Lenda. O livro rendeu até mesmo um jogo feito pela própria LucasArts, divisão de games da LucasFilm, e é considerada uma das melhores histórias do então Universo Expandido. Mas vamos falar melhor deste jogo logo mais.

E o existente se torna Lenda.

Conhecendo mais de Star Wars por meio dos jogos

O primeiro jogo da saga lançado para consoles foi The Empire Strikes Back, em 1982, para o Atari. O jogo era baseado na sequência que segue a batalha no planeta gelado de Hoth e nele o objetivo era destruir andadores imperiais a bordo de um snowspeeder e conseguir o máximo de pontos possível.

Em uma época em que jogos baseados em filmes eram comuns, trazer algo diferente era uma aposta audaciosa. A partir dessa ideia, a LucasArts, detentora de um rico e valioso conteúdo, começou a trazer mais do universo de Star Wars para os videogames. Alguns sendo, inclusive, obras originais do estúdio e também adaptando histórias já contadas na literatura. Vamos relembrar alguns desses jogos e conhecer as obras ou fatos da franquia que inspiraram seu desenvolvimento.

Star Wars: Dark Forces e Jedi Knight

Dark Forces (1995) foi a primeira e bem-sucedida aposta da LucasArts no gênero de tiro em primeira pessoa, popular nos PCs. A trama original do estúdio, hoje uma Lenda no universo Star Wars, gira em torno de Kyle Katarn, um ex-oficial do Império que é contratado pela Aliança Rebelde para roubar os planos da primeira Estrela da Morte e, posteriormente, se vê em meio a uma trama imperial acerca de um novo projeto, os Dark Troopers.

O game foi bem recebido e elogiado na época, o que rendeu várias continuações. Na segunda, intitulada Jedi Knight: Dark Forces II (1997), vemos Kyle começando a aprender os caminhos da Força em uma trama que envolve uma nova facção ligada aos imperiais chamada de Jedi Negros. O jogo já contava com gráficos e jogabilidade muito mais elaborados que o primeiro título e também possuía cutscenes com atores reais. No Brasil, o jogo foi distribuído pela Brasoft, que fez um trabalho de localização muito superior para a época, incluindo um excelente trabalho de dublagem. Infelizmente a versão disponível atualmente no Steam não conta com nosso idioma.



O jogo contou com uma expansão, Jedi Knight: Mysteries of the Sith, onde o protagonismo do jogo foi dividido com Mara Jade, que no universo expandido era mais conhecida como a esposa e mãe do filho de Luke Skywalker.

A série trouxe uma nova entrada em 2002, para PC, Xbox e GameCube. Jedi Knight II: Jedi Outcast devolve o protagonismo totalmente a Katarn, que dessa vez desistiu da vida como Jedi por quase sucumbir ao lado negro em Mysteries of the Sith e se vê obrigado a retomar seu ofício como cavaleiro para garantir que a nova Ordem Jedi prospere. O jogo foi relançado em setembro deste ano para PlayStation 4 e Switch e também está disponível no Steam.

A série teve seu fim no ano seguinte em Jedi Knight: Jedi Academy, para Xbox e PC.


Star Wars: Rogue Squadron

Hoje uma Lenda, Esquadrão Rogue, de Michael Stackpole, conta a história de uma nova geração de pilotos de X-Wing. Liderados por Wedge Antilles, que participou ativamente na batalha que culminou na destruição da segunda Estrela da Morte em Endor, os habilidosos pilotos da Nova República não só precisam demonstrar destreza nas técnicas de pilotagem e combate espaciais, mas também precisam ser hábeis em resolver seus conflitos pessoais em meio a tramas que envolvem a política no período do fim do império.

A trama rendeu um dos melhores títulos de simulador em todos os jogos de Star Wars. A trilogia que começou no Nintendo 64 e no PC teve duas continuações no GameCube, Rogue Squadron II: Rogue Leader e Rogue Squadron III: Rebel Strike. Os jogos têm foco na ação e o jogador assume o controle de várias naves, incluindo as icônicas X-Wings, em batalhas travadas nos vários cenários que Star Wars já apresentou.

Chega a ser difícil não se empolgar ao pilotar no meio de caças imperiais, ao som da impecável trilha sonora do jogo enquanto manobra e combate os imperiais neste jogo.


Star Wars: Shadows of The Empire

Também oriundo da literatura, a obra de Steve Perry que citamos no início desta matéria tem seus acontecimentos entre os filmes O Império Contra-Ataca e O Retorno de Jedi. No livro vemos Leia organizando a missão de resgate a Han Solo, capturado e levado por Boba Fett até Jabba em Tatooine. Paralelamente a isso, Darth Vader quer que seu filho Luke se junte a ele no lado negro da Força. O Imperador então exige que Vader una forças com um poderoso líder criminoso chamado Xizor, que tem segundas intenções com o Império.

No jogo baseado em Sombras do Império, assumimos o papel do mercenário Dash Rendar em sua missão para encontrar Luke antes de Vader e resgatar Leia, que se tornou prisioneira do tirano Xizor. Com uma jogabilidade em terceira pessoa, Shadows of the Empire foi lançado em setembro de 1996 para o Nintendo 64 e no ano seguinte se tornou o terceiro título mais vendido para o console, alcançando a significativa marca de 1 milhão de cópias vendidas. Também foi lançado em 1997 para PC e se destaca por trazer todos os personagens dos filmes em uma história nova para a época.


Star Wars: Republic Commando

Republic Commando é composto por uma série de livros que relatam fatos ocorridos durante as Guerras Clônicas, um dos principais eventos do universo Star Wars. Nos filmes o conflito tem início em Geonosis, no final de Ataque dos Clones, de 2002. A série literária acompanha o Esquadrão Ômega do exército de clones e o jogo caminhou junto com os livros, sendo a primeira obra datada de 2004, o jogo no ano seguinte e os demais livros sendo lançados anualmente até 2009.

Lançado em 2005 para Xbox e PC, o jogo em primeira pessoa tinha como diferencial sua mecânica em dar ordens para os membros de seu esquadrão durante as missões, o que criava uma atmosfera mais cooperativa durante a campanha single player. Uma sequência, entitulada de Star Wars: Imperial Commando mal passou de seu estágio conceitual e não viu a luz do dia.


Star Wars: The Force Unleashed

Este que é considerado por muitos um dos melhores jogos de Star Wars já feitos, e com razão, foi o título que voltou a dar um gás para a saga nos videogames em 2008. Foi o título que mais recebeu versões e adaptações para consoles, sendo 11 no total. As melhores versões saíram para PS3, Xbox 360 e PC. Esta obra original da LucasArts conta a história do aprendiz secreto de Darth Vader, chamado de Starkiller, uma referência ao sobrenome original de Anakin Skywalker na época em que George Lucas ainda estava escrevendo Star Wars.

O código dos Sith ordena que somente dois lordes podem comandar, sendo um mestre e um aprendiz. Vader “adota” o jovem órfão após uma investida em Kashyyyk, planeta dos wookies, ao perceber que ele é muito sensitivo com a Força. Seu objetivo é treiná-lo para derrotarem o imperador Palpatine e assumir seu lugar na liderança do Império.

The Force Unleashed inovou ao adotar o gênero hack’n slash em Star Wars, típico de jogos como God of War e Devil May Cry. O gênero era bem popular na época e isso favoreceu positivamente a popularidade do jogo. É possível realizar movimentos muito atraentes visualmente, além das habilidades com a Força. O resultado da ótima recepção foi o relançamento do jogo sob a alcunha de Ultimate Sith Ediiton, que expandia a história um pouco mais criando caminhos alternativos para determinados trechos da narrativa.
O aprendiz de Darth Vader elevou a popularidade de Star Wars nos games
Em 2010 o jogo recebeu uma sequência direta. The Force Unleashed II nos coloca na pele de Starkiller novamente para o desfecho de sua história. O jogo é tecnicamente tão bom quanto o primeiro, mas peca no roteiro com muitos momentos clichês, desinteressantes e até absurdos, desconstruindo o personagem implacável que nos foi apresentado no primeiro jogo.


Star Wars: Masters of Teräs Käsi

Teräs Käsi é uma arte marcial no universo de Star Wars que significa Mão de Aço. A primeira menção dela no cânone de Star Wars foi na obra Sombras do Império. Entretanto, a arte não foi totalmente desconsiderada pela Disney no reboot do Universo Expandido. No filme Solo: Uma história Star Wars, Qi’ra, personagem de Emilia Clarke é proficiente em Teräs Käsi.

Talvez este seja o jogo que pegou o fato mais facilmente ignorado no lore de Star Wars e conseguiu transformar em um jogo. Masters of Teräs Käsi foi lançado para PlayStation em 1997 e reúne vários personagens da saga como Luke, Leia, Solo, Vader e até nosso carismático Chewbacca trocando desavenças neste título de luta em 3D com mecânicas que lembram Virtua Fighter e Soul Calibur. O tal Teräs Käsi só foi usado no título mesmo.

Para quem achou que as participações de Vader e Yoda em Soul Calibur IV foram as primeiras de personagens de Star Wars em um jogo de luta, infelizmente vocês estavam errados.



Um universo em constante expansão

Fazendo jus ao significado de universo, claramente não é possível abordar todos os jogos desta vez, mas ainda valem menções para alguns mais, como a série X-Wing, popular no PC durante toda a década de 1990, o estratégico Galactic Battlegrounds, o MMO Knigths of the Old Republic e o clássico Battlegrounds, que recebeu um reboot em 2015.

Recentemente recebemos o excelente Jedi: Fallen Order, que compõe o novo universo expandido e abordamos em outra matéria aqui no GameBlast sobre jogos que tem ligação direta com os filmes. E com a crescente qualidade em títulos da série Star Wars, nossa expectativa é que possamos continuar participando deste universo que, mesmo com um recomeço, continua a crescer. E claro, sem esquecer das Lendas que ainda estão disponíveis para ler e também jogar.

Quais destes jogos você já teve a oportunidade de jogar, de qual sente mais falta e qual mereceria, pelo menos, uma remasterização? Deixe seu relato nos comentários e que a Força esteja com você!


Revisão: Farley Santos

Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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