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Análise: Star Wars: Squadrons (Multi) é uma experiência de pilotagem espacial excepcional

Com uma campanha de narrativa rasa, mas competente, o título tem como destaque as intensas batalhas espaciais em ambiente PvP.


O universo de Star Wars é uma expansão constante de contos e histórias que continua agregando conteúdo mesmo depois de mais de 40 anos de existência. Filmes, séries, animações e jogos sobre a Força, disputas políticas, encontros e desencontros e principalmente guerra. No mais recente título baseado na série mais popular da cultura pop mundial temos mais um pedaço dessa grandiosa história.


Em Star Wars: Squadrons a Motive Studios nos entrega, depois de muitos anos, uma experiência dedicada ao universo secundário da franquia. Os icônicos caças estelares são as estrelas deste título, que terá como protagonista o próprio jogador, que assumirá um dos assentos do piloto sob dois pontos de vista em uma guerra nas estrelas que não quer ter fim.
Prepare-se para decolar, piloto!

As faces da guerra

A trama de Squadrons se passa após a Batalha de Endor, no final de O Retorno de Jedi, sexto episódio da saga cinematográfica, mas seu início se dá quatro anos antes, durante o Episódio IV, Uma Nova Esperança.

Para mostrar o poderio bélico de sua estação espacial, o Império demonstra o que a Estrela da Morte é capaz de fazer usando como exemplo o pacífico planeta Alderaan, lar da princesa Leia Organa. Com a destruição do planeta em questão de instantes pela estação, a Aliança Rebelde se vê acuada e busca meios de deter o aterrorizante poder do Império Galáctico.



O desfecho desta história nós já vimos no filme, na famosa batalha de Yavin, na qual Luke Skywalker consegue destruir a Estrela da Morte com seu certeiro disparo de torpedos iônicos. Nossa trama tem início em outro ponto da galáxia, após a destruição de Alderaan. O capitão imperial Lindon Javes está liderando uma incursão com seu esquadrão a uma base rebelde em busca de sobreviventes do ataque ao planeta, quando, na verdade, está guiando seus aliados para uma armadilha.

A intenção do imperial é desertar e auxiliar os sobreviventes em uma fuga desesperada por suas vidas. Por sua traição, Javes agora é um inimigo jurado do Império, e um objetivo pessoal para Terisa Kerrill, sua então aliada de esquadrão, que deseja vingança por quase ter morrido por conta da atitude traiçoeira do oficial.

Quatro anos se passaram desde o fato e Javes agora é um atuante e respeitado comandante da Temperance, da Nova República, que trabalha de forma incansável para estabelecer uma nova ordem democrática na galáxia após a triunfante vitória em Endor, que desmantelou o Império. O ex-imperial também é designado para chefiar um projeto secreto chamado de Starhawk, uma arma poderosa que pode dar um fim definitivo ao conflito com os imperiais que, mesmo fragmentados, ainda lutam para que sua influência seja mantida e o controle da galáxia permaneça em suas mãos.
Lindon Javes
Do outro lado, Kerrill agora é capitã de seu próprio destroier imperial, o Overseer, e, em sua caça aos membros da Nova República, seu principal objetivo é um só: se vingar de Lindon Javes.
Terissa Kerrill
É sob a perspectiva de dois pilotos em lados opostos da guerra que participamos da trama de Star Wars: Squadrons, alternando entre missões com variados objetivos, vendo os dois lados de uma guerra que se recusa a acabar.

A Vanguarda da esperança e os Titãs vingativos

Nosso papel é integrar os melhores esquadrões de caças estelares de cada uma das facções. De um lado assumimos o assento do Vanguarda 5, como um dos membros do grupo de pilotos mais audacioso, habilidoso e bem-sucedido da Nova República. Nossos companheiros de assento são seres com histórias de esperança para um futuro melhor para a galáxia. Ao intervalo de cada missão temos a possibilidade de conversar e conhecer um pouco mais de cada um, o que nos deixa mais à vontade e até com mais orgulho de ter sido recomendado pelo capitão Javes para integrar a equipe.



Do lado imperial as coisas não são tão legais. O clima de tensão é constante, as cobranças mais duras e o sentimento cego de orgulho de ser um membro do Império é visível em cada um dos membros da nave capital e dos membros do Esquadrão Titã, onde assumimos o assento do Titã 3. Ao contrário dos membros da Nova República, seus colegas Titãs possuem histórias de vida tristes, de vergonha pela derrota do Império e lamentação pela situação atual. Mas o orgulho de serem respeitados como o grupo de pilotos mais letal e perigoso da galáxia alimenta seus egos, e vemos isso durante nossas missões ao lado dessas pessoas.
Vonreg guarda rancor dos traidores do Império
Durante a campanha entramos em combates juntamente com os dois esquadrões, em momentos distintos da caçada de Kerrill para se vingar do capitão Javes. O modo história do jogo tem como objetivo nos preparar para o verdadeiro desafio de Squadrons, que é nos moldar para sermos os melhores pilotos da galáxia. Cada missão conta com as principais mecânicas que devem ser dominadas pelo jogador para que ele seja capaz de se manter vivo no modo multiplayer do game. Enquanto apreciamos a história de Star Wars: Squadrons, não podemos nos esquecer que estamos em constante treinamento para o verdadeiro desafio.

A rotina de um piloto de caça estelar

Star Wars: Squadrons é um simulador. A perspectiva que temos do jogo é unicamente em primeira pessoa, tirando a vantagem técnica que geralmente é obtida ao se jogar com a câmera do lado de fora da nave. Para tal, o jogo é bastante generoso ao oferecer uma excelente customização dos controles, permitindo que o jogador possa adaptar os comandos de forma que sua experiência de pilotagem seja a mais bem aproveitada possível.



Como tal, uma das opções disponíveis é a de desativar as informações na tela, o famoso HUD, deixando apenas informações realmente importantes como objetivos ou a identificação de quem está falando conosco pelo rádio. Isso torna a imersão melhor e deixa a tela menos poluída de ícones passeando pelo ecrã. Esta foi a forma que escolhi jogar Squadrons, tendo como únicas informações da minha nave as que são exibidas no painel de comando. Além disso, há ainda a opção de voo livre para você conhecer melhor cada uma das oito naves (quatro de cada facção) e ganhar mais conforto e afinidade com a classe que acha mais compatível com seu perfil.
  • Caças: são os mais balanceados. Versáteis e fáceis de pilotar, são a melhor pedida para quem está começando no gênero ou deseja assumir várias funções no campo de batalha;
  • Interceptadores: altamente ofensivos e velozes. São capazes de alcançar altíssimas velocidades e possuem poder de fogo que os favorece em perseguições contra caças e interceptadores inimigos, apoiando ofensivamente todo o esquadrão;
  • Bombardeiros: são mais lentos, mas possuem poder fogo capaz de virar a partida quando o objetivo é destruir naves capitais e pontos fracos de fragatas da Nova República e cruzadores imperiais;
  • Suportes: os melhores amigos de todas as classes. Com bom poder de defesa, sua função é fornecer apoio tático aos membros do esquadrão, abastecendo suas munições, reparando avarias e causando interferência nos sistemas inimigos.

Cada nave conta com informações padronizadas em seus painéis acerca do gerenciamento de energia, controle de velocidade, munições, carga de escudos e sensores de posicionamento e mira. Saber identificar e ler estes dados é crucial, pois mesmo que o jogador escolha jogar com as informações de HUD ativadas, os principais dados para gerenciamento de sua nave estão integrados nestes equipamentos.

O gerenciamento de energia é um dos mais importantes para o piloto, pois saber como administrar qual sistema de seu caça estelar merece prioridade em determinado momento pode decidir entre a vida ou a morte do piloto em combate. Utilizando dos direcionais, no caso do console, é possível direcionar a energia da nave para três sistemas específicos:
  • Motores: direcionar energia para seus motores fará seu caça ser mais ágil e veloz. Ao dar prioridade máxima a este sistema, a nave acumula energia para realizar um impulso de velocidade, dando ao piloto a chance de realizar manobras evasivas mais eficazes e escapar de caçadas ou emboscadas;
  • Armas: direcionar energia para as armas fará seu caça causar mais dano e acumular mais energia para o ataque principal. Ao dar prioridade máxima a este sistema, a nave dobra a capacidade de armazenamento de energia ofensiva, podendo atacar por mais tempo antes de precisar recarregar;
  • Escudos: direcionar energia para os escudos fará seu caça receber menos dano e ser capaz de suportar por mais tempo os ataques inimigos. Ao dar prioridade máxima a este sistema, a nave gera mais energia defensiva, fazendo os escudos serem capazes de dobrar sua capacidade de receber dano. No lado imperial, apenas o Ceifador Tie (Suporte) possui escudos.
Os caças contam ainda com armas secundárias e equipamentos, como mísseis de concussão, de íons, de múltiplos ataques, altamente explosivos e outros. Alguns podem ter a companhia de um droide astromecânico (como o R2-D2) para fazer reparos rápidos nas naves e lançar itens que danificam ou despistam torpedos inimigos vindo em sua direção. Durante a campanha, temos alguns equipamentos para realizar as customizações necessárias, mas é no modo multiplayer que elas realmente podem fazer a diferença.



Durante as 14 missões da campanha de Star Wars: Squadrons somos cuidadosamente treinados para dominar a arte da pilotagem – acumulando horas de voo, por assim dizer – para o verdadeiro desafio do game, o multiplayer.

Colocando seu treinamento à prova

O ambiente multiplayer de Star Wars: Squadrons não conta com inúmeros modos de jogo como os demais títulos da franquia lançados recentemente, como Battlefront II. Aqui temos apenas dois modos, igualmente competentes, desafiadores e satisfatórios de se jogar. Lembrando que ele tem suporte a cross-play entre as plataformas em que está disponível.

O primeiro é a Batalha de Caças, que coloca dois times de jogadores em batalhas 5x5 para que alcancem um determinado número de pontos na partida. A regra é simples: a equipe que abater 30 inimigos primeiro vence.

O segundo modo é onde a Força é forte no jogo, a Batalha de Frotas. Em diversos mapas, duas equipes compostas por até cinco pilotos controlados por jogadores ou pela IA se enfrentam em batalhas multiestágios pelo controle do mapa. Divido em etapas, as equipes devem realizar o abate de caças inimigos para elevar a moral de sua facção. O game oferece um programa de treinamento exclusivo para este modo, caso queira se familiarizar com o ambiente.



Nesta primeira etapa, a facção com maior moral avança rumo à frota inimiga, iniciando um ataque a suas naves de combate auxiliares. A partida pode mudar de rumo se o time defensor conseguir elevar sua moral e empurrar a batalha de volta para o meio do mapa, fazendo com que o progresso da etapa anterior do time atacante seja perdido e a batalha volte ao ponto inicial. O desempenho dos times pode fazer uma partida durar alguns minutos ou até meia hora, tempo máximo estabelecido.

Mas digamos que a equipe sob ataque falhou ao defender suas naves de combate e a batalha chegou até sua nave capital. O objetivo da equipe atacante é derrubá-la para obter a vitória. Mas, por ser uma nave massiva, derrubá-la leva tempo, que deve ser bem aproveitado para que o combate seja eficiente. A nave capital conta com pontos fracos que a deixam mais vulnerável e menos ofensiva, permitindo que um ataque bem coordenado após enfraquecê-la possa decidir a batalha.
Seu esquadrão deve ajudar sua frota a avançar para derrubar a nave capital inimiga
Os pilotos controlados pelos jogadores têm total liberdade para fazer modificações em seus caças durante a Batalha de Frotas, bastando retornar até o hangar de sua nave capital para isso. Podem até trocar de classe durante a batalha, dando um ar mais estratégico ao evento. Por exemplo, podemos começar a investida usando um caça ou interceptador para dar cabo dos caças inimigos na primeira etapa, trocar para uma nave de suporte na etapa seguinte e finalizar com um bombardeiro para acelerar o ataque à nave capital. Comunicação e coordenação são importantes para fazer cada etapa do ataque ser eficiente.

Além disso tudo, ainda temos alguns extras

A EA deixou claro que Star Wars: Squadrons não possui e não terá nenhum conteúdo que faça uso das microtransações que já deixaram a empresa mal falada num passado recente. E mesmo já tendo declarado que está adotando para este título uma abordagem mais clássica, do tipo “você paga tanto e pronto”, o máximo que podemos esperar da empresa para o game são conteúdos novos através de atualizações. Como diria Yoda: “Incerto, o futuro é!”. Se o jogo cair nas graças da comunidade, talvez tenhamos algum conteúdo adicional em breve, mas vamos ao que já temos logo de cara.

Ao jogar o modo multiplayer temos um sistema de ranking que, ao ser elevado, premia o jogador com Glória e Requisição, moedas in-game para desbloqueio de cosméticos e equipamentos, respectivamente, para seus pilotos e naves. Basta jogar para acumular essas moedas que só podem ser usadas para este fim.
Subir seu nível de piloto garante pontos de Glória e Requisição para equipar e customizar suas naves
A conclusão de desafios diários e outros por tempo limitado também fornecem Glória e Requisição aos jogadores, além de alguns itens cosméticos de raridade maior. Quando vi esse sistema, notei que isso pode favorecer os jogadores do multiplayer que jogam por mais tempo, fazendo-os ter equipamentos melhores e tal. Mas, sinceramente, eu não vejo utilidade em um equipamento bom na mão de um mal piloto. Sendo assim, mesmo sem ter nenhum equipamento extra liberado, tenho certeza que um jogador habilidoso pode tirar de letra essa “vantagem” dos outros pilotos apenas com o arsenal padrão de seus caças.
Além de customizar o piloto, é possível decorar seu cockpit
Outra característica opcional de Squadrons, exclusiva para o PC e o PS4, é poder ser jogado totalmente com uso de um dispositivo de realidade virtual, como PlayStation VR. Todo o jogo (campanha e multiplayer) pode ser jogado neste modo, tornando a experiência de pilotar um caça estelar ainda mais imersiva e emocionante. O jogo ainda oferece suporte a controles HOTAS, os manches de pilotagem comumente usados em jogos de simulação de voo. Imagine jogar usando todo esse aparato, que maneiro!

Para esta análise não pude experimentar o modo VR do game por não possuir equipamento para tal, mas na primeira oportunidade trarei algum material de Star Wars: Squadrons em VR aqui no GameBlast para vocês conferirem.

Uma experiência de pilotagem excepcional

Velocidade e adrenalina são o combustível que torna Star Wars: Squadrons um jogo obrigatório não só para os fãs de Star Wars, mas para aqueles que também buscam uma experiência sólida de combate PvP em que a habilidade será o verdadeiro diferencial para levar seu esquadrão de caças estelares à vitória.

Com uma narrativa rasa para os padrões da franquia, mas competente e útil na sua proposta, temos aqui um jogo que foi feito para preparar o mais casual dos jogadores para uma experiência de pilotagem que, no pior dos casos, vai render momentos de euforia durante a campanha. Mas os mais exigentes e competitivos vão querer mesmo é mostrar no multiplayer se tem o que precisam para serem considerados os melhores pilotos da galáxia.
Avante, piloto! E que a Força esteja com você!


Prós

  • Campanha relativamente curta, mas eficiente em ensinar tudo que o jogador precisa para ser um bom piloto;
  • Modos de treinamento para facilitar a ambientação do jogador com a experiência de pilotagem em todos os modos de jogo;
  • Multiplayer com propostas distintas e robustas em seus dois modos, agradando todos os tipos de jogadores;
  • Experiência de simulação é favorecida pela generosa customização de controles e de indicadores na tela;
  • Cross-play;
  • Sem microtransações, tornando a experiência de aquisição de itens cosméticos e equipamentos justa para todos os jogadores;
  • Opção de jogar totalmente em VR no PC ou PS4 (PSVR).

Contras

  • Experiência da campanha se torna complicada nos níveis de dificuldade mais altos;
  • Ausência de dublagem em português, presente nos títulos anteriores da franquia;
  • Sem planos para conteúdos adicionais futuros.

Star Wars: Squadrons – PC/PS4/XBO – Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: PS4

Revisão: José Carlos Alves
Análise feita com cópia digital cedida pela Electronic Arts

Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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