Meus jogos favoritos de 2021 — Alexandre Galvão

Os redatores do GameBlast falam sobre os títulos que mais curtiram entre os lançamentos deste ano.


É chegada mais uma vez aquela fatídica época do ano em que vemos que nossas metas estabelecidas no réveillon passado continuam todas pendentes, em que você se questiona o porquê de problematizar a rabanada fora desta época do ano e em que as pessoas vivem com pressa para resolver suas vidas na semana do dia de Natal para não parecer que o ano de 2021 foi tão ruim quanto realmente foi.


Sério! Rabanada é bom demais pra ser algo que só fazem nessa época do ano!
Sim, vamos começar o texto deste ano com os dois pés na porta, pois 2021 conseguiu ser um ano tão, ou até mais, problemático quanto 2020. Apesar de a pandemia estar começando a dar sinais de que está sendo controlada, ainda temos o desprazer de conviver com pessoas que se recusam a tomar a bendita vacina para que o mundo volte a ser apenas azedo, pois de amargo já basta todos os outros problemas, principalmente se você é brasileiro como eu.

Felizmente, e com um generoso ‘F’ maiúsculo, a indústria dos games ainda conseguiu ser o pilar para ajudar a manter a sanidade de muitos jogadores nestes últimos dois anos. Sim, temos o desprazer de conviver com jogos e consoles bem mais caros, mas a decepção com os “videojogos” ficou por conta dos títulos realmente ruins. No geral, 2021 foi um ano com muita coisa boa e, dentre os relatos especiais de fim de ano do GameBlast, hoje é minha vez de relatar sobre algumas das boas experiências que tive o prazer de jogar durante o ano.

Pegue uma generosa fatia de panetone, ou chocotone se você não gosta de frutas cristalizadas, e me acompanhe nesta viagem de 12 meses nos meus jogos favoritos de 2021.

Vibe retrô, bom humor e gatinhos

Estou beirando os 36 anos de idade e jogo videogame desde os 3, pelo menos até onde lembro e tenho registros. Nem sabia falar direito, mas já passava boa parte do meu tempo na frente da TV jogando no saudoso Odyssey que herdei da minha tia em meados de 1990. Aquele visual retrô, todo simplista e pixelado, sempre foi minha principal referência quando o assunto eram jogos eletrônicos.

Atualmente, a estética pixel art, que remete justamente aos games daquela época, é um chamariz para os “véios” que nem eu, que cresceram vendo a evolução dos pixels para os polígonos, chegando até os visuais fotorrealistas que vemos com certa frequência e normalidade hoje em dia. Sempre que um jogo apresenta esse tipo de visual, automaticamente já tem meu interesse. Se ele é bom ou não, a gente vê isso depois.
Habroxia 2 me transportou de volta para minha infância.
Em 2021 tive o prazer de experimentar muitos títulos que usam dessa estética, e alguns não se resumindo apenas ao visual, mas também no departamento de som. Um dos primeiros títulos com essa estética que merece ser lembrado neste texto é Habroxia 2. Tive a chance de experimentar o primeiro título quando peguei em uma dessas corriqueiras promoções com descontos na casa dos 90% e fiquei deveras chateado com a extrema simplicidade dele.

Tá, antigamente os jogos não precisavam ser tão elaborados como os de hoje, mas, quando algum é simples ao nível da monotonia, é difícil defender. A sequência já se mostrou muito mais inovadora, com melhorias nos gráficos, na jogabilidade e até no som. Foi um grato retorno às origens da minha “carreira gamística” quando tive o prazer de jogar esse ótimo jogo de navinha. Sim, “jogo de navinha”, porque shoot ‘em up é muito mainstream.
Project Starship X foi insanamente divertido.
Ainda pegando carona nas aventuras espaciais, outro título com essa mesma vibe, mas com uma pegada mais voltada para o roguelite, e com bom humor de sobra, foi Project Starship X. Aqui o desafio e a diversão foram dois elementos que me fizeram gastar boas horas — e risadas — com um dos jogos mais insanamente divertidos do primeiro semestre deste ano. Vez ou outra ainda volto para tentar alguma pontuação.
Unmetal é a melhor sequência não oficial de Metal Gear que existe.
Por falar em bom humor, algo que merece com todos os louvores o título de game mais originalmente engraçado de 2021 foi Unmetal. Irônico usar o termo “originalmente”, pois ele é uma cópia descarada e safada do primeiro Metal Gear, e é aí que está o charme da coisa. Na pele de um homem que foi preso por um crime que não cometeu, devemos passar pelas situações mais perigosas e absurdas para ajudá-lo a voltar para casa. E como sou “véio”, as referências a jogos, cultura pop e cinema do roteiro caem com mais força em cima de mim, o que renderam boas risadas durante minha jogatina até a última cena. Fica a forte recomendação para vocês deste game.
Eagle Island Twist foi uma aventura nostalgicamente divertida.
Ainda falando de jogos com cara de velhos, outro que também merece ser lembrado neste tópico é Eagle Island Twist. Aqui temos uma experiência bem legal para quem curte algo com uma pegada meio metroidvania e algo mais clássico, como os bons e velhos jogos de plataforma do Super Nintendo e do Mega Drive. São duas aventuras no mesmo universo onde devemos usar os poderes especiais de nossas aves para derrotar inimigos, resolver puzzles e coletar coisas. A receita básica para qualquer jogo daquela época.
Astro Aqua Kitty me levou onde nenhum gato jamais foi antes.
Por fim, para fechar este tópico, quero relembrar um jogo que não esbanja o mesmo charme pixelado dos já citados, mas que me cativou pela experiência proporcionada pela jogabilidade viciante, pela trilha sonora empolgante e pela fofura felina espacial. Astro Aqua Kitty foi um título que me prendeu até a obtenção do último troféu, de uma maneira que eu não tinha sentido há um bom tempo. Adoro gatos, então isso também contribuiu para meu apreço pelo game. Além disso, senpai me notou quando a análise foi publicada. Foi tão legal!

Alguns deram trabalho

Sim, nosso trabalho é jogar os jogos para dar nossas impressões a nossos leitores sobre o que cada título que recebemos em nossa redação tem de bom e ruim para oferecer. Em alguns casos temos jogos que dão um trabalho extra, seja por serem bastante elaborados, seja por terem muitos detalhes ou, simplesmente, muita coisa para mostrar. Um dos títulos que mais me consumiu em 2021 foi, sem dúvidas, Resident Evil Village.

A oitava entrada de uma das franquias mais bem-sucedidas da indústria dos games já começou a render conteúdo desde o início do ano, quando tive a chance de participar do teste beta fechado de Resident Evil Re: Verse. O multiplayer seria uma adição sem custo adicional para quem comprasse Village, mas foi adiado por tempo indeterminado e até hoje não temos muitas informações ou sequer sabemos se o projeto foi engavetado de vez pela Capcom. O jeito foi me virar com o jogo do Ethan quando nossa parceira Capcom nos mandou uma cópia do jogo. E, cara, como eu devorei esse Resident Evil Village!
Sem dúvidas, um dos melhores jogos de 2021.
Além da análise, o material rendeu um Guia de Troféus e Conquistas e uma matéria especial abordando o modo Mercenários. Se não viu, dê uma conferida, pois já recebi relatos de que eles ajudaram a gerar algumas platinas para alguns leitores.

Outro título que deu um trabalhinho extra na hora de produzir material foi Biomutant. Esta aventura em mundo aberto é bem divertida e teve uma história bem curiosa na época que recebemos na redação. Fiquei encarregado de produzir a análise dele e a THQ Nordic nos enviou uma cópia com uma antecedência de praticamente três semanas à data de lançamento.
Em Biomutant a jornada foi tumultuada, mas animada.
A primeira semana foi um caos, pois o jogo estava com alguns bugs e sérios problemas de otimização no PS4, fazendo ele fechar diversas vezes. Na segunda semana saiu um patch de correções que sanou um pouco esses problemas e, desse modo, consegui jogar com menos interrupções para produzir a análise. Aqui a gente prioriza jogar até o final para trazer o máximo de informações para nossa audiência, e dessa vez tava difícil de chegar no bendito final, mas chegamos. Perrengue chique que chama?
Ghosts 'n Goblins Resurrection foi difícil, mas não deixou de ser um ótimo jogo.
Um jogo ruim pode ser difícil, mas um jogo difícil não significa que seja ruim. Concorda? Dois exemplos que posso citar, e que também renderam boas horas de jogatina em 2021, foram Ghosts ‘n Goblins Resurrection e Subnautica: Below Zero. O primeiro dispensa apresentações, pois gera calafrios em qualquer um que conheça sua notória dificuldade. Já Subnautica é um gênero atual que estou começando a tomar gosto já faz algum tempo, desde a época em que voltei a jogar No Man’s Sky, em 2018.
Subnautica: Below Zero me ensinou mais sobre o gênero de sobrevivência.
Enquanto um é difícil por natureza, o outro pode ser difícil, às vezes beirando o impossível, por culpa do próprio jogador. Jogos de sobrevivência foram feitos para serem dominados não só pela habilidade, mas também pela paciência e pela disciplina do jogador na hora de resolver os problemas que surgem na sua frente. Foram coisas que eu procurei trazer para os textos quando os publiquei, além de economizar bons trocados de terapia enquanto tentava sobreviver ao hostil planeta aquático do game. Tenso, porém extraordinariamente relaxante, na medida do possível.

A volta dos que já foram

2021 também foi um ano bom para revisitar alguns clássicos por meio de relançamentos ou coletâneas. A primeira viagem no tempo foi proporcionada pela coleção Turrican Flashback. Novamente me vendo no caótico mundo de Turrican, pude rejogar bons clássicos de uma época da qual sinto falta, seja pela simples nostalgia, seja pelo estilo de vida do período, que era menos agitado e com menos correrias e urgências que hoje. Memórias de quando jogava Mega Turrican na casa do meu vizinho, quando tínhamos uns 10 anos de idade, naquela TV de 14” do quarto dele, enquanto jogava-o numa TV de LED de 40” no início deste ano.
Turrican Flashback poderia ter sido uma coletânea mais completa.
Outro que resolveu “voltar dos mortos” foi Quake, que chegou para todas as plataformas atuais em uma versão remasterizada e com novidades, na forma de novos capítulos adicionais da história. O mais estranho quando joguei essa nova versão dele foi ter que fazer isso usando um controle. Cara, isso soa tão errado ou inadequado. Foi estranho, mas foi legal.
Jogando Quake em 2021. Quem diria!
Um retorno que me deixou feliz foi Mr. DRILLER Drillland. Tive uma rara oportunidade de jogar a versão original, do GameCube, muitos anos atrás, e a jogabilidade viciante foi algo que me cativou e me fez sempre lembrar com carinho deste game. Em 2021 tive a grata oportunidade de jogá-lo novamente, totalmente remasterizado, com o charme e a simpatia que me conquistaram naquela época e agora com a possibilidade de jogar online com mais pessoas. Bom, quando elas resolvem estar online para isso, né? Se não, vai com os amigos de forma local mesmo.
Mr. Driller é um daqueles que só jogando pra saber como é bom!
Outra grata experiência envolvendo um jogo antigo foi com Tetris Effect: Connected. Este título, em particular, não é velho, mas Tetris já está andando neste mundo por mais tempo do que eu próprio, e sempre tive alguma versão me acompanhando de alguma forma em diversas etapas da minha vida. Seja naqueles rudimentares minigames de camelô quando criança, seja jogando este hoje ou alguma versão do clássico “jogo das pedrinhas” no meu celular. Estaremos velhos e decrépitos enquanto Tetris ainda será uma tendência.
Tetris envelhece bem, como um bom vinho.

Antes tarde “Duke Nukem”

Perdoem o trocadilho, mas essa é a única oportunidade que eu tenho pra usá-lo por aqui. Fechando o texto desta semana, quero destacar dois títulos que não foram lançados este ano, mas que só em 2021 tive a oportunidade de jogar. O primeiro deles foi um dos jogos de cortesia oferecidos para quem é assinante da Plus, e que, se dependesse unicamente da minha vontade, não teria jogado ele tão cedo.

Final Fantasy VII tem sua importância histórica, e eu respeito isso. A aventura de Cloud, Tifa, Barret e Aerith para salvar o planeta é até hoje um dos mais importantes títulos da indústria dos games, além de uma referência para o gênero JRPG. Entretanto, nunca morri de amores pelo jogo justamente por conta dessa notoriedade e por nunca ter sido dono de um PlayStation na época para jogá-lo.
Final Fantasy VII Remake é facilmente um daqueles jogos que você precisa jogar antes de morrer
Final Fantasy VII Remake foi fornecido em março para os assinantes da Plus, criando a oportunidade de reparar meu “erro” jogando a nova versão desse eterno clássico. Lembro que instalei o jogo no mês seguinte com a promessa de que o jogaria até o fim do ano. Só dei início à minha jornada em meados de setembro, o que rendeu pouco mais de um mês de jogatina, sem pressa e sem compromisso, até o derradeiro final onde finalmente me dei conta do motivo de as pessoas serem tão apaixonadas por este jogo. Foi, de longe, o melhor título que joguei em 2021.

Por outro lado, tive a oportunidade de jogar Cyberpunk 2077 novamente. Dessa vez sem promessas, expectativas e o furor do hype da época do lançamento de exatamente um ano atrás. Não tenho um PS5, ainda, por conta da dificuldade em comprar um e por não ter a grana para tal, então o jeito foi ir me virando com a versão para PS4 mesmo, desta vez comprada em uma dessas pechinchas para esgotar o jogo das lojas virtuais. Paguei menos que uma pizza grande com refrigerante, a título de curiosidade.

Agora que o jogo já conta com algumas correções e melhorias — e ainda com alguns bugs pontuais —, pude apreciar melhor o mundo criado pela CD Projekt Red e, realmente, há pontos positivos, como a história e o desenvolvimento dos personagens, mas ainda com uma jogabilidade bem meia-boca, na minha humilde, mas sincera, opinião. Hoje o jogo está guardado numa gaveta e talvez eu retome minha jogatina quando tiver mais tempo livre e menos jogos para analisar para o Blast.
Um ano depois, Cyberpunk 2077 ensinou muitos a não confiarem em promessas
Pensei até em fazer uma crônica contando minha experiência ao jogá-lo um ano depois, mas acho que seria trabalho demais pra chutar cachorro morto, já pedindo desculpas para os que realmente gostaram do game como um todo. Ano passado eu “caí no golpe” e aprendi uma lição valiosa sobre expectativas: não dê seu dinheiro para as empresas baseando-se nas promessas. Paciência é uma virtude e meu dinheiro não é mato.

Em 2022, jogos e saúde para todos

Com isso fecho minha participação nos relatos de fim de ano de nossos amigos da redação. Não deixe de conferir os textos dos demais integrantes. Eles estão sendo publicados às segundas, quartas e sextas, sempre no fim do dia. Por fim, expectativas para jogos bons no próximo ano todos temos, mas o que realmente espero é que todos colaborem com o mínimo para que possamos voltar a ter nossa vida normal.

Vacine-se! Se conhece alguém que não se vacinou ou que deixou de tomar a segunda dose, converse com ele e convença-o a se imunizar. Nunca precisamos tanto da colaboração mútua para que nossa vida volte ao normal. Que seu fim de ano seja de paz e saúde para você e sua família. E a gente continua trocando ideias e opiniões aqui no GameBlast. Feliz 2022!

Revisão: Ives Boitano

Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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