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Análise: Eagle Island Twist (Multi) é um pacote de ação e diversão em dose dupla

Ajude Quill e Fia em duas distintas e desafiadoras aventuras nesta excelente entrada no gênero plataforma.


A desenvolvedora Pixelnicks e a publicadora Screenwave Media apresentam Eagle Island Twist. Na pele de dois jovens em aventuras bem diferentes, nosso papel é ajudá-los a salvar a misteriosa ilha que dá título ao game em uma experiência pixel art cheia de inimigos curiosos, mecânicas engenhosas e desafios formidáveis.

Marcando o lançamento para PlayStation 4 e Xbox One, o game agora conta com uma segunda aventura adicionada por meio de uma atualização gratuita para todas as plataformas, adotando o novo título como padrão desde então. Eagle Island foi originalmente lançado em 2019 para PC e Switch.

Quill, suas corujas, e as aves guardiãs

O jovem Quill conta com a companhia de suas fiéis corujas Koji e Ichiro, e após passar por uma turbulenta tempestade em alto mar, o garoto e suas companheiras acabam parando na misteriosa ilha. O grupo é despertado por uma gigantesca águia, Armaura, que rapta Ichiro e desaparece nos céus.


Ao explorar o local em busca de sua amiga, Quill conhece um cientista que lhe explica sobre o lugar e, principalmente, sobre a águia gigante. Armaura é uma criatura guardiã da ilha e a única forma de restaurar a ordem é encontrando outras três aves guardiãs. Vendo que não há outra saída para resgatar sua coruja, Quill recebe uma luva que o permite usar sua outra parceira como uma arma, e com a ajuda de Koji deve desbravar os perigos e mistérios de Eagle Island para trazer Ichiro de volta e, consequentemente, salvar todos da ira de Armaura.

Quill tem a ajuda de Koji, que atua como um projétil para atacar os inimigos. O rapaz conta exclusivamente com esta habilidade para atacar e se defender, podendo, além de causar dano nos adversários, anular projéteis que possam machucá-lo. No decorrer da campanha, habilidades elementais ligadas às aves guardiãs podem ser usadas por Koji para atacar os inimigos e até resolver alguns quebra-cabeças.


Por depender apenas de Koji para realizar os ataques, Quill fica temporariamente vulnerável até que a coruja esteja pronta para realizar um novo ataque. O garoto pode mirar em qualquer direção num raio de 360 graus, caso o jogador use o controle analógico, ou o mouse no caso do PC, o que dá uma grande liberdade de escolher para onde lançar Koji.

Eliminar inimigos em sequência potencializa as recompensas obtidas. Ao derrotar dois ou mais, a quantidade de sementes douradas liberadas aumenta e as Manarocs, um tipo de pedra mágica utilizada para lançar os ataques elementais, também começam a surgir. Quando o combo alcança um um valor múltiplo de três, corações para recuperar os pontos de vida de Quill também surgem. Isso estimula o jogador a sempre buscar combos na hora de enfrentar os inimigos em uma tela para obter recompensas em abundância.


A ilha é dividida em áreas onde as diferentes fases da campanha estão espalhadas. Semelhante a um jogo do estilo metroidvania, algumas áreas do mapa só podem ser acessadas depois que Quill obtiver alguma habilidade que o permita transpor o obstáculo que o impede de explorar uma nova região, como poder nadar ou realizar um salto duplo.

As fases são geradas de forma procedural; ou seja, cada vez que você joga uma fase de Eagle Island, as salas são diferentes, apesar de visualmente isso ainda gerar uma certa sensação de repetitividade. Essa característica adiciona um desafio extra na hora de visitar cada estágio. No final, um ranking é atribuído de acordo com o desempenho na fase, o que inclui derrotar todos os inimigos, encontrar uma moeda secreta e explorar 100% do local.

O desafio ao jogar as várias fases de Eagle Island está em sua característica roguelite. Quill faz uso de runas especiais que dão a ele diferentes habilidades enquanto explora um determinado local. Estas runas são obtidas comprando baús guardados por corvos usando as sementes douradas coletadas durante o jogo e compradas nas lojas ao custo de moedas de prata quando um ponto de viagem rápida é liberado.


Caso Quill não queira usar aquela habilidade no momento em que a obteve, ele pode guardar em sua mochila para equipar em um outro momento, como no início da mesma fase, caso morra, ou em um estágio diferente.

As principais fases em Eagle Island são facilmente encontradas, mas há também algumas muito bem escondidas que demonstram o bom uso do aspecto de exploração do título. Um prato cheio para os jogadores colecionistas, que gostam de encontrar todos os segredos de um jogo. É possível terminar a aventura sem ter encontrado tudo, mas o convite para continuar explorando após terminar a campanha é muito forte, o que rende boas horas extras de jogatina, juntamente com um modo roguelite propriamente dito, liberado após terminar a história pela primeira vez, e um desafio semanal de speedrun. E aí, vai encarar?

Fia, sua kookaburra, e um mal desperto

Por si só, a saga de Quill e suas corujas já se mostra uma formidável experiência de plataforma. Eis que a Pixelnick criou uma segunda aventura inclusa com uma expansão disponibilizada gratuitamente para quem já possui Eagle Island e marca o lançamento do título para o Xbox One e PlayStation 4 em maio deste ano: Eagle Island Twist.

É possível escolher qualquer uma das aventuras ao jogar pela primeira vez, mas o próprio game recomenda que a de Quill seja jogada primeiro para ambientar o jogador sobre as mecânicas e a mitologia de Eagle Island.


Aqui nossas protagonistas são Fia e sua fiel kookaburra (sim, o nome é esse mesmo) chamada Kusako. As duas estavam visitando o hotel da ilha quando acidentalmente despertam seres malignos com a mesma aparência de nossa dupla ao quebrar um artefato, o Manaroc Twist, e perder as gemas que mantinham aprisionadas as versões malignas de Fia e Kusako. Agora, para impedir que suas contrapartes do mal causem problemas pela ilha, elas devem recuperar todos os 45 fragmentos do Manaroc Twist e aprisionar seus alter egos malignos de volta na placa.

Diferente da aventura de Quill, aqui temos uma outra abordagem sobre como exploramos Eagle Island. As áreas agora estão divididas em fases por um grande mapa, bem ao estilo de Super Mario World.


Por padrão, cada fase, incluindo as batalhas contra os chefes, premia nossos heróis com uma gema ao ser concluída. Entretanto, desafios extras também estão disponíveis em cada nível na forma de uma joia verde escondida em algum local, e medalhas que são obtidas de acordo com a quantidade de moedas coletadas. Além disso, algumas contam com modificadores que deixam a tarefa de completar todos os objetivos um pouco mais complicada.

Usando a mesma mecânica das runas que dão habilidades especiais para Quill em Eagle Island, Fia conta com alguns destes poderes travados na fase. Exemplo disso são os níveis onde ela congela o chão por onde anda, fazendo-a escorregar o tempo todo; Kusako utilizando uma forma elemental de maneira permanente; ambas ficando invisíveis durante toda a fase; ou até mesmo a impossibilidade de usar a ave para atacar.

As vidas são infinitas, então o jogador pode fazer quantas tentativas de uma mesma fase achar necessário para tentar cumprir todos os objetivos possíveis. A limitação fica por conta do número de vezes que um ponto de checagem (checkpoint) pode ser usado para não precisar recomeçar do início da fase. Entretanto, ao ser derrotada, Fia perde todas as moedas que coletou, o que torna o reinício no meio da fase menos vantajoso por não contar com a quantidade coletada na primeira metade do estágio. O progresso total pode ser checado ao visualizar os ícones das fases no mapa, que mostram quais gemas e medalhas foram obtidas.

Bonitinho, mas nem um pouco ordinário

Eagle Island Twist é um bom exemplo para o famoso ditado "não julgue um livro pela capa". Apesar de aparentar ser um jogo bonitinho e simplório à primeira vista, ele é deveras desafiante e bem-feito tanto no aspecto técnico quanto artístico. A direção de arte em pixel art demonstra detalhes impressionantes, como os efeitos de iluminação em cenários subterrâneos e a reflexão de algumas plataformas translúcidas.


Isso sem falar de fases onde só podemos ver a silhueta de Fia e Kusako, dos inimigos e das plataformas, ou de escuridão total onde devemos lançar a ave com uma lanterna para conseguir enxergar o caminho. Jogadores mais saudosistas do gênero ou mesmo desse estilo visual também podem selecionar diferentes — mas poucos — filtros de imagem para deixar o game mais visualmente agradável e com um ar até nostálgico.

Os controles são extremamente precisos, o que vai exigir boa coordenação do jogador ao realizar alguns saltos e, principalmente, na hora de mirar seu ataque contra os inimigos, destacando uma das principais mecânicas do jogo. A precisão em alguns momentos é tanta que pode até incomodar, mas os comandos de acessibilidade facilitam nossa vida usando de uma mira automática para contribuir com a experiência dos menos habilidosos.

Um ajuste fino na customização dos controles seria bem-vindo para amenizar um pouco a discrepância de jogabilidade ao fazer uso de comandos analógicos nos consoles e um mouse no PC, ou tornar a mira semi-automática, permitindo que algumas notas manuais pudessem ser feitas.


Outro ponto que merece destaque é a trilha sonora, que transmite de forma bastante convincente os temas dos ambientes que estamos explorando na ilha. Ritmos mais alegres na ensolarada área verde da superfície, passando por gélidas áreas montanhosas e profundas áreas de minas subterrâneas com trilhas mais ameaçadoras ou com tom de tensão e suspense. Todos esses detalhes deixam a experiência de gameplay muito prazerosa sem comprometer o imenso desafio para completar o jogo.

Uma grande aventura esperando por você

Eagle Island Twist é um prato cheio para jogadores fãs do gênero plataforma ao trazer um desafio formidável em dose dupla. Não se deixe levar pela aparência bonita e simpática do título, pois seu recheio conta com muitas horas de jogatina, principalmente para quem gosta de ver seus saves com aquele cobiçado indicador de 100%.

Prós

  • A direção de arte inova mesclando a simplicidade do pixel art com a modernidade de detalhes como iluminação e reflexos;
  • A jogabilidade focada em precisão e criação de combos adiciona um ótimo grau de diversão e desafio;
  • Nível de desafio excelente para colecionistas;
  • Opções de acessibilidade para jogadores menos habilidosos;
  • Dois jogos pelo preço de um.

Contras

  • A pouca variedade de áreas passa uma sensação de repetitividade de cenários ao jogarmos as várias fases nos dois jogos;
  • Sem ajuste fino de sensibilidade da mira na customização dos controles.
Eagle Island Twist – PC/PS4/XBO/Switch – Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: PlayStation 4
Revisão: Davi Sousa
Análise feita com cópia digital cedida pela Screenwave Media

Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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