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Análise: Subnautica: Below Zero (Multi) – entrando numa fria em um planeta hostil e misterioso

Sobreviva aos perigos submarinos e congelantes de um planeta alienígena enquanto desvenda o desaparecimento de sua irmã.


Subnautica é um game de aventura com foco em técnicas de sobrevivência em um ambiente subaquático alienígena. Lançado em 2018, caiu nas graças do público e da crítica por trazer uma experiência nova no gênero conhecido como lone survivor, o sobrevivente solitário em tradução literal, em um ambiente inóspito recheado de tensão quase ininterrupta envolta em um estranho mistério.


Em 2021 temos um novo convite para passar verdadeiros maus bocados em Subnautica: Below Zero, sequência que funciona como uma competente expansão do seu antecessor, adicionando e atualizando jogabilidade, gráficos e mecânicas que vão desafiar até mesmo os que já se consideram especialistas em ambientes aquáticos alienígenas. Hora de literalmente entrar numa fria com a análise de hoje.

Sam! Onde está você?

Diferente do primeiro Subnautica, Below Zero possui uma narrativa mais elaborada. Nossa história se passa dois anos depois de nossa primeira estadia no planeta 4546B. Sam é uma renomada cientista que integrou um dos vários grupos expedicionários da Alterra que aterrissaram na região ártica do planeta. Depois de um tempo, todos os membros desapareceram misteriosamente sem deixar vestígios dos motivos do ocorrido.
E lá vamos nós, rumo ao desconhecido, de novo...
Robin, a irmã da cientista, decide então descer até a superfície do planeta para descobrir o que aconteceu com Sam e o restante dos integrantes das expedições. Nosso papel nessa história toda é ajudar a jovem a sobreviver às dificuldades do planeta em um hostil ambiente subaquático, além de áreas com temperaturas abaixo de zero, enquanto desvenda este mistério para saber se sua irmã ainda está viva.
Permita-se apreciar a paisagem, sempre que puder
4546B é um planeta tão bonito e intrigante quanto perigoso e misterioso. E sobreviver nesta região inóspita e gelada será o maior desafio de Robin enquanto aprende a desenvolver equipamentos que permitirão não apenas que ela descubra sobre o paradeiro de Sam, mas que sua história não acabe em um túmulo gelado e solitário.

Fome, sede e frio

Subnautica: Below Zero é uma aventura em primeira pessoa com foco nas habilidades de sobrevivência do jogador. A narrativa avança conforme obtemos condições de explorar locais mais inóspitos. Para tal, o jogador precisa se especializar na exploração do ambiente, que é majoritariamente submarino, para obter tecnologias e componentes para desenvolver equipamentos que aumentarão sua capacidade de sobrevivência durante a campanha.

É na água que passamos a maior parte do tempo, em busca de componentes que nos permitem desenvolver ferramentas, equipamentos e tecnologias para explorar águas mais profundas, ambientes mais perigosos e áreas mais distantes do ponto inicial de nossa base de apoio.
Respeitar o limite de suas capacidades é importante 
Trata-se de uma atividade que requer, acima de tudo, paciência e disciplina do jogador. Reconhecer seus limites é crucial para que cada área explorada possa ser aproveitada ao máximo, levando a um desenvolvimento ágil e eficiente de suas habilidades.

Entretanto, o jogo não facilita nossa vida em nenhum momento, o que nos força a enfrentar o típico medo do desconhecido para que possamos chegar a novas áreas e, consequentemente, fazer a narrativa da história andar. A ambientação de Subnautica: Below Zero transmite uma tensão quase constante, principalmente em regiões mais afastadas do que posso chamar de “zona de conforto” de nossa base. Mas uma coisa é certa: quanto menos confortável o ambiente, melhores são as recompensas.

As áreas ao redor de onde começamos a aventura são bonitas, com água cristalina e fauna até simpática. Mas ficar nesse cenário “aconchegante” não vai fazer a história andar, nos forçando a nadar para mais longe, onde os animais possuem aparências mais ameaçadoras e o ambiente é mais hostil. A trilha sonora e a engenharia de som empregadas no jogo ajudam, e muito, a deixar nossas braçadas pelo oceano de 4546B mais tensas.

Como o título já evidencia, Subnautica: Below Zero traz um novo tipo de ambiente para deixar a experiência de sobrevivência mais elaborada, adicionando, além da preocupação com a nutrição e a sede, o fator temperatura.
Há tantos mistérios na água quanto nos gélidos locais de terra firme
Por estarmos em uma região ártica de 4546B, a fauna é composta de animais diferentes e, principalmente, de um clima glacial. Administrar esses aspectos fisiológicos é um dos alicerces da experiência do game. Fome, desidratação, níveis de oxigênio ao mergulhar e hipotermia são preocupações constantes.

Se no jogo anterior podíamos ficar um pouco mais aliviados nos raros momentos em que ficávamos fora d’água, aqui não temos esse luxo de ficar confortavelmente secos ao explorar regiões de terra firme. As temperaturas abaixo de zero se tornam uma preocupação extra, principalmente se estivermos explorando durante a noite ou durante uma nevasca. É de grande ajuda driblar essas dificuldades com o uso de equipamentos que nos fazem perder menos calor ou alimentos que também elevam nossa temperatura, além de áreas que nos protegem do frio castigante do planeta.

Se virando para sobreviver

O jogador só avança em Subnautica: Below Zero aumentando suas chances de sobrevivência no planeta. Como isso é feito? Aprendendo a criar novos equipamentos que o permitam acessar lugares mais difíceis da área do jogo. Ao começar, Robin pode ir a qualquer lugar, naturalmente sendo limitada pelas capacidades que possui naquele momento.

Se quiser mergulhar mais fundo, você precisa de equipamentos melhores, ferramentas mais versáteis, estruturas que lhe permitam criar mais e veículos mais eficientes. Algo inevitável é construir uma base maior para abrigar seus equipamentos. O jogador é provocado a aprender como fazer tudo isso ao explorar os ambientes acima e abaixo da linha d’água. Investigar as bases abandonadas das expedições proporciona receitas e componentes de fabricação de equipamentos mais elaborados, e veículos que facilitam sua locomoção pelo ambiente.
Muitas vezes, uma ferramenta certa na hora certa pode salvar sua vida
Por ter uma estrutura de jogabilidade livre e não linear, é possível que determinadas peças ou locais sejam encontrados em momentos inoportunos. É como viajar de um ponto a outro, mas encontrar a rota bem na metade e acabar deixando algo importante que está próximo do início para trás e encontrá-lo só depois, quando voltar. Dessa forma, a sensação de progresso lento é praticamente inevitável, algo que pode afastar jogadores que não estejam acostumados com esse gênero de jogo.

Como dito anteriormente, disciplina e paciência são cruciais para progredir. Naturalmente, principalmente quem não tem muita experiência nesse gênero, ou mesmo se não jogou o primeiro Subnautica, vai passar mais tempo aprendendo a fazer as coisas conforme explora o planeta, o que também pode ser um processo lento. Melhor um passo (ou uma braçada) de cada vez do que nadar, nadar e morrer na praia, acabando por permanecer estagnado na história do jogo, que vai se tornando cada vez mais intrigante conforme descobrimos novidades.
O que o pessoal da Alterra estava realmente fazendo aqui?
Dependendo do tipo de desafio que você deseja, Subnautica: Below Zero proporciona boas opções tanto para jogadores mais casuais quanto para quem procura um verdadeiro desafio. Ao iniciar um novo save, é possível desativar a fome e a sede, deixando apenas os pontos de vida, oxigênio e a temperatura ativos.

Um modo chamado de Criativo desativa todos os indicadores, inclusive a história, permitindo que o jogador crie livremente, sem limitações de qualquer equipamento ou estrutura. É legal inclusive para conhecer praticamente todo o arsenal que Robin tem à sua disposição no modo normal.

Quem busca uma experiência definitiva pode optar pelo modo Hardcore. Além de deixar todos os medidores ativos, adiciona um modo de morte permanente; ou seja, se o jogador morrer por qualquer motivo, todo o seu progresso será perdido de forma definitiva. Até mesmo os avisos do PDA sobre o oxigênio baixo são desativados, deixando o jogador à mercê de suas próprias habilidades. É o desafio supremo de sobrevivência no planeta 4546B.
Não há lugar como a nossa... base!

Continue a nadar, continue a nadar…

Melhorando muitos dos aspectos de seu antecessor, Subnautica: Below Zero é uma formidável experiência de sobrevivência com as já conhecidas camadas de sensações que tornaram o título anterior da Unknown Worlds Entertainment relevante neste desafiante gênero. Uma escolha obrigatória para quem curte aventura, mistério, tensão e desafio.

Prós

  • A ambientação continua sendo um dos pontos altos do jogo;
  • O fator exploração está mais elaborado e desafiador;
  • Cada descoberta relacionada à história é um forte motivador para continuar jogando;
  • Acessibilidade para jogadores mais casuais;
  • PlayStation 4 e Xbox One têm upgrade gratuito para a nova geração.

Contras

  • Interfaces de usuário e menus reciclados do jogo anterior;
  • O uso de guias externos acaba sendo inevitável em algum momento durante a campanha;
  • A sensação de progresso lento pode afastar jogadores mais casuais.
Subnautica: Below Zero – PC/PS5/PS4/XSX/XBO/Switch – Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PlayStation 4
Revisão: Davi Sousa
Análise feita com cópia digital cedida pela Unknown Worlds Entertainment

Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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