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Análise: Ghosts ‘n Goblins Resurrection (Multi) – o famigerado clássico de volta em sua melhor forma

Um dos mais famosos jogos da Capcom retorna em uma de suas mais desafiantes versões já feitas.


Quando falamos em Ghosts ‘n Goblins, quem já vestiu a armadura do valente Arthur logo dá aquela tremida nas bases ao lembrar da famosa dificuldade do jogo. Alguns até usam essa característica como desculpa para chamá-lo de ruim, o que é uma verdadeira falácia na minha humilde, porém sincera opinião.



Lançado em fevereiro deste ano para o Switch, Ghosts ‘n Goblins Resurrection chegou neste mês de junho para PlayStation 4, Xbox One e PC, também podendo ser jogado no PlayStation 5 e Xbox Series X via retrocompatibilidade. Agora uma gama maior de jogadores tem acesso a este excelente título.

A Capcom nos presenteia com uma nova versão de seu clássico em um remake que aproveita praticamente todos os elementos de versões anteriores do game que atravessou gerações com sua jogabilidade viciante e que exige o máximo de habilidade e paciência dos jogadores. Vista sua melhor cueca, lustre sua armadura e prepare-se para mais uma análise.

A história do cavaleiro e da princesa da Capcom

Arthur é um bravo cavaleiro de um reino distante e próspero, e está curtindo um belíssimo dia de sol ao lado de sua amada princesa. Mal sabe nosso herói que seu descanso será interrompido por causa de um repentino e fulminante ataque das forças das trevas, lideradas pelo Lorde Demônio, ao reino, além do sequestro de sua amada pelos acólitos do vilão.
Nada como curtir um lindo dia de sol só de cuecas.
Arthur então veste sua brilhante armadura e sabe — assim como nós deste lado da tela — que sua jornada para salvar a princesa o levará por diversos locais infestados de monstros, armadilhas e obstáculos ao longo do reino, até a batalha derradeira contra o próprio lorde.

Originalmente lançado em 1985 para os arcades, Ghosts ‘n Goblins é uma aventura em plataforma que nos coloca no papel do cavaleiro Arthur em uma jornada para salvar sua amada. Com o passar dos anos, e em diversas plataformas, o jogo recebeu novas versões e relançamentos por meio de coletâneas. A mais recente pode ser conferida no recém-lançado Capcom Arcade Stadium (Multi), em que a versão original e sua sequência, Ghouls ‘n Ghosts, estão disponíveis.
Arthur passa por esses perrengues desde 1985

Refeito com generosas pitadas de inovação

Ghosts ‘n Goblins Resurrection é essencialmente um remake do jogo original, mas também aproveita para ser uma renovação de tudo que já foi feito nas várias versões lançadas no decorrer dos mais de 30 anos de vida da série. Seja você um jogador que teve contato apenas com os primeiros jogos ou então com alguns dos menos antigos, Resurrection é um título bastante familiar.

A famigerada dificuldade, sempre lembrada, continua sendo o ponto mais característico da aventura original de Arthur. Quatro níveis podem ser selecionados, indo do fácil até o extremamente difícil, proporcionando experiências distintas caracterizadas pela quantidade de inimigos e armadilhas na tela.
O dificuldade máxima é para poucos, ou loucos
Apesar de ainda ser aparentemente penoso para o jogador, considerando alguém com pouca habilidade e jogando na dificuldade mínima, as vidas ilimitadas e os pontos de checagem estrategicamente instalados em cada fase não justificam o fato de chamar o jogo de impossível.

Você pode jogar por horas até conseguir passar de fase, podendo reduzir a dificuldade um pouco mais após ser derrotado muitas vezes para facilitar sua vida até conseguir terminar o estágio. E somando-se o fato das conquistas e troféus felizmente não serem vinculados ao nível de dificuldade, junto com as características que citei, temos aqui um dos jogos com o melhor nível de acessibilidade da franquia. O resto é com o jogador, que naturalmente melhora suas habilidades enquanto joga.
As vezes as coisas saem totalmente do nosso controle
Outro ponto que atrai tanto novatos quanto veteranos é a apresentação de Ghosts ‘n Goblins Resurrection. A direção de arte charmosa apresenta as ilustrações como um livro de fábulas infantis e mostra a versatilidade da RE Engine, também usada nos jogos mais recentes da série Resident Evil e em Devil May Cry 5 (Multi).

Sua trilha sonora traz composições clássicas e novas com uma produção que enriquece a apresentação do título. O andar desengonçado de Arthur e a sua movimentação também estão fielmente reproduzidos. Acertar alguns pulos continua dando alguns sustos na gente quando pensamos que vai dar ruim, mas é um pouco menos truncado do que em entradas anteriores da série.
Arthur está em perigo a todo momento

Ainda temos que jogar duas vezes?

Sim! A “patifaria” de ter que jogar Ghosts ‘n Goblins Resurrection duas vezes para fazer o verdadeiro final está presente, assim como seus títulos anteriores. Mas como estamos em 2021, generosas pitadas de inovação foram colocadas nessa mistura, valorizando ainda mais o fator gameplay. Com sete níveis distintos trazendo releituras de fases clássicas da franquia, o jogador agora conta com elementos de exploração e colecionismo.

Uma das principais novidades adicionadas em Resurrection são as Umbral Bees, insetos mágicos que devem ser colecionados por Arthur para ser usados na Umbral Tree, uma árvore mágica que é alimentada pelas criaturas para desbloquear magias e habilidades para nosso cavaleiro, como petrificar os inimigos, criar clones para maximizar seu ataque e carregar mais de uma arma. Tomar nota da quantidade em cada fase é simples, pois ela é mostrada no mapa de seleção, tornando essa tarefa fácil, na teoria.
As magias e habilidades podem ser obtidas oferecendo as Umbral Bees à árvore
As Umbral Bees, assim como os baús, só surgem quando Arthur executa alguma ação específica na fase, como pisar em determinada plataforma ou atacar um ponto específico. Os Demon Orbs, juntamente com os insetos e os baús, completam a lista de colecionáveis.

É a coleta destes artefatos que possibilita que o jogador alcance o final verdadeiro da aventura. Dezessete devem ser coletados antes de enfrentar o último chefe para concluir a magna tarefa de conseguir a conclusão real do jogo. Cada orbe é obtido ao derrotar um chefe.
Transforme os inimigos em simpáticos e inofensivos sapos
Mas espera aí! São dezessete orbes. Sete fases. Se temos que concluir a campanha duas vezes, temos quatorze. Onde estão os três restantes? É aí que o elemento de exploração do game entra em ação com as áreas secretas, chamadas de Hell Holes, em cada fase, que premiam Arthur com recompensas diversas ao concluir um desafio de sobrevivência, com alguns deles sendo os orbes restantes. Prepare-se para jogar bastante para ao menos conseguir a verdadeira conclusão. Será trabalhoso, penoso, mas a sensação de conquista após todo esse trabalho é deveras satisfatória.
Que tal jogar a mesma fase de novo, só que mais difícil?
Só pra deixar essa mistura mais picante, ao jogar os níveis pela segunda vez, você precisa acessar a forma sombria de cada um, que modifica padrões, tipos de inimigos e alguns detalhes de cada fase, deixando-as um pouco diferentes. Não vou falar que ficam mais difíceis, porque você entendeu que isso já saiu do controle, né? Mas pelo menos um amigo agora pode entrar na partida para ajudá-lo a qualquer momento.

O segundo jogador assume o controle de um trio de espíritos que pode auxiliar Arthur criando campos de proteção, atacando os inimigos ou até salvando-o de quedas em buracos — estão vendo como, mesmo ainda sendo difícil, ele não beira o impossível?
Chame um amigo para te ajudar
Ainda sobre modificações após a primeira conclusão, temos a ativação de um artefato chamado Magic Metronome. Ele permite que a velocidade do jogo seja modificada, deixando-o mais lento, mais rápido, ou muito rápido! Somando tudo o que Ghosts ‘n Goblins Resurrection tem a oferecer, minhas sessões de jogo foram uma verdadeira roda gigante de nostalgia, frustração, alegria, empolgação e raiva.

Cada situação fazia um sentimento aflorar, me fazendo até proferir os mais inadequados adjetivos e gestos para minha TV quando um inimigo aparecia literalmente do nada e me matava pela enésima vez. Mas eu escolhi jogar na dificuldade difícil, então eu pedi por isso, né? Mas a sensação de vitória após tantos perrengues é uma delícia também.

A melhor versão de um clássico

Com diversas melhorias e modificadores para torná-lo mais acessível — menos difícil deve ser mais adequado — ou com um nível de desafio supremo, temos em Ghosts ‘n Goblins Resurrection a melhor versão de um clássico dos videogames. Com uma apresentação que traz arte e música excelentes, além de elementos que valorizam muito o gameplay, a dificuldade elevada ainda faz o jogo ser direcionado a um nicho mais específico. Ainda assim, recomendado, mas para ser apreciado com moderação.

Prós

  • Direção de arte e trilha sonora acolhedoras;
  • Gameplay fortemente valorizado com elementos de colecionáveis e exploração;
  • Os ajustes de dificuldade tornam o jogo mais acessível ou extremamente desafiador;
  • Modo cooperativo inédito para dois jogadores.

Contras

  • Apesar de ser sua característica principal, a curva de dificuldade, mesmo ajustável, ainda pode afastar alguns jogadores.
Ghosts ‘n Goblins Resurrection – PC/PS4/XBO/Switch – Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: PlayStation 4
Revisão: Davi Sousa
Análise feita com cópia digital cedida pela Capcom

Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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