Meus jogos favoritos de 2019 – Ivanir Ignacchitti

Os redatores do GameBlast falam sobre os títulos que mais curtiram entre os lançamentos deste ano.

Mais um fim de ano chegando e paramos um pouco para refletir um pouco no que passou e avaliar nossos objetivos para o ano que se inicia. Já participei anteriormente desse especial em 2016 e 2018, mas este ano em particular foi um tanto diferente para mim. Sempre fui um “jogador de videogame morto”, que compra consoles e portáteis no fim da vida porque já têm uma biblioteca consolidada e são mais baratos. Mas no fim de 2018, aproveitei minhas economias para adquirir um Nintendo Switch e um PC capaz de rodar “praticamente qualquer jogo”.


Graças a isso, este ano tive a oportunidade de pegar vários lançamentos no Blast. Obviamente, isso inclui tanto títulos maravilhosos que fizeram minha escolha ser bastante gratificante quanto jogos que me deram bastante dor de cabeça ou ódio mortal profundo. Mas no geral tenho muito a agradecer e quero deixar aqui destacado alguns dos jogos que mais marcaram o ano para mim.

Atelier Ryza: Ever Darkness & The Secret Hideout (Multi)


Ao escolher os melhores jogos do ano, o primeiro nome que veio à minha cabeça foi Atelier Ryza. Acompanho a série desde o PS2, quando joguei a trilogia Atelier Iris e a duologia Mana Khemia, mas acabei não tendo a oportunidade de jogá-los desde que explorei a versão original de Atelier Rorona no PS3. Neste ano, joguei Nelke & The Legendary Alchemists, Atelier Lulua e Atelier Ryza, e os três foram experiências muito boas.

Entre eles, fico com Atelier Ryza porque é uma abordagem bastante interessante para a série. A adição de batalhas mais dinâmicas e momentos épicos da história similares aos vistos em RPGs tradicionais mais ortodoxos não levou a uma perda dos elementos que constituem a identidade da série, como foi o caso de Atelier Iris. Muito pelo contrário: os personagens são muito carismáticos e os sistemas de síntese e coleta são instigantes. A trilha sonora também é de altíssimo nível, uma representante digna do que a equipe de som da Gust é capaz de fazer.

Fire Emblem: Three Houses (Switch)


Este ano tive o grande prazer de fazer a análise desse RPG estratégico. Já joguei vários títulos da série, mas Three Houses é definitivamente o que mais gostei. Em primeiro lugar, o jogo apresenta uma grande quantidade de conteúdo que me agradou. De fato, apesar de cada rota do jogo gastar em média umas 40 horas, investi mais de 100 só no meu primeiro contato, fazendo tudo o que queria e garantindo o crescimento do meu protagonista e sua Golden Deer.

Existe uma sensação bem interessante também de escala nas batalhas em comparação, por exemplo, com Awakening (3DS). Também gosto muito dos personagens e mesmo o clima escolar, que é algo que me deixou um pouco receoso a priori, foi bem aproveitado de forma geral. Tem seus problemas aqui e ali, mas é uma experiência cativante como um todo.

Spirit Hunter: NG (Multi)


Sou bastante fã de jogos de terror, como talvez dê para reparar quando analiso títulos do gênero. Uma das minhas paixões de 2018 foi Death Mark. Apesar de ter achado o jogo um pouco formulaico, curti bastante a atmosfera. Este ano foi lançado o seu sucessor espiritual, NG, e fiquei bastante feliz que o jogo corrigiu boa parte dos problemas de seu antecessor, evoluindo sua proposta a um nível espetacular.

Após uma série de eventos, o jogador logo se vê diante de situações sobrenaturais em um jogo mortal com uma boneca chamada Kakuya. Para sobreviver, ele terá que investigar lendas urbanas envolvendo espíritos malignos com a ajuda de vários personagens (que podem morrer dependendo das escolhas do jogador). Com o terror mais orgânico e o melhor desenvolvimento dos personagens, o jogo consegue aproveitar ao máximo sua atmosfera sombria.

AI: The Somnium Files (Multi)


Meu primeiro contato com as obras do diretor e roteirista Kotaro Uchikoshi foi em 999: Nine Hours Nine Persons Nine Doors (DS). Desde então, joguei toda a trilogia Zero Escape, um pouco da clássica série Infinity (da qual ele foi um dos roteiristas) e até mesmo Punchline. Então, considerando o quanto gosto de seu estilo de escrita, talvez fosse óbvio que esse jogo estaria aqui.

Em um mundo futurista, o jogador assume o papel do detetive Kaname Date, que pode vasculhar as mentes de quem deseja interrogar. Explorar esses ambientes que parecem sonhos bizarros em busca de pistas é bem interessante e o roteiro tem reviravoltas absurdas, como esperado do autor.

Untitled Goose Game (Multi)


Eu não sou muito o tipo de pessoa que gosta de jogos cujo tom de piada parece ser seu principal ponto de venda, mas bati o olho no “Jogo do Ganso” pela primeira vez e tinha certeza de que precisava jogá-lo. E qual foi a minha surpresa quando o jogo se mostrou até melhor do que a encomenda.

Com várias missões para realizar pelas áreas, sua missão é infernizar a vida dos moradores como o inconveniente ganso. Apesar de um pouco restritivo, o gameplay é bem interessante e a missão final em particular é a cereja do bolo, aproveitando bem tudo o que o jogador aprende ao longo das fases e fazendo algo que vai ficar marcado para sempre na minha memória.

Tamashii (Multi)


Tamashii é um indie brasileiro de terror desenvolvido por Vikintor. Me deparei com o jogo de repente um dia e seu estilo único me atraiu bastante. Inspirado por obras obscuras de terror japonês das décadas de 80 e 90, o jogo usa uma aparência retrô e monocromática que de vez em quando muda bruscamente para imagens avermelhadas e grotescas. Também tem um efeito de VHS antigo que aparece de vez em quando.

Com um gameplay de plataforma e elementos de puzzle, explorar o templo é algo bastante desconfortável de uma forma boa, valorizando a atmosfera macabra e a sensação de que as coisas são muito, muito erradas. O roteiro também ajuda a deixar claro isso. Francamente, vale bastante a pena.

Raging Loop (Multi)


Raging Loop é uma visual novel de mistério baseada em Lobisomem. Na pele de Haruaki Fusaishi, o jogador acaba indo parar em um vilarejo japonês isolado. Lá, ele acaba se envolvendo em um ritual no qual pessoas começam a morrer em um embate mortal entre “humanos” e “lobos”. Quem são os lobos? Por que eles estão matando os humanos? Quando o ritual irá parar? Além dessas perguntas, o jovem logo se vê em um loop, voltando várias e várias vezes da sua própria morte.

Acho curioso que no início do jogo (até mais ou menos o fim da segunda rota), o jogo me pareceu bastante previsível, mas, mesmo assim, o roteiro bem escrito me deixou imerso e bastante intrigado pela situação. No entanto, depois disso, a experiência foi simplesmente completamente insana, impensável, sensacional. Tem apenas um aspecto que eu pessoalmente cortaria, mas é uma experiência de qualidade impressionante.

Taisho x Alice: Episode I (PC)


Comecei a jogar otome games com o lançamento ocidental de Hakuoki no PSP, jogo que infelizmente detestei. Desde então joguei uma boa quantidade de títulos do gênero e sempre fico empolgado quando um novo jogo é anunciado. No Twitter, fiquei sabendo sobre o lançamento de Taisho x Alice em inglês, um jogo famoso dentro da comunidade.

O título é dividido em episódios e o primeiro lançamento, Episode I, cobre as histórias dos rapazes Cinderella e Red Riding Hood (Chapeuzinho Vermelho). Só tenho a dizer que a protagonista é muito, muito interessante e os outros personagens são bem utilizados também. Gostei bastante de como a experiência de ambas as rotas foram bem amarradas, mesmo com os claros indícios de que há muito, muito mais para ser revelado nos próximos episódios.

Dragon Star Varnir (PC/PS4)


Dragon Star Varnir foi uma grata surpresa para mim. Conheço as obras da Compile Heart há um bom tempo, mas poucas foram as vezes em que jogá-las me deixou tão envolvido. Neste ano tive a oportunidade de jogar dois títulos que conseguiram fazer isso: Death end re;Quest e Dragon Star Varnir.

Apesar de ambas serem obras de alta qualidade, destaco Dragon Star Varnir porque é o jogo que mais me surpreendeu e agradou. Ela mostra muito bem que a empresa é capaz de fazer uma história de fantasia tradicional e séria e fazer boas reviravoltas e um roteiro envolvente. A principal descoberta sobre o mundo de Varneria, em particular, é algo que me deixou bem surpreso e instigado para acompanhar o desfecho verdadeiro da história.

Lyrica (Multi)


Acho que este é o título que é mais surpreendente para a minha lista para quem conhece meus gostos. Eu me apaixonei perdidamente pela atmosfera de Lyrica. Com uma trilha de canções majoritariamente baseadas em poemas chineses antigos, o jogo pode não reinventar a roda em termos de jogos rítmicos, mas é uma experiência acessível e fantástica.

Gosto também de como o jogo apresenta uma história própria que intercala as experiências de poetas chineses que chegam a ser mitológicos às de artistas contemporâneos que buscam uma forma de viver da sua arte na China moderna. Realmente me tocou muito mais do que eu esperava e é sinceramente um dos jogos que mais marcou o ano para mim.

Menções honrosas e expectativas para 2020


Entre os outros jogos com os quais tive contato este ano, gostaria de destacar Devotion, um jogo de terror que acabou sendo cancelado por ter causado revolta no público chinês. Foi uma das melhores experiências que tive este ano com tranquilidade e é uma pena que ele tenha sido cancelado.

Também aproveitei bastante Earth Atlantis, Double Cross, Trüberbrook, The Red Strings Club, One Piece: World Seeker, Talk to Strangers, Death end re;Quest, Heavy Rain, Kotodama, Beyond: Two Souls, London Detective Mysteria, Silver Chains, River City Girls, If My Heart Had Wings, SaGa Scarlet Grace: Ambitions e SD Gundam G Generation: Cross Rays. Como falei antes, foi um ano cheio de oportunidades pelas quais sou grato.

Não foi possível jogar Kingdom Hearts III, Sekiro, Death Stranding e uma série de outros jogos sensacionais, mas espero ter a oportunidade em algum momento. E, por falar em futuro, gostaria de encerrar mencionando alguns jogos de 2020 que atraíram bastante a minha atenção.

Obviamente, meu hype absoluto fica por conta de Digimon Survive (Multi), um RPG estratégico que promete uma atmosfera de sobrevivência em um mundo hostil onde suas escolhas podem mudar o destino de todos os personagens. Além dele, estou bastante interessado em Fuga: Melodies of Steel (Multi), Atelier Dusk Trilogy DX (Multi), Robotics;Notes Elite (Multi), Utawarerumono: Prelude to the Fallen (PS4/PS Vita), N1RV Ann-A: Cyberpunk Bartender Action (Multi), Coffee Talk (Multi), Café Enchanté (Switch), Piofiore (Switch), Collar x Malice: Unlimited (Switch), Final Fantasy Crystal Chronicles: Remastered Edition (Multi) e muitos outros jogos, incluindo os ports de The Legend of Heroes: Trails of Cold Steel III e Code: Realize para o Switch e Death Stranding para PC.

Com títulos como o aguardado Final Fantasy VII: Remake (PS4), o ano com certeza promete ser bem interessante. E você, caro leitor, curtiu a lista? Conferiu as dos outros redatores? Também achou 2019 um ano interessante? Ou 2020 promete ser melhor? Boas festas!

Revisão: Farley Santos

é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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