Jogamos

Análise: Talk to Strangers (PC): vender porta-a-porta exige muito jogo de cintura

Com uma preocupação com o psicológico do vendedor e seus clientes, o jogo pode ser jocosamente pensado como um Dark Souls dos jogos de vendas.

Desenvolvido pela brasileira Post Mortem Pixels, Talk to Strangers é um simulador de vendas porta-a-porta recheado com muito humor e boas pitadas de crítica social. Com jogadas curtas e muitas chances de falhar, o jogador precisa ter jogo de cintura para lidar com as situações e, ao mesmo tempo, equilibrar os efeitos que a interação com estranhos tem em sua psiquê.

Um mundo colorido

Em Talk to Strangers, você assume o papel de um vendedor ou vendedora que trabalha para a corporação Sunny Mornings. Para cumprir sua cota diária, o jogador sai pelas ruas da cidade em busca de clientes que possam comprar seus produtos. Cada casa possui uma aparência diferente e cabe ao jogador escolher o seu trajeto e também seus momentos de descanso.


Para vender alguma coisa, é necessário convencer o cliente da compra. Cada indivíduo possui sua forma de pensar e ter a lábia para concluir a venda pode variar bastante de pessoa para pessoa. São apresentadas três opções para cada ramo de conversa. Escolha bem e é possível ter maior receptividade, mas escolhas ruins podem até mesmo encerrar a venda precocemente.

Tudo isso faz parte de um aprendizado para que o jogador tente lidar futuramente com aquele personagem de outra forma. Encontrar padrões de fala que mais se encaixam, horários do dia em que os indivíduos são mais receptivos (ou mesmo em que são clientes diferentes que atendem a porta), entre outras coisas são parte da exploração de possibilidades do jogo.


E isso é potencializado enormemente pelo mundo vibrante de Talk to Strangers. Por um lado temos as artes cartoon fofas e agradáveis do quadrinista Ricardo Tokumoto (também conhecido como ryot) e do artista Daniel Pinheiro Lima (responsável, em especial, pelas animações) que deixam os ambientes e personagens bastante carismáticos. Por outro temos também diálogos extremamente divertidos de autoria de Luís Felipe Garrocho (também conhecido como Gomba) que combinam bem humor e crítica social e apresentam um mundo muito vivo e instigante que dá vontade de explorar mais e mais a cada nova interação.

De novo, de novo

Outro detalhe importante da experiência também é o fato de que o jogo é bem curto. Terminá-lo uma vez é questão de minutos. Nesse tempo é possível conhecer os personagens e se interessar pelos aspectos da vida deles que ficam escondidos nas escolhas que você ainda não fez.


E as escolhas podem levar a rumos completamente diferentes, inclusive com algumas formas de terminar o jogo muito antes de se completar a semana de vendas. Dois fatores que podem levar a um final precoce são as barras de raiva e depressão.

Essas barras que se localizam no canto superior direito da tela tem seus valores alterados de acordo com os diálogos. Determinadas falas dos clientes podem fazer o personagem ficar com mais raiva ou mais depressão e o jogador precisa lidar com isso de alguma forma.


Há também algumas conversas que podem reduzir esses atributos, mas é mais seguro gastar dinheiro comprando itens da Sunny Mornings para cuidar do estresse do dia-a-dia. Dormir também pode ajudar nisso. Algo bastante irônico, não é mesmo? De qualquer forma, esses elementos aumentam a tensão do jogo, fazendo com que seja necessário um bom planejamento e cuidado no aspecto gerencial.


De forma geral, Talk to Strangers é um jogo muito interessante, cujos vários desdobramentos de diálogo são bastante divertidos de acompanhar e que apresenta um mundo extremamente vibrante e colorido.

Com as várias repercussões das escolhas, ele também incentiva a rejogabilidade, o que faz com que seu curto tempo para cada replay seja muito bem vindo e cause um gostinho de “quero conhecer mais” sobre esse mundo e esses personagens no jogador.

Prós

  • Mundo vibrante e colorido, rico em detalhes;
  • Uso de humor e doses de crítica social nos diálogos é bastante instigante;
  • Alto fator replay por se tratar de um jogo sobre escolhas.

Contras

  • Nenhum.
Análise: Talk to Strangers - PC - Nota: 9.0
Revisão: Raphael Barbosa
Análise produzida com cópia digital adquirida pelo próprio redator

é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google