Análise: Nordhold é um exigente roguelite que une estratégia com tower defense

Defenda sua cidade contra intermináveis ondas de invasores em um jogo que vai exigir muito de você se quiser vencer.

em 30/05/2025
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Desenvolvido pela StunForge, Nordhold é um jogo de estratégia em turnos que apresenta uma abordagem inteligente para o gênero de defesa com torres, ambientado em um universo nórdico. A experiência exige atenção constante do jogador, que deve tomar decisões estratégicas que influenciam diretamente seu progresso rumo à vitória.

Defenda-se como puder

Nordhold coloca o jogador no papel do defensor de um vilarejo. Sua missão é administrar os recursos da cidade para construir torres ao longo de uma rota procedural por onde os invasores avançam em direção à cidadela. A dinâmica ocorre em turnos, durante os quais o jogador alterna entre a construção de estruturas para geração de recursos e a instalação de torres responsáveis pela defesa do território.

Na chamada Fase de Economia, o jogador utiliza os recursos disponíveis para erguer construções que otimizam a produção e ampliam a eficiência da cidade. Também é possível desenvolver diferentes tipos de torres, cada uma com características específicas para repelir os inimigos. Após concluir essa etapa, o jogador ativa a Fase de Defesa, quando uma outra parte do mapa é revelada e os inimigos iniciam sua marcha rumo ao vilarejo.

Os portões da cidade têm um número limitado de pontos de vida. Cada inimigo que chega até a entrada reduz essa pontuação de acordo com sua classe. O objetivo é evitar que os pontos cheguem a zero, o que resultaria na derrota.

A cada nova preparação para uma onda de ataque, eventos são apresentados para o jogador, oferecendo bônus para as torres ou recursos úteis para aprimorar a cidade.

Em momentos específicos antes dos ataques, podem ocorrer eventos especiais: um oráculo pode conceder bônus temporários, heróis podem ser recrutados para liberar ataques especiais e melhorias significativas, e desafios extras podem ser aceitos em troca de recompensas valiosas, como estandartes (bônus permanentes durante a partida) ou grandes quantidades de recursos — madeira, pedra, trigo ou ouro — usados para construir novas estruturas e recrutar trabalhadores.

A melhor defesa não é só o ataque

A área por onde os inimigos avançam em direção à base do jogador é gerada de forma procedural, o que garante que cada partida tenha uma configuração única de exploração. Após concluir todas as ações possíveis na Fase de Economia, o jogador inicia a Fase de Defesa, momento em que não pode mais interagir com o cenário, apenas acompanhar o desempenho das torres na tentativa de conter os inimigos que se aproximam dos portões da cidade, torcendo para que as defesas que instalamos tenham êxito.

O mapa, composto por padrões hexagonais, apresenta pontos estratégicos para a instalação de torres. Esses pontos são numerados para indicar a elevação do terreno, o que concede bônus de alcance às torres posicionadas neles. Quanto maior o número, maior o alcance da estrutura.

Alguns desses locais ainda exibem runas desenhadas, indicando a presença de atributos adicionais. Ao posicionar uma torre nesses pontos, o jogador pode obter vantagens extras, como aumento no dano base, chance de acerto crítico ou um leve acréscimo no alcance.

Cabe ao jogador analisar com inteligência o posicionamento ideal das torres para que possamcausar o máximo de dano possível. Com o avanço das ondas inimigas, os adversários tornam-se mais rápidos e resistentes, exigindo uma combinação eficaz de estruturas para impedir que cheguem aos portões da cidade.

Ao longo das partidas, o jogador acumula pontos que podem ser utilizados na aba de metaprogressão para desbloquear melhorias permanentes para as sessões futuras. Novos tipos de construções também são liberados conforme o progresso, adicionando novas camadas estratégicas ao jogo e incentivando o jogador a continuar explorando seus sistemas para desbloquear todo o conteúdo disponível.

Progresso arrastado

Com uma premissa interessante e pouco explorada, Nordhold propõe uma experiência estratégica com ritmo mais lento, exigindo tempo até que o jogador consiga perceber avanços concretos. Muitas das primeiras partidas funcionam, na prática, como uma extensão do próprio tutorial, permitindo acumular pontos para desbloquear melhorias permanentes.

No entanto, ver progresso leva tempo. A acentuada curva de dificuldade, aliada aos elementos de roguelite, eleva consideravelmente o desafio — mesmo no nível padrão. São muitas tentativas até encontrar a forma mais eficiente de alocar trabalhadores para gerar os recursos certos no momento ideal, além de selecionar as torres mais adequadas para diferentes situações.

A economia, propositalmente desbalanceada no início, depende do desbloqueio de melhorias para se estabilizar. Isso leva o jogador a tomar decisões que nem sempre são ideais, mas que resolvem problemas imediatos — como alocar todos os trabalhadores para produzir pedra, a fim de construir uma torre específica que parece ser a melhor escolha para os turnos seguintes.

As possibilidades são amplas. Nas diversas partidas que realizei para esta análise, explorei várias estratégias e, embora o progresso tenha sido lento, alcancei um ponto em que o jogo finalmente ganhou ritmo, tornando a jogatina mais fluida e satisfatória.

Apesar da proposta criativa, Nordhold pode não cativar de imediato. Ele exige paciência e dedicação até que o jogador compreenda plenamente suas dinâmicas e consiga tirar proveito de tudo o que o jogo oferece.

Estratégico até demais

Nordhold é uma aposta ousada no gênero de estratégia em turnos ao trazer elementos de tower defense e roguelite. Seu ritmo mais cadenciado e foco em planejamento minucioso exigem dedicação e paciência do jogador, especialmente nas primeiras horas. Embora a curva de aprendizado e a progressão lenta possam afastar quem busca resultados imediatos, aqueles que persistirem encontrarão uma experiência recompensadora, rica em possibilidades táticas e personalização.

Com uma proposta diferenciada, visual competente e sistemas interligados que favorecem a experimentação, o jogo se destaca como uma alternativa desafiadora e instigante dentro de seu nicho. Ainda assim, ajustes na economia e no equilíbrio geral são pontos interessantes para torná-lo mais acessível sem comprometer sua identidade.

Prós

  • Proposta original que mistura estratégia em turnos, tower defense e roguelite;
  • Desenvolvimento procedural dos mapas favorece a rejogabilidade;
  • Sistema de metaprogressão que incentiva o jogador a continuar aprimorando seu jogo;
  • Posicionamento estratégico de torres com bônus variados adiciona mais camadas às decisões táticas.

Contras

  • Curva de dificuldade acentuada, mesmo no nível padrão;
  • Progressão inicial lenta, que pode afastar jogadores menos persistentes;
  • Economia desbalanceada nas primeiras partidas, exigindo desbloqueios para estabilizar o jogo.
Nordhold — PC — Nota: 7.0
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Análise produzida com cópia digital cedida pela HypeTrain Digital
OpenCritic
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Alexandre Galvão
Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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