Análise: Lies of P: Overture traz bom conteúdo e aprofunda as histórias por trás da queda de Krat

Uma ótima expansão que poderia ser excelente se ousasse nos surpreender.

em 28/06/2025
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Quase dois anos após lançar seu soulslike de Pinóquio, a desenvolvedora sul-coreana Round8 agora trouxe uma expansão de qualidade com Lies of P: Overture. O DLC tem muito conteúdo novo para horas de ação e cumpriu o bom trabalho de manter o nível de qualidade do jogo base, não apenas justificando sua existência como se constituindo parte essencial da obra como um todo.

Atualização 1.9

Primeiro, é bom destacar que Lies of P recebeu também uma atualização gratuita com dois bons conteúdos e montes de melhorias de qualidade de vida. O primeiro é uma boss rush para poder enfrentar novamente os chefes já derrotados e até fazer uma sequência deles para encarar.



O segundo e mais importante é a seleção de dificuldade. Agora, podemos modificar o nível a qualquer momento, de acordo com a necessidade de cada um. A dificuldade padrão é a mais alta e se chama Espreitador Lendário. Isso significa que as duas novas opções ajustam a dificuldade apenas para menos.

Orientação da Borboleta é a mais leniente de todas, enquanto Títere Desperto funciona como um meio termo que achei ainda desafiador para meus parâmetros, mas sem a frustração de tentar cada chefe dezenas de vezes, que, como expliquei na análise do jogo base, foi para mim o ponto baixo do que, de resto, foi uma experiência muito boa.

As melhorias incluem modo daltônico e maior praticidade na transmissão de informações a quem joga, como no Ergo necessário para subir de nível, o peso total na troca de equipamentos e outros detalhes muito bem-vindos.


De volta ao início de tudo

Agora, falando especificamente de Overture, é importante saber como acessar a expansão. Se você já jogou a campanha principal, pode ter reparado em um Stargazer desativado, coberto de musgo, que fica ao lado de túmulos no Caminho do Peregrino. Como era o único artefato do tipo que não tinha utilidade, a comunidade de Lies of P já especulava que ele seria a porta de entrada para um futuro DLC, o que se mostrou acertado.

Com Overture instalada, o requisito para acessar o novo conteúdo é ter terminado o Capítulo IX, o que mostrará o recebimento do item Crisálida Estelar. Com isso, basta teletransportar para o Caminho do Peregrino e uma cena mostrará uma borboleta branca se manifestando da Crisálida Estelar e deixando um rastro que guia P até o velho Stargazer, agora renovado.



Um aviso perguntará sobre iniciar a nova aventura, mas não se preocupe, é possível viajar entre Stargazers normalmente para ir e vir entre Overture e a campanha principal sem restrições.

A atualização 1.9 alterou esse pré-requisito para quem está no NG+ poder acessar a partir do Capítulo V, que é o primeiro momento em que vemos o Stargazer dilapidado.

No meu caso, já estava no Capítulo XI do NG+ e recebi o Crisálida Estelar normalmente. Mesmo assim, escolhi recomeçar a campanha do zero e jogar a novidade em sequência e com um personagem em nível condizente.



Quando o novo refaz o que já veio antes

Chamei Overture de novidade, mas será que é mesmo? Por um lado, sim, mas, por outro, nem tanto.

Expansão quer dizer aumento, e isso o DLC tem de sobra: novas áreas inteiras com chefes, minichefes e inimigos inéditos; novas armas, quartzos, Amuletos, Braços Legionários, vendedores e histórias de NPCs. Muitas novas roupas também estão prontas para serem descobertas, como as dos quatro membros da gangue da Lebre Negra. Tem até uma nova mecânica de melhoria do Órgão P, que permite investir quartzos para aprimorar em mais um nível uma seleção de efeitos passivos pré-existentes.



Ou seja, é muito conteúdo extra para explorar por quinze horas e experimentar variações de builds. Em questão de quantidade, certamente há novidade abundante. Em termos de qualidade, Overture também não decepciona e nenhum momento fica abaixo da média do jogo base — tampouco fica acima.

Expansão, mais especificamente, significa aumento daquilo que já existe, então não quero dizer que esperava uma grande inovação, pois isso seria material de sequência. Ainda assim, Overture tem um gosto de mais do mesmo, o que já é bom o bastante para quem gostou de Lies of P, mas não abraça seu grande potencial de realmente expandir a ambientação e os temas da obra.



Meu parâmetro para dizer isso é a própria Overture, que inicia com ares diferentes do jogo base: um dia claro nas colinas nevadas. Logo chegamos a um zoológico opulento que remete à curiosidade europeia pelo que considerava exótico em suas colônias. A atmosfera solitária de um local repleto de restos de um grande massacre e os animais infectados como Carcaças. Essas primeiras horas me fizeram sentir que estava realmente vendo mais dos arredores de Krat.

As áreas seguintes, ainda que tenham bom design de nível, são tematicamente genéricas e ofuscadas pelo bom começo: instalações subterrâneas de experimentos dos Alquimistas com corredores e mais corredores, e cavernas de mineração de ergo e ruínas de tempos imemoriais. Atendem ao propósito, mas não surpreendem.

Felizmente, a coisa melhora de cara mais adiante, com naufrágios congelados sob a aurora boreal, mais uma vez mostrando como o miolo do jogo deixa a desejar na ambientação.



Mistérios do passado

Felizmente, a história é enriquecida com muitos detalhes, sempre somando mais peças ao grande quebra-cabeças da cidade de Krat. Como é comum nas expansões de soulslikes, a trama é uma visita ao passado — foi assim em Dark Souls, Dark Souls 3 e Bloodborne.

Levado no tempo pelo Stargazer reativado, P poderá vivenciar eventos cruciais de uma época pregressa ao Frenesi dos Títeres, bem quando os Alquimistas ainda estavam lançando sua armadilha sobre a cidade. O foco é desvendar alguns dos maiores mistérios deixados em Lies of P: o passado de Carlo, seu amigo Romeo (que enfrentamos sob o nome de Rei dos Títeres no jogo base) e a Espreitadora Lendária. 

Tudo começou quando… opa, isso é assunto para outro texto. Assim como relatei a história de Lies of P em uma série de quatro artigos, Overture terá sua merecida vez de ter sua história apreciada e encaixada na narrativa maior.



Mais do que já era ótimo

Com muito conteúdo novo em todos os aspectos do jogo, Lies of P: Overture é digna do título de expansão. Ainda que não traga grandes surpresas e desperdice parcialmente o potencial da direção de arte ao passar tempo demais em corredores subterrâneos e cavernas de pouco apelo visual, os novos capítulos mantêm a qualidade da campanha principal, sendo um prolongamento significativo e obrigatório a todos que gostaram da aventura do títere de Geppetto e querem se aprofundar nela.



Prós

  • A nova campanha tem bastante conteúdo novo e mantém a qualidade do jogo base;
  • A história é uma volta ao passado que aprofunda os eventos que levaram à queda de Krat;
  • As ambientações das primeiras e últimas áreas se destacam em meio ao repertório de Lies of P como um todo.

Contras

  • Mesmo com bom conteúdo, é uma expansão pouco interessada em surpreender e superar o jogo base;
  • Algumas áreas do meio desperdiçam o potencial da direção de arte ao focar em corredores e cavernas.
Lies of P: Overture — PC/PS5/XSX — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela Neowiz
OpenCritic
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Victor Vitório
Admiro videogame como uma mídia de vasto potencial criativo, artístico e humano. Jogo com os filhos pequenos e a esposa; também adoro metroidvanias, souls e jogos que me surpreendam e cativem, uma satisfação que costumo encontrar nos indies. Veja minhas análises no OpenCritic.
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