Análise: Shuffle Tactics combina estratégia de jogos de carta com desafio intenso, mas tropeça na repetição e problemas técnicos

O jogo oferece combates desafiadores e variedade tática, mas sofre pela falta de polimento e evolução ao longo da campanha.

em 02/07/2025
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Desenvolvido pela Club Sandwich e publicado pela The Arcade Crew, Shuffle Tactics é um roguelike que mistura combates com construção de baralho e elementos estratégicos. Com uma proposta direta e desafiadora, o jogo nos coloca em um mundo que foi corrompido por uma maldição, o que exige planejamento e decisões certeiras a cada rodada para que seja possível derrotar nossos inimigos. Mesmo sem inovar, ele aposta em variedade de cartas e customizações para manter o ritmo da jogatina mais agradável, apesar de sofrer com limitações técnicas e uma progressão lenta.

Salvando o Reino de Asteria

Shuffle Tactics é direto ao ponto quando se trata de sua história. Uma maldição conhecida como Glimmer se espalhou pelas terras do Reino de Asteria, corrompendo a população com sua influência maligna. Tomando o papel de um herói destemido, cabe a nós enfrentarmos os desafios de seis regiões distintas do reino para acabar com o mal que assola o mundo.

Cada região é composta por um certo número de fases com eventos distribuídos ao longo de um trajeto. Em geral, o caminho apresenta diversas bifurcações, permitindo que o jogador escolha qual tipo de desafio deseja enfrentar, uma vez que cada ícone indica o tipo de inimigo e os prêmios disponíveis. Por se tratar de um roguelike, é de se esperar que hajam muitas mortes ao longo da jornada e múltiplas tentativas até desbloquear melhorias suficientes para superar os chefes.




Roguelikes com construção de baralho já não são novidade no mercado. Sempre que jogo um título desse estilo, me pergunto como ele vai inovar nas mecânicas tradicionais para se destacar. Para tentar contornar a repetição típica do gênero, Shuffle Tactics aposta em uma grande variedade de cartas e amuletos, levando-nos a experimentar diferentes abordagens em cada partida. 

As cartas oferecem efeitos variados, como ataques diretos, recuperação de vida e escudo, além da aplicação de status negativos. Além disso, há uma série de amuletos que podem ser equipados em cada carta, concedendo novos efeitos a elas. Por exemplo, um amuleto faz com que o ataque envenene o inimigo, enquanto outro pode empurrá-lo para longe após o golpe. A boa variedade de cartas aliada ao desbloqueio progressivo traz a sensação de novidade ao gameplay.



Nem tudo é tão agradável

Em cada fase temos uma missão específica a cumprir, sendo que essa se resume, no geral, a derrotar todos os inimigos ou destruir uma base. A arena de combate é composta por um terreno quadriculado sobre o qual nos movemos, e  os inimigos ficam posicionados aleatoriamente. A cada rodada movimentamos nosso personagem de acordo com seus pontos de movimentação e utilizamos as cartas para gastar com pontos de ação. Em seguida, os inimigos fazem o mesmo.

A dificuldade é bastante elevada, mesmo nas áreas iniciais. Levei boas horas até conseguir desenvolver um baralho minimamente funcional e elaborar estratégias mais eficientes. Sinto que faltou um certo balanceamento nesse aspecto. Além disso, a inteligência artificial é bem elaborada, exigindo de mim um grande cuidado na hora de movimentar e atacar. Não foram raras as vezes nas quais fui derrotado ainda nas primeiras fases.




Embora o planejamento estratégico seja o grande foco do jogo, a curva de aprendizado acaba sendo excessivamente punitiva e cansativa. Ao final de cada run, nosso herói ganha experiência e pode subir de nível, desbloqueando novas cartas e artefatos. No entanto, essa evolução é lenta e exige bastante paciência até que novas possibilidades de estratégias apareçam.

Para piorar, Shuffle Tactics apresenta um problema de câmera que me incomodou bastante durante a jogatina. Durante as lutas, a visão é fixa e isométrica, mas, devido à morfologia do terreno e à presença de elementos do cenário, algumas partes do grid ficam visualmente bloqueadas, dificultando a seleção de certos pontos. Como alternativa, os desenvolvedores incluíram uma visão superior que resolve parcialmente o problema, mas que introduz outros: a movimentação se torna bugada, e os personagens e elementos gráficos ficam completamente desproporcionais ao cenário.

Independentemente da perspectiva escolhida, eu sempre esbarrava em algum tipo de limitação. Não foram poucas as vezes em que perdi uma batalha por causa de um clique mal posicionado. Em um jogo tão punitivo, esse tipo de falha técnica não deveria jamais ser um fator decisivo para o resultado de uma luta. 



Divertido e irritante na mesma proporção

No fim das contas, Shuffle Tactics é um bom jogo de estratégia, apesar de seus problemas. A grande variedade de cartas e amuletos consegue oferecer possibilidades interessantes de gameplay, capazes de entreter por algumas horas. No entanto, o título carece de um diferencial marcante que realmente o faça se destacar dentro do gênero. Suas mecânicas evoluem pouco ao longo da campanha e a experiência tende a se tornar repetitiva devido à progressão lenta e à dificuldade desbalanceada.

Prós

  • Há uma boa variedade de cartas e amuletos, permitindo diferentes abordagens de jogo;
  • O combate estratégico com elementos roguelike é bem implementado;
  • A progressão, mesmo lenta, renova o gameplay aos poucos.

Contras

  • A curva de aprendizado é punitiva e a evolução é muito lenta;
  • Os problemas de câmera atrapalham a precisão nas batalhas;
  • Há uma falta de balanceamento nas primeiras regiões.
Shuffle Tactics —PC — Nota: 7.0
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Análise feita com cópia digital cedida pela The Arcade Crew

OpenCritic
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Gustavo Souza
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