The Witcher 3: Wild Hunt: dez anos de um legado inesquecível

Desde que chegou ao mundo, Wild Hunt nunca deixou de impressionar.


Embora a franquia já contasse com uma base fiel, foi com seu terceiro título, lançado em 19 de maio de 2015 pela CD Projekt Red, que a série rompeu definitivamente sua bolha e alcançou o grande público. Aclamado pela crítica e ovacionado pelos jogadores, a obra conquistou o prêmio de Jogo do Ano (GOTY) e redefiniu o padrão de qualidade para jogos de mundo aberto, entregando uma narrativa densa, personagens memoráveis e um universo vivo e imersivo. 

Uma década depois, ainda é considerado uma referência quando se fala em RPGs de fantasia e ação, provando que algumas obras são atemporais. Hoje, vamos relembrar essa jornada lendária que continua a encantar  jogadores ao redor do planeta.

Desenvolvimento

The Witcher 3 teve o início da sua produção em 2011, estendida por três anos e meio e um orçamento total estimado entre US$67 e 81 milhões, entre criação e marketing. A CD Projekt Red começou  o projeto com cerca de 150 pessoas, o qual cresceu para mais de 250 funcionários internos e somou ao todo 1.500 colaboradores ao redor do mundo. Ambiciosa, a equipe investiu na transição para um vasto mapa  aberto com narrativa rica, um sonho há muito acalentado.


Para dar vida a esse universo, foi desenvolvido o motor REDengine 3, poderoso o bastante para permitir gráficos realistas, uma ótima iluminação, além da otimização necessária para o PS4 e Xbox One. No entanto, a inovação técnica veio com seus desafios: em dezembro de 2014, já havia cerca de 5.000 bugs, levando à decisão de adiar o lançamento e ganhar tempo para polir o conteúdo.

O roteiro, escrito em paralelo em polonês e inglês, atingiu 450 mil palavras, com 950 vozes sendo gravadas por 500 atores entre 2012 e 2015. As escolhas narrativas foram intencionais: diálogos concisos, moralmente ambíguos e cheios de metáforas, refletindo de maneira fiel a atmosfera dos livros de Andrzej Sapkowski (os quais originaram a trama dos jogos). Todo esse esforço resultou em um RPG de mundo aberto vibrante, profundo e refinado — marcando um ponto de virada para a CD Projekt e consolidando o legado de Geralt.

Recepção

The Witcher 3 foi recebido com aclamação quase unânime. Nos agregadores de notas, o jogo alcançou impressionantes 94/100 no Metacritic e, independentemente da plataforma (à época, PS4, PC e Xbox One), obteve avaliações muito altas, deixando claro a consistência na qualidade.

A crítica especializada rendeu elogios contundentes: a IGN atribuiu 9,3/10, exaltando o mundo autêntico, o elenco de personagens e os diálogos, ainda que tenha apontado um excesso de tarefas de coleta (fetch quests). Já a Game Informer o classificou com 9,7/10, ressaltando a imersão e a profundidade das missões — apesar de tecer críticas ao tempo de carregamento e viagens rápidas.


Além das críticas, os prêmios que recebeu são numerosos. Venceu 33 prêmios GOTY em eventos como Golden Joystick, The Game Awards, D.I.C.E. Awards, GDC e SXSW. No Golden Joystick 2015, foi premiado em cinco categorias: Melhor Jogo do Ano, Narrativa, Design Visual, Melhor Momento (a missão do Barão Sangrento) e Estúdio do Ano. Em dezembro de 2015, no The Game Awards, Game of the Year e Melhor RPG, entre diversas outras honrarias. No GDC Awards 2016, foi reconhecido como Jogo do Ano e Melhor Tecnologia, e no SXSW Gaming Awards ganhou três prêmios — incluindo novamente GOTY, Excelência Técnica e Narrativa.

O entusiasmo do público acompanhou de perto o elogio da crítica e das vitórias nos grandes e pequenos palcos. No Metacritic, a pontuação dos usuários alcança 9.2/10 na versão de PC, com avaliações exaltando a narrativa envolvente, a ambientação rica e o impacto real das escolhas feitas ao longo da obra. Comentários de jogadores também destacam The Witcher 3 como uma das experiências mais imersivas já vividas em um videogame. Esse sentimento de admiração se traduziu em números: o título vendeu aproximadamente 60 milhões de cópias até hoje.

A longevidade e o carinho da audiência  também foram reforçados com o lançamento das expansões e da versão atualizada para nova geração, que reacenderam o interesse pelo título anos após seu lançamento inicial.

Presente

Desde o lançamento da atualização de nova geração, em dezembro de 2022, The Witcher 3 ganhou uma “segunda juventude”. A versão trouxe melhorias visuais expressivas — como suporte a ray-tracing, taxas de quadros mais estáveis, texturas aprimoradas. A CD Projekt Red reforçou esse suporte com o REDkit em maio de 2024, uma ferramenta oficial que permitiu aos modders criar conteúdo de forma mais acessível e integrada, exigindo cerca de 10 meses de esforço para reestruturar sua engine.


No fim de maio de 2025, a produtora anunciou mais um patch que adiciona suporte a mods multiplataforma, via mod.io, o qual abrange  PC, PS5 e Xbox Series X/S. Isso significa que, pela primeira vez, jogadores de console poderão baixar e usar mods oficiais, embora a criação permaneça limitada ao PC por restrições das plataformas e diretrizes de conteúdo.

A comunidade de mods permaneceu  bastante aquecida nessa última década. No PC, o Nexus e o Steam Workshop oferecem milhares de modificações — de ajustes gráficos até adições de missões e mecânicas. Uma das alterações mais notáveis, o “HD Reworked Project NextGen Edition”, já foi baixado mais de 5,6 milhões de vezes, elevando texturas e detalhes visuais a um nível quase cinematográfico. Além disso, modders criaram sistemas como reputação dinâmica, estações do ano, melhorias de combate e personagens jogáveis alternativos, o que manteve o jogo fresco para quem revisita Geralt.

Futuro

O futuro da série está no tão aguardado The Witcher 4. Seu desenvolvimento pela CD Projekt Red ocorre desde meados de 2024, com uma produção já em grande escala. Ao final do mesmo ano, no The Game Awards, houve a apresentação de um trailer cinemático, enquanto no State of Unreal 2025, mostrou-se uma demo técnica rodada na Unreal Engine 5.6. Essa exibição contou com Ciri explorando ambientes next-gen, gráficos avançados e potencial para 60 FPS somado a ray-tracing. Com ela assumindo papel principal, é marcado de forma clara o início de uma nova trilogia, agora sem Geralt como protagonista.

Hoje, The Witcher 3: Wild Hunt se encontra numa valiosa linha tênue entre legado e contemporaneidade — continua vivo, em expansão, moldado por sua comunidade, e ainda é referência para o mercado nos quesitos de design narrativo, construção de mundo e longevidade. Seja pela constante atualização técnica, seja pelo suporte oficial aos mods ou pela inspiração que oferece a novos RPGs, o jogo permanece relevante não apenas como uma obra do passado, mas como uma base sobre a qual o futuro do gênero ainda se apoia.


Revisão: Thomaz Farias
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Matheus Bigai Ferreira
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