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Análise: Rising Hell (Multi) oferece ação infernal em um frenético roguelike

Enfrente demônios e tente escapar do Inferno neste título indie que foca em mecânicas descomplicadas.


Em Rising Hell, para poder escapar das profundezas do Inferno, um trio de guerreiros vai precisar desbravar uma torre em constante mudança infestada de armadilhas e monstros. O título indie conta com estágios verticais com muitos saltos e mecânicas simples de combate que criam uma experiência arcade acelerada. Cenários infernais, trilha sonora heavy metal e vários modos complementam a experiência, que acaba pecando com variedade de conteúdo limitada.

Enfrentando hordas demoníacas para fugir do inferno

O conceito de Rising Hell é bem direto: o foco é escalar o pináculo infernal destruindo todos os demônios que aparecem pelo caminho. Para avançar, os heróis utilizam diferentes ataques, saltos no ar e nas paredes, e um movimento de esquiva para escapar de monstros e armadilhas. Há também o Rompe-Inferno, um poderoso golpe especial aéreo capaz de destruir imediatamente inimigos mais fracos, além de dar também um impulso vertical.


Cada um dos guerreiros tem um estilo de jogo distinto. Arok usa garras imensas em sequências de ataques a curta distância; o demônio Zelos acerta inimigos de longe com tiros e é bastante ágil; já a fantasma Sydna lança bombas explosivas poderosas, porém sua defesa é baixa. Pelo caminho, é possível obter armas especiais de uso temporário e comprar vários artefatos com habilidades que alteram as características dos personagens.

Rising Hell é um roguelike bem tradicional, ou seja, ao morrer perdemos todos os itens obtidos e precisamos recomeçar a jornada desde o início. Além disso, a seleção de estágios é aleatória, fazendo com que cada partida seja distinta. Novos itens e artefatos são desbloqueados aos poucos conforme exploramos o universo do jogo, sendo que alguns deles precisam ser comprados com Praga, uma moeda que persiste entre as partidas.
 


Obliterando tudo na ação acelerada

Conceitos simples e mecânicas ágeis tornam Rising Hell empolgante e divertido. Controlar os personagens é intuitivo, afinal há um botão para ataque e outro para pulo, e o Rompe-Inferno é executado automaticamente ao saltar sobre os inimigos. O ritmo é acelerado e é fácil conseguir montar grandes combos aéreos ao derrotar monstros em sequência — foram várias as vezes em que escalei os cenários rapidamente com saltos e golpes bem dosados. Os artefatos com habilidades trazem mais uma camada de complexidade com seus efeitos diversos, mas a maioria deles só fortalece características dos personagens (como força ou vida).


O objetivo é escalar os estágios verticais, no entanto pelo caminho aparecem alguns desafios diferentes. Em um túnel, precisamos usar o Rompe-Inferno com cuidado para subir, pois há poucas plataformas. Em um jardim, é necessário matar rapidamente plantas venenosas para não ser intoxicado. Já em uma prisão, serras fatais sobem pela tela, nos forçando a avançar com velocidade. Há algumas rotas alternativas pelas partidas e o equilíbrio entre momentos de combate e plataforma é ótimo.

As mecânicas são simples e a pegada é mais arcade, no entanto há estratégia no jogo. Os estágios são estreitos e repletos de armadilhas e inimigos, logo precisamos saber quando atacar e esquivar, e movimentação constante é essencial para sobreviver. O Rompe-Inferno, em especial, é poderoso e fácil de executar, porém seu uso impensado pode lançar o herói em direção a espinhos ou ataques de monstros.


Atenção e destreza são características essenciais, pois a dificuldade é alta e as oportunidades de recuperar a vida são reduzidas. Isso é ainda mais importante nas batalhas contra os chefes, que têm um ritmo mais lento e são mais estratégicas: precisamos observar seus padrões de ataque para agir no momento certo. Nas minhas várias partidas, perdi as contas de quantas vezes morri por ser afobado ou por ser impulsivo, mas a curta duração das tentativas ameniza a frustração.

O modo campanha conta com três áreas, e dificuldades adicionais são liberadas conforme terminamos as partidas. Fora isso, o jogo conta com uma modalidade com missões específicas, como terminar um estágio correndo contra o tempo ou atravessar fases complicadas sem levar dano. Gostei bastante de explorar esses desafios adicionais, pois suas condições nos forçam a explorar as habilidades dos personagens de outras maneiras. Há também um desafio semanal com placares online para quem gosta de competir.


Mesmo com tantas opções, Rising Hell sofre com seu conteúdo limitado. As tentativas logo se revelam bastante parecidas entre si, pois a diversidade de fases, inimigos e poderes não é suficiente para trazer variedade. Além disso, as opções de customização antes de cada tentativa são tímidas, e os desbloqueáveis não são muito notáveis. Mesmo assim, o título diverte e é uma ótima opção para partidas rápidas individuais. Só acho difícil continuar jogando a longo prazo por causa de suas limitações.

Fogo, espinhos e heavy metal em uma torre infernal

A ambientação acompanha a ação frenética do jogo. O mundo é retratado com pixel art competente e é repleto de elementos infernais, como fogo, espinhos, serras, diabretes grotescos e mais. A temática das áreas conta com visual próprio, como uma prisão, um jardim maldito e uma fortaleza. Só acho que faltou um pouco mais de identidade, pois elas acabam sendo bem parecidas entre si.

O áudio complementa a carnificina com músicas inspiradas em heavy metal, muitas guitarras e um narrador com voz gutural — é tudo bem intenso e realmente dá vontade de sair destruindo demônios. Porém, às vezes, o caos visual é intenso demais e é complicado entender o que está acontecendo com constantes aproximações de câmera e efeitos visuais. Por sorte, algumas dessas opções podem ser amenizadas: no PC eu alterei para “médio” o ajuste dos gráficos, o que reduziu alguns efeitos e tornou a ação mais clara e agradável.
 


Uma experiência vertiginosa

Rising Hell é um ótimo título de ação arcade. É empolgante escalar uma torre infernal infestada de monstros e perigos, principalmente por causa das mecânicas ágeis e do andamento acelerado. Há muitos modos para explorar e aqueles que gostam de um bom desafio vão encontrar opções para aumentar a dificuldade continuamente. No entanto, a diversidade de conteúdo é limitada, fazendo com que as tentativas sejam muito parecidas entre si. No fim, Rising Hell é uma boa opção para partidas rápidas e diversão pura e imediata.

Prós

  • Ação frenética com mecânicas descomplicadas e toques de estratégia;
  • Boa variedade de modos e desafios;
  • Ambientação interessante com visual pixel art e música heavy metal.

Contras

  • Confusão visual atrapalha em alguns momentos;
  • Conteúdo limitado traz sensação de repetição.
Rising Hell — PC/PS4/XBO/Switch — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Ives Boitano
Análise produzida com cópia digital cedida pela Toge Productions

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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