Análise: Chained Echoes: Ashes of Elrant nos transporta de volta ao universo do RPG indie para explorarmos um pouco mais do seu mundo

DLC expande um pouco do jogo de 2022, aumentando o seu fôlego.

em 07/08/2025
Chained Echoes: Ashes of Elrant
é um DLC que busca expandir a história de Chained Echoes. O conteúdo pode ser acessado pelo menu inicial do jogo, mas, devido à sua natureza como uma expedição endgame, é voltada especificamente para quem já aproveitou a jornada completa. Vale destacar de antemão que o jogo continua sem localização para o português do Brasil.

Um novo mundo

Pouco antes dos momentos finais do jogo base, o grupo Crimson Wings recebe uma missão inesperada que leva seus integrantes a um pequeno vilarejo habitado por ex-soldados de Taryn. Nesse lugar, eles acabam encontrando um portal misterioso para uma outra dimensão em que a antiga cidade de Elrant ainda existe.

Sem entrar em grandes detalhes da história para evitar spoilers, a trama envolve então a exploração desse lugar. Um detalhe curioso é que eles também acabam encontrando alguns pequenos fragmentos de suas histórias pessoais, além de conhecer uma cultura peculiar dessa região ao interagirem com seus habitantes.

Temos que viajar por uma floresta de cogumelos, explorar uma torre de prisão, a cidade de Elrant e suas peculiaridades (como a casa do gato-demônio), um deserto, uma espécie de pântano sombrio cheio de restos mortais e outras localidades. As áreas são ricas em tesouros e vale a pena explorá-las, especialmente após ser possível voltar a utilizar os mechas (que ficam trancados durante uma parte do DLC). Derrotar certos inimigos, encontrar tesouros e itens e explorar a fundo também são maneiras de conseguir recompensas por meio do Reward Board.

Além da questão de explorarmos áreas novas, uma das principais adições do jogo é um certo lobo branco que é visto como um herói em Elrant. Ele se junta à equipe, sendo o único personagem que ainda precisa ter suas habilidades ativas liberadas, enquanto os outros já contam com todos os recursos estratégicos disponíveis, não sendo necessário conseguir mais Grimoire Shards. Um de seus principais elementos é o fato de que ele pode dar dentadas nos inimigos e depois causar dano extra por esse “marcador”.

Em comparação com o jogo base, a nossa principal forma de ficar mais forte é por meio da ativação das Pools of Power espalhadas pelas regiões. Ao interagir com elas, aumentamos o dano causado aos inimigos e reduzimos o dano recebido. Como um elemento opcional da jornada, procurar essas localidades escondidas se torna uma forma de modular a dificuldade, assim como a busca por equipamentos melhores, o crafting e os cristais (que agora são obtidos em batalha de forma simplificada).

A força do sistema de batalha

Chained Echoes é um RPG baseado em turnos e o combate do jogo é muito bem pensado para valorizar o uso estratégico dos recursos disponíveis, o que não é exceção para o DLC. Tendo em mente que o jogador já está em um nível avançado de força, os combates costumam ser pensados para não serem triviais — especialmente no início e nos chefões — e para valorizar o pensamento estratégico.

Em uma certa área, inclusive, temos uma situação interessante em que os poderes dos personagens são todos bloqueados. Cabe ao jogador, então, lidar com essas restrições, encontrando Key Knights e lutando contra eles para liberar os tipos específicos de golpe (ataque, buff, debuff, magia, etc).

Com todos os recursos na mesa e uma equipe cheia desde o início, é fácil ver como as opções de combate são robustas. Efeitos de buff e debuff para alterar a performance de aliados e inimigos fazem diferença significativa para continuar vivo. Da mesma forma, efeitos como envenenamento e paralisia afetam até mesmo chefões, e há todo um esquema de controle dos turnos.

Em particular, um dos grandes destaques do combate continua sendo o Overdrive, a barra que determina se nossos personagens estão em condições ideais ou se sofrerão mais dano. A ideia é a seguinte: o cursor geralmente avança a cada ataque de aliados ou inimigos, mas, enquanto estamos em Overdrive, é possível fazer esse indicador retroceder se usarmos um golpe de um tipo específico ou ao mudar a marcha do robô gigante para 2. Chegar à extremidade mais avançada deve ser evitado, pois leva ao “Overheat”, aumentando o dano sofrido e removendo as vantagens da equipe.

O combate não é perfeito, tendo alguns pequenos defeitos que permanecem no DLC. Um deles é o fato de que alguns efeitos de status só possuem explicação no menu de tutorial, não sendo possível visualizar essa informação no meio do combate. Além disso, algumas ações — como trocar personagens ou marchas de robô — não podem ser canceladas caso o jogador mude de ideia ou as ative sem querer. Porém, esses são detalhes muito pequenos diante das suas qualidades.

Talentos para ir além

Além da expansão da narrativa e das novas áreas, temos um sistema inédito de talentos que podem ser desbloqueados com os pontos obtidos em batalhas. É possível usá-los para fazer boosts individuais nos atributos de cada personagem da equipe e afetar outros aspectos do combate (como as barras de Overdrive e Ultra Moves, a mudança de marchas dos robôs, o indicador de HP dos chefes e até o ganho de PP).

Os talentos também são uma forma de melhorar a exploração, adicionando indicadores para as Pool of Powers, invocação da aeronave e até minigames específicos. Com a ajuda desses poderes, é possível conversar com animais, produzir itens específicos em um caldeirão em Elrant (o que é obrigatório para avançar em um ponto da trama) e pescar.

Outro minigame disponível é o de escavar itens, que é liberado após uma interação na floresta. Com ele, podemos detectar objetos escondidos no solo. As áreas onde esse minigame ocorre são fontes de novos emblemas de classe, mas o processo de consegui-los é bem tedioso, já que a escavação é demorada e os itens são aleatoriamente distribuídos pelo terreno, alterando a posição toda vez que decidimos jogar novamente. Além disso, uma vez que o emblema é obtido, é impossível jogar novamente para conseguir outros itens de menor valia — e boa parte do que pode ser encontrado é irrelevante.

Uma expansão honesta

Chained Echoes: Ashes of Elrant é uma forma interessante de explorar mais o universo do jogo, aprendendo um pouco mais sobre os personagens e sobre o que aconteceu com Elrant. Mantendo os acertos do jogo base, é uma fácil recomendação para quem já o explorou e quer vivenciar um pouco mais da obra.

Prós

  • Combate em turnos que valoriza a capacidade estratégica do jogador;
  • Novas áreas ricas em tesouros que valorizam a exploração;
  • Sistema de talentos traz ótimas recompensas para melhorar combate e exploração;
  • Sistema de Pools of Power torna a melhoria do dano de um “level up” em um fator opcional;
  • O novo aliado traz uma interessante mecânica de marcador.

Contras

  • Minigame de escavar é um processo tedioso, lento e desnecessariamente complicado devido à aleatoriedade;
  • Algumas escolhas do combate continuam sendo pequenos incômodos.

Chained Echoes: Ashes of Elrant — PC/PS4/PS5/XBO/XSX/Switch — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: PC

Revisão: Heloísa D’Assumpção Ballaminut
Análise produzida com cópia digital cedida pela Deck13

OpenCritic
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Ivanir Ignacchitti
é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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