RoboCop ganhou mais um capítulo em sua aventura recente nos videogames. RoboCop: Rogue City - Unfinished Business traz o agente da lei cibernético em uma expansão independente, baseada no jogo lançado em 2023, mas que também pode servir como uma espécie de “minissequência”.
Vale frisar que, apesar de até trazer uma ou outra referência aos eventos do Rogue City original, não é necessário ter jogado o anterior para seguir os acontecimentos de Unfinished Business.
Os bandidos nunca aprendem
O distrito de polícia de Detroit foi invadido e vários policiais foram executados de maneira impiedosa. Após uma breve investigação, RoboCop rastreia os passos dos responsáveis até a OCP Omni Tower, uma construção feita com o intuito de proporcionar moradias para a população, mas acabou se tornando uma espécie de favela de concreto e refúgio de diversos criminosos da cidade. Ajudado por uma misteriosa interlocutora, RoboCop deve ir até o topo dessa torre para descobrir quem está por trás do massacre na delegacia.
Unfinished Business traz todo o esquema típico de um FPS padrão. Os inimigos se escondem pelos escombros e pontos cegos do ambiente, tentando nos emboscar, e a nossa missão é fazer a limpa na área até o final. Claro que temos um certo charme oitentista, oriundo do filme que inspirou o título.
RoboCop pode carregar sempre duas armas, sendo a principal sua pistola Auto 9, que possui munição infinita, e a segunda podendo ser qualquer outra encontrada pelo caminho. Graças às suas melhorias robóticas, ele pode atirar em algumas paredes para que as balas ricocheteiem e acertem os criminosos que estão se escondendo atrás de estruturas.
Ele também pode agarrar os capangas e arremessá-los para longe, e se aproveitar de itens, seja os que foram derrubados, como katanas e machados, ou os que estão pelo cenário, como extintores e ares-condicionados. Se ficarmos muito próximos na hora de atacar, é possível realizar uma finalização única aproveitando o local. Isso leva a cenas bem divertidas, como empurrar um atirador para dentro do compactador de lixo ou enfiar a cabeça dele em uma máquina de vendas de bebida.
Entretanto, algo que pode ser incômodo para quem gosta do gênero, por mais que faça sentido às características do personagem, é que ele é bastante lento, mesmo correndo. Outra habilidade que não consta no leque do nosso policial metálico é a de buscar cobertura em alguma pilastra ou mureta de maneira automática, até porque ele nem se abaixa.
Claro que isso pode ser compensado com sua árvore de melhorias. Ganhar pontos de experiência nos permite usá-los para melhorar sua blindagem, força, mira e capacidade de dedução. É possível até abrir cofres sem saber sua combinação e marcar itens importantes pelo mapa antes mesmo de explorá-lo por completo.
A Auto 9 também pode ser incrementada com chips customizáveis. Os circuitos deles podem aumentar seu dano e até conferir algumas características, como balas explosivas e capazes de perfurar escudos e armaduras.
Vale frisar também que nem tudo é só tiro, porrada e bomba. Há uma dose generosa de exploração e algumas missões secundárias que ajudam a balancear investigação e ação de maneira a não tornar tão cansativa às dez horas necessárias (em média) para finalizar os negócios de RoboCop nessa expansão.
Vivo ou morto, você entenderá a referência
Mesmo trazendo uma história inédita para RoboCop, as menções aos personagens e momentos do filme original de 1987 são inevitáveis e até vão bem em Unfinished Business. Uma das coisas mais comuns é a célebre música tema tocar durante os momentos de tiroteio intenso. Há também as presenças do chefe do departamento, sargento Warren Reed, e da nossa parceira policial Anne Lewis. Aqui eles fazem participações pontuais.
Também temos a chance de controlar Alex Murphy em alguns momentos de memórias. Ele foi o policial morto em serviço que teve seu cérebro posto na unidade de combate que veio a se tornar RoboCop.
Algumas interações com NPCs também rendem pérolas levemente cômicas. Mesmo recém-salvos de situações de risco, alguns deles indagaram se o nosso personagem é o verdadeiro RoboCop de fato. Nisso, rola uma pequena trivia sobre os eventos dos filmes e até a oportunidade de repetir seus bordões robóticos, falados quando está prestes a efetuar uma prisão.
Quanto à ambientação geral, há alguns trechos repetitivos, pois, com exceção do início na delegacia, que funciona como um tutorial, toda a ação segue pelos diferentes complexos dentro da Omni Tower. Há alguns espaços diferentes e interessantes, como a área de lazer, cheia de luzes neon e fliperamas, e o lixão. Nesse quesito, o único ponto que se mostra contraditório são algumas áreas excessivamente escuras, mas ao ativar o visor do robô isso deixa de ser um problema, desde que o jogador não se incomode com os tons de verde na tela.
O trabalho gráfico para trazer o caos da guerra urbana dessa Detroit futurista é bem feito, com cenas bem trabalhadas e efeitos que não chegam a desapontar durante a ação. Porém, não se pode dizer o mesmo dos NPCs e inimigos.
Um defeito constante são as pessoas com vozes que saem de bocas que não se mexem, sem contar que as atuações dos transeuntes são um tanto sofríveis, para não dizer cômicas. Parece que houve cuidado apenas com a vocalização de RoboCop e alguns personagens principais.
Inimigos abatidos também apresentam efeitos curiosos. Além do fato de sumirem instantâneamente do chão, alguns deles caem em poses estranhas e retorcidas. Quando abatidos com um headshot de uma distância próxima, principalmente após arrombar uma porta e gerar o efeito de câmera lenta, o efeito de explosão da cabeça é sangrento e chamativo, mas depois a cabeça do dito cujo ainda está lá.
"Obrigado pela sua colaboração, boa noite"
RoboCop: Rogue City - Unfinished Business é uma boa sequência para o jogo original, mas talvez funcionasse melhor como um DLC de fato em vez de uma expansão separada. Ainda assim, o título consegue dar continuidade de maneira satisfatória ao combate de RoboCop à criminalidade de Detroit, mesmo que de vez em quando algumas cabeças não explodam da maneira que deveriam.
Prós
- Contar com uma pistola de munição infinita ajuda, mesmo que discretamente, a tornar o jogo mais acessível;
- Ótima maneira de dar continuidade tanto ao jogo de 2023 quanto aos filmes dos anos 1980;
- A dosagem entre ação e exploração é bem equilibrada;
- Boa dose de referências, sem ser exageradamente nostálgico.
Contras
- A lentidão de RoboCop pode irritar jogadores acostumados com outros jogos de tiro;
- Alguns pontos do cenário são exageradamente escuros;
- Como tudo acontece na torre, alguns trechos são inevitavelmente repetitivos;
- NPCs com expressões estranhas e com bocas imóveis enquanto falam;
- Presença de bugs visuais e comportamentos bizarros após atirar nos inimigos.
RoboCop: Rogue City - Unfinished Business — PC/PS5/XSX — Nota: 7.0Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Vitor Tibério
Análise feita com cópia digital cedida pela Nacon













