Impressões: Battlefield 6 demonstra potencial para uma experiência mais coesa e promissora

Franquia da EA retorna atirando para todos os lados.

em 12/08/2025

A expectativa para este final de semana só crescia com cada acerto da EA. A revelação de Battlefield 6 foi feita com a mesma grandiosidade dos tempos de E3, quando os jogos eram tratados como grandes eventos globais. Só que, dessa vez, não era apenas para mostrar: a EA realmente apostou tudo neste projeto, e a indústria inteira estava de olho neste primeiro teste para ver se o esforço para devolver o respeito à franquia tinha funcionado.


Battlefield não ficou longe dos holofotes por muito tempo. Há apenas quatro anos, a EA lançava a grande decepção que foi Battlefield 2042, que colocou a franquia em xeque e exigiu um esforço incomum para reconquistar a confiança do público. Uma das principais mudanças foi a consolidação do chamado Battlefield Studios, unindo recursos da Criterion, Ripple Effect, Motive e, claro, da DICE. Tudo para garantir que os erros de performance e visão do título anterior não se repetissem. O beta é parte central dessa reconstrução, funcionando como prova inicial de que houve evolução.

Disponibilização do Beta

As datas do beta foram anunciadas junto com a revelação do multiplayer, em um evento realizado em Los Angeles com alguns dos maiores nomes e criadores de conteúdo de FPS.
A resposta foi imediata, gerando um dos maiores engajamentos que a série já viu para um teste aberto. O lançamento foi estável: filas com milhares de pessoas, mas que avançavam rapidamente. A performance técnica surpreendeu para uma fase beta, oferecendo taxas de quadros sólidas, carregamentos rápidos e poucos problemas de conexão, criando uma experiência fluida para a maioria dos jogadores.

No PC, o pico de jogadores simultâneos na Steam chegou a superar o recorde de Call of Duty, seu principal rival.

Mas será que esse foi um sinal definitivo de que Battlefield voltou?

Primeiras impressões

A primeira impressão depende muito do modo de jogo que o jogador escolher. Aqui, a EA colocou na mesa opções clássicas da série e modos voltados para um público mais acostumado com o FPS rival, onde os mapas de grande escala dão espaço para mapas menores e com objetivos frenéticos. O jogador pode experimentar o que a franquia sempre ofereceu de melhor ou mergulhar em ação mais imediata. São experiências distintas, e cada um provavelmente escolheu onde passou o fim de semana jogando.

No entanto, independente da escolha, a primeira sensação é a mesma: o primor técnico do gênero voltou. Característica da série, os gráficos que empurram o patamar visual para frente estão aqui, e,  junto com eles, a sonoridade única de Battlefield, sempre um passo à frente da concorrência, se mantém intacta. O que se vê e ouve durante as partidas é um atestado de confiança: a EA realmente está trazendo o gênero FPS para a nova geração, assim como fez no passado.

A visão e sonoridade da guerra

Amplificado pela Frostbite, motor gráfico próprio da desenvolvedora, o multiplayer alcança um nível de fidelidade e escala raramente visto no cenário online AAA. Além de vistas impressionantes e modelos críveis de tudo ao seu redor, o jogo traz de volta algo que já foi um dos maiores atrativos da série: a destruição em larga escala.

Prédios desmoronando ao seu lado mudam o ritmo da batalha. Paredes e coberturas cedendo sob fogo inimigo forçam mudanças de estratégia. A infantaria, veículos e explosões moldam o campo de combate em tempo real, criando um caos controlado que é tanto intimidador quanto divertido. É nesse ciclo de construção e destruição que Battlefield encontra sua identidade, e aqui, parece mais viva do que nunca.

Mapas

Três dos nove mapas que estarão disponíveis no lançamento foram liberados para a beta, uma amostra generosa que já permite ter uma boa impressão do estilo de jogo que Battlefield 6 vai oferecer. Costuma-se dizer que os mapas de multiplayer online são um dos, senão o principal, aspecto para o sucesso de títulos do gênero. São corredores e campos de batalha que ficam na nossa cabeça e se moldam nas nossas melhores memórias online, e a série sempre teve esse mérito, com exemplos marcantes como Operação Metrô e Operação Fogo Cruzado (que retornará remasterizada no novo jogo) de Battlefield 3.

Os mapas disponíveis nesta beta não são imediatamente lendários como esses clássicos, mas demonstram uma variedade e um nível de qualidade que indicam o que podemos esperar no lançamento.

Pico da Libertação

Talvez o mapa mais “Battlefield” da beta, Pico da Libertação é um campo aberto de batalha, com infantaria se enfrentando em meio a vistas impressionantes de montanhas geladas e um céu azul vibrante. Ele realmente brilha nos modos de grande escala, oferecendo linhas de visão ideais para quem gosta de jogar de sniper, mas também criando oportunidades para outros estilos de jogo em diferentes pontos de combate.
Apesar de não ser tão povoado por estruturas, a destruição das casas e de elementos do cenário nos pontos de contenção pode mudar o rumo de uma partida. Além disso, há oportunidades favoráveis para que a artilharia terrestre domine completamente o jogo.

O mapa exige coordenação: é difícil virar o placar depois de sofrer uma grande diferença de pontuação, já que sua verticalidade e layout linear exigem esforço conjunto para quebrar linhas inimigas e realizar manobras que levem à conquista de bandeiras no território adversário. No geral, a impressão é positiva e ele certamente será um mapa valioso na rotação final.

Cerco do Cairo

Meu favorito da beta, Cerco do Cairo é um mapa de escala grande, mas densamente povoado por prédios, afinal, se passa em uma cidade. Aqui, os tons frios de Pico da Libertação dão lugar a uma paleta quente e alaranjada, e o caos controlado cede espaço para um combate urbano intenso.
Corredores estreitos se conectam a ruas abertas onde a troca de tiros é constante. A infantaria disputa cada ponto enquanto luta pela sobrevivência, tornando o mapa eletrizante. Curiosamente, em todas as minhas partidas, quase não vi jogadores usando sniper, o que obriga essa classe a se adaptar às circunstâncias, algo natural, já que alguns mapas favorecem certos estilos de jogo e desfavorecem outros.

Ofensiva Ibérica

Talvez o menos interessante dos três, mas o que melhor acomoda todos os modos de jogo. Em grande escala, as batalhas pelas bandeiras geram um caos controlado que funciona bem para todas as classes. Há longas linhas de visão que se misturam a corredores e ruas estreitas dentro da cidade, permitindo que cada classe encontre seu espaço durante uma partida.

Nos modos mais frenéticos, é o mapa com bandeiras mais equilibradas, o que garante partidas rápidas e divertidas.

Balanço dos mapas

No geral, os três mapas causam uma boa impressão, mas carecem de elementos que os elevem para além do “bom”. Apesar dos designs bem pensados (considerando o desafio de criar cenários que servem a múltiplos propósitos) falta algo memorável, um detalhe fora do comum que os destaque, como uma estrutura icônica ou um ponto de referência imediatamente reconhecível, a exemplo de como outros títulos usam locais famosos para marcar suas arenas.

A distinção entre os três e o fato de todos parecerem “seguros” (no sentido de não arriscar demais no design) me leva a acreditar que eles foram os primeiros mapas desenvolvidos para o jogo, servindo de molde para ideias mais ousadas nos restantes. Essa impressão se reforça ao observar as prévias já divulgadas dos outros seis mapas que completarão a rotação no lançamento.

Mesmo assim, os mapas ficam como ponto positivo desta beta. Bem construídos, funcionais e prontos para serem aprimorados até a versão final.

Modos de Jogo

Conquista e Conquista com Restrição de Armas

O modo clássico que define a série está de volta em duas abordagens. A EA, desta vez, preferiu não contrariar a comunidade e, em vez de impor apenas sua nova visão (sem restrições de equipamento por classe), inclui também a Conquista com Restrição de Armas, no formato que os fãs veteranos consideram o mais fiel ao espírito da série.

Na visão original do estúdio, limitar as armas por classe não estava no plano, porém, pela pressão da comunidade, essa versão chegou à beta para teste. Essa restrição sempre foi uma marca registrada da série, ajudando cada classe a ter sua identidade própria no campo de batalha, algo que, pessoalmente, faz todo sentido.
Testei o modo sem restrição e, por enquanto, não notei grandes diferenças. Isso porque, nesta beta, não temos acesso a todo o arsenal nem a customização completa, então ainda não é possível medir o impacto real dessa decisão na identidade da série.

No mais, Conquista continua sendo a experiência Battlefield por excelência: bandeiras de dominação espalhadas pelo mapa e dois batalhões lutando por controle em partidas de 20 a 25 minutos. Os três mapas da beta oferecem maneiras diferentes de vivenciar esse modo, de guerrilhas abertas a combates mais fechados, e se mostram bem equilibrados, garantindo a “experiência definitiva” do jogo.

Dominação e Dominação de Colina

Esses são os modos mais frenéticos, disputados em áreas condensadas dentro dos mapas maiores. Em Dominação, as bandeiras são fixas; já em Dominação de Colina, a bandeira muda de posição ao longo da partida.

As batalhas aqui são intensas, mas o equilíbrio não foi o ponto forte nesta beta. Com uma amostra limitada de mapas, apenas Ofensiva Ibérica ofereceu partidas realmente divertidas. Ainda assim, é possível que a impressão melhore no lançamento, com cenários mais adequados a esse tipo de combate.

Ruptura

A grande surpresa da beta, e onde acabei passando mais tempo. Nesse modo, um batalhão ataca e o outro defende. Os atacantes começam com 200 vidas para capturar dois pontos; se conseguem, ganham mais 100 vidas e avançam para o próximo setor.

Foi nesse modo que encontrei com mais frequência as batalhas épicas que marcam a série. Funciona bem em todos os mapas da beta, seja no time ofensivo ou defensivo. A sensação de guerra é constante: avançar em conjunto, improvisar estratégias no calor da ação ou defender com tudo para evitar o avanço inimigo cria partidas memoráveis. É, sem dúvida, o ponto alto da beta, e um modo que quero muito experimentar nos outros mapas do lançamento.

Balanço Geral

A EA deixou claro que quer agradar a todos os tipos de jogadores. Dos clássicos a modos mais frenéticos, a seleção disponível na beta apresenta tanto o que Battlefield faz de melhor quanto o que tenta adaptar ao seu próprio estilo, como combates de curta distância e ritmo acelerado.

Foi uma boa escolha de variedade: já dá para cada jogador decidir onde passará a maior parte do tempo quando o jogo completo chegar.

O que a franquia proporciona?

A beta deixou claro que o jogo entrega exatamente o que se espera de um grande título da franquia, digno de ser chamado de herdeiro legítimo do legado de Battlefield 3 e 4. São batalhas modernas, espalhadas por cenários ao redor do mundo, em escala grandiosa, com tudo o que o investimento colossal da EA pode oferecer: fidelidade gráfica impressionante, sonoridade impecável e jogabilidade única.

O ritmo do jogo segue sua própria cadência. Sim, está mais acelerado que em entradas anteriores, mas sem perder a essência. O “caos controlado” característico da série se transforma em puro descontrole em questão de segundos: prédios desabam, tanques avançam, e momentos de improviso arrancam sorrisos do jogador pela mistura perfeita de bagunça e diversão.

Apesar de apenas quatro anos de distância desde o antecessor, parece que muito mais tempo se passou desde que fãs de FPS tiveram acesso a uma experiência dessa magnitude fora do eixo Call of Duty. Essa ausência só reforça o impacto deste beta.

Battlefield está de volta?

Ainda é cedo para cravar, mas as impressões iniciais são claramente positivas. Battlefield 2042 não sofreu apenas pela falta de conteúdo, mas também pela performance desastrosa em seu lançamento. Agora, a EA parece ter aprendido a lição: há um cuidado perceptível em cada detalhe, fruto de ouvir a comunidade e tratar este título com o peso que ele merece.

O multiplayer, pilar central da franquia e considerado por muitos o elemento mais importante, começou bem. E ele não estará sozinho: o jogo também trará uma campanha e o modo Portal, onde a comunidade poderá criar seus próprios mapas e modos de jogo, um sinal claro de que a EA quer não só resgatar a glória da série, mas também expandi-la para novas possibilidades.

Quem quiser testar por conta própria terá uma nova oportunidade entre os dias 14 e 17 de agosto, quando a beta reabrirá trazendo um novo mapa (Empire State) e modos adicionais como Investida e Cada Pelotão por Si.

Battlefield 6 será lançado para a nova geração de consoles e PC no dia 10 de outubro.

Revisão: Johnnie Brian
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Matheus Oliveira
Entusiasta de games e cinema, sempre explorando novos gêneros e estilos enquanto acumula um backlog infinito. X e Instagram
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