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Análise DLC: Kao the Kangaroo: Bend the Roo'les (Multi) — Quebrando as regras, mas com moderação

É hora de retornar à Ilha Hopalloo para derrotar um caranguejo gigante que só queria dormir em paz.

Kao the Kangaroo fez seu retorno aos videogames no ano passado, mas parece que ele ainda tem lugares para explorar. A expansão Bend the Roo'les adiciona mais cinco fases ( incluindo um novo chefe) à jornada do canguru com luvas de boxe. 

Inovando… naquelas

Mais uma vez nos encontramos na Ilha Hopalloo, a casa de Kao e sua família, que vivia um breve período de paz após ter derrotado o Guerreiro Eterno. Mas é claro que algo tinha que acontecer: o rei caranguejo —  sim, o líder daqueles que ficam pelo caminho e podem ser surrados à vontade —  foi corrompido pelo poder sombrio e agora quer vingança.

Ao todo são cinco novas fases que trazem algum tempero à jogabilidade já conhecida por conta do jogo principal: agora temos trechos de corridas contra o cronômetro, fugas ascendentes de erupções vulcânicas, salas escuras que nos obrigam a seguir vagalumes e até algumas partes com visão lateral, como se fosse um saudoso jogo em 2D.

Logo, dá para entender que o “bend the roo'les”, o que pode ser traduzido como quebrar as regras, refere-se a essas inovações no estilo de jogo de Kao, mas para quem já conhece outros platformers consagrados, como Crash Bandicoot e Donkey Kong, elas não são tão impressionantes assim.

Outra “novidade” é que o confronto final traz uma amálgama de tudo o que nós já passamos antes de poder lidar com a ameaça derradeira. A ideia de variar as perspectivas é boa, mas implementada de maneira fraca, expondo algumas fragilidades que antes não apareciam.

A principal delas é nos trechos cronometrados. Como antes não era exigida nenhuma urgência da parte do jogador em ser ágil, dava tempo de acertar a posição da câmera, que continua não nos favorecendo. Agora não é fácil perder preciosos segundos por causa desse problema que persiste e isso ganhou um aliado poderoso: as plataformas inatingíveis.

Chega a ser impressionante como algumas plataformas ora parecem próximas, ora não são possíveis de ser alcançadas. Some isso ao fato de cada falha em um trecho cronometrado levar um coração de vida embora e temos algo que pode ser bem frustrante até decorarmos cada parte da corrida.

A descida deslizando pelos cipós também traz problemas, pelo menos na versão para PS4. Sempre que encontramos uma dessas, principalmente na fase final, há um engasgo na performance, o que leva a uma certa lentidão. Como é uma transição rápida, o problema dura poucos segundos, mas não deixa de ser incômodo.

A mesma ilha, mas com novos problemas

Bend the Roo'les foi feito para ser um pós-jogo, mas para quem o adquiriu junto com a aventura principal em um pacote só, pode acessá-lo logo no menu inicial. Agora se você, assim como eu, já fechou Kao the Kangaroo e só retornou agora, pode se sentir bem desapontado.

Era de se esperar — ou pelo menos eu esperava — que houvesse uma nova identidade visual ou características que marcassem que essa é uma continuidade do que já aconteceu. Entretanto, o serviço de reciclagem marsupial foi pesadíssimo.

Não há um ambiente novo sequer. Todas as cinco fases (por mais que tenham novidades na jogabilidade) utilizam tudo que já foi visto antes, desde a paisagem até os inimigos que encontramos pelo caminho, trazendo a sensação de ser apenas um repeteco. Como se isso não bastasse, o local que usamos para transitar e escolher as fases é a própria Ilha Hopalloo, só que lotada de moedas e sem nenhum outro personagem nela.

Pior ainda é que não tem nem um diálogo de introdução. Aliás, não há fala alguma. Sei que reclamei do sotaque carregado do jogo base, mas era melhor isso do que nada. Só temos uma cena com legendas para a abertura e outra para o final.

Para completar, Bend the Roo'les ignora o progresso do jogo principal. Se na aventura podemos desbloquear diversas roupas e aumentar nossa vida para até nove corações, a expansão só nos permite ter quatro, lembrando que temos três de início, e não adiciona uma roupa sequer. Consequentemente, isso torna as letras que devemos coletar em cada estágio simplesmente dispensáveis. Não seria ruim manter a estrutura de cada um deles, mas com uma cara diferente, mais sombria que fosse, só para quebrar a sensação de mesmice.

Uma expansão modesta

Bend the Roo'les não deixa de ser uma boa adição à Kao the Kangaroo, mas assim como eu já havia dito antes, ele continua tropeçando em coisas básicas. Para quem ainda não tem o jogo, pegar o pacote completo pode ser uma boa. Fora isso, a expansão não consegue ser um bom motivo para retornar à Ilha Hopalloo.

Prós

  • As novas adições de obstáculos foram boas afinal;
  • As cinco fases extras conseguem oferecer um desafio decente, do mesmo nível das principais.

Contras

  • Erros de level design com plataformas inalcançáveis;
  • Queda de performance em determinados pontos;
  • Ausência de vozes e outros personagens para interagir;
  • A progressão do jogo original não é levada em consideração, mesmo que já tenha sido concluído;
  • Replica a mesma identidade visual dos inimigos que já foram apresentados;
  • Como não há desbloqueáveis, as letras KAO pelo caminho se tornam irrelevantes;
  • A câmera continua gerando pontos cegos.
Kao the Kangaroo: Bend the Roo'les — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX —  Nota: 6.0
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Análise feita com cópia digital cedida pela Tate Multimedia

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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