Jogamos

Análise: Humankind (PC) é uma grandiosa e irregular jornada através da história da humanidade

Humankind é uma boa adição ao gênero de estratégia, mas possui alguns problemas que atrapalham seu desempenho.


O 4X (explore, expand, exploit exterminate) é um subgênero dos jogos de estratégia relativamente popular graças a títulos como Civilization, que talvez seja o maior expoente do gênero. No entanto, apesar de lançamentos importantes ao longo dos anos, como Stellaris e a franquia Age of Wonders, a temática “história da humanidade” continuava sob o monopólio da série Civilization, ao menos em se tratando de grandes distribuidoras. Humankind não revoluciona o 4X, mas traz uma nova e revigorante visão a esse subgênero, com potencial para se tornar um competidor à altura de seus concorrentes, caso continue com um bom suporte de seus desenvolvedores.

A aurora da humanidade

Humankind é um jogo de estratégia por turnos desenvolvido pela AMPLITUDE Studios, responsável por títulos como Endless Legends e Endless Space. A mais nova IP é considerada como o magnus opus do estúdio por seus próprios criadores e passou por um longo período de desenvolvimento. O anúncio oficial de Humankind foi feito durante a Gamescom de 2019 e sua estreia original estava programada para abril de 2021. Porém, a desenvolvedora decidiu adiar o lançamento para entregar um produto final o mais polido possível. Durante esse período de ajustes, a AMPLITUDE promoveu dois betas abertos para ouvir o feedback do público e ajudar no balanceamento do jogo.

Humankind, que está traduzido para o português brasileiro, nos brinda com belos gráficos detalhados em Unity e artes caprichadas para cada evento narrativo e tecnologias. A AMPLITUDE soube utilizar de maneira excepcional a engine escolhida e entrega um jogo muito bem acabado, apesar de alguns pequenos bugs visuais ocorrerem de vez em quando, como exércitos ficando invisíveis e modelos piscando ao se dar zoom. A trilha sonora é agradável e ajuda a compor a atmosfera épica e, ao mesmo tempo, tranquila das partidas.

O jogo introduz uma mecânica ausente de outros grandes títulos do gênero: a princípio, você é colocado no comando de uma tribo nômade genérica que deve crescer, caçar e encontrar um lugar adequado para se assentar no período neolítico. Ao contrário de outros jogos nos quais você já começa com uma cidade ou deve estabelecê-la o mais rápido possível, o título convida os jogadores a vivenciarem um breve prefácio da civilização, estimulando uma boa exploração do mapa. Isso adiciona um interessante e divertido desafio logo no início do jogo, o que ajuda a tornar cada partida ainda mais única e menos repetitiva.


















O avanço para a Era Antiga se torna disponível após uma das três condições ser cumprida: crescer sua tribo para cinco membros (o que pode ser feito acumulando comida de arbustos), caçar cinco animais (que também fornecerão alimento) ou coletar dez curiosidades científicas. Esses valores são válidos para a velocidade normal de jogo e serão diferentes para outras velocidades de partida. No entanto, devido ao modo como Humankind funciona, atrasar o seu avanço em prol da concretização dos outros dois pode ser benéfico a longo prazo e é aí que o fator estratégia começa a aparecer.

Para vencer uma partida, o jogador deve obter mais Glória do que seus oponentes até o final da partida, que terminará assim que o limite de turnos for alcançado ou se alguma condição de encerramento for cumprida antes disso. Esse sistema funciona como uma espécie de pontuação que pode ser ganha de duas maneiras: completando certas façanhas, como ser o primeiro a descobrir a escrita, ser o pioneiro em dar a volta ao mundo, encontrar uma maravilha da natureza inédita, entre outras, e conseguindo Estrelas de Era, que por sua vez só podem ser conquistadas ao se cumprir certas condições. Desse modo, realizar todos os objetivos citados anteriormente pode dar uma pequena vantagem na disputa em relação aos outros jogadores.

















Civilização à la carte

Atrasar sua progressão, por outro lado, também tem consequências indesejáveis. Diferente de outros títulos, em Humankind você escolhe sua cultura conforme avança através das Idades. Além do período neolítico, o jogo conta com mais seis Eras: Antiga, Clássica, Medieval, Moderna, Industrial e Contemporânea. Em cada uma delas, você decide qual civilização quer controlar naquele momento da história. Há dez opções por Era e somente uma está disponível por jogador, ou seja, se alguém chegou na Era Antiga e escolheu os Egípcios, significa que você não poderá mais adotar essa cultura quando avançar. Assim, por mais que coletar várias Estrelas renda mais Glória, permanecer muito tempo na mesma Idade pode reduzir a quantidade de culturas disponíveis se seus oponentes forem mais rápidos, o que limita suas escolhas e força você a adaptar sua estratégia ao longo da partida.

O jogo também permite que você mantenha a mesma cultura quando avança de Era, algo que é chamado de “Transcendência Cultural”. A vantagem desse processo é que você obtém Glória adicional de todas as fontes, porém, sua unidade emblemática pode se tornar desatualizada e não conseguir competir em força com seus inimigos.


















Em cada uma das seis Eras, há 21 Estrelas disponíveis para serem conquistadas e divididas em sete categorias: Agricultura, Ciência, Construção, Comércio, Estética, Expansionismo e Militarismo. São necessárias, no mínimo, sete Estrelas de Era para progredir, mas, como foi dito, às vezes pode ser interessante permanecer um pouco mais na mesma Idade e coletar algumas Estrelas extras para gerar ainda mais Glória. Para não deixar ninguém para trás, os jogadores com mais dificuldades para alcançar o requisito mínimo receberão, dentro de alguns turnos, uma Estrela de forma passiva conforme outros impérios cheguem à próxima Era.

As culturas possuem afinidades distintas que correspondem às categorias de Estrelas de Era. Por exemplo, os Maias são considerados construtores e possuem uma jogabilidade voltada para a produção, o que faz com que ganhem mais Glória por Estrela de Construção conquistada e os Gregos são considerados científicos, o que aumenta a Glória obtida por Estrelas de Ciência. Cada cultura terá sua especialização e trará tanto uma unidade única quanto um distrito exclusivo, além de possuírem uma habilidade que pode ser ativada a qualquer momento. Nações agrárias, por exemplo, podem usar a ação “Pastos mais Verdes” para causar uma imigração nas cidades próximas, sejam elas aliadas ou inimigas, para aumentar a própria população, o que ajuda a alcançar Estrelas Agrárias. Por fim, cada cultura também possui um traço exclusivo que permanecerá em seu império até o fim da partida como uma espécie de legado, adicionando um bônus que pode ter uma boa sinergia com sua estratégia.
















No geral, Humankind oferece uma boa experiência nessa área ao permitir que o jogador monte sua própria nação, feita com a mistura de várias culturas do mundo real, e adapte seus planos ao longo da partida. Isso aumenta o fator replay e diversifica a jogabilidade, o que contribui para a longevidade do título. Porém, por conter mais de 60 culturas (10 por Era), é natural que surjam problemas de balanceamento. Algumas, como os Khmer na Era Medieval e os Turcos na Era Contemporânea, parecem ser desproporcionalmente fortes em relação às demais, enquanto outras, tais quais os Assírios na Era Antiga e os Romanos na Era Clássica, têm um potencial aquém do esperado. Aliás, as culturas expansionistas parecem ser as que possuem menos apelo, principalmente por conta de sua habilidade “Uma só Bandeira”, que é confusa e pouco útil em comparação com as de outras afinidades.

Outro problema é que a IA parece ser “viciada” em adotar certas culturas se avançar de Era antes de você. Na grande maioria das vezes, os Harappans, os Celtas e os Ingleses são os primeiros a serem escolhidos em suas respectivas Eras, o que torna o andamento do jogo ligeiramente previsível e repetitivo, enfraquecendo justamente o fator replay, um dos pontos fortes do sistema de Humankind. De fato, há um risco a ser calculado quando se decide permanecer mais tempo em uma mesma Era, mas quando já se sabe quais culturas são as favoritas da IA, a dúvida sobre quais escolhas ainda estarão disponíveis se torna praticamente uma certeza.

















Administrando impérios

Uma vez estabelecida sua primeira cidade, é hora de se expandir. O mapa é dividido em regiões de tamanhos distintos e que podem conter diferentes recursos. Nesse jogo, é necessário, primeiro, criar um posto avançado com qualquer unidade e, então, transformá-lo em uma cidade ou anexá-lo a uma já existente. Para realizar essas ações, é preciso ter Influência, que pode ser obtida ao se construir certos distritos e infraestruturas ou encontrar curiosidades espalhadas pelo mapa.

Outros recursos em uma cidade consistem em Alimentos, Produção, Dinheiro, Ciência e Estabilidade: a quantidade de Alimentos irá ditar o ritmo de crescimento de sua cidade. No caso de um déficit, o lugar começará a perder habitantes para a fome, portanto, é desejável sempre ter um bom excedente; a Produção irá determinar quantos turnos levará para as estruturas, unidades e cerimônias públicas ficarem prontas, sendo que o custo de produção de todos os itens aumenta gradativamente ao longo da partida; o Dinheiro irá ser utilizado para acelerar a construção da maioria das coisas que estiverem na fila de produção e a Ciência contribui para acelerar a pesquisa de novas tecnologias; por último, a Estabilidade mostrará o quanto os cidadãos estão felizes com o seu governo. Manter o índice acima de 90% aumentará a chance de bons eventos acontecerem, enquanto deixar abaixo de 20% poderá causar uma revolução em seu império.


















A interface do jogo é simples e razoavelmente intuitiva, o que facilita a administração de jogadores novos ou familiarizados com o gênero. As informações aparecem de forma prática em pequenas janelas ao se colocar o ponteiro do mouse em cima de algum elemento, o que ajuda a manter a tela limpa e não intimida com um excesso de informação de uma só vez.

Além da administração individual de cada cidade, há ainda dois aspectos globais em seu império: a Sociedade e a Religião. A primeira consiste nas ideologias e leis que regem seu governo, enquanto a segunda trata da sua religião oficial e das crenças presentes em suas terras.

A parte da Sociedade é razoavelmente mais profunda e bem trabalhada do que o lado religioso. Se por um lado temos quatro ideologias que se alteram de acordo com as leis - chamadas aqui de “cívicos” - promulgadas ao custo de Influência e de acordo com suas escolhas em alguns eventos, por outro temos um sistema de conversão religiosa confuso e um recurso - “Fé” - que não chega a ser bem explicado em momento algum. O maior benefício de ter uma religião forte é escolher um preceito - um mandamento que concede um bônus relativamente interessante - conforme o número de fiéis cresce, mas no geral, esse aspecto deixa muito a desejar.

















O sistema de Sociedade em Humankind, por mais simples que seja, se comparado a jogos como Stellaris, é funcional e interessante o suficiente para fazer o jogador pensar antes de decidir quais cívicos decretar e qual orientação ideológica seguir. Além disso, há diferentes efeitos relacionados a cada lei e bônus distintos para cada tipo de ideologia. A parte mais questionável desse aspecto é que os cívicos são desbloqueados mediante alguns requisitos ocultos e não saber exatamente quais são as condições pode até proporcionar um bom desafio, mas também pode ser frustrante ver a partida avançar e algum cívico importante permanecer bloqueado.  


 Outro ponto forte do título são os eventos narrativos que ocorrem aleatoriamente ao longo do jogo. Alguns podem ter continuidade, dependendo da sua escolha, enquanto outros têm efeitos imediatos sobre o seu império. Na maioria das vezes, suas escolhas irão mover seu governo para mais próximo de alguma ideologia, então, é preciso considerar esse fator ao tomar uma decisão. O teor e a localização desses eventos irá depender, respectivamente, da sua situação no jogo e das características das suas cidades. A mecânica é bem implementada e, por mais que alguns acontecimentos ocorram com mais frequência do que outros em diferentes partidas, suas escolhas poderão ser distintas em cada uma das vezes, o que ajuda a personalizar ainda mais a experiência do jogador.

















Nações em conflito

Um título que utiliza a história humana como pano de fundo e não possui guerras seria um jogo incompleto. Felizmente, Humankind traz boas ideias para esse campo, mas nem todas são bem executadas. A IA é razoavelmente competente e pode tomar a iniciativa de ataque, caso você pareça indefeso aos olhos dela. Além disso, há alguns outros fatores que influenciam na atitude de seus oponentes com relação a você: a proximidade ideológica, as diferenças religiosas e a quantidade de reclamações.

Ocupar territórios nas fronteiras de outro império, converter a população alheia e atacar unidades em tempos de paz são os principais motivos que geram reclamações, o que pode fazer com que os outros jogadores façam exigências, como ceder uma região do mapa ou pagar indenizações. Recusar ou ignorar esses pedidos irá contribuir para o apoio de guerra do reclamante, que basicamente representa a vontade do povo de entrar em um conflito armado.

















A resolução de guerra ocorre quando alguém se rende voluntariamente ou quando o apoio de uma das partes chega a zero. Seu desempenho irá determinar quantas imposições, além das exigências originais, você poderá fazer ao lado derrotado, podendo, até mesmo, transformá-lo em vassalo do seu império. Esse sistema funciona bem e impede que ocorram tanto conflitos infinitos quanto um ataque relâmpago que aniquila completamente algum jogador. Mesmo que você ocupe todas as cidades inimigas, é impossível ficar com todas elas após a assinatura de uma trégua, o que ajuda a manter a partida razoavelmente equilibrada.

O maior problema do sistema de guerra, sem dúvidas, é a movimentação de tropas após o tratado de paz: qualquer unidade sua ainda em território estrangeiro não conseguirá sair, uma vez que o jogo considera isso como invasão e só permite que suas tropas se movimentem nessas condições em tempos de conflito. Além disso, é impossível declarar guerra contra o mesmo jogador logo após o armistício, o que deixa seus exércitos presos e sofrendo atrito até morrerem.


















Além dos jogadores principais, existem ainda os povos independentes, que são facções que surgem e desaparecem ao longo do tempo no mapa. Alguns são pacíficos e nunca irão tomar a iniciativa de ataque, enquanto outros são bélicos por natureza e podem ser um perigo para unidades solitárias. Utilizando Dinheiro e Influência, é possível se aproximar diplomaticamente desses povos e, em última instância, assimilá-los ao seu império. Atacar as tropas e cidades deles não irá gerar repercussões, a menos que outro jogador também estivesse interessado em incorporá-los. É um elemento que adiciona mais uma boa camada de aleatoriedade e desafio ao jogo, sem torná-lo muito complexo ou confuso.

Nas batalhas propriamente ditas, Humankind se sai muito bem. Os enfrentamentos ocorrem em um campo de batalha à parte, que vai aumentando ao longo das Eras, e podem se desenrolar ao longo de vários turnos, permitindo que você ou o inimigo tragam reforços para a batalha. O terreno é extremamente importante e saber usá-lo corretamente pode ser a diferença entre uma vitória esmagadora ou uma derrota massacrante. Forças pequenas são capazes de superar números maiores de tropas se estiverem bem posicionadas e navios podem bombardear soldados e cidades na costa, servindo de apoio para seu exército terrestre. Atualmente, o maior problema desse sistema é a impossibilidade de iniciar um ataque marítimo a uma cidade, o que torna impossível conquistar territórios inimigos localizados em ilhas até o advento do avião e dos bombardeios. O jogo, de fato, traz um ótimo sistema de batalha, que pode proporcionar bastante diversão aos jogadores mais bélicos ou ser ignorado pelos mais pacíficos, graças ao botão de resolução automática.



















Contudo, nem só de guerra vive o homem e a diplomacia também é necessária para a sobrevivência de impérios. Em Humankind, é possível abrir fronteiras, entrar em pactos de não-agressão, comercializar recursos e propor alianças. A tela de acordos é simples e intuitiva, com todas as informações dispostas de forma prática e acessível.

Desafios da metrópole global

A Era Contemporânea apresenta um novo desafio: a poluição. Algumas construções irão começar a gerar resíduos que irão contribuir para um valor global. Cada vez que o nível de poluição aumenta, todas as cidades do mundo recebem duras penalidades até, eventualmente, a partida ser encerrada compulsoriamente devido ao planeta ter se tornado inabitável.

Esse sistema com certeza não é um dos pontos fortes do título, porque, além de punir severamente o jogador que, às vezes, nem é o maior poluidor do mundo, também oferece modos medíocres de se combater. Algumas tecnologias e estruturas irão diminuir sua emissão de sujeira, mas não é possível reduzir o nível global de modo algum. Muitas vezes, a própria IA consegue poluir o mundo sozinha e acabar com a partida sem que seja possível, efetivamente, fazer algo a respeito, o que pode ser bem frustrante.


















Evoluir sua pequena vila rudimentar até uma enorme metrópole contemporânea é uma experiência extremamente satisfatória. O jogador sente que construiu um vasto império, forjado no sangue e suor de seus habitantes, com as próprias mãos. No final da partida, não há nada melhor do que admirar suas belas cidades repletas de edifícios, estradas e monumentos. É possível, ainda, construir Maravilhas do Mundo, como o Colosso de Rodes, a Torre Eiffel e até mesmo o Cristo Redentor. Falando nele, os próprios brasileiros aparecem em Humankind como uma cultura agrária da Era Contemporânea e estão representados de uma maneira mais realista, para além dos estereótipos clássicos do país.

Portanto, Humankind traz boas ideias para o 4X e para os jogos de estratégia no geral, mas não atinge seu potencial máximo devido a algumas mecânicas rasas e a alguns bugs mais sérios, sendo o principal ficar preso em um turno que nunca avança. Felizmente, no momento de publicação dessa análise, a AMPLITUDE já resolveu essa questão, mostrando que a desenvolvedora está atenta aos principais problemas técnicos de seu produto. Agradável, bonito e fácil de aprender, Humankind é um título que fará você recriar a história da humanidade várias e várias vezes.


















Prós

  • Gráficos belos e detalhados;
  • Alto fator replay;
  • Interface intuitiva;
  • Jogabilidade fácil de aprender.

Contras

  • Sistemas de Religião e Poluição pouco elaborados;
  • Exércitos presos em território estrangeiro após uma guerra;
  • Desbalanceamento entre algumas culturas;
  • Alguns bugs visuais.
Humankind — PC — Nota: 8.0
Revisão: Thais Santos
Análise publicada com cópia digital cedida pela Sega

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google