Análise: EA SPORTS College Football 26 — O caminho para o estrelato também tem seu brilho

Explore mais de 100 equipes, rivalidades históricas e milhares de jogadas, para colocar seu time no topo da lista das melhores universidades do país.

em 25/07/2025
Chegar à NFL é o ápice da carreira de qualquer jogador de futebol americano, mas o caminho até lá é longo e bastante disputado. EA SPORTS College Football 26 traz todo o ambiente fervoroso da disputa da liga universitária, mostrando que o esporte é muito maior do que aparenta, mesmo para os aspirantes à estrela.

Sentindo o calor da “grelha”

Para quem já assistiu a algum filme, série ou até documentário estadunidense sobre esportes, sabe que as universidades e faculdades têm um calendário bastante ativo. Nomes como Ole Miss, LSU, Oregon State, Georgia e Michigan — só para citar alguns — sempre são retratados tanto como protagonistas quanto como antagonistas, quando o assunto são disputas colegiais. Entretanto, o jogo traz a liga completa, com nada mais, nada menos que 136 equipes. São mais de mil jogadores retratados fielmente, além de centenas de esquemas táticos reproduzidos.

Em meio a essa montanha de gente, vale destacar o cuidado ao reproduzir não só as partidas reais, mas também todo o ambiente do estádio, que dá um show à parte: temos cheerleaders saltando, gritos de guerra na entrada do campo e até os mascotes fazendo seus gracejos entre uma jogada e outra.

Além disso, sempre que rivais de conferência ou região se encontram, há animações e provocações únicas. Foi incluído até um medidor de barulho nas ocasiões em que o time da casa está no ataque, para medir a empolgação da torcida. É algo tão alto que até parece que o estádio começa a tremer. Por isso, não é exagero dizer que jogar College Football de fones de ouvido é uma experiência muito empolgante.

Os narradores também aproveitam para destilar todo o seu conhecimento com comentários únicos em cada situação. Alguns duelos têm datas anteriores à virada do século XIX para o XX, então, história para contar é o que não falta.

Com base nisso, outra adição bem interessante é a da Sala de Troféus. Assim que ganhamos uma partida que envolve dois rivais, em qualquer modo de jogo — e, sempre que há uma rixa entre duas equipes, aparece uma indicação na tela de seleção —, somos agraciados com o troféu símbolo daquela disputa e, acreditem, alguns são bastante pitorescos: com formato de bota, sino, picareta e até um ornintorrinco.

São mais de 80 rivalidades para serem adquiridas, e, nessa sala, também há espaço para os demais títulos disputados, como o dos cobiçados Bowls. Se, na NFL, sempre esperamos o derradeiro Super Bowl, na NCAA (Associação Atlética Universitária Nacional). temos várias partidas desse nível, que têm um forte apelo nacional. Desde os famosos Rose Bowl, Sugar Bowl e Orange Bowl até outros mais desconhecidos do público leigo, como o Bahamas Bowl e o Gasparilla Bowl, há 40 deles para serem conquistados.

Por fim, uma sutileza que acabou tendo um papel maior que o esperado é a trilha sonora. Ela é composta puramente por canções tocadas por Marching Bands, que também dão seus shows na hora do intervalo das partidas. Seja pelos “toques de guerra” de cada universidade ou por cover de hits famosos, como Industry Baby (Lil Nas-X), B.O.B. (OutKast) e Blinding Lights (The Weeknd), usar esse tipo de instrumental ajuda a aumentar a imersão no calor do campo, que já era enorme.

Precisão é a chave

Quem nunca acompanhou uma partida de futebol americano pode até acabar se assustando com o tanto de jogadas que um playbook pode ter, mas executá-las durante uma partida pode ser mais fácil do que aparenta. 

Nos momentos em que atacamos, podemos escolher jogadas de passe — nas quais o quarterback lança a bola, seja de maneira curta ou em profundidade — ou jogadas de corrida, quando a bola é dada a um corredor que tenta furar a defesa, na base da combinação de velocidade e força bruta. Já na hora da defesa, existe a possibilidade de defender por zona, marcar homem a homem ou executar o famoso “blitz”, que é um recurso mais incisivo em direção ao quarterback adversário.

A movimentação dos jogadores é bastante dinâmica, e é possível ver como cada rota será traçada antes de receber a bola para lançar. Isso ajuda bastante a entender como pensar e assimilar a evolução tática da equipe — seja defendendo ou atacando. Ao comandarmos nosso time em busca do touchdown, temos que ficar de olho na força do passe e em qual jogador iremos arremessar, pois podemos errar ou, na pior das hipóteses, sermos interceptados. Cada jogador tem seu estilo de corrida, finta, recepção e até comemoração ao conseguir percorrer a quantidade de jardas necessárias ou chegar à endzone.

Algo que pode ser um pouco limitante — e pegar quem não conhece o esporte desprevenido — é que sempre há algumas táticas pré-definidas, que são sugeridas à exaustão, como se só existissem elas, em vez das mais de 200 opções de avanço ou defesa de cada playbook. Quem conhecer um pouco mais das opções, com certeza, irá explorar melhor o potencial dos especialistas de cada equipe.

O único momento em que achei um pouco falho é o de chutar a bola em direção ao gol — seja como Field Goal ou como ponto extra após um touchdown. Na prática, é bastante simples, pois basta segurar o botão de chute até o medidor encher e usar o direcional para orientar o sentido da bola. Entretanto, houve momentos em que a velocidade de enchimento do medidor aumentou, e a seta direcional se moveu loucamente — e não há uma explicação se isso ocorre por causa da distância das traves, incidência do vento ou habilidade do kicker.

Completo e complexo

Além das disputas diretas, College Football 26 traz outros modos de jogo, focados em quem curte o gerenciamento de carreira de atletas e a montagem de seus próprios esquadrões. No Road to Glory, criamos nosso calouro do zero, e a missão é fazer com que ele se torne um recruta visado pelas universidades. Ao ser selecionado por uma universidade, também é necessário desempenhar um bom papel fora dos campos, pois ir mal nos estudos pode nos prejudicar.

Especificamente neste modo, há missões em que temos que fazer jogadas específicas para formar nossa “Fita de Melhores Momentos”, que é enviada às universidades para aumentar nossas chances de recrutamento. Infelizmente, dependendo da posição em que estamos jogando, temos que contar com o bom desempenho da IA para completar as missões — e o número de tentativas é limitado para o conjunto completo de jogadas. 

Ou seja, se escolhemos destacar quatro jogadas específicas, os cinco recomeços disponíveis devem ser usados entre elas de maneira sábia, para não esgotar tudo na primeira e contar com a sorte nas demais.

Já o Dynasty mostra o outro lado do campo. Criamos nosso técnico ideal, que pode ser focado no ataque, na defesa ou ser o comandante da equipe toda (Head Coach); e, com ele, devemos guiar nossa universidade ao título de campeão, fazendo as melhores escolhas possíveis — desde o recrutamento de calouros até a decisão de quais jogadas irão para o playbook ou não. É ideal para quem é mais aficionado pela parte estratégica do esporte.

O Road to CFP (College Football Playoffs) é uma disputa online mais direta, na qual devemos levar nosso colégio até os playoffs. Disputamos com outros atletas virtuais o topo dos rankings, e todo nosso desempenho é avaliado. Começamos nas posições mais baixas, mas, ao subirmos na lista, somos pareados com jogadores bem mais experientes.

Por fim, não podia faltar o Ultimate Team. O modo traz desafios variados e centenas de opções, que vão desde partidas inteiras até jogadas específicas, para juntar moedas e diamantes que podem ser usados na compra de pacotinhos de cartas. Há eventos únicos, que liberam jogadores raros diretamente, com níveis de dificuldade fixos — além de outros que são exclusivamente online. 

Esta é uma opção que já virou básica dos jogos de esportes atuais e sempre acaba ganhando uma legião de fãs à parte, ensandecida por criar o melhor time com as cartas mais fortes. Entretanto, aqui, ela pode ser um pouco confusa por causa das sobreposições exageradas dos menus em blocos. Não foram raras as vezes em que acabei me perdendo tentando achar uma nova lista de missões ou tentando organizar o meu time.

Quem ainda estiver com vontade de deixar sua equipe favorita com a sua cara, pode editar os elencos disponíveis e até criar seu próprio playbook, coletando as melhores jogadas entre as milhares que podem ser consultadas.

College Football oferece muita coisa para fazer e do jeito que os fãs do esporte gostam. Mas é claro que tem sempre aquele detalhe: faltam textos no nosso idioma. O público seguidor de futebol americano é cada vez maior no Brasil.Temos narradores, comentaristas, especialistas e, inclusive, no ano passado, tivemos o primeiro jogo da NFL aqui entre Philadelphia Eagles e Green Bay Packers. Então, já passou da hora de o pessoal da bola oval deixar o conteúdo teórico mais acessível para nós.

Conteúdo de sobra para os amantes da bola oval

EA SPORTS College Football 26 mostra que foi uma ótima decisão voltar com a versão universitária do futebol americano para os games. Além de toda a competência envolvendo a jogabilidade, a maneira como os estádios, equipes, torcidas e maneirismos foram trazidos para o ambiente virtual consegue fisgar quem está no controle — a ponto de querer descobrir o que cada playbook tem de melhor.

Prós

  • A jogabilidade é dinâmica e, mesmo complexa, é fácil de ir assimilando. Basta paciência para entender as rotas necessárias para cada situação;
  • Movimentações que variam entre atletas, criando momentos únicos em cada partida;
  • O ambiente dos estádios é recriado com fidelidade, com destaque para as partidas de rivalidades históricas;
  • Diversos modos de jogo com diferentes tipos de foco;
  • Sala de Troféus é um motivo a mais para conhecer cada um dos 136 times disponíveis;
  • A trilha sonora com Marching Bands foi uma ótima sacada.

Contras

  • Em alguns casos, chutar para o gol é um pouco estranho;
  • As jogadas sugeridas automaticamente se repetem bastante;
  • O menu do Ultimate Team é um pouco confuso;
  • Ausência de textos em português.
EA SPORTS College Football 26 — PS5/XSX — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Mariana Marçal
Análise feita com cópia digital cedida pela EA

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Carlos França Jr.
é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no @carlos_duskman
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