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Análise: Death Crown (Multi) traz um desafio estratégico contra a própria Morte

Comande suas tropas em desafiantes duelos neste título minimalista de estratégia em tempo real.


Death Crown
é um jogo minimalista de estratégia em tempo real, gênero mais conhecido por sua sigla em inglês (RTS), com um visual que remete a jogos de 1-bit. É como jogar em uma calculadora gráfica ou mesmo em um computador extremamente rudimentar, daqueles com a tela verde, lembram? Bom, pelo menos em algum filme já devem ter visto um desses trambolhos tecnológicos, mas enfim.


A simplicidade é a principal característica do game, mas ela é usada de forma extremamente eficiente para apresentar um jogo que pode surpreender quem ousar esnobá-lo, assim como o rei da história. Vejamos com mais detalhes na análise a seguir.

O homem que desafiou a Morte

No final de uma guerra milenar, quando todos os cemitérios estavam superlotados com os corpos dos mortos, veio aquele que se chamava O Rei. Graças à sua vontade inflexível, ele conseguiu subjugar e unir todas as terras. O Reino surgiu e a Era dos Humanos começou. O Rei governou com sabedoria e justiça, mas seu tempo nesta terra se esgotou e a morte veio buscá-lo.


A vontade do Rei era tão forte que ele podia negá-la. Ele ficou tão orgulhoso que teve a audácia de humilhar a própria Morte. A ideia do poder esmagador e da imortalidade não saiu de sua mente. O monarca percebeu que o poder sobre os vivos não era suficiente para ele, então decidiu obter para si o poderoso artefato conhecido como Coroa da Morte. E assim começou a Guerra da Coroa da Morte.

Death Crown possui uma campanha dividida em três capítulos. O primeiro conta o episódio da guerra pela Coroa da Morte, onde assumimos o papel da Morte, liderando os exércitos de mortos-vivos contra o arrogante monarca que subjugou seu poder.


O segundo capítulo é um prelúdio, que conta sobre as campanhas dos homens em sua sangrenta batalha pela sobrevivência, culminando no início da Era dos Homens, relatada na fábula inicial do jogo.

No terceiro e último capítulo, assumimos o papel dos demônios. Após a retaliação da Morte contra os humanos, os seres do submundo viram uma oportunidade de tomar a terra para si, visto que os exércitos da Morte ficaram enfraquecidos após a sangrenta campanha contra o Rei.

Estratégia nos mínimos detalhes

Apesar de seu visual minimalista, Death Crown também aposta na simplicidade em sua jogabilidade. O jogador, no controle do líder de cada facção, tem como objetivo alocar diferentes estruturas no mapa para avançar e destruir o castelo inimigo. O líder possui três construções disponíveis para alocar no campo:
  • Mina: concede um acréscimo na quantidade de moedas recebidas em cada ciclo de tempo. Adicionar mais desta estrutura aumenta o número de moedas colhidas, mas a eficiência é inversamente proporcional ao número de estruturas; ou seja, ao adicionar a primeira você aumenta a taxa em 5. Na segunda, o acréscimo é de 4 moedas, na terceira 3, e assim por diante;
  • Torre: é uma estrutura de defesa. Ao ser colocada próximo à rota dos soldados inimigos, ela os ataca, impedindo que cheguem às construções de seu exército. Possui um tempo de recarga, necessitando de alguns segundos para atacar novamente;
  • Quartel: produz soldados que atacam as estruturas inimigas (minas, torres, quartéis e o castelo). Os soldados são as únicas unidades capazes de causar dano nas construções e só podem ser destruídos pela torre. Selecione um quartel e arraste sua linha de ação até uma estrutura para enviar soldados àquela posição. O soldado morre assim que causa um ponto de dano no alvo ou é alvejado pela torre.

Os mapas possuem territórios que favorecem ou prejudicam cada facção. Humanos possuem desconto ao construir uma estrutura num local onde há um vilarejo, e se for um quartel, a produção de soldados é ligeiramente mais rápida. Já os mortos-vivos economizam na hora de construir em um território devastado. Instalar uma construção em uma área de montanha adiciona um ponto de vida extra na estrutura, e as florestas só permitem que a passagem de soldados seja possível.


Com exceção da mina, a construção de uma estrutura expande a área de influência de seu exército, permitindo que você expanda a área que pode usar para construir suas estruturas, avance e obtenha o controle de cristais negros no mapa. A facção que controla os cristais tem uma ligeira melhora em suas estruturas ofensivas.

Quanto mais cristais estiverem sob controle do jogador, mais rápido seus soldados são despachados no campo de batalha, maior é a produção de moedas pelas minas e menor é o tempo de recarga dos ataques das torres.

Essas melhorias podem ser permanentes conforme avançamos na campanha. Para cada vitória, o jogador recebe um fragmento de cristal. Quando acumula uma quantidade exigida, pode escolher quais das três estruturas podem ser melhoradas, deixando-as mais eficientes.

Simples, sim! Fácil, nem tanto!

Se jogar Death Crown se mostrou uma tarefa fácil, progredir no jogo já é um outro assunto. O jogo conta com dois níveis de dificuldade, sendo normal o padrão e o fácil podendo ser ativado quando for conveniente. O que me deixou, digamos, assustado foi a necessidade real de facilitar o jogo quando alcancei a terceira ou quarta batalha.


A inteligência artificial de Death Crown é bastante agressiva, não me deixando brechas para pensar onde colocar uma ou outra construção e me induzindo ao erro por literalmente vir com tudo pra cima de mim. Algumas partidas acabaram bem rápido e eu fiquei com cara de tacho olhando pra tela — Gente, pra que tanta agressividade?

Ativei o modo fácil e o jogo ficou mais amigável, mas ainda traiçoeiro em alguns momentos. Foi nessa hora que aprendi um truque bastante eficiente para avançar no jogo, que se baseia na “reciclagem” das construções no mapa. Ao pressionar o botão correspondente àquela estrutura, ela é destruída e o jogador recebe um reembolso de metade do valor gasto para construí-la, permitindo que outra possa ser instalada naquela posição.

Essa tática é essencial para progredir, pois chega um determinado momento em que uma ou outra estrutura não tem mais tanta utilidade, como uma mina ou torre. Desse modo, posso “meter o louco” e encher a área de quartéis para aplicar um ataque massivo ao castelo inimigo e vencer a partida.

Ainda bem que aprendi sobre isso, senão teria problemas no modo Dominação, um desafio de resistência que coloca o jogador em uma série de batalhas em diferentes mapas até que seja derrotado. O modo dá um fôlego extra ao jogo, juntamente com os modos multiplayer cooperativo e competitivo locais, já que a campanha é curta, podendo ser terminada em pouco mais de uma hora. Caso você não tome muito sarrafo da CPU, obviamente.

Um pequeno grande jogo

Death Crown não inova no departamento visual e isso não chega a ser um ponto negativo. A arte retrô de 1-bit dá um charme ímpar a esta experiência que usa muito bem os fundamentos de estratégia em tempo real ao mesmo tempo que desafia o jogador em partidas ligeiramente elaboradas e ferozes. Simples onde quer, complexo onde precisa.

Prós

  • Direção de arte curiosamente impressionante;
  • Jogabilidade extremamente simples;
  • Multiplayer local cooperativo e competitivo para até dois jogadores.

Contras

  • Campanha curta;
  • A arte minimalista causa constantes confusões visuais;
  • A inteligência artificial agressiva força o jogador a ajustar a dificuldade muito cedo.
Death Crown – PC/PS4/XSX/XBO/Switch – Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Davi Sousa
Análise feita com cópia digital cedida pela BadLand Publishing

Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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