Watch Dogs: Legion (Multi) será finalmente um grande sucesso na franquia?

O terceiro game já tem data marcada para chegar, mas será que irá agradar ao público com suas inovações?

em 07/07/2019


Dos jogos que quase foram revelados na E3, se não fosse um vazamento um pouco antes, temos o mais novo capítulo dos jogos de hacking em mundo aberto, Watch Dogs: Legion (Multi), da Ubisoft. Prometendo uma mecânica nunca antes vista no mercado, em que você pode jogar com qualquer NPC, a desenvolvedora promete finalmente trazer o sucesso de venda e de público para a série. Mas será que isso não é um exagero? Vamos tentar descobrir isso e um pouco mais aqui hoje, então venham comigo.

Uma má reputação

A Ubisoft com certeza não começou muito bem a franquia com Watch Dogs. Ele foi lançado entre gerações em 2014 para todas as plataformas na época, PC, PS4, PS3, Xbox 360, One e Wii U. Ela soube usar muito bem os trailers e divulgações para demonstrar um jogo incrível: mecânicas interessantes e inovadoras, gráficos de “nova geração” e uma narrativa profunda e adulta. Como é sabido hoje, pouca dessa expectativa foi atendida mas, em contrapartida, suas vendas foram bem consideráveis, principalmente em sua pré-venda.

Em Chicago, o nosso protagonista Aiden Pierce pratica roubos de dados ilegais usando falhas no sistema CtOS que integra a cidade inteira. Mas um deles dá errado e sua identidade, e de seu parceiro, são reveladas, causando o estopim para o início de toda uma jornada de vingança, após uma perseguição causar a morte de sua sobrinha. Agora ele vai atrás do mandante de tudo, hackeando todo dispositivo possível, entre outras coisas espalhadas pelo submundo dessa cidade.

O que prometia ser grande, até cutucando a Rockstar com seu lançamento do ano, GTA V (Multi), não passou de um jogo mediano, com poucas semelhanças ao que foi mostrado nas E3 e no material de divulgação. Seus gráficos não eram tão bonitos, seus sistemas não eram tão interessantes, e sua narrativa, mesmo tensa, não agradava tanto assim. Essa foi uma mancha na reputação da desenvolvedora que ela tem dificuldade de apagar até hoje, e repercutiu no próximo game da franquia.


A consequência de más escolhas

Watch Dogs 2 (Multi) teve uma divulgação e lançamento mais mornos que seu antecessor. Chegando exclusivamente para a nova geração em 2016, ele acontecia na cidade de São Francisco, ganhando com isso novos personagens e um novo protagonista. Aqui não existem papos tão sérios como vingança, e sim voltados a cultura pop, deixando o jogo mais divertido e diversificado, evoluindo e mudando o que a franquia precisava. Infelizmente, isso não foi o bastante para agradar o público em geral, trazendo um número de vendas muito abaixo do esperado pela desenvolvedora, mesmo esse sendo um game mais bem avaliado que o último.

Marcus Holloway é um afro-americano hacker, que, por causa de um algoritmo de prevenção de crime, foi acusado pelo ctOS 2.0 de um crime que não cometeu. Agora ele pretende usar todas as suas forças e inteligência para desligar o sistema inteiro: invadindo seu complexo sistema de rede espalhados em cada celular, carro e portas por ai, fazendo-os funcionar ao seu favor. E após entrar para o grupo DedSec, ele adquire mais equipamentos e habilidades, além de aliados para lutar contra o sistema.  Tudo com muito humor e referências à cultura pop no meio.

As melhorias perante o primeiro jogo são óbvias. Suas mecânicas de hacking funcionam melhor, nos dando mais opções de ação e as novas habilidades e equipamentos, como drones, ampliam muito o leque de gameplay. A personalidade de cada personagem é muito bem trabalhada também, principalmente de Marcus, um fanático pelo pop, muito habilidoso com armas e que se vira muito bem no parkour. A cidade de São Francisco também é mais viva que a de Chicago, possuindo mais cores, diversidade e diversão. Mas, mesmo com todas essas qualidades, não caiu na graça do público.


Uma nova chance

Chegamos a Watch Dogs: Legion, que tem como local para sua narrativa e mecânicas uma Londres caótica e futurista. Ele foi revelado para as principais plataformas do mercado hoje, PC, PS4, Xbox One e Stadia, com lançamento previsto para 6 de março de 2020. Por agora só temos o material divulgado na E3, que não é muito, mas já nos guia para esse novo mundo despótico.

O que gira toda a mecânica e narrativa do game é seu mirabolante sistema de recrutamento de NPCs para o dedSec, onde cada um tem uma história, objetivos e habilidades distintas umas das outras. No gameplay divulgado, podemos ver essas diferenças, em que o jogador precisa recrutar alguém especialista em drones, e é necessário usar diferentes tipos de pessoas, incluindo uma idosa, para conseguir trazê-lo para o nosso lado. Esse sistema abre um leque inimaginável de possibilidades, o que pode ser um problema.


Londres neon

O enredo do game acontece em uma Londres do futuro que usa de toda tecnologia para controlar e vigiar os seus cidadãos, e o grupo dedSec está lutando contra esse sistema autoritário em busca da liberdade. Para isso, precisamos trazer mais gente para o nosso lado, seguindo algumas narrativas:
  • Já foi revelado que cada pessoa terá uma voz e uma história própria, o que não significa que ela será bem feita, já que eles vão usar um sistema de modulação de voz e fotogramétrica, em que não precisam de um ator para cada NPC,  variando assim o enredo e trazendo um conteúdo que demoraria muito para se repetir;
  • Existem duas opções ao ser gravemente ferido: se entregar, em que você é preso, sendo possível esperar esse personagem ser liberado, ou ir ao seu resgate; a última é tentar sobreviver mas, se o jogador não conseguir, esse personagem morre permanentemente, perdendo toda sua história e habilidades;
  • Isso pode ser algo interessante, já que você não precisa trocar de personagem em nenhum momento, sendo possível terminar o jogo com um apenas;
  • Para recrutar uma NPC não é tão simples, sendo necessário convencê-lo para isso, fazendo algum favor, ou algo parecido;
  • Há lojas espalhadas pela cidade, onde é possível comprar roupas, armas, entre outras itens de personalização e combate.
Esses são alguns pontos notáveis na questão de enredo e suas mecânicas, mas infelizmente não temos muitos detalhes quanto a vilões ou outros personagens que possam encarar algum papel de antagonismo no jogo. Além desse ponto, acho difícil crer que, com tantos personagens possíveis, a desenvolvedora consiga trabalhar de forma interessante suas histórias e motivações.


Lute como uma velhinha

Esse grandioso sistema também influencia seu combate e gameplay. Quando recrutamos um novo personagem para o dedSec, podemos escolher qual será sua classe: Enforcer, Infiltrator e Hacker, cada uma delas com suas particularidades:
  • Enforcer - Essa é uma classe focada em força e combate,  que irá oferecer a chance de equipar munição explosiva e até plantar minas. É possível imaginar outras habilidades especiais para eles, como uma maior defesa, por exemplo;
  • Infiltrator - Essa seria uma classe furtiva, mas com um belo apelo a combate corpo a corpo. Eles terão várias habilidades únicas, mas, uma que chamou atenção, foi a "AR cloak",  que nos permite ficar invisível por alguns instantes para despistar os inimigos. Uma explicação para isso existe e indica que é possível hackear os implantes neurais das pessoas de Londres, trazendo algumas opções furtivas na jornada;
  • Hacker - Também furtivos, mas usando mais tecnologia para isso, como os drones, espionagem por câmeras, e até o uso do drone aranha, que pode se esgueirar e nocautear inimigos.
No fim, essas três classes misturam muito bem o que Aiden e Marcus podiam fazer, dando características bem únicas para cada personagem de Londres. Mas outra diferença importante é sua movimentação, mesmo que não tenhamos visto se isso é um critério por habilidade, é possível notar que nem todos são tão hábeis para o parkour, por exemplo. A senhorinha tem dificuldade para andar e para passar por obstáculos, outros podem cair mais facilmente saltando por aí. São detalhes bem legais que podem trazer ainda mais identidade a todos os NPCs.


Promessas talvez grandiosas demais

Temos uma ideia muito extraordinária sendo divulgada para Watch Dogs: Legion. Se tudo funcionar como prometido, tendo: personagens multidimensionais, um bom enredo e muito conteúdo para a narrativa, talvez seja esse jogo a trazer a unanimidade para série, tanto de crítica quanto de venda. Caso esse não seja o caso, talvez tenhamos mais um No Man’s Sky (Multi) do dia do lançamento em nossas mãos. Aconselho a ir cético quanto a tudo o que foi mostrado, e esperar com cautela mais informações sobre ele, pois se a expectativa for muito alta, a decepção vai ser maior ainda.

Fiquem ligados no GameBlast para mais informações sobre Watch Dogs: Legion.


Revisão: Francisco Camilo

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