Análise: Outrider Mako traz atmosfera marcante em meio a falhas de ritmo

Apesar da bela ambientação e visuais, este título indie é uma experiência pouco memorável.

em 08/07/2025
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Outrider Mako nos convida a entregar encomendas para deuses em um mundo surreal inspirado na mitologia japonesa. Esta aventura de ação tem como característica única manchar inimigos com um néctar especial para enfraquecê-los enquanto saltamos agilmente entre objetos. O visual é belo e a ambientação mística é cativante, mas mecânicas repetitivas e pouco profundas logo tiram o apelo da aventura.

Trabalhando para voltar para casa

Após cair em um mundo conhecido como Mayoi, uma garota chamada Mako se vê no Centro de Entregas Bumon, gerenciado pelo monstro chamado Mozu. Para poder retornar ao seu mundo, a menina precisa cumprir uma missão: reunir selos dos deuses desse universo. Para isso, Mako se torna uma exploradora do centro de entregas, viajando pelo mundo com pacotes em busca dos selos necessários.

O título nos joga em um mundo bonito e misterioso, com uma pixel art que impressiona logo de cara. Inspirado pela mitologia japonesa, ele mistura elementos naturais e fantásticos de maneira única. Apesar de os cenários não serem muito variados, o visual e a atmosfera compensam essa falta, criando uma experiência imersiva. E embora a história em si seja praticamente inexistente, com exceção de uma cena inicial,  o clima do jogo é o que realmente se destaca e mantém nosso interesse.



Entregas repletas de aventuras

A jogabilidade é direta, com uma aventura linear que se passa em áreas amplas e semi-abertas, divididas em fases que, por sua vez, são segmentadas em três atos. Nos dois primeiros, o objetivo é coletar minerais específicos e entregá-los a uma entidade, enquanto o terceiro ato muda o ritmo trazendo a missão final de derrotar um chefe. 


Os estágios estão sempre cheios de espíritos malignos que atacam a protagonista, que luta com um bastão e tem a habilidade de saltar sobre inimigos e objetos para manchá-los com Red Nectar. Esse néctar tem a função de deixar os inimigos mais lentos e vulneráveis, permitindo causar mais dano, e espalha-se para outros oponentes próximos, tornando o combate ainda mais dinâmico. Mako também pode se mover rapidamente, pulando entre inimigos e objetos com agilidade.

Ao longo da jornada, Mako encontra itens variados, como poções de cura e defesa, que podem ser comprados ou construídos em mesas de trabalho. Além disso, ela pode usar armas secundárias com uso limitado, como lanças e shurikens. Durante os estágios, também são encontrados talismãs que concedem vantagens temporárias, como aumento de velocidade ou maior eficiência em certos ataques. Esses recursos duram apenas durante aquele estágio, trazendo imprevisibilidade para cada etapa.



Na repetição da labuta

A aventura se desenrola de forma simples e objetiva, com uma câmera top-down que torna a ação clara e direta. Há um bom equilíbrio entre combate e exploração, e os estágios oferecem algumas áreas escondidas e tesouros para quem gosta de explorar. No entanto, a repetição pode se tornar um problema: os mapas são bastante simples e o objetivo de voltar aos mesmos locais para recolher recursos necessários faz a exploração se arrastar um pouco. 

Em algumas fases há desafios adicionais, como ativar altares ou resolver puzzles simples de plataforma, mas nada que realmente mude o ritmo da experiência. Para dar uma quebra na monotonia, há momentos nos quais você anda em uma carruagem, atirando nos inimigos como em um shoot 'em up, o que é um toque interessante e divertido, apesar de breve demais para conseguir causar impacto.



Em combates simples e com ideias pouco desenvolvidas

O combate, por sua vez, é ágil e exige que o jogador entenda os padrões de ataque dos inimigos para conseguir desviar e contra-atacar no momento certo. A variedade de criaturas mantém as batalhas interessantes, e o uso do Red Nectar para manchar os oponentes oferece uma estratégia extra. O recurso é limitado e deve ser usado com cautela, o que exige estratégia: a ideia é atrair grandes grupos de monstros e manchá-los de uma vez, para poder derrubá-los rapidamente.


Porém, a mecânica de Red Nectar pode ser um pouco trabalhosa, já que o processo de pular nos inimigos, espalhar o néctar e atacá-los é um tanto desajeitado, especialmente com a mira imprecisa e os movimentos lentos da protagonista. Em muitas situações, simplesmente atacar normalmente é mais rápido e eficaz. A ideia do Red Nectar até soa criativa, mas na prática vira só mais um passo meio chato que não muda muito as lutas.

Os inimigos podem vir em níveis bem desbalanceados, com alguns podendo ser derrotados com poucos golpes e outros tendo tanta vida que os confrontos se arrastam sem necessidade. Os chefes, apesar de interessantes e com uma pegada leve de puzzle, acabam se tornando cansativos, principalmente porque os embates se prolongam demais. Desde o lançamento, o jogo passou por atualizações que melhoraram o balanceamento, porém elas não foram suficientes para mudar significativamente a experiência.


Jornada sobrenatural pouco memorável

Outrider Mako apresenta uma proposta visual marcante e ambientação inspirada na mitologia japonesa, que chama atenção logo de início. A entrega de itens para deuses e o uso do Red Nectar no combate trazem ideias criativas, mas a execução pouco profunda deixa a desejar. Além disso, a repetição de mapas e mecânicas torna a experiência cansativa com o tempo, apesar de trazer alguns momentos pontuais divertidos. Mesmo assim, pode agradar quem curte uma aventura mais tranquila, com bastante estilo e um clima diferente.

Prós

  • Visual em pixel art muito bem feito e estilizado;
  • Ambientação mística inspirada na mitologia japonesa;
  • Sistema de combate com boa mobilidade e ritmo ágil.

Contras

  • Mecânicas repetitivas e pouco desenvolvidas;
  • Red Nectar é um recurso criativo, mas mal aproveitado;
  • Chefes e inimigos mal balanceados tornam os combates irregulares.
Outrider Mako — PC — Nota: 6.0
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Análise produzida com cópia digital cedida pela PLAYISM
OpenCritic
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Farley Santos
é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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