E3 2005: Imaginando uma nova geração

Mesmo sendo difícil manter a qualidade apresentada na E3 2004, este foi um ano com apresentações memoráveis e informações sobre os novos consoles que estavam chegando.

em 13/05/2015


Nada como uma E3 após a outra. Época de renovar as energias e criar expectativas em torno de jogos que aparecerão no próximo ano. Após um fantástico evento em 2004, com os melhores lançamentos para PlayStation 2, GameCube e Xbox, o público pareceu aumentar ainda mais, prevendo novidades que mudariam todo o mercado.

Semanas antes das preparações no Centro de Convenções de Los Angeles começarem, diversas eram as informações que vazavam na internet: já era esperado que a Microsoft anunciasse o seu novo console. Curiosamente, tudo já começou de maneira diferente, com a energia acabando nas primeiras horas. Diversos corredores ficaram no escuro, e muitas pessoas não conseguiam experimentar as demonstrações nos estandes.
Alguns símbolos, sobre o Centro de Convenções, mostravam que a Sony ia lançar algo novo.

Com a luz de volta em toda a feira, os anúncios começaram a acontecer, e com eles chegava a nova geração de consoles. Nintendo, Sony e Microsoft realizaram conferências fechadas, com transmissão pela internet, utilizando diversos efeitos de luz e som para causar grande impacto. Essa foi uma E3 para quem esperava por surpresas.

Nintendo: só isso?

A expectativa de ver o sucessor do GameCube era grande, mas muitos saíram desapontados. Resolvendo focar nos jogos de seu atual console, a Nintendo fez poucos anúncios e focou no lançamento do Game Boy Micro, uma versão ainda menor do Game Boy Advance — o que é estranho, já que o Nintendo DS começava a fazer sucesso.
O Game Boy Micro, que vendeu muito pouco e é difícil de ser encontrado.
Ambos os principais anúncios da Nintendo já eram conhecidos, mas com poucos detalhes. Por opção da empresa, pouquíssimo foi exibido, e muito foi dito. As informações pareciam surgir sobre o próximo console, chamado de Revolution, e sobre o novo Zelda: Twillight Princess (GC/Wii), ainda anunciado somente para o GameCube. Infelizmente, a maioria dos fãs saiu desapontada, tendo que esperar mais um ano para ver o que a empresa traria para o futuro.
O Revolution foi mostrado à imprensa em encontros fechados, e ainda assim não tinha nenhum tipo de interação com os controles — isso ainda era segredo. A promessa de que um novo Metroid e Smash Bros. estavam em desenvolvimento era tudo o que diziam, além de um novo jogo do Mario que seria lançado junto ao console.
Os jogos que mais chamaram a atenção, ainda assim, tornaram-se ótimos títulos. Mario Kart DS (NDS) colocava os jogadores diante de gráficos nunca vistos num portátil da Nintendo, com a possibilidade de jogar contra outros jogadores sem fios conectando os consoles. New Super Mario Bros. (NDS) também animava, com jogabilidades inovadoras ao utilizar as duas telas do console e uso de recursos da tela de toque para inovar a jogabilidade. Tudo isso fez com que poucos ligassem para o Game Boy Micro, que parecia esquecido entre tantos lançamentos.

Microsoft: chegando de mansinho

Um mês antes da E3, o Xbox 360 já havia sido anunciado através de um vídeo televisionado pela MTV. Mesmo sendo algo diferente, isso pode ter sido um tiro no pé de quem esperava por grandes novidades durante a feira por parte da Microsoft: tudo o que se viu já era imaginado por muitos. Ainda assim, muitos jogos foram mostrados e a sensação era a de que a próxima geração começaria com bastante conteúdo.
No lançamento, o Xbox 360 não vinha com o Kinect, que surgiu anos depois.

Com um projeto ambicioso de vender mais de um bilhão de consoles, o Xbox 360 traria uma integração online com a Xbox Live, que conectaria jogadores ao redor do mundo todo de maneira muito mais eficiente e com assinaturas. A sensação era a de que a Microsoft queria trazer os PCs para a sala de estar — e muitos se empolgavam com a ideia.
Apesar de parecer inferior ao PlayStation 3, o Xbox 360 conseguia bater de frente com o console da Sony, trazendo diversas novidades. A série Gears of War (PC/X360/XBO) surgia com exclusividade, mostrando combates sangrentos e inteligentes, com gráficos inimagináveis há alguns anos. 
Outros grandes destaques foram os jogos Half-Life 2 (Multi) (que recebeu continuações) e Perfect Dark Zero (X360), que traziam características comuns aos jogos de PC, por trazerem armas e, supostamente, funcionarem melhor com mouses — apesar do ceticismo, a empresa de Bill Gates fazia questão de afirmar que seus controles seriam tão confortáveis e precisos quanto eles.

Mesmo com uma boa apresentação e com diversas novidades, a grande atração do evento foi a Sony, que mostrava conteúdos inesperados e, até então, nunca vistos pela mídia.

Sony: uma caixa de surpresas

Enquanto do lado de fora da conferência diversos jornalistas experimentavam lançamentos e novidades para o PlayStation 2 e PSP, era do lado de dentro que as notícias movimentavam o setor.
O PlayStation 3, em sua primeira versão, era enorme.
O anúncio do PlayStation 3, que foi feito em meio a surpresas, deixou muitos empolgados com os aspectos técnicos e com seu potencial. Dentre as novidades, que envolviam uma rede de jogadores conectados pela internet, havia a presença de um leitor de discos Blu-Ray (uma enorme aposta no mercado), enquanto as outras empresas dependiam de DVDs.
Esquecido no tempo, o DualShock 3 teve uma primeira versão muito estranha. Exibido na E3 2005, o controle parecia um bumerangue e foi criticado por todos, sofrendo diversas piadas pela internet. Por conta da má recepção, ele foi reformulado e nunca mais visto.
Apesar de não mostrar nenhum jogo rodando em tempo real, diversos vídeos de demonstrações técnicas foram apresentados ao público. Motorstorm (PS3) foi apresentado com algo que parecia mesclar elementos em tempo real com cenas pré-programadas, deixando muitos incrédulos e outros extremamente animados com o que viria nos próximos 16 meses.

Killzone 2 (PS3), entretanto, foi exibido com supostas cenas em tempo real. Curiosamente, este é um dos feitos mais criticados da Sony, já que muitos se sentiram enganados: a qualidade gráfica exibida é difícil de ser alcançada até mesmo em tempos modernos. O jogo foi lançado muito tempo depois, com gráficos inferiores e interatividades mais simples.

Entretanto, o jogo que recebeu maior atenção foi Metal Gear Solid 4 (PS3). Ao analisarmos a reação dos fãs nas E3 anteriores, parece óbvio que imaginemos a comoção que ocorreu com a simples ideia de poder viver a vida de Snake com uma definição nunca antes vista na série.

Ainda que tenha mostrado algumas ideias diferentes, como a interferência do tempo real em um jogo — o tempo passaria de verdade para o personagem, conforme a progressão da história. O simples fato de ter guardado segredo de seu console por tanto tempo fez com que o PlayStation 3 fosse o fato mais comentado sobre a E3. Mas ainda houve mais coisas acontecendo, além das três empresas.

Os jogos para PC ganham força

O cenário dos jogos de PC ainda era bem diferente do que é hoje. Ganhando pouco destaque na E3, alguns conseguiram se destacar ao ponto de tornarem-se referências atuais por conta de sua enorme qualidade. F.E.A.R. (PS3/X360/PC) trazia uma mistura de terror com tiro em primeira pessoa, contando com uma protagonista que lembrava a Samara, do filme O Chamado. Outros que também merecem destaque são Civilization IV (PC), que além de ser um ótimo jogo conta com uma das mais belas trilhas sonoras já feitas, e Battlefield 2 (PC).
Em alguns minutos com Spore, era possível criar uma pequena criatura e vê-la crescer em um novo planeta.

Houve um jogo, entretanto, que conseguiu grande visibilidade. Spore (PC) era anunciado pelo próprio criador Will Wright, que repetia a mesma demonstração diversas vezes para os diversos expositores e jornalistas. Por conta de seu sucesso com a franquia The Sims, a ideia de expandir o universo e criar planetas inteiros parecia ser incrível e tornou-se um dos assuntos mais comentados do evento.



Por fim, a E3 2005 deixou um gosto de “quero mais” em todos os que estavam presentes. Com o foco passando para a futura geração, e com poucas imagens do que seriam os jogos do futuro, a mídia passou o ano seguinte especulando as diferentes maneiras de jogar que seriam lançadas e sobre o visual das famosas franquias em seus novos consoles. Por conta disso, a E3 2006 passou a ser esperada por todos, quando a nova geração começaria de fato.

Continuem acompanhando os nossos textos e comemorem os 20 anos de E3 conosco! E não esqueçam de deixar o seu comentário sobre este evento, que mostrou os consoles que ainda habitam o lar de muita gente.

Revisão: Vitor Tibério
Capa: Guilherme Kennio

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