E3 2002 arrebenta com o trio AAA Nintendo, Doom 3 e novas IPs

A E3 2002 mostra as armas do sucesso com Nintendo, Sony e Microsoft disputando a tapa o primeiro lugar na corrida pelo topo de sucesso no entretenimento eletrônico.

Após a virada do milênio com a E3 2001 e seus grandes anúncios, a E3 2002 chegava para tremer o chão em terras angelinas entre os dias 22 a 24 de maio no Los Angeles Convention Center. 60 mil visitantes estavam no local para prestigiar o mercado dos games e conferir de perto os 221 jogos anunciados, muitos dos quais ainda estavam previstos para serem lançados ainda naquele ano, mas também no próximo. Esta E3 foi marcada por grandes novidades em relação a jogos, bastante participação das Third Parties e uma penca de promessas para a alegria gamer.

The Nintendo Difference

Para os fãs da Nintendo, esta pode ter sido a melhor E3 presenciada em muitos anos que viriam e que virão. O motivo? Títulos AAA em grande quantidade, incluindo as mais famosas franquias, como o trio Super Mario Sunshine, The Legend of Zelda: The Wind Waker e Metroid Prime, além de outros que também despertavam e muito a atenção: Star Fox Adventures, Wario World, Metroid Fusion, Mega Man Zero e Golden Sun 2, só para citar alguns. Era bom ver uma listona de títulos a serem lançados ao longo do ano…
“Dá para afirmar, com toda a certeza, que nunca a Nintendo apresentou games tão fortes de uma só vez” — Pablo Miyazawa, NW#46, p. 22.
Só mesmo as páginas da Nintendo World para nos manter bem informados!
A conferência da Big N, prevista para as 10:30 do dia 21 (um dia antes da feira, como de praxe) em um grande salão no subsolo do Millennium Biltmore Hotel, começou com um certo atraso para aumentar a ansiedade (há quem diga), compensado por músicas nos auto-falantes de bandas famosas como The Chemical Brothers, The Prodigy, entre outros grupos eletrônicos, com games da empresa no telão e um GameCube ao fundo num pedestal. Prestes a começar, muito empurra-empurra rolava até que as luzes se apagaram e o show começou (o salão não era tão grandioso quanto o Kodak Theatre, que a empresa viria a utilizar anos mais tarde). Segurem-se!


A Nintendo ainda queria tirar o brio de companhia infantil e mostrou, logo de cara, títulos mais sérios: Metroid Prime, Resident Evil 0 e Eternal Darkness fizeram os jornalistas gritarem como fãs histéricos… Mas quem diria que jogos como o novo Zelda não arrancariam também, e talvez com ainda mais intensidade, lágrimas dos repórteres, tanto de choro quanto de raiva, por manter os gráficos Cell Shading mesmo após o anúncio na Spaceworld em 2001, que decepcionou muitos que esperavam por gráficos realistas na franquia.

Um grande espaço, onde os sonhos se tornam realidades!
A parceria com a Namco, que prometia oito títulos incluindo um novo Star Fox e Soul Calibur 2, foi importante em uma época em que a Nintendo se via obrigada a procurar um novo braço direito com as diminuições das atividades da Rare, que seria comprada pela Microsoft posteriormente, em setembro daquele ano. O jornalista Pablo Miyazawa, ainda na edição 46 da Revista Nintendo World, apresentava um texto em sua coluna “No Controle” com o título “Qual é a da Rare?”, falando sobre o que não jogou e não viu nesta E3 e supondo o que aconteceria se ela começasse a produzir para outras empresas.
O Trio Nintendo AAA firme e forte na E3 2002!
Novas apostas, como a placa Triforce, e acessórios como o Nintendo GameCube Adapter, um acessório que possibilitava jogar games do GBA no GameCube; o cabo GC-GBA, e-Reader (já anunciado na E3 anterior), leitor de cartões com jogos, filmes e extras para o GBA; o Wave Bird, já lançado no dia 10 de junho, e o cancelado Game Eye, uma câmera que adicionava seu rosto ao game, similar ao que existe hoje no 3DS, estavam prontos para dar um novo sopro ao mercado de games nintendista.

[Game Eye e outros acessórios Nintendo]

Apesar de anúncios que demorariam a serem lançados, como F-Zero GC (que se tornaria GX), diversos jogos eram apresentados em seu estande nos dias de feira, que possuía, assim como na E3 2013, uma roleta de brindes para os jogadores testarem os lançamentos e ainda poderem ganhar presentinhos. Uma festinha seria feita na noite do dia de conferência para conquistar os jornalistas, com direito a bandas como Smashmouth e comida liberada.

[Um pouco de emoção com a Nintendo na E3 2002]

Mas a Sony empunha seu armamento pesado…

Com o PlayStation 2 agora ainda mais firmado, com cerca de 30 milhões de consoles vendidos, a Sony apostou em novas IPs com os títulos Ratchet & Clank e Sly Cooper, que ganhariam a atenção do público. Outros jogos também viriam a fazer a festa dos Sonystas de plantão: Contra: Shattered Soldier, Devil May Cry 2, Metal Gear Solid 2 Substance, Red Faction 2, Shinobi, Silent Hill 3, SOCOM: Navy Seals e Suikoden III eram alguns exemplos.
A Sony, como de praxe, arrasa com uma Booth fenomenal!
A Sony apresentava um acessório para jogatina multiplayer online no PlayStation 2, o Network Adapter. Junto a ele, Resident Evil Online (posteriormente seria chamado “Outbreak”) era divulgado em vídeo, para ânimo dos jornalistas e terror dos gamers mais apavorados. Tratava-se de uma nova história para os jogadores abandonados de Resident Evil 4, o exclusivo temporário para o GC.
O estande da Sony foi um dos mais bem construídos e contou com diversos quiosques com títulos de peso a serem testados. Luzes, estações de gameplay modernas, grandes figuras de jogos e personagens davam cor ao estande, e podemos incluir aí pisos brilhantes, efeitos de fumaça e muitas telas dispostas em um grande círculo. Também, um telão, ao centro e em formato circular, apresentava os trailers dos jogos em alta dimensão, coisa fina!

[Sony Booth]

A Microsoft começa a sair da caixa

A Microsoft se via na responsabilidade de mostrar novos títulos de sucesso para aumentar a fama de seu recém anunciado console de mesa 128-bit turbinado. A competição com a Sony, cujo PlayStation 2 já estava consolidado no mercado, e com a Nintendo, poderosa no know-how de games até então, não era fácil, e para isso ela precisava de novas táticas e novos meios de conquistar o público.

Entre os jogos publicados pela empresa, a lista era grande: Age of Mythology, Asheron's Call 2, B.C., Blinx: The Timesweeper, Brute Force, Combat Flight Simulator 3, Counter-Strike, Crimson Skies, Freelancer, Impossible Creatures, Kung Fu Chaos, Links 2003, MechAssault, Midtown Madness 3, NBA Inside Drive 2003, NFL Fever 2003, Project Ego, Psychonauts, Quantum Redshift, Rise of Nations, Tork, Whacked. Mas a Microsoft também foi bem abastecida pelas Third Parties: Konami e seu Metal Gear Solid 2: Substance e SEGA com Panzer Dragoon.
A Microsoft investe pesado com a Xbox Live
O primeiro sistema de comunidade online surgiu neste ano com a Xbox Live, nela eram oferecidos informações sobre games, disponibilização de demos, DLCs, maior interação com usuários — como a possibilidade de ver o que estariam jogando — e uso de microfone para conversas durante as partidas, além de serviços de streaming, tudo agrupado em uma base consistente e duradoura que funciona no sistema de assinaturas por pacotes temporários. A Microsoft ainda anunciaria que mais da metade de seus jogos teriam um componente online, e que 60 companhias iriam ajudá-la a fazer games para a sua mais nova rede online.

[Microsoft Booth na E3 2002]

Thirdy Party Show!

Os títulos das outras empresas também faziam sucesso absurdo na E3, como foi o anúncio de DOOM 3 pela id Software através de um de seus fundadores, John Carmack. O último título da franquia até então, DOOM 2, havia sido lançado há oito anos, e a expectativa para este retorno era a melhor possível. Já a Ubisoft mostrou grandes títulos como Tom Clancy's Rainbow Six: RavenShield, que possuía gráficos estupendos para a época e despertou muito a atenção do público, além de Rayman: Hoodlum Havoc e Tom Clancy's Splinter Cell.

Mais imagens psicodélicas de dentro dos pavilhões LA Convention Center em maio de 2002!
A SEGA apresentava ao público algumas inovações, como o Phantasy Star Online, que também incluía o Cubo roxo da Nintendo no esquema online com adaptadores de conexão discada e a cabo. Mas também queria se aventurar pelas areias com Beach Spikers Volleyball e Dead or Alive: Extreme Beach Volleyball. A Activision deixava claro seu Tony Hawks: Pro Skater 4, um dos melhores games da série, além de True Crime: Streets of L.A., uma tentativa de chegar bem perto de GTA.
Activision também apresenta um estande de respeito!
Vivendi e EA disputavam a atenção para os jogos da franquia The Lord of The Rings. Detentoras dos direitos de imagem da história dos livros e dos filmes, respectivamente, elas se confrontavam em estandes colados com grandes chamariscos para o público: uma sala chamada “The Hobbit Hole” no estande da Vivendi; e, pela EA, um gigantesco telão de mais de 9 metros de altura mostrando cenas de The Two Towers.

Também podemos citar outras participações que fizeram muitos marmanjos chorar: Squaresoft e seus Final Fantasy XI e Kingdom Hearts, Take Two Interactive com GTA III, Tecmo com Ninja Gaiden, World of Warcraft da Blizzard, Tekken 4 da Namco, Mortal Kombat: Deadly Aliance da Midway, Blood Rayne da Majesco, Star Wars: Knights of the Old Republic da Lucas Arts, Silent Hill 3 da Konami, Star Ocean 3 da Enix, Mega Man X7 da Capcom, Dynasty Warriors da Koei, entre tantos outros. Alguns novos consoles como o Game Park, de uma empresa coreana também estavam à mostra, mas é melhor nem lembrar deste. Que vontade de voltar no tempo…
E3 2002: E com vocês, o Wii U!!! -n ...ops, é o Game Park #BacktotheFuture #Polystation #Miyamotosaw
E vocês, leitores, o que acharam desta E3? Algum título ou fato que gostariam de relembrar? Na próxima sema, entraremos em detalhes sobre a E3 2003, com o lançamento do PSP, uma grande quantidade de títulos do Mario e o gameplay de Halo 2. Até a próxima!
Revisão: Luigi Santana
Capa: Ângelo Gustavo

Confiram os artigos sobre as E3 anteriores:
Link para a matéria sobre a E3 1995.
Link para a matéria sobre a E3 1996.
Link para a matéria sobre a E3 1997.
Link para a matéria sobre a E3 1998.
Link para a matéria sobre a E3 1999.
Link para a matéria sobre a E3 2000.
Link para a matéria sobre a E3 2001.

Jaime Ninice é cravista, formado pela UFRJ, e mestre em música na mesma instituição. Sua paixão por games, eventos e revistas o levou a escrever e revisar artigos desde 2010 no @Blast. Hoje é redator das publicações impressas sobre retrogames WarpZone.me
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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