E3 2000: O nascimento de dois gigantes

Marcada por protestos e muitas novidades, a E3 do ano 2000 trouxe o anúncio do PlayStation 2, que dominou o mercado, e do Xbox, console da Microsoft.

Na última matéria, quando falamos sobre a E3 de 1999, o cenário estava pronto para a disputa entre a Sony, Nintendo e SEGA. O computador passava a se firmar como plataforma, recebendo diversos títulos exclusivos, e os portáteis vendiam como água por conta de Pokémon. Já em 2000, a E3 acontecia novamente no Convention Center, em Los Angeles. Lá dentro, no meio de tantas pessoas e estandes de desenvolvedoras, foram anunciados jogos e consoles que transformaram o mercado, tornando-o muito mais popular e aumentando os lucros das empresas de videogames. É possível dizer que aquele ano tenha sido um marco na história.
Capa do Guia do evento
Infelizmente, este evento sofreu com protestos ocorrendo do lado de fora, por conta de um incidente muito conhecido e citado no último texto: o Massacre de Columbine. Aos que não conseguirem se lembrar, no dia 20 de abril de 1999 dois jovens invadiram uma enorme escola e mataram 13 colegas (professores e alunos), suicidando-se em seguida. Como de costume, a mídia notificou que os assassinos eram enormes fãs do jogo Doom (Multi) — o que teria motivado o crime — e diversas leis passaram a ser discutidas em torno da violência nos videogames. Apesar disso, não houve problemas que atrapalhassem a maior feira de games do mundo, que continuou sendo informativa e divertida.

Uma SEGA quase invisível

Este não foi um bom ano para a SEGA. Apesar de o Dreamcast ser um ótimo console e parecer bater de frente com os concorrentes, sua visibilidade parece ter sido afetada na E3 2000. Trazendo novos jogos, com uma ótima qualidade visual, seus estandes eram feitos para atrair o público masculino, com mulheres dançando em gaiolas.
As dançarinas atraiam os visitantes, mas não era o suficiente para que os mantivessem lá dentro por muito tempo.

Entre os lançamentos, estava o famoso Samba de Amigo, que colocava o jogador para remexer o corpo com controles em formatos de maracás. Seguindo a explosão japonesa dos jogos de ritmo, era necessário mover as mãos nas posições corretas conforme a batida da música. Como as tecnologias ainda eram novas, e tudo parecia ser divertido, o jogo teve filas para ser experimentado e as reações eram sempre muito positivas.
Dentre outros jogos, há um que merece ser citado: Seaman. Curiosamente, esse foi o jogo mais vendido no japão para o Dreamcast, por ser um pouco “esquisito”: era preciso utilizar um microfone para conversar com um peixe falante.
A SEGA também começou a investir em um sistema online para os seus jogos. Chamado de SEGANet, ele seria pago em um modo de assinatura, e caso o jogador optasse por um contrato de dois anos, receberia um novo console. É difícil de entender os motivos pelo qual a empresa não conseguiu atrair o público, com tantos anúncios interessantes e com uma visão tão correta sobre o futuro do mercado. Mas ela não foi a única a ter problemas.

Uma Nintendo parada no tempo

Espaço da Nintendo na E3 2000: com tantos jogos bons, dá vontade de entrar na imagem para jogar tudo de novo.
Enquanto as outras empresas pareciam investir em novos consoles, a famosa empresa dos criadores de Mario preferiram continuar apostando no Nintendo 64. O pouco que foi mostrado sobre o GameCube serviu apenas para mostrar que a Nintendo estava criando algo que seria lançado somente em 2001. Por hora, a maior novidade ficou em torno de jogos como The Legend of Zelda: Majora’s Mask e Banjo-Tooie.
Analisando o mercado de jogos atual, é curioso ver a Nintendo tentando atrair públicos exclusivamente adultos na época. O jogo Conker’s Bad Fur Day foi anunciado com diálogos e piadas extremamente sarcásticas e muitas relações a sexo e política. 
A Nintendo também estava comemorando. Seu portátil mais famoso, o Game Boy, havia ultrapassado o número de 100 milhões de compradores, e não mostrava sinais de que pudesse parar de vender. Mais dois jogos da franquia Pokémon eram anunciados: Gold e Silver, deixando milhares de fãs enlouquecidos em todo o mundo.
Em uma tela, a Nintendo exibia o número de Game Boys vendidos até que chegassem no marco de 100 milhões.
Por fim, houve também o anúncio de um jogo diferente: Hey You, Pikachu! (N64). Em diversas cabines, os jogadores se reuniam para, literalmente, gritar palavras para um Pikachu que responderia a elas. Com cerca de 250 termos reconhecidos pelo game, muitos foram conferir a nova tecnologia e brincar com o monstrinho.
Controle utilizado para jogar Hey You, Pikachu!, durante o evento.

Uma Microsoft querendo participar

Este ano parecia mostrar o potencial do mercado de games no mundo. Com Nintendo, Sony e SEGA na disputa, era mais do que esperado que outras empresas gigantes resolvessem criar algo e fazer parte de tudo. E foi em 2000 que a Microsoft chegou com tudo e anunciou o seu próprio console: o Xbox.
O console Xbox era exibido em salas fechadas, tendo apenas a sua demonstração técnica exibida ao público.

Mesmo não tendo recebido a mesma atenção das outras produtoras, o console fazia questão de mostrar a sua força: ele era três vezes mais potente do que o PlayStation 2, segundo os representantes. Com um visual um pouco esquisito, ele prometia algo que era tendência no mercado: trazer partidas online através da conexão com o cabo Ethernet.

O jogo que recebeu mais destaque até então foi Halo, que seria exclusivo para o console. Seus gráficos inovadores e trilha sonora de qualidade já atraíam olhares e ouvidos, mas a jogabilidade era completamente diferente do que ele viria a se tornar: tudo acontecia em terceira pessoa. Tudo isso foi só o começo, já que muito ainda seria anunciado durante o restante do ano e na E3 do ano seguinte.
A crítica especializada ficou animada com o aspecto gráfico dos jogos do Xbox, mas ainda tinham dúvidas quanto ao seu design. A Microsoft garantiu que a letra “X” poderia não existir na versão final, mas isso acabou não acontecendo. 

Uma Sony querendo aparecer

Era difícil conseguir andar próximo do estande da Sony: todos queriam conferir o mais novo console da empresa.

Se há algo pelo qual a E3 de 2000 merece ser lembrada é o anúncio do PlayStation 2, que seria lançado nos Estados Unidos em 26 de Outubro do mesmo ano, por 299 dólares. Através de estandes cheios de televisões e luzes, o console era anunciado em um pequeno palanque, com diversos vídeos de jogos em desenvolvimento transmitidos ao redor.
Contando com leitores de DVD e CD, o PlayStation 2 trouxe a ideia de criar um centro de entretenimento na sala de estar dos jogadores. Algumas TVs do evento mostravam filmes rodando diretamente do console.
Graças a titulos famosos e gráficos melhores que os da antiga geração, filas eram formadas para experimentar novas versões de Street Fighter e FIFA, deixando todos espantados com o poder do PlayStation 2. Havia também a promessa de que Tekken Tag Tournament fosse lançado junto ao console, causando certa curiosidade nos jogadores.

Mas o melhor ainda estava por vir. Em um estande enorme, a Konami instalou uma tela gigante para anunciar o seu mais novo jogo: Metal Gear Solid 2. De hora em hora, um trailer de 5 minutos era exibido para quem estivesse ali, com contagem regressiva e diversos avisos para atrair a multidão. Centenas de pessoas sentavam em frente, garantindo um lugar para ver o lançamento mais aguardado do evento.


Uma E3 para ficar na história

Nenhum protesto foi o suficiente para abafar os lançamentos da E3 2000. Dentre novos consoles e franquias que mudariam o mercado, era óbvia a importância da feira para o crescimento do setor, e para nos fazer pensar no futuro dos videogames.

Neste ano, pudemos ver o crescimento da Sony, que seria cada vez maior. Com isso, a Nintendo e a SEGA receberam um forte impacto, mudando toda a história que estavam traçando. Para acompanhar isso ainda mais de perto, não perca a nossa próxima retrospectiva da E3, quando as disputas começam a pegar fogo com a então nova geração de sonsoles!

E você? Lembra-se de algo que não citamos sobre a E3 2000? Comente e nos traga um pouco das suas experiências, afinal, elas sempre farão parte da nossa relação com os games.

Revisão: Vitor Tibério
Capa: Angelo Gustavo
Confiram os artigos sobre as E3 anteriores:
Link para a matéria sobre a E3 1995.
Link para a matéria sobre a E3 1996.
Link para a matéria sobre a E3 1997.
Link para a matéria sobre a E3 1998.
Link para a matéria sobre a E3 1999.

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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