E3 2003 mostra a sua potência com o anúncio do PSP, Half-Life 2 e muita magia Nintendista

A E3 2003 pegou fogo nos dias 14 a 16 de maio de 2003, esbanjando um show de games inovadores, franquias renascidas e novidades muito bem-vindas.

Semana passada mostramos um pouco do que foram as E3 pós-virada do milênio. E agora, após passar por 2001 e 2002, a E3 2003 mostra um fôlego novo. Realizada entre os dias 14 (13 para as conferências) e 16 de maio daquele ano, o evento reuniu jornalistas do mundo todo para conferir as novidades da indústria do entretenimento eletrônico. 233 jogos esbanjaram as estandes das empresas por todo o LA Convention Center que viu, desta vez, anúncio de novos portáteis, revelações mais concretas de anúncios anteriores e o início da verdadeira guerra entre consoles 128-bit.
Prepare-se para a E3 2003!

A vez da Sony que cabe no bolso

A E3 de 2003 foi um grande sucesso para a Sony, que apresentou diversos títulos que, após 12 anos, podemos chamar de históricos. O PlayStation 2 era um sucesso dominante, mas a Microsoft e sua Xbox LIVE começavam a assustar, de modo que foi necessário anunciar que uma nova versão do PS2, mais adequada para jogar online, estava em desenvolvimento. Contudo, esta não foi a maior novidade em termos de hardware. Sem mostrar nada, o novo desafiante da hegemonia nintendista nos portáteis surgia. O PlayStation Portable, ou simplesmente PSP, animou os fãs e prometia ser para o Game Boy Advance aquilo que o PlayStation foi para os consoles de mesa da Nintendo. Um fantasma já conhecido pairava no ar.
Grand Turismo 4 era um dos grandes destaques da feira.
Durante a conferência, foi anunciado que a franquia de maior sucesso de vendas da Sony ganharia sua quarta versão. Gran Turismo 4 era um dos grandes destaques dentre os betas jogáveis no evento. A sequência de Jak & Daxter, hoje conhecida como Jak II, fora anunciada para outubro de 2003, e viria a ser um dos títulos mais bem elaborados da biblioteca do console mais vendido da história, com o selo de garantia da Naughty Dog. Uma outra sequência de mascotes da Sony ainda seria anunciada naquele dia: Ratchet & Clank: Going Commando, sequência do jogo de sucesso da Insomniac Games, estaria à disposição para os jogadores em novembro.

[Ratchet & Clank 2]


Entretanto, o PS2 não era feito apenas de jogos cujas marcas a Sony detém, pelo contrário. Ainda foi anunciado o exclusivo para o console Final Fantasy XI para o continente americano, pela Square-Enix. O jogo já havia sido lançado em 2002 para o Japão e vinha como um dos carros-chefe da estratégia online para o console (em 2006 ele seria lançado para Xbox 360). A então gloriosa Konami ainda brindava o console com suas duas franquias de maior peso: Castlevania: Lament of Innocence e o histórico Metal Gear Solid 3: Snake Eater, cujo gameplay trazia as diversas novidades que o jogo introduzia, além, é claro, das já conhecidas “Kojimices”.

[Metal Gear Solid 3]

A Microsoft mira em alvos espaciais

A Microsoft tinha na sua mão o console mais poderoso da geração, um modo online de causar inveja aos concorrentes e toda a fortuna de Bill Gates para virar o jogo dos consoles. Mas não tinha só isso, eles tinham Halo. O maior fenômeno de marketing de videogames até então vendia o Xbox sozinho como Pokémon faz com os portáteis da Nintendo, e a Microsoft tinha plena noção disso. Exatamente por isso, encerraram sua conferência com uma demo do já anunciado em 2002 Halo 2, levando a plateia ao delírio.

[Halo 2 Live Demo]
 Mas a novata no ramo já se comportava como a gigante que se esperava dela. Vários projetos em desenvolvimento foram anunciados. True Fantasy Live e B.C. foram dois que não viram a luz do sol, mas um deles, chamado “Project Ego”, um projeto do renomado Peter Molyneux, seria lançado no ano seguinte para o Xbox. Este jogo é o famoso Fable, e é um dos grandes sucessos da caixa. O jogo sem censuras Conker: Live and Uncut ainda apareceu brevemente na E3, mas foi cancelado justamente pelo seu ponto frágil: seu conteúdo polêmico. Demos do sucesso Star Wars: Knights of the Old Republic eram jogáveis nos estandes da Microsoft.
A Guerra dos consoles estava anunciada!

E a Nintendo vem armada até os dentes

E se a Big N estava forte no ano passado, este ano ela ainda traria muitas munições na manga. Diversos títulos seriam divulgados nesta E3, incluindo os portáteis e jogos para o GameCube. Títulos como Metroid: Zero Mission, Mario Kart Double Dash!!, F-Zero GX, Pikmin 2, Viewtiful Joe e até o consagrado Resident Evil 4 estampavam na mídia diversas certezas de que a empresa, mesmo com a saída da Rare, estava ainda firme e forte em seu pedestal.
Segura a concorrência...
Mais, assim como a Sony anunciou o PSP, a Nintendo vinha anunciando novas cores de seu portátil mais vendido, o Game Boy Advance Special Edition, ou GBA SP (para os mais íntimos). Diversos jogos entrariam nesta brincadeira: Boktai: The Sun is in your Hand, Advance Wars 2, Wario Ware, dois títulos inovadores nas mecânicas de controle portátil (energia solar e rumble, respectivamente), Mario & Luigi: Superstar Saga, sucessor espiritual de Super Mario RPG, e o incrível multiplayer de The Legend of Zelda: Four Swords Adventures estavam entre os maiores destaques, que elevavam ao cubo a hegemonia dos jogos portáteis Nintendo.
Portáteis de diferentes cores esbanjavam glamour no estande da Nintendo
E falando em Cubo, se antes a empresa tinha arrancado os mais profundos suspiros dos jornalistas com as demontrações de grandes jogos das suas principais franquias, dessa vez o show foi ainda melhor. Quer lista? Aqui vão mais alguns: Star Fox Armada (Assault), 1080º Avalanche, Pokémon Colosseum, Metal Gear Solid: The Twin Snakes e Final Fantasy: Crystal Chronicles — a volta da parceria com a Square-Enix usando e abusando também do portátil.
Dá para notar a quantidade de grandes lançamentos, e uma lágrima descendo, ao ver esta capa! Revista NW#58
Dentro da conferência, um fator que ainda incomoda é o fato da empresa ainda estar com o segundo lugar mundial no segmento dos games (a Sony era, então, a grande campeã). Mas, apesar de tanta empolgação com os títulos, de mostrar os grandes resultados das vendas obtidas no último ano, uma grande parcela da atenção nesta conferência foi dada ao Pac-Man Vs., da Namco, e sua jogabilidade com o uso de quatro GBAs conectados no GameCube. Algo que virou motivo de chacota para muitos jornalistas na época e animou os haters que torciam pelas empresas concorrentes.

[Conferência Nintendo na E3 2003]

O poder das softhouses

Os jogos para PC também não ficariam de fora, e foi o que vimos com Half-Life 2. ncrivelmente fantástico em suas mecânicas, o jogo, com cidades completas, apresentava um enorme conjunto de possibilidades. Outras desenvolvedoras também mostraram a cara com grandes jogos do passado, como foi o caso da Ubisoft e seu Prince of Persia: The Sands of Time, que logo mais seria considerado o jogo do ano.

[Half-Life 2 Full Demo]

E a Nokia apostava com um novo console/celular, o N-Gage. Uma aposta que se mostrou falha, visto que, já na demostração, alguns dos jogos não funcionavam, e outros apresentavam baixa qualidade. Mas a SEGA apostava em um título para comemorar o aniversário de 12 anos de seu maior mascote. Sonic Heroes reunia tudo que os jogos Sonic tinham de melhor, através de coletas de informações de fãs e de uma grande experiência com a série Adventure.
Sonic Heroes vinha correndo pra elevar o status da SEGA!
E vocês, leitores, gostaram desta E3? Na próxima matéria, iremos a fundo com a E3 2004 e seus grandes jogos com sequências de grandes clássicos, mais jogos poderosos para o console da Microsoft, como Fable e Forza Motorsport, e o anúncio bombástico de um novo Zelda realista. Até a próxima!
Colaboração: Roberto Rezende
Revisão: Vitor Tibério
Capa: Felipe Araujo

Confiram os artigos sobre as E3 anteriores:
Link para a matéria sobre a E3 1995.
Link para a matéria sobre a E3 1996.
Link para a matéria sobre a E3 1997.
Link para a matéria sobre a E3 1998.
Link para a matéria sobre a E3 1999.
Link para a matéria sobre a E3 2000.
Link para a matéria sobre a E3 2001.
Link para a matéria sobre a E3 2002.

Jaime Ninice é cravista, formado pela UFRJ, e mestre em música na mesma instituição. Sua paixão por games, eventos e revistas o levou a escrever e revisar artigos desde 2010 no @Blast. Hoje é redator das publicações impressas sobre retrogames WarpZone.me
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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