Parece que 2025 será o ano dos ninjas e eu usei essa frase para abrir uma análise há mais ou menos duas semanas. Ou seja, vocês piscaram e mais um shinobi virtual apareceu, ou melhor: ressurgiu.
Ninja Five-O foi um título de ação e plataforma lançado para Game Boy Advance em 2003 que passou despercebido pelo pessoal da época, apesar das críticas extremamente positivas. Agora, ele tornou-se um clássico absoluto e uma das fitas mais raras do portátil que existem atualmente, chegando a custar alguns milhares de reais. Para nossa sorte, o port original acaba de chegar ao PlayStation, Nintendo Switch e PC.
Antes de começar a análise, uma curiosidade: é bem capaz que vocês também conheçam este jogo pelo nome Ninja Cop, que é de sua versão europeia. A expressão “Five-O/5-O” é uma gíria tipicamente estadunidense para oficial de polícia. Ela se tornou popular pelo seriado “Hawaii Five-O”, exibido entre 1968 e 1980, que retrata a força policial do quinquagésimo estado americano.
Por mais que esse nome fizesse total sentido para o público norte-americano, tratava-se de uma expressão muito específica, então para o lançamento europeu o título foi alterado para Ninja Cop, para não perder o sentido. Inclusive, aproveitando para mais uma informação, este jogo foi um dos pouquíssimos do GBA a não ser lançado no Japão.
Ninjutsu da lei
Joe Osugi é um ninja incumbido da missão de dar cabo da gangue Mad Masks, que tomou conta da cidade de Zipangu. Ele pode saltar e usar ganchos para se pendurar em paredes e tetos, além de contar com sua espada e shurikens. Pelo caminho, ele tem a opção de coletar raios de poder que modificam a propriedade dos seus projéteis, podendo transformá-los em bolas de fogo e em um poderoso raio de energia.
A premissa é simples e direta ao ponto, como já é de se esperar de um título para portátil, mas eu fui surpreendido pelo quanto a experiência oferecida é satisfatória. São três fases, cada uma com três partes e um chefe: banco, porto e aeroporto. Para progredir, é necessário derrotar os inimigos e achar chaves coloridas para abrir as portas correspondentes, até encontrar a vermelha, que é a necessária para seguir para a próxima área.
Há uma boa mistura de sessões de plataforma com armadilhas e inimigos, que realmente obrigam o jogador a utilizar todas as habilidades de Joe Osugi. Nos trechos de progressão vertical, por exemplo, o revezamento entre o uso do gancho e o momento de atacar os bandidos tem que ser preciso para que ele não sofra um golpe fatal. A jogabilidade desempenha um papel fundamental na ação, uma vez que a velocidade da resposta dos comandos deixa muitos jogos atuais nas sombras, e isso é um feito considerável para um título portátil de mais de duas décadas.
Para quem achar que isso pode exigir muito de quem está no controle, a dificuldade tem uma curva de aprendizagem que realmente beneficia o jogador. Escolher o fácil nos permite finalizar o jogo em aproximadamente 40 minutos, mas não nos deixa combater o vilão principal. Logo, para ter o real desfecho temos que concluir pelo menos no modo normal, o que também nos premia com o desbloqueio do nível difícil, sendo que esse realmente nos leva ao extremo dos reflexos ninjas, mas sem se tornar massacrante ou punitivo.
Quem já se considera um mestre na arte de derrotar toda a gangue Mad Mask pode tentar o Time Trial, que permite tentar concluir as fases já encerradas com marcas temporais menores. No fim, Ninja Five-O já era na medida para o portátil e ainda se mantém muito bem para os consoles de mesa.
Mais um truque do ninja
Outra surpresa muito grata foram as inclusões extras que acompanham o port. Além de ambas as ROMs de Ninja Five-O e Ninja Cop, que possuem entre si apenas algumas diferenças de apresentação mas alcançam a mesma performance, há aquela “perfumaria” já conhecida para embelezar títulos resgatados do passado.
Os filtros de tela, para emular a disposição do GBA, estão disponíveis para serem aplicados a qualquer momento, e isso acaba dando uma leve disfarçada na falta de melhorias gráficas que poderiam ter sido feitas para deixar pelo menos o visual retrô em alta definição. Outros recursos de praxe que marcam presença são o botão de rebobinar e a possibilidade de salvar e carregar o jogo a qualquer momento, apesar de aqui não ser possível ter vários slots, apenas um.
A parte que mais me agradou foram as ilustrações e a jukebox. Podemos folhear cada página do manual da versão americana do jogo, bem como conferir as ilustrações oficiais de David Liu, que assinou a capa deste relançamento moderno e também já fez artes para outros games, como Metal Slug Tatics, River City Girls Zero e Monster Hunter Wilds.
Ninja Five-O possui uma excelente trilha sonora, e podemos escutá-la a qualquer momento no menu principal também. Está tudo lá, desde a abertura até a fase final e podemos alternar entre as versões originais e a remasterização exclusiva para esta versão. Uma boa maneira de revitalizar o clássico sem perder a originalidade.
De volta para o holofote
Ninja Five-O faz um resgate inesperado e muito merecido de um ótimo título do começo da vida do Game Boy Advance, que acabou eclipsado por outros grandes nomes que surgiram no mesmo momento. Os fãs de Joe Musashi e Ryu Hayabusa que derem uma chance para Joe Osugi com certeza não irão se decepcionar.
Prós
- Ótima jogabilidade e level design;
- Fator replay que motiva o jogador a experimentar as diferentes dificuldades;
- A trilha sonora original é muito boa e recebeu uma remasterização à altura;
- Galeria com ilustrações originais e manual completo do cartucho;
- Inclusão da ROM americana e da europeia.
Contras
- Apenas um slot para salvar;
- Ausência de melhorias gráficas ou visuais para deixar o jogo pelo menos em uma resolução mais atual.
Ninja Five-O — PC/PS4/PS5/Switch — Nota: 8.0Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Análise feita com cópia digital cedida pela Konami