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Análise: Crime o’Clock (PC/Switch): uma viagem por múltiplas eras evitando crimes

Viaje no tempo e resolva casos misteriosos com a ajuda da IA EVE.

O passado está sendo alterado por entidades perigosas e você é um detetive que recebeu a missão de evitar que essas modificações destruam a História como a conhecemos. Essa é a premissa de Crime o’Clock, um jogo de aventura no estilo “objetos escondidos” que combina viagem no tempo e prevenção de crimes.

Investigando crimes que alteram a História

O conceito de Crime o’Clock é vasculhar fragmentos do passado com a ajuda de uma IA chamada EVE. Graças a ela, podemos visualizar momentos específicos do tempo, chamados de “tiques”, antes e depois de anomalias causadas por forças inicialmente desconhecidas. No papel de detetive, é nossa função usar todo o arsenal de aplicações da EVE para corrigir os problemas e voltar à linha correta do tempo.

Na prática, Crime o’Clock funciona como um jogo de buscar pessoas e objetos escondidos em vastos mapas. Para cada distorção, nossas missões podem envolver rastrear o paradeiro do criminoso ou da vítima ao longo dos tiques, traçando uma linha do tempo dos eventos para descobrir as causas do crime e como impedir que ele aconteça. Também pode ser necessário procurar itens roubados ou a arma utilizada no crime.

Os casos geralmente envolvem uma progressão narrativa cuja complexidade tem o ponto certo. É bem instigante ver a lógica por trás dos casos e chama a atenção em especial a forma como a trama evolui levantando discussões sobre tecnologia, humanidade e a ética por trás das nossas próprias ações.

Uma viagem linear

Ao todo, temos cinco eras para explorar: Atlântida, Era Perdida (Egito Antigo), Vapor (revolução industrial), Informação (nosso presente) e Neon (futuro próximo). Vale destacar que a progressão da campanha é totalmente linear baseada no que EVE define como próxima tarefa, mas ficamos indo e voltando entre pontos diferentes do tempo em vez de concluir uma época primeiro.

Essa limitação também implica em não ser capaz de voltar aos casos posteriormente caso o jogador queira refazer trechos específicos da campanha. Além disso, o jogo não possui um sistema de save, mantendo o registro de progresso apenas após uma fase ser inteiramente concluída; ou seja, se o jogador precisar sair no meio de uma missão, terá que fazer tudo novamente desde o início, o que não será difícil, mas um tanto tedioso.

Além de vasculhar as eras em busca dos pontos corretos do mapa, temos alguns minigames que servem para quebrar um pouco a repetição. Eles são apresentados quando a IA precisa fazer algum tipo de ação, como conferir seu banco de dados de indivíduos do passado ou entrar em contato com as autoridades para informar sobre um crime.

A lista de minigames inclui jogo da memória e puzzles de conectar peças. Todos os desafios são simples e de baixa dificuldade, mas, como as fases completas podem demorar muito, não considero isso um problema de fato. Mesmo assim, tem momentos em que eles parecem ter sido colocados para encher mais o jogo e não seriam necessários.

Um mundo belo e cheio de detalhes

Como um jogo de aventura focado em encontrar objetos, é importante destacar a qualidade das ilustrações e o nível de detalhes do jogo. Os mundos são bem interessantes e é possível ver os outros casos acontecendo em paralelo, dando a sensação de que tudo é bem amarrado e coeso. Basta olhar para o lado para ver “aquele moço que tinha morrido no caso Y” andando próximo à cena do crime que estamos analisando agora.

Também temos várias referências à cultura pop, como personagens vestidos como os protagonistas de One Piece em Atlântida ou um robô que lembra bastante o EVA-01 de Evangelion na Era Neon. Como as áreas são todas bem povoadas e há vários tiques mostrando os personagens em atividades diferentes, é fácil ver esses mundos como se realmente existissem com esses indivíduos tendo apenas mais um dia de suas vidas ali retratado.

Crime o’Clock está inteiramente disponível em português, o que facilita consideravelmente aproveitar a história. Porém, vale destacar que há alguns erros de tradução, como confusão com falsos cognatos, inconsistências e até mesmo um breve trecho do jogo que não foi traduzido e está em italiano. Mesmo com esses problemas, o tom geral é bem agradável, refletindo muito bem o humor da narrativa geral.

Por fim, gostaria de mencionar ainda que cada missão possui dicas específicas para ajudar o jogador a achar o objeto necessário. Elas trazem pistas, mas não oferecem a resposta imediata, o que significa que o jogador ainda precisará se esforçar para achar o item desejado. Em alguns casos, as dicas não ajudam muito a nortear o jogador no mapa, como quando são usados nomes de distritos que abrem margem para confusão.

Uma boa recomendação

Crime o’Clock é um belo exemplo do que pode ser feito com a gameplay de encontrar objetos e pessoas nos cenários. Criativo e instigante, é uma obra tão recheada de conteúdo que ela é uma recomendação muito fácil do seu gênero apesar de alguns vacilos.

Prós

  • Belas ilustrações de cenários cheios de vida em que podemos acompanhar a vida dos vários personagens;
  • Os minigames ajudam a dar um pouco de variedade à progressão;
  • A narrativa bem conduzida se mantém instigante ao longo dos casos.

Contras

  • Perda total de progresso ao sair da fase;
  • Impossibilidade de rejogar fases durante a campanha;
  • O sistema de dicas nem sempre é um bom auxílio;
  • A dificuldade dos minigames é muito baixa e eles às vezes parecem desnecessários;
  • Pequenos erros de tradução, incluindo um trecho do jogo em italiano ao escolher legendas em português.
Crime o’Clock — PC/Switch — Nota: 8.5
Versão utilizada na análise: PC

Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Bad Seed


é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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