Meus jogos favoritos de 2022 — João Pedro Boaventura

Os redatores do GameBlast falam sobre os títulos que mais curtiram entre os lançamentos deste ano.

em 28/12/2022


É aquela história: estou aqui para listar alguns dos meus jogos favoritos de 2022, seguindo a série de posts com as preferências dos redatores do GameBlast. Sem delongas, segue minha lista particular sem uma ordem definida (só alfabética) — lembrando que podemos ter alguns favoritos, mas também ter a completa noção de que estão muito longe de serem os melhores (e vice-versa).

AI: The Somnium Files - NirvanA Initiative

Ecoando o que eu já disse anteriormente, eu acho que AI: The Somnium Files – NirvanA Initiative (Multi) é um exemplar interessante em relação à discussão sobre o que faz uma experiência interativa ser ou não um game, já que o título é constantemente encarado como uma visual novel, mas ainda oferece muito mais elementos de um jogo — a nível técnico de game design — do que outros que tentam se vender como tal, a exemplo de Ace Attorney. De um modo geral, achei um produto bastante interessante e imersivo, desses fazem o jogador pensar a respeito do mistério principal de sua história mesmo enquanto faz outras coisas do cotidiano.



Bayonetta 3

Bayonetta 3 (Switch) situa- se entre o primeiro e o segundo com uma jogabilidade suficientemente divertida. O problema é que ele tem uma história tão ruim, que cospe nas conquistas da franquia e da própria Bayonetta como personagem, que acaba atrapalhando a experiência geral, deixando um gosto um pouco agridoce na boca.




Os sistemas novos (como o de invocação) são bacanas e eu até gostei da maioria dos cenários, que agora são fases bem mais amplas em comparação aos corredores com áreas abertas dos anteriores, mas quem escreveu a história parece que simplesmente decidiu ignorar toda a mitologia e o que a bruxa passou a representar como personagem.

Eu me diverti? Sim. É um dos meus favoritos de 2022 pelo bruto do gameplay e progressão geral? Sim. Não sou hipócrita a ponto de fingir que não. Entretanto, quero deixar registrado que não vou passar o pano para esses vacilos graves, tá? Ainda, a PlatinumGames tem que ficar mais ligada. Eu brinco que todo ano eu boto a categoria “Prêmio PlatinumGames de Jogo do Ano”, mas dessa vez passou raspando, viu? Se dependesse só de Babylon’s Fall (Multi), certamente ficaria de fora.

Ghostwire Tokyo

Ghostwire Tokyo (PC/PS5) tem um game design relativamente arcaico, que grita “sétima geração de consoles” por conta de sua estrutura muito similar à de um Assassin’s Creed, em que é necessário ir purificando seções do mapa para progredir a história em um mundo aberto com algumas missões paralelas espalhadas e vários colecionáveis.




Contudo, quero deixar claro que, tendo esse pensamento em mente, eu gostei justamente por conta dessa pegada considerada ultrapassada para os padrões da indústria, uma vez que nem toda jogatina precisa ser uma experiência cinematográfica e coisa e tal — tal como cito também no trecho sobre Voice of Cards. Eu só achei que ele poderia ter uma pegada um pouco maior de horror. Ah, as missões paralelas valem a menção isolada, sendo algumas especialmente marcantes, como a do espírito com mania de acumulação.

JoJo’s Bizarre Adventure: All-Star Battle R

O original já era facilmente um dos melhores jogos de anime ao lado de Fist of the North Star: Lost Paradise (PS4), Dragon Ball Z: Kakarot (Multi) e os Naruto Ultimate Ninja Storm, então é natural que a sua nova versão balanceada faça jus a esse status ao atualizá-lo com as poucas coisas que faltavam na edição anterior.




No caso, refiro-me à inclusão de personagens importantes que tinham ficado de fora (como Diego Brando, Speedwagon, Foo Fighters, Trish Una e Yukako Yamagishi e dos DLCs Risotto Nero e Weather Report), além de reformular os modos de jogo, trazendo uma campanha principal composta basicamente por cenários what if (ao contrário do story mode podre do anterior) e a exclusão daquele sistema horroroso que envolvia microtransações para desbloquear as vestimentas e skins alternativas.

Como fã de longa data da série, fiquei bastante feliz que o título finalmente saiu de sua prisão no PlayStation 3. Poderia ter recebido um tratamento um pouco melhor no que diz respeito aos recursos de rede, mas esse é primeiro um jogo de JoJo antes de ser um jogo de luta com viés competitivo — algo que até os desenvolvedores já deixaram claro algumas vezes —, então está tudo ótimo, principalmente porque os servidores um dia podem ser desligados, mas o offline é eterno.

The King of Fighters XV

Por mim, The King of Fighters XV (Multi) é o meu jogo do ano de 2022. Com uma jogabilidade gostosa aprimorada do XIV, esta décima quinta edição chegou oferecendo tudo o que um KOF precisa e em um pacote muito bom, contando com todos os principais modos básicos (coisa que um bom naco dos games de luta hoje em dia aparenta ser incapaz de fazer), elenco sólido na versão base, netcode decente, matchmaking relativamente funcional e, de quebra, um modo DJ com todas as músicas da história da franquia, conhecida justamente por temas icônicos. 




O único tropeço, na minha opinião, foi com os personagens DLCs, uma vez que tanto os time South Town quanto Orochi deveriam estar no roster base, além da Darli Dagger ter sido um erro perante personagens históricos de Samurai Shodown, como Galford ou Amakusa. 

Pena que flopou. E eu boto a culpa na Arc System Works, que realizou um desmonte na cena de jogos de luta ao condicioná-la basicamente à opinião de alguns influenciadores mais vocais que determinam a narrativa desse filão da indústria, mas isso é conversa para outro dia.

Pokémon Legends: Arceus

Olha, Pokémon Legends: Arceus é um jogo que cresceu em mim aos poucos, viu? A introdução dele é modorrenta, mas a campanha logo foi se desenrolando bem e de uma maneira bem divertida. Senti falta de mais algumas batalhas contra treinadores, mas a experiência foi bastante proveitosa como um todo, tanto que me motivei para fazer 100% dele.




Também joguei Pokémon Scarlet/Violet (Switch), mas esse, mesmo ignorando aquela porqueira de programação, só achei chato. O mundo “aberto” separado em seções do Arceus operou de uma forma muito melhor, seja a nível técnico, já que ele carrega seções menores em vez do mapa todo, seja a nível funcional, já que o progresso por etapas escalona tudo com mais naturalidade. Nem preciso falar que o estilo artístico de pintura é muito mais bonito — mesmo com as bordas serrilhadas —, mas aí seria chutar cachorro morto. 

Voice of Cards

O primeiro, The Isle Dragon Roars (Multi), foi um dos títulos que comentei na minha edição de 2021 dessa lista como um que eu tinha interesse em jogar, mas não tive a chance naquele ano. Em 2022, eu não só consegui jogá-lo, como também tive a oportunidade de analisar as duas outras entradas da mesma série: The Forsaken Maiden (Multi) e The Beasts of Burden (Multi).




Embora sejam um pouco redundantes em suas mecânicas e não ofereçam novidades substanciais entre eles, vejo os três como experiências bastante sólidas e suficientemente divertidas por me remeterem a RPGs bem clássicos em termos de estilo e atmosfera. Eles me lembram de quando o ato de jogar videogame era uma prática bem mais simples, dessas em que você assimilava o game a uma tarde monótona e chuvosa de domingo, por exemplo.

Menções honrosas e expectativas para 2023

Além dos já listados, outros dois que eu joguei novamente gostaria de mencionar separadamente por serem ports mais simples se comparados ao relançamento do JoJo ASBR são NieR: Automata - The End of YoRHa Edition (no Switch) e No More Heroes 3 (no PlayStation).

O primeiro deles eu considero amplamente um dos principais e melhores títulos da década passada, trazendo uma experiência completa em termos narrativos e de jogabilidade, sendo ambos esses critérios conversam entre si de uma maneira exemplar que deveria servir de modelo para qualquer produto da indústria. Fácil um dos meus favoritos que, inclusive, já figurou aqui na minha lista de melhores de 2017, meu primeiro ano no GameBlast.

O segundo já entrou na minha listinha no ano passado, quando foi lançado originalmente no Switch. NMH3 tem uma porrada de falhas estruturais que o colocam como o pior da trilogia, mas o apego emocional que eu tenho pela série impede que a experiência não me seja marcante por si só.

Outras duas menções pontuais vão para Dusk Diver 2 (Multi), que é meu xodozinho pela história e pela identidade visual parecendo um animezão e o segundo melhorou bastante vários de seus aspectos principais, denotando uma evolução do time de desenvolvimento; Digimon Survive (Multi), que acabou saindo prejudicado porque furou a bolha dos entusiastas por visual novel e chegou a uma galera que se decepcionou injustamente porque esperava um RPG tático.




De resto, ou eu só achei jogos meramente decentes, ou são puras decepções, como é o caso de Mario Strikers: Battle League. Sendo muito fã de Strikers Charged, fiquei na expectativa desse novo, mas pautar o design do game visando uma cena competitiva foi uma ideia extremamente ruim porque a tentativa de equilibrá-lo simplesmente tornou-o chatão. 

Outra dentre as ideias de design mais toscas de 2022 foi a de fazer o Switch Sports como um Game as a Service e reduzindo-o apenas aos esportes em vez de se apresentar como uma plataforma de atividades diversas como o Wii Sports original, que, dentre seus objetivos, visava promover um estilo de vida mais saudável ao trazer modalidades alternativas (como squash) e ainda traçava o seu desempenho ao longo do tempo. 

Para o ano que vem, estou de olho em Like a Dragon: Ishin! (Multi), um remake do spin-off de Yakuza que se passa durante o período Bakumatsu; Fatal Frame: Mask of the Lunar Eclipse (Multi), dirigido pelo meu diretor favorito, Suda51, e que finalmente chega ao Ocidente pela primeira vez depois de quase quinze anos preso no Wii; Disgaea 7 (Multi), na esperança de ser um jogo minimamente bom, ao contrário do sexto, cujo desastre que ele foi em termos da jogabilidade provavelmente diminuiu seu ciclo de vida em alguns anos; e Suicide Squad: Kill the Justice League (Multi), na esperança de que a Rocksteady saiba trabalhar o time em questão com uma propriedade maior do que aquele desastre conduzido pelo James Gunn.

Pretendo também ficar atento, mas com um olhar crítico, em Assassin’s Creed Mirage e Hogwarts Legacy (Multi), uma vez que o histórico de ambas as marcas anda jogando contra elas no que diz respeito à manutenção de expectativas. Fire Emblem Engage também, mas mais por respeito à franquia do que por conta desse título em específico, que me parece bem constrangedor. Stellar Blade (PS5) corre por fora por motivos de: não tenho um PlayStation 5, mas começo a namorar a ideia de adquirir um em 2023 (o que, efetivamente, faz com que eu só vá comprá-lo lá para 2025). 

Revisão: Juliana Paiva Zapparoli

É jornalista formado pelo Mackenzie e pós-graduado em teoria da comunicação (como se isso significasse alguma coisa) pela Cásper Líbero. Tem um blog particular onde escreve um monte de groselha e também é autor de Comunicação Eletrônica, (mais um) livro que aborda história dos games, mas sob a perspectiva da cultura e da comunicação.
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