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Análise: No More Heroes III (Multi) é a aventura derradeira de Travis Touchdown com direito a assassinatos, sushi e muita loucura

Mesmo com uma produção gráfica aquém e um mundo aberto chato, o jogo de hack and slash entrega uma aventura engraçada, divertida e repleta de ação.


Como adiantamos na sua prévia, No More Heroes III finalmente chegou aos consoles de mesa da Sony e da Microsoft, além do PC. O game já era conhecido do Nintendo Switch, onde pudemos relembrar toda a loucura e diversão da franquia. Portanto, a expectativa era que hardwares mais poderosos pudessem dar ainda mais vida às aventuras de Travis. Pegue a sua katana laser e não esqueça dos sushis, pois vamos conferir o resultado desse relançamento nesta análise de outro mundo.

Uma série de qualidade

Antes de mais nada, preciso confessar que sempre fui um fã da série. Minha primeira experiência foi no Wii, por meio de No More Heroes 2: Desperate Struggle. A jogabilidade frenética e os personagens cativantes me encantaram, me levando a experimentar o título predecessor posteriormente. Depois disso, tive a oportunidade de jogar No More Heroes: Heroes' Paradise (PS3/X360), versão do console de mesa do primeiro game.
A franquia já conta com ótimos títulos
Muito tempo se passou e finalmente tivemos o anúncio do terceiro título em 2019. Como aperitivo, Travis Strikes Again: No More Heroes foi lançado como um spin-off nesse mesmo ano, introduzindo vários conceitos que seriam vistos no novo game da série principal. Eis que chegamos a No More Heroes III, cujo lançamento foi em agosto de 2021 exclusivamente para o Switch.
 
Finalmente ela caiu em outubro de 2022 e pude matar a saudade da caótica obra de Goichi Suda. O game é um hack and slash recheado de minigames e exploração. Apesar desse último elemento ser fraco, os dois primeiros mais do que compensam. A história também é um ponto alto, mostrando o retorno de Travis ao mundo dos assassinatos.
Os fãs estavam no aguardo da tão sonhada continuação
Aliás, os combates são literalmente de outro mundo: uma invasão alienígena, comandada pelo Príncipe FU, exige que o otaku saque sua katana laser e entre para a luta. O vilão principal comanda um grupo de pretensos Super-heróis intergalácticos, mas que na verdade são tão maus quanto o chefe. Eles incluem assassinos, ladrões e sequestrados, cada um deles com habilidades e aparências incríveis e exclusivas.

Muito além dos combates

Além dos vilões e do protagonista, temos vários personagens como Sylvia, esposa de Travis, Shinobu, discípula do herói, Jeane, a gata de estimação, e Badman, ex-inimigo e agora aliado. É importante avisar aos novatos da série que No More Heroes III é repleto de acontecimentos chocantes e malucos, incluindo verdadeiras reviravoltas. Particularmente, esse é um dos pontos fortes da franquia e a tornam encantadora.
Nada como brincar com o gatinho, digo, gatinha
Embora saibamos que esse tipo de decisão nunca é verdadeiramente definitiva, o terceiro título da série pode ser considerado como o fechamento da história de Travis. O enredo, incluindo a sua conclusão, é sempre bem-humorado e repleto de referências a obras como Exterminador do Futuro, Capitã Marvel, Kamen Rider, The Legend of Zelda, Star Wars, entre tantos outros. Aliás, o título tira sarro de si mesmo e da sua série com frequência, assim como dialoga diretamente com o jogador, quebrando a quarta parede.
Como não quero proporcionar spoilers, apenas digo que o final é digno da franquia até agora. Isso também vale para a estrutura do game, que segue a já conhecida fórmula No More Heroes: a história progride ao derrotarmos cada um dos 10 vilões, sob o comando de FU, organizados em uma espécie de ranking. Essas lutas contra os chefes, entretanto, só acontecem quando vencemos combates preliminares e coletamos dinheiro para pagar uma taxa.

 
Para realizar essas duas tarefas, é preciso explorar os vários mundos de NMH III em busca de lutas (para obter joias) e trabalhos (para obter dinheiro). Deixando os combates para logo mais, ressalto que essas tarefas são espécies de minigames que vão desde limpar vasos sanitários até cortar grama e minerar pedras preciosas. Infelizmente, explorar esses mapas é uma tarefa árdua.

Grandes áreas praticamente vazias
Todos eles são pouco interessantes, com visuais simples e sem atrações. Mesmo com a presença de lojas, transeuntes e as já citadas lutas e trabalhos, esses mundos abertos são chatos. Existem colecionáveis como figurinhas e escorpiões (!) para serem coletados, mas ainda assim a exploração é tediosa.
Fãs de colecionáveis vão se sentir em casa
Ao menos as lutas e minigames são divertidos e fazem valer a pena percorrer os mapas. Eles têm ambientações bem diferentes, incluindo cidades, desertos e praias, incluindo até mesmo um chamado Neo Brazil (não espere muita similaridade com o nosso país). Ao menos Travis conta com uma motocicleta à la Akira para se locomover.

Hack and slash de primeira

Dentre todas as suas qualidades, No More Heroes III tem os seus combates como um dos maiores destaques. Travis tem como arma principal a sua katana laser, que combina ataques leves e pesados em combos rápidos e poderosos. É preciso, entretanto, ficar atento à bateria da arma, que precisa ser recarregada conforme usada.
Sequências bem-sucedidas de golpes acionam um sistema caça-níquel que pode resultar em dinheiro extra, recarga imediata da katana, invencibilidade e até uma armadura poderosa. O assassino também tem a disposição golpes de luta livre e sua versátil Death Glove. Ela conta com habilidades únicas para enfrentar os vilões, cada uma delas com um sistema de cooldown.
As lutas continuam tão divertidas quanto antes

Com ela é possível acertar um chute poderoso, lançar os inimigos longe e até ativar uma zona de ataque automático. Defensivamente, Travis pode bloquear e esquivar, sendo que esse último movimento, se executado no último instante possível, permite ao assassino contra-atacar rapidamente. As lutas, assim como os já comentados minigames, também rendem materiais além do dinheiro.

Esses materiais podem ser utilizados em um sistema de criação de chips, que podem ser equipados para conferir efeitos passivos. Para completar, temos itens cosméticos para personalizar o visual do herói e barracas de sushi, que podem ser comprados para recuperar a vida, melhorar atributos temporariamente, entre outros efeitos.

Produção divertida, mas limitada

É uma pena que No More Heroes III, com todas as suas lutas fantásticas, cutscenes divertidas e personagens interessantes, tenha uma produção medíocre. Com poucas exceções, a maioria dos elementos gráficos parece um meio termo entre PS3 e PS4. Infelizmente, nada fora do esperado de um game produzido originalmente para o Nintendo Switch.
Sylvia, assim como o jogo em si, mereciam visuais mais caprichados
Eu tinha esperança que os hardwares mais poderosos da Sony e da Microsoft, assim como dos PCs, pudessem ser utilizados para melhorar a produção. Na prática, nem mesmo eles puderam fazer milagres. Existe um progresso visível com uma melhora nas texturas e a adição de mais detalhes, como árvores mais frondosas. A taxa de quadros também é superior, com desempenho suave e estável.
As lutas espaciais são bastante divertidas
Infelizmente, levando em conta que já temos uma nova geração de consoles com o PS5 e o Xbox Series, ficou um gosto de quero mais. Ressalto que a experiência ainda funciona bem graças ao carisma da proposta e a alta velocidade dos combates. Fica para a imaginação o que seria um No More Heroes com produção de primeira linha. Por fim, outro ponto que pode ser visto como negativo é a receptividade aos estreantes na série.
Os visuais não são um grande destaque, mas reservam boas surpresas
Em outras palavras, caso o jogador não tenha experimentado títulos anteriores, vai ficar boiando em diversas cenas e comentários do game. Nada muito crítico, visto que isso é algo relativamente comum em franquias mais longas, mas ficou faltando alguma introdução no começo da aventura. Seja como for, uma mente aberta é suficiente para aproveitar o game. São poucos os lançamentos com essa pegada caótica e estilosa, valendo muito a pena experimentar o título.

Very Sweet Blood Berry

Admito que as minhas expectativas por No More Heroes III eram grandes. Apesar das limitações de ordem técnica, no fim das contas a produção atendeu aos meus anseios. Tal como nos títulos anteriores, temos uma aventura repleta de emoção e maluquices, combates radicais e aquele charme característico. Fico na torcida para que esse não seja o real fim da franquia e que, um dia, possamos mais uma vez nos divertir com Travis e companhia.

A conclusão da ótima franquia No More Heroes

Prós

  • Hack and slash de ótima qualidade em quase todos os sentidos;
  • História divertida com personagens malucos e cativantes;
  • Jogabilidade fluída e dinâmica com excelente nível de desafio;
  • Dublagem e trilha sonora de boa qualidade;
  • Boa quantidade de missões e colecionáveis para continuar jogando.

Contras

  • Produção gráfica e técnica limitada, incluindo um mundo aberto pouco interessante;
  • Jogadores que não conhecem a franquia ficarão um tanto perdidos.
No More Heroes III — PC/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Camila Cerineu
Análise realizada com cópia digital cedida pela XSEED Games

é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
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