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Análise: Ghostwire: Tokyo (PC/PS5) traz ação e mistérios em uma aventura japonesa bela e incrível

Muita diversão e emoção te esperam neste FPS sobrenatural único e com produção de ótima qualidade.


Embora eu já tivesse visto algumas imagens e vídeos, foi somente quando joguei Ghostwire: Tokyo que realmente entendi a sua proposta única. Fazendo uso de elementos de ação, aventura e terror, o game traz uma aventura em plena Tóquio moderna, mas invadida por vários elementos sobrenaturais nipônicos. O resultado? Uma experiência incrível, conforme vamos esmiuçar na nossa análise.

Não conheci o outro mundo por querer

A história do jogo, lançado em 25 de março para PS5 e PC, começa bastante movimentada: a população de Tóquio começa a desaparecer em meio a uma misteriosa névoa. Além disso, seres sobrenaturais começam a tomar conta da cidade, todos eles oriundos do folclore japonês: onis, yokais, nekomatas e tengus. Os chamados Visitantes são os mais perigosos, liderados pelo maligno Hannya.
Um game com produção digna da nova geração de consoles

O protagonista Akito acorda em meio a esse caos com uma voz misteriosa na sua cabeça, vinda de um espírito detetive chamado KK. Após uma tentativa sem sucesso de tomar o corpo do jovem à força, ambos resolvem unir forças para alcançar seus objetivos. Enquanto as motivações de KK são conhecidas aos poucos, Akito busca pela sua irmã, internada num hospital na região.

A partir daí, a história se desenrola com competência, pouco a pouco explicando os acontecimentos, o passado de KK e Akito, e a origem do grupo de vilões. Mais do que isso seria entrar em terreno de spoilers, mas garanto que cada capítulo vale a pena, com misturas equilibradas de terror e ação. Além disso, temos atrações secundárias muito legais espalhadas pela cidade, conforme explicarei em breve.

Akito parte para a luta com a ajuda de KK
Ghostwire: Tokyo tem localização em português brasileiro da mais alta qualidade, algo que eu particularmente não via em tempos (talvez até melhor que o inglês, de acordo com comparações pontuais que fiz). Amantes e/ou versados em japonês podem aproveitar a dublagem original sem problemas. Ou seja, condições perfeitas para aproveitar ainda mais a ótima campanha principal.

Produção de outro mundo

Um dos maiores destaques do game são os visuais. Tóquio, com foco na região Shibuya, é uma cidade linda, repleta de coisas interessantes em uma dualidade de modernidade e tradição. Adicione o elemento sobrenatural e temos cenários muito interessantes para jogar. Personagens também se valem dessa qualidade, embora em um nível reduzido, resultando em monstros, espíritos e humanos bastante verossímeis.
Prepare-se para levar alguns sustos

O trabalho de som de Ghostwire: Tokyo também merece um grande destaque. As músicas são ótimas, variando entre momentos de tensão e suspense com ação e emoção com toques nipônicos. Efeitos sonoros, como monstros sussurrando assustadoramente, são impactantes e tornam os combates imersivos (logo falarei sobre eles). A já citada dublagem fecha o pacote com maestria na produção de outro mundo do game.

Falando em produção, tecnicamente temos um jogo que roda de forma muito competente. Esta é minha primeira experiência com um game exclusivo para a nova geração e confesso que fiquei impressionado com os carregamentos rápidos e opções, como priorizar a taxa de quadros ou a resolução. As partes com elementos de terror, em que temos luzes assustadoras, paredes móveis e outros elementos de praxe, são bem apresentadas e demonstram o poder do PS5.

Mandando os inimigos pro além

Chegamos ao quesito jogabilidade, outro na qual Ghostwire: Tokyo se destaca com qualidade e ineditismo. Para enfrentar as muitas ameaças encontradas no FPS, Akito recebe de KK habilidades especiais baseadas em elementos. Utilizando suas mãos para fazer selos (no melhor estilo Naruto), golpes de vento, fogo ou ar podem ser disparados de forma divertida e dinâmica.
Cada elemento contribui de forma única

Cada uma das chamadas técnicas de Tecelagem Etérea têm características próprias: técnicas de vento são rápidas e precisas, de fogo são muito fortes e de água tem alcance por área. É possível alternar entre elas livremente, assim como controlar a intensidade dos golpes de acordo com o tempo que o botão de ataque é mantido pressionado (DualSense faz bonito aqui). Lutar contra os Visitantes é sempre muito divertido graças aos belos efeitos e a cadência quase perfeita dos ataques.

Além desses poderes sobrenaturais, que fazem uso de um recurso chamado éter, é possível utilizar um arco e flecha especial e talismãs mágicos. Os últimos possuem habilidades específicas, como paralisar ou atrair inimigos e criar esconderijos. O elemento stealth também está presente, com a possibilidade de atacar furtivamente inimigos distraídos.

Chegue de mansinho para derrotar inimigos com a purgação rápida
Outro recurso consiste em usar a tecelagem etérea e golpes físicos para extrair o núcleo dos Visitantes enfraquecidos. Por fim, podemos defender investidas inimigas, sendo que um bloqueio com precisão anula completamente o dano e pode refletir o ataque. Pontos de experiência coletados aumentam o nível do protagonista, concedendo mais vida e pontos de técnica para melhorias variadas. Ver a sincronia entre Akito e KK crescer, tanto técnica quanto pessoalmente, é muito satisfatório.

Detetive espiritual

Além dos combates, a exploração é parte importante de Ghostwire: Tokyo. A capital do Japão tem todo tipo de templos, prédios, zonas residenciais, shoppings e construções que podem ser percorridos em busca de surpresas. Akito pode planar pelos ares e utilizar uma habilidade semelhante a um arpéu para subir prédios com o auxílio de tengus.
Explore o vasto cenário em busca de espíritos para absorver e salvar, além de outras atrações

Nem todas as áreas, entretanto, estarão disponíveis para explorar desde o início, pois uma névoa limita as regiões seguras. Para limpá-las, é preciso purificar portões espalhados pelo mapa. Conforme o jogador avança pela história, novos locais podem ser liberados, assim como o acesso a missões secundárias, lojas, melhorias, colecionáveis, entre outros recursos e desafios cada vez mais avançados.

A habilidade chamada Visão Espectral auxilia muito ao se aventurar por Tóquio, permitindo detectar e investigar pontos de interesse com mais facilidade. Prepare-se para encontrar cães e gatos famintos, tanukis escondidos, espíritos com problemas, itens poderosos, entre outras opções interessantes. Ela também ajuda em combates, destacando inimigos e outros elementos em meio ao cenário.

Quem é um bom garoto?

Embora tenha uma boa quantidade de atividades à parte da história principal, todas elas são interessantes. Elas complementam o mundo do game, tornando-o mais vivo e interligado. Particularmente, gostaria de ter visto um pouco mais de terror ao longo da aventura, com algumas seções menos focadas em combates e mais em sobrevivência. Afinal, vale lembrar que a produtora Tango Gameworks já executou com sucesso algo nesse modelo com a série The Evil Within.

Uma experiência única

A qualidade das partes que compõem Ghostwire: Tokyo é alta, mas o que realmente chama a atenção é o ineditismo de várias delas. A forma com que a cidade foi representada, o sistema de combate, os vilões sobrenaturais, entre vários outros exemplos, são aspectos únicos no mundo dos games e certamente merecem o devido destaque. Ele tem elementos clássicos, mas sempre com vieses originais.
O game tem uma boa quantidade de colecionáveis, incluindo roupas variadas
Uma boa parte do jogo, inclusive, pode lembrar outros FPS como Doom Eternal (Multi), mas ressalto as várias inovações e pegadas únicas de elementos clássicos. Tudo isso torna a experiência desafiadora, divertida e viciante ao seu próprio modo. A única ressalva fica quanto às lutas contra os inimigos, sobretudo nas habilidades sobrenaturais elementais.
 
Não me entenda mal: as lutas de Ghostwire: Tokyo são ótimas, com ataques que precisam ser bem planejados graças ao sistema de intensidade x tempo de carregamento, possibilidade de bloqueios perfeitos, itens variados e furtividade. Ficou faltando apenas aprofundar as mecânicas dos ataques com os elementos, que são o carro chefe do game.
O impacto inicial de utilizá-las é ótimo, mas, mesmo com as opções da árvore de melhorias, elas acabam se tornando um pouco repetitivas. Faltam customizações mais profundas e combos elaborados. Por exemplo: disparar um ataque de fogo seguido de dois de vento poderia formar um “furacão flamejante” ou permitir alguma tecelagem especial. Sem coisas assim, os combates, ainda que dinâmicos e divertidos, perdem fôlego conforme nos aproximamos do final da história.

Bem-vindo a Tóquio, espero que sobreviva a experiência!

Com uma proposta única e repleta de boas ideias, Ghostwire: Tokyo consegue entregar uma aventura instigante, divertida e muito bem produzida. Explorar a capital japonesa é um deleite visual e prático, pois sempre temos missões, combates e explorações para enfrentar e curtir. A história principal funciona bem e oferece uma experiência com elementos de ação e terror.

Um game belo, refinado e envolvente
Pontos como cenários e efeitos luminosos são impecáveis visualmente, assim como a jogabilidade e as mecânicas de jogo, todas sólidas e interessantes. Se não fossem os combates um pouco repetitivos e o uso modesto do terror, o jogo seria um forte concorrente a GOTY. Ainda assim, temos uma excelente e peculiar sugestão para a biblioteca de quem curte games de ação e aventura.

Prós

  • FPS com forte influência japonesa traz uma aventura dinâmica, divertida e com boa dose de desafio;
  • História principal interessante e com boas reviravoltas casa bem com os colecionáveis, as missões secundárias e os desafios disponíveis;
  • Visuais de ótima qualidade, com destaque para a cidade de Tóquio e os efeitos durante os combates;
  • Jogabilidade e mecânicas de jogo únicas e muito bem implementadas;
  • Efeitos e trilha sonora são ótimos, seja nos gritos de monstros, seja nas dublagens em inglês, japonês ou português brasileiro;
  • Produção técnica excelente, com carregamentos rápidos, configurações fartas e execução suave.

Contras

  • Sistema de combate perde o fôlego com o passar do tempo;
  • Mais elementos de terror poderiam ter sido utilizados.
Ghostwire: Tokyo — PC/PS5 — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Heloísa D'Assumpção Ballaminut
Análise produzida com cópia cedida pela Bethesda

é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
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