Blast Test

HAAK (PC): muita ação e puzzles em um metroidvania pós-apocalíptico

O bom uso de mecânicas consagradas e ótima ambientação são os maiores destaques desta produção indie.


Um mundo em ruínas é o cenário de HAAK, título de ação produzido pelo estúdio indie chinês Blingame. O jogo aposta em ambientação marcante e sombria com gráficos 2D e muitos trechos com puzzles de plataforma para criar uma aventura envolvente com toques de metroidvania. Lançado no PC em Acesso Antecipado, ele já apresenta conceitos sólidos e promissores, por mais que ainda precise de conteúdo e polimento em alguns aspectos.

Explorando um mundo destruído

No jogo, acompanhamos Haak, um homem que procura por seu irmão em um local que foi devastado por algum evento apocalíptico. Em sua busca, ele encontra um relógio comunicador e passa a ter o apoio de um indivíduo que se identifica pelo codinome Tr8, que também está procurando uma pessoa. Além de ter que lidar com os inúmeros perigos presentes em ruínas de cidades, Haak precisará enfrentar uma organização que deseja controlar a região.


Para avançar pela aventura, o herói conta com várias habilidades e equipamentos. O mais importante deles é uma luva com poderes elétricos, que habilita golpes de curto alcance para atingir inimigos e obstáculos. Além disso, o item é capaz de soltar uma corda de energia para atingir oponentes e objetos distantes. O cabo elétrico também pode ser usado em ganchos para lançar o personagem em diferentes direções.

HAAK explora esses conceitos em um jogo de ação e plataforma 2D. Na maior parte das salas, o desafio é alcançar algum ponto do cenário em pequenos puzzles de navegação que exigem uso correto das habilidades do herói. O próximo objetivo é marcado no mapa, mas raramente o caminho é direto e usual, o que exige explorar os locais para encontrar a rota. A progressão é linear; as regiões, porém, contam com estruturas elaboradas com segredos e caminhos alternativos.


Destreza e experimentação em desafios variados

Apreciei bastante a combinação de momentos de plataforma, pequenos puzzles e combate proporcionada por HAAK. Em especial, é acertado o foco em desafios de navegação. Em uma sala, por exemplo, precisei me pendurar na borda de um bloco para evitar lasers que se moviam pela parede. Já em outro local, abusei da corda de energia para acertar alavancas distantes que abriam portas por tempo determinado. Um terceiro momento me exigiu destreza, pois precisei acertar ganchos em sequência pelo ar para não tocar o chão repleto de água venenosa.


Um aspecto que me incomodou foi a presença de tentativa e erro. Em alguns momentos, não está muito claro o que é necessário fazer para avançar, o que resulta em mortes constantes. Há cenas também que demandam decorar movimentos, como em uma parte em que Haak é perseguido por cachorros imensos e precisamos fugir deles enquanto evitamos buracos e obstáculos — basta um pequeno deslize para ser derrotado. Para piorar, às vezes o personagem reaparece no último ponto de salvamento, exigindo refazer longos trechos dos cenários.

A estrutura de HAAK é o que eu classificaria como metroidvania lite. O mundo do jogo é separado em diferentes áreas e a progressão é linear, mas os mapas contam com missões opcionais, segredos e rotas alternativas que incentivam a exploração. Muitos lugares, inclusive, só podem ser acessados após adquirir certas habilidades, como a investida no ar. A linearidade torna o ritmo melhor, afinal sempre há algum evento interessante acontecendo, e desbravar os caminhos alternativos é recompensador por causa da presença de itens e de informações que complementam a história. O tradicional backtracking é um pouco custoso, pois não há pontos de viagem rápida, mas imagino que é um aspecto que pode ser facilmente alterado no futuro.


Um belo universo, mas em estado inicial

O universo de HAAK chama atenção com seu elaborado visual desenhado à mão. O jogo usa uma paleta de cores pálida e muito contraste para trazer um ar sombrio aos cenários, e o uso de iluminação dinâmica torna os elementos muito belos. O tema de mundo devastado é explorado com a presença de locais usuais, mas interessantes: ruínas urbanas repletas de carros e detritos, construções subterrâneas iluminadas por luzes neon, um campo militar de sobreviventes com lanternas de papel vermelho que trazem uma aura oriental, e mais.


Como título de Acesso Antecipado, HAAK apresenta polimento e boas ideias, mas ainda precisa melhorar. Para começar, controles tradicionais não estão funcionando corretamente, e foi necessário fazer uma configuração customizada no Steam para usar o meu. O movimento do personagem às vezes é um pouco escorregadio, o que me fez cair em armadilhas. O desenho dos níveis tem problemas em certos trechos: em um ponto fiquei preso em uma sala mal projetada e precisei carregar novamente meu arquivo. Por fim, o conteúdo é reduzido e pode ser terminado em duas horas. Estas questões são justificáveis, afinal o jogo está em estado inicial, mas é importante ter as expectativas corretas ao experimentá-lo.


Jornada promissora

HAAK é um título de ação 2D que chama a atenção com sua ambientação soturna e elaborada. A aventura conta com interessantes desafios e puzzles de plataforma que exigem destreza e experimentação, em uma progressão de bom ritmo que alterna entre trechos lineares e de exploração. Fora isso, um visual desenhado combinado com iluminação dinâmica e uso contrastante de cor resulta em um mundo soturno e belo. Ele foi lançado em Acesso Antecipado e já apresenta conceitos sólidos, mas ainda precisa de balanceamento em alguns pontos, além de mais conteúdo. No fim, HAAK já se mostra bastante promissor e é um jogo que vale a pena ficar de olho.

Revisão: Ives Boitano
Texto de impressões produzido com cópia digital cedida pela Lightning Games

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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