Blast Test

Eastern Exorcist (PC) traz ação brutal em uma aventura inspirada na mitologia chinesa

Purifique demônios na pele de um exorcista neste título que se destaca com seu sistema de batalha.


Em Eastern Exorcist, um guerreiro e exorcista explora uma terra repleta de perigos em um jogo de ação 2D. O título tem como destaque um combate ágil e cadenciado que demanda precisão e estratégia combinado a ambientação é ímpar com visual pintado a mão. O jogo foi lançado no PC em Acesso Antecipado e já apresenta maturidade em quase todas as suas áreas, porém ele carece de ajustes e balanceamentos. Mesmo assim, no estado atual, já é um título notável.

Uma luta por vingança

Lu Yunchan é um exorcista que está investigando incidentes em uma vila nas montanhas com seus companheiros de clã. Durante a missão, o grupo encontra um espírito de raposa que talvez possa ser responsável pelos problemas da região. Como líder, o protagonista decide deixar a criatura ir, pois não acredita que ela seja capaz de fazer mal. Logo após soltá-la, o grupo é emboscado e dois de seus membros acabam perecendo. Lu Yunchan é considerado culpado e é expulso da ordem de exorcistas. Desolado, ele decide levar os restos mortais de seus companheiros para as suas cidades natais, porém encontra inúmeros problemas em seu caminho, além de, talvez, a chance de se vingar contra o real responsável por sua tragédia apareça.


A jornada do guerreiro exorcista é explorada em um jogo de ação 2D por um mundo repleto de criaturas sobrenaturais que causam todo tipo de problema para as pessoas. A estrutura é completamente linear: em cada capítulo, o objetivo é ir até a próxima área marcada no mapa. Fora alguns desafios opcionais contra chefes, não há missões extras ou exploração elaborada — isso não chega a ser ruim, pois o jogo mostra as suas intenções desde cedo e se concentra em executá-las bem.

O foco é o combate, e o herói tem várias ferramentas para enfrentar os oponentes, como sua espada e vários feitiços. O curioso é que não basta simplesmente derrotar os monstros: é necessário purificá-los, senão eles revivem ainda mais fortes. O ritmo é acelerado e lembra um hack 'n' slash, mas, na verdade, a jogabilidade é mais cadenciada. Muitas das ações do exorcista, como esquivar e defender, consomem fôlego — ficar sem energia significa estar completamente vulnerável, logo é importante agir com cautela. Além disso, algumas sequências mais poderosas de ataques só funcionam se os comandos forem executados no momento correto, trazendo aspectos de ritmo e observação ao combate.


Eastern Exorcist conta também com leves aspectos de RPG. A essência obtida ao derrotar monstros ou coletar orbes do cenário pode ser utilizada para aumentar o nível do herói ou para fortalecer os feitiços. Cada uma das magias apresenta uma árvore de habilidades com efeitos diversos de suporte e de ataque, sendo possível alternar instantaneamente entre quatro feitiços durante os embates. É um sistema simples, mas que oferece algum espaço para experimentação.

Entre o frenesi e a beleza

Eastern Exorcist se concentra em oferecer ótimos combates e, felizmente, ele os executa muito bem na maior parte do tempo. As batalhas são ágeis e intensas, com muitas opções táticas para enfrentar os desafios. Em um primeiro momento, ele parece ser mais um título de ação, mas agir de qualquer jeito significa morte certa por causa do sistema de fôlego. Sendo assim, para sobreviver, é essencial observar o inimigo e atacar na hora correta. Há várias ferramentas que incentivam essa abordagem por não consumirem fôlego, como um movimento de aparar ou um contra-ataque após uma esquiva, porém elas exigem técnica: se executadas nos momentos errados, o exorcista fica vulnerável.

No começo, eu tive bastante dificuldade por atacar de qualquer jeito, contudo aprendi na marra o que deveria ser feito e logo já estava fazendo movimentos impressionantes, como aparar ataques de inimigos e contra-atacar. Os feitiços ajudam a trazer diversidade com seus efeitos: um deles lança espadas de energia contra os inimigos, outro conjura relâmpagos ao usar a esquiva, um projétil de água permite se teletransportar pela arena, um escudo elétrico protege contra dano, e assim por diante. O sistema de magia e sua árvore de habilidade é um pouco confuso, mas, depois de entendido, ele abre possibilidades interessantes.


Dominar esses sistemas são importantes, pois a dificuldade de Eastern Exorcist é intensa. Inimigos normais são capazes de derrotar o herói com facilidade em momentos de desatenção e sempre há muitos monstros para enfrentar. Já os chefes apresentam sequências de ataques elaboradas capazes de destruir o exorcista em questão de segundos. Em especial, gostei dos confrontos contra os mestres por causa da variedade de situações, o que me forçou a repensar minhas estratégias, sempre agindo com atenção — em muitas das vezes, usar um feitiço diferente foi suficiente para vencer o desafio. Ocasionalmente, é um pouco frustrante ser constantemente derrotado pelos mesmos monstros, mas muitos checkpoints e uma opção de dificuldade menor ajudam a contornar isso.

Fora isso, o exorcista explora um belo mundo com ambientação chinesa. O visual pintado à mão é belo, e o tom é sombrio e surreal com a presença de vilas, florestas repletas de névoa, um rio com destroços, cavernas e mais. Há também várias cenas animadas — cuja inspiração vem do teatro tradicional chinês — que retratam a história do personagem, e algumas dessas partes são impactantes com violência e criaturas bizarras. Uma trilha sonora simples com instrumentos orientais e dublagem em chinês complementam a temática.


Um jogo completo, mas que ainda precisa de ajustes

Eastern Exorcist foi lançado no formato Acesso Antecipado, mas já passa a sensação de maturidade. É possível acompanhar a história do exorcista Lu Yunchan até o fim, por mais que um vídeo no final dê a entender que uma campanha com outro protagonista será adicionada no futuro. Mesmo assim, ainda não dá para saber como será a versão final do jogo, pois a desenvolvedora não divulgou um plano de atualizações.

Ainda, vários pontos ainda precisam melhorar. O balanceamento da dificuldade é o principal deles: alguns inimigos são poderosos demais, outros são irrelevantes. Na ocasião do lançamento o título estava brutalmente difícil, com alguns chefes exigindo estratégias milimetricamente executadas, mas, felizmente, ajustes já foram feitos e o desafio agora está mais justo. O uso de fôlego e o impacto de certos golpes mais difíceis de executar também foram alterados, melhorando o ritmo de jogo.


Algumas mecânicas também precisam de regulagem. A janela para execução do contra-ataque, por exemplo, ainda é curta demais, o que desestimula o seu uso. Muitos golpes dos inimigos poderiam ter uma antecipação mais clara para permitir uma reação mais consciente do jogador. Certos tipos de dano, como projéteis, não geram ações no herói, o que me fez várias vezes morrer sem saber o motivo. Por fim, em algumas arenas, falta clareza visual.

Mesmo sem um plano exato, a desenvolvedora continua lançando várias atualizações para atender às reclamações e sugestões dos jogadores. Alguns pontos vão demorar para serem corrigidos, como a localização estranha para inglês, porém, no estado atual, Eastern Exorcist já é uma boa experiência.


Beleza e ação que já valem a pena

Eastern Exorcist é um ótimo jogo de ação, mesmo que ainda em desenvolvimento. É difícil não se envolver com seu combate ágil e repleto de opções, sendo que a presença de uma barra de fôlego o torna cadenciado e estratégico. Além disso, a ambientação é ímpar com visual belíssimo e temática bem explorada, por mais que a estrutura seja completamente linear. O título apresenta alto grau de polimento, mesmo estando em Acesso Antecipado, mas ainda precisa de muitos ajustes em certos aspectos, como mecânicas e dificuldade. No mais, Eastern Exorcist é recomendado para quem gosta de um bom desafio, ainda que incompleto.

Revisão: João Pedro Boaventura
Texto de impressões produzido com cópia digital cedida pela Bilibili/Renaissance PR

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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