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Análise: Ashes of the Singularity (PC): batalhas intensas e gigantescas

Incentivando uma jogabilidade ofensiva com exércitos de centenas de unidades, título deve agradar aqueles que procuram por novos jogos de estratégia.

Preciso deixar claro que o meu relacionamento com jogos RTS é um misto de amor e ódio. Por mais que eu adore montar exércitos, gerenciar civilizações e pensar em estratégias, eu sou muito ruim nisso. Não foram poucas as vezes em que, enquanto jogava Age of Empires, uma legião de cavaleiros e centuriões bem treinados do inimigo aparecia para acabar com a minha existência justo quando o meu exército começava a tomar forma.


Mas ainda assim, é um estilo que eu adoro. Por isso, resolvi conferir o que nos traz Ashes of the Singularity, jogo desenvolvido pela Oxide Games e distribuído pela Stardock Entertainment, mesma empresa que nos trouxe Sins of the Solar Empire. Vamos ver do que “Ashes” guardou para nós, mas já posso adiantar que temos um belo exemplar de jogos de estratégia aqui.


Tudo começa com uma guerra...

Como podemos notar, Ashes se passa em um futuro distante, em um universo dominado pelos humanos que se desenvolveram a tal ponto de conseguirem melhorar a sua própria genética, tornando-se os Post-Humans. Obviamente, como nada é perfeito, uma outra raça chamada The Substrate surgiu e uma guerra entre essas duas facções foi estabelecida.

Apesar de essa explicação ser meio rasa, ela é suficiente para você entender o contexto da história do jogo. O modo campanha, que conta com 11 missões, explica como esse conflito surge, mas não espere por uma trama intrincada. Tudo é explicado através de textos dentro das partidas e não há nada muito empolgante. Talvez este seja o ponto em que o jogo mais deixa a desejar. Mas, um RTS ainda pode se sustentar caso possua boas mecânicas e é aqui onde Ashes of the Singularity (AotS) brilha com mais força.

No calor da batalha, o que mais chama atenção são os raios cruzando os céus.

Cada conquista é importante

Uma das características fundamentais de AotS é que ele é um jogo de estratégia que incentiva o jogador a ser ofensivo e partir para cima dos oponentes. Ficar parado na base geralmente não é uma boa escolha. Isso pode ser percebido logo no sistema de coleta de recursos.

Pense em um mapa dividido em pequenas porções, cada uma delas possuindo um centro. Capturar esse centro permite que jogador obtenha os recursos gerados naquele pedaço de terreno. Assim, dominar espaços e ampliar sua presença territorial é fundamental para reunir suprimentos — metal e material radioativo, vale dizer. Para quem já jogou a série Company of Heroes, o conceito básico é o mesmo.

Essas "linhas" no chão ligam todas as estruturas do mapa. Ajudam a saber por onde explorar
Dessa forma, disputas serão travadas a todo momento em cada canto do mapa. Os recursos só são absorvidos se o terreno ao qual eles estiverem atrelados estiver diretamente ligado à sua base principal. Assim, ao dominar alguns pontos estratégicos é possível cortar uma grande quantidade de recursos, abrindo espaço para reverter um cenário que poderia estar desfavorável ao jogador.

Somado a isso, alguns mapas possuem uma camada extra de dificuldade, criada pelo Gerador de Turinium. Essa construção é única no mapa e concede a vitória ao jogador que acumular uma certa quantidade desse recurso especial. Este fator adicional dá ainda mais opções para levar o seu exército para o sucesso.

Uma das principais naves dos Post-Humans

A vitória está nos números

Outra característica marcante de Ashes, e um dos atrativos do título, é o tamanho dos exércitos. Não é exagero dizer que você terá, literalmente, centenas de unidades sob o seu comando.

O design de AotS incentiva você a sempre criar novas unidades, sejam as básicas ou as naves especializadas. O ideal é sempre ter uma frota grande ao seu alcance. O próprio jogo, durante o tutorial, já indica que algumas naves mais fracas são recursos descartáveis. Assim, você vai querer ter muitas unidades na linha de frente para servirem de alvo, e muitas outras unidades mais fortes para causarem danos enquanto isso.

Mesmo o limite de população nunca foi um problema para mim. Acho que este foi o primeiro jogo em que eu não travei nesse ponto. Se a produção fosse interrompida, poderia ser por falta de recursos (daí a importância de ter um bom controle de territórios), mas nunca por “excesso de gente”.

Apenas para exemplificar: em uma das missões do tutorial, enviei uma força de cerca de 200 unidades para o ataque. Foi uma boa investida, mas perdi todo mundo. Seria uma pena se eu não possuísse um exército ainda maior na saída da minha base, que eu fui criando enquanto a primeira batalha ocorria. Aqui, uma boa referência é a série Supreme Commander, mas Ashes traz ainda mais unidades para o combate.

Sabe aquela festa que aparece TODO MUNDO? Pois é
Já que estamos falando de naves, a diversidade delas quanto à função é bem decente. Todas as variações habituais de unidades em jogos de RTS estão cobertas com algumas opções, dando possibilidades de abordagens variadas, em ambas as facções. Desde aviões pequenos e rápidos até as super naves gigantes com um poder de fogo assustador. Aqui tudo é possível.

Por outro lado, na parte visual eu não senti uma inspiração muito forte no design das naves. Elas são bonitas mas, mesmo colocando as duas facções lado a lado, no final é tudo um “monte de navinha”. Até porque no meio das batalhas os tiros e mísseis ganham um destaque bem maior do que o seu exército de Brutos, a unidade básica dos Post-Humans.

Guerra por todos os lados

Vamos aqui juntar os dois principais tópicos comentados: mapas com diversos pontos de interesse e exércitos gigantescos. Essa junção nos leva ao “core” das batalhas de Ashes of the Singularity. Passados os momentos iniciais de partida, começa o período de expansão onde  é preciso sempre estar atento às movimentações no mapa. Isso torna comum o ato de afastar a câmera ao máximo para visualizar o maior terreno possível. Enquanto um exército está participando de uma batalha, você já tem que estar pronto com uma tropa reserva e até mesmo investir em outros pontos ao mesmo tempo. Além de estar sempre com suas fábricas produzindo mais naves.

Essa coisa frenética às vezes pode atrapalhar aqueles não muito acostumados com RTS. Um problema que eu senti foi que o jogo não te informa na HUD se existem unidades ociosas, com exceção dos engenheiros. Com a movimentação intensa e as indas e vindas de unidades, não acho difícil deixar algumas unidades esquecidas pelo terreno. Da mesma forma, faltam alguns avisos básicos como, por exemplo, se uma construção está sendo atacada.

A variedade funcional das naves é bem interessante. Já a visual, não chega a ser ruim, mas poderia ser melhor.

Das cinzas nascerão os heróis

Ashes of the Singularity é um grande exemplar dos jogos de estratégia. Ele traz boas mecânicas em um jogo que miniminiza as preocupações com gerenciamento de bases e upgrades e foca em batalhas massivas.

Graficamente o jogo é bem bonito e traz, inclusive, suporte para DirectX 12 no Windows 10. A única falha é o título não possuir muitas variações entre as duas facções. São visuais diferentes, mas nada memorável. Já as batalhas, com diversas naves, tiros e raios para todo lado, agradam aos olhos. A história deixa a desejar, mas os modos extras, skirmish e multiplayer são bem consistentes, agradando bastante quem é fã do estilo. Para os novatos, tenho minhas dúvidas se AotS é uma boa porta de entrada ao gênero, por conta do seu nível de dificuldade. Mas, se você tiver algum amigo mais experiente, ou se quiser jogar sem medo, a aposta vale a pena.

Prós

  • Ótimos gráficos;
  • Estrutura de coleta de recursos pelo mapa;
  • Exércitos gigantescos;
  • Equilíbrio de forças entre as diversas unidades;
  • Nível de dificuldade pode ser bem desafiador, dependendo do seu nível.

Contras

  • Modo história fraco;
  • Falta de algumas respostas de interface, feedbacks das ações no mapa;
  • Nível de dificuldade pode ser frustrante, dependendo do seu nível.

Ashes of the Singularity - PC - Nota: 8
Revisão: Erika Honda
Capa: Peterson Barros

Formado em Game Design, desistente da Matemática Aplicada e atualmente cursando Jornalismo. Ainda aguardo o retorno triufal da Sega, fã de Metal Gear, Dark Souls e várias coisas vindas lá do Japão.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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