Jogamos

Análise: Bat Boy (Multi) usa beisebol como inspiração em uma incrível aventura retrô

Volte ao passado neste título indie recheado de estágios criativos e variados.


O esquadrão de heróis esportistas foi enfeitiçado por um mago maligno e somente Bat Boy pode salvá-los. Influenciado por clássicos da era 8-bits, este título indie, em conjunto a conceitos modernos, apresenta uma aventura de plataforma tradicional repleta de boas ideias. Os destaques são a jogabilidade precisa e muita criatividade nos estágios, além da agradável atmosfera retrô. Com execução quase impecável, Bat Boy tem tudo para ser considerado um clássico.

Resgatando heróis-esportistas presos em outra dimensão

Ryosuke parece mais um garoto normal, estudando muito e curtindo o tempo livre para praticar esportes com seus amigos. Mas, na verdade, todos eles combatem secretamente as forças do mal com seus poderes baseados em esportes. Com isso, Ryosuke se torna o Bat Boy, usando um taco de baseball para acabar com os vilões.

Um dia, um mago de outra dimensão chamado Lorde Vicious enfeitiça os vigilantes esportivos para que eles sejam forçados a participar de uma competição sombria. O único que consegue escapar é Bat Boy que, no último segundo, rebate para longe o feitiço maligno. Para salvar os seus amigos, o garoto vai à dimensão de Lorde Vicious, que está repleta de perigos. Para ajudar na jornada, Ryosuke conta com a companhia de Garou, um corvo bem-humorado que não para de falar um só segundo.


Em suma, Bat Boy é uma aventura de ação e plataforma 2D bem tradicional. Beisebol é o esporte favorito de Ryosuke, e isso reflete em seus movimentos. O garoto usa o bastão para atacar os inúmeros inimigos que aparecem pelo caminho. Além disso, podemos rebater projéteis com uma tacada bem calculada. Por fim, o herói é capaz de quicar em inimigos ao acertá-los no ar, o que é útil para alcançar locais altos ou distantes.

No final dos estágios, enfrentamos um dos companheiros de Bat Boy em uma batalha. Ao vencer, além de desfazer o feitiço de controle feito por Lorde Vicious, aprendemos uma habilidade do aliado resgatado. A variedade de poderes é grande, como uma tacada horizontal capaz de quebrar pedras, um laço que funciona como um gancho para chegar a pontos distantes e um movimento que lança o taco para longe como se fosse um bumerangue. A aventura é estruturada em fases, mas há incentivos para revisitá-las, pois alguns itens e segredos só podem ser alcançados por meio das habilidades especiais.



Rebatendo perigos por estágios inventivos

Bat Boy é mais um daqueles jogos que se concentra em executar com excelência algumas poucas ideias. O jogo me surpreendeu e me conquistou com seu ritmo ágil,  sua criatividade e sua boa variedade de situações. A atmosfera retrô, que mistura fantasia com temas de esportes, cativa com gráficos em pixel art e a trilha sonora com elementos chiptune é charmosa. A trama, mesmo que simples, é carismática, contando com texto em português bem-humorado.

Na essência, andamos da esquerda para a direita, derrotando inimigos e saltando até chegar ao chefe. Porém, o caminho raramente é banal, pelo contrário, há todo tipo de desafio interessante conforme avançamos. Alguns trechos se concentram em plataforma pura, como saltos precisos enquanto escapamos de armadilhas, já outros têm como foco derrotar inimigos.


O grande destaque é o design das fases, cujos desafios exigem utilizar com frequência a habilidade de quicar nos inimigos para alcançar locais mais altos ou evitar perigos. Isso é explorado em diversas situações, como subir por árvores imensas em uma selva, atravessar áreas subaquáticas em uma praia ou ao explorar um castelo repleto de cavaleiros perigosos. Há também pequenos puzzles, como botões que precisam ser ativados para abrir portões e trechos com elementos rítmicos. A estrutura varia muito, com fases mais verticais, estágios em que a tela se move sozinha e pequenos trechos não lineares.

O andamento é direto, mas diversos colecionáveis e melhorias estão espalhados pelas fases, o que incentiva a exploração. Gostei de revisitar os estágios em busca dos segredos, e as novas habilidades deixam essa atividade mais divertida. Inclusive, acho uma pena que os poderes sejam um pouco subutilizados: fora certos trechos, não precisamos usar ativamente a maioria deles. Ao menos, há algumas poucas fases unicamente focadas em puzzles de plataforma bem interessantes e complicados envolvendo essas habilidades.



Em partidas complexas com algumas bolas fora

Assim como outras aventuras com inspiração retrô, Bat Boy conta com bom desafio. A dificuldade é moderada e há pouco espaço para erros, principalmente nos trechos mais complicados de plataforma e nas batalhas contra os chefes. No entanto, o jogo é pouco punitivo: as fases têm muitos checkpoints, há bebidas que recuperam energia e cair em buracos só remove um ponto de vida. A meu ver, o desafio é bem dosado e, mesmo morrendo inúmeras vezes, não me senti frustrado nenhuma vez.


Os chefes testam a nossa destreza em batalhas complicadas e instigantes. Os mestres têm padrões de ataques complicados que precisam ser observados com cuidado para serem evitados ou rebatidos. Apreciei a diversidade: cada embate é inspirado em um esporte diferente, fazendo com que cada um deles exija uma estratégia igualmente diferente.

Os controles são precisos e responsivos, mas um detalhe me incomodou frequentemente. Um dos movimentos mais importantes de Bat Boy é o golpe no ar, pois ele permite quicar nos inimigos. Acontece que a janela de acerto desse ataque é um pouco curta demais, bastando apertar o botão meio segundo depois para falhar, cair e levar dano. Isso é ainda mais irritante nos momentos mais intensos que exigem utilizar muito essa habilidade, afinal a chance de erro é alta. Com o tempo me acostumei, mas ajustes nesse ataque deixariam a jornada mais prazerosa.



Um genuíno home run

Bat Boy aposta no básico e na criatividade para criar um excelente jogo de plataforma. O herói-esportista é bem versátil, utilizando seu bastão de beisebol para golpear, rebater projéteis e quicar em cima dos inimigos. Há grande diversidade de desafios, com conceitos inéditos sendo introduzidos a todo momento, e novas habilidades incentivam a explorar os estágios em busca de segredos.

Como é de praxe de títulos modernos inspirados em clássicos retrô, Bat Boy tem dificuldade moderada, mas raramente é injusto ou frustrante. Um ou outro movimento é um pouco impreciso, o que atrapalha nos momentos mais complicados, porém, felizmente, é algo perfeitamente contornável.

Com variedade, carisma e ótimo ritmo, Bat Boy é uma aventura de plataforma 2D imperdível.

Prós

  • Desenho de níveis criativo e variado com desafio bem balanceado;
  • Ótimas batalhas contra chefes;
  • Colecionáveis escondidos incentivam a revisitar os estágios;
  • Ambientação retrô agradável com visual 8-bits e trilha sonora estilo chiptune.

Contras

  • O movimento de quicar nos inimigos às vezes é impreciso;
  • Muitas das habilidades são subutilizadas.
Bat Boy — PC/PS4/PS5/XBO/XSX/Switch — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela X PLUS Games

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google