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Análise: Wildcat Gun Machine (Multi) é um bullet hell que não se arrisca e entrega uma experiência medíocre

Embora seja divertido, o jogo peca pela simplicidade de suas mecânicas e pela ausência de história.

Wildcat Gun Machine
aposta na combinação de elementos como demônios, robôs e gatos para chamar sua atenção. Em meio a essa loucura, temos um bullet hell minimamente competente, que nos diverte por um tempo, mas não impressiona. Sua alta dificuldade é um desafio atrativo e seu visual chama atenção por conta dos detalhes, porém não existe uma história para nos guiar e sua proposta se torna repetitiva rapidamente por conta da simplicidade.

Quem não tem cão caça como gato

Em Wildcat Gun Machine, estamos no controle de uma protagonista sem nome que encara hordas de demônios enquanto avança em seu objetivo. E o que os gatos e robôs têm a ver com isso? Não faço ideia. O que ela almeja enfrentando esses seres diabólicos? Acho que ninguém sabe. O jogo não apresenta uma linha de diálogo ou texto e já nos larga direto para a ação após um breve tutorial.




É um pouco estranho ver um jogo adotar ideias tão mirabolantes e nem mesmo justificar os acontecimentos. Principalmente quando se leva em conta a apresentação criativa e cafona feita em seu trailer de lançamento. Havia um espaço para brincar com essa loucura e o resultado final foi apenas diversos conceitos soltos sem razão.

E isso é uma pena. A jogabilidade, mesmo simples, consegue se sustentar até o final adicionando diferentes armas para combater os inimigos. Mas fica tudo tão vago que a sensação é de decepção por entender que havia um bom potencial no produto. Você acaba jogando por inércia, pois o desafio é difícil e a sensação de alegria após cada horda de inimigos é grande.



Um olho no tiro e o outro no gato

Wildcat Gun Machine segue uma estrutura de dungeon crawler com ação baseada no estilo bullet hell. Ou seja, navegamos entre pequenas salas e enfrentamos inimigos que disparam projéteis e mais projéteis em direção à protagonista. Ao todo, são quatro fases que, com exceção da última, seguem um mesmo modelo de exploração e combate. Em cada uma, temos como objetivo abrir uma porta para um novo estágio e, para isso, devemos derrotar dois subchefes que estão dispostos pelo mapa.

O mapa é dividido em setores marcados por diferentes cores. A princípio, temos apenas uma área desbloqueada e ao final dela coletamos uma chave para a próxima seção. Liberando metade do mapa, enfrentamos o primeiro subchefe; chegando ao final da segunda metade, enfrentamos o segundo. Com a porta aberta, enfrentamos o chefe final e seguimos para a próxima etapa.




Os setores são subdivididos em salas interligadas por corredores. Ao entrarmos em uma sala, hordas de inimigos aparecem progressivamente e devemos eliminá-las para prosseguir a aventura. Cada tipo de demônio possui diferentes padrões de ataque e movimentação, e em poucos segundos o recinto está tomado pelas criaturas e seus projéteis e raios.

Para contra-atacá-los, a protagonista pode sacar sua pistola de munição ilimitada ou uma arma especial, com carga limitada. Além disso, ela está equipada com uma granada de fragmentação e é capaz de realizar ágeis esquivas. Até o primeiro subchefe, o jogo apresenta uma dificuldade baixa, que aumenta muito com a continuidade da aventura, sendo necessário dominar todas as suas habilidades para conseguir avançar entre as fases.




Para amenizar esse padrão repetitivo, o jogo disponibiliza aos poucos novas armas e melhorias para as habilidades da protagonista. Esses upgrades podem ser feitos gastando os ossos que coletamos após derrotarmos cada demônio e são essenciais para a progressão, devido à dificuldade elevada. Além de armas e habilidades, é possível comprar vidas extras, que são representadas por gatos.

A troca de armas pode ser realizada apenas na área central de cada fase, onde está localizado um local para salvar o jogo. Cada armamento possui uma característica distinta que a deixa única, como dano causado, cadência e possíveis efeitos secundários. Testar cada uma é divertido e torna a experiência mais interessante. 




Uma outra alternativa de combate é desbloqueada a cada chefe derrotado: um ataque especial em que equipamos uma armadura robótica, ficamos invencíveis e atiramos mísseis e raios para todos os lados. Esse movimento pode ser realizado após completar uma barra de especial, que é preenchida aos poucos após cada inimigo derrotado. O ataque dura pouco e demora até termos a oportunidade de usá-lo, mas é bem útil para limpar uma área repleta de inimigos.

Gastando suas sete vidas

Apenas na última fase essa estrutura rígida citada anteriormente é quebrada. Nela, a exploração é deixada de lado e abre-se espaço apenas para a ação, com uma quantidade avassaladora de demônios aparecendo em sua frente em uma única sala. Mas apenas isso não é o suficiente para dar destaque ao jogo.

O game é repetitivo, o que seria um agravante ainda maior se não fosse tão curto. Em cada fase os inimigos mudam de visual, mas a experiência de combate é a mesma. As únicas variáveis são suas armas, e todo o resto não surpreende, pois tudo é igual do início ao fim.




Em contraste a isso estão os detalhes visuais que muitas vezes impressionam. Os cenários são bonitos, muitos inimigos possuem visuais aterrorizantes e os chefes, em especial, são bizarros e extremamente perturbadores. Para cada fase, uma ambientação diferente é adotada, com cores e elementos únicos que as diferenciam umas das outras.

Com a temática diabólica, é comum a utilização de elementos com diferentes tons de vermelho, principalmente em cenários e inimigos. Inclusive, os desenvolvedores adotaram o tom rosa em uma transparência baixíssima para a mira, o que dificultou sua identificação em meio à ação.




O jogo já é difícil e, em áreas com muitos inimigos, essa dificuldade visual interfere diretamente na progressão do desafio pois algumas armas exigem precisão de tiro. A morte em uma sala implica em voltar à área inicial e repetir todo o setor em que você se encontrava.

Apenas para não dizer que deixei de comentar sobre os gatos, algumas referências visuais aos felinos são comuns em cenários, mas sem muito destaque. Além disso, suas vidas são representadas por espíritos de gatos. Ao todo, você pode ter sete vidas e pode utilizá-las para evitar que seu progresso seja perdido, podendo repetir a sala em que morreu. 



Entre gatos e demônios

Wildcat Gun Machine tem seus méritos. Sua proposta funciona bem para um jogo descompromissado e a dose frenética de ação entretém durante um tempo. Talvez o seu maior problema seja não ousar, abusando da simplicidade em seu combate. Apesar de não comprometer na prática, a ausência de história decepciona e, nesse sentido, o jogo perde a chance de cativar mais o jogador. Assim, ele é recomendado apenas para quem gosta de jogos de ação com dificuldade elevada, mas é melhor não criar muita expectativa.

Prós

  • Os cenários e inimigos são muito detalhados e possuem visuais amedrontadores e bizarros;
  • Há uma grande variedade de armas para testar e adaptar o combate ao seu estilo de jogo;
  • Cada fase possui uma temática diferente, com inimigos e elementos de cenários únicos.

Contras

  • A ausência de história deixa a aventura menos interessante do que ela poderia ser;
  • A retícula de mira possui uma cor que se mistura com cenário e inimigos, e localizá-la em meio à ação é difícil;
  • A jogabilidade simples e a estrutura rígida das fases tornam o jogo repetitivo rapidamente.
Wildcat Gun Machine — PC/PS4 /XBO/Switch — Nota: 6.5
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Ives Boitano
Análise produzida com cópia digital cedida pela Daedalic Entertainment


Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
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