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Análise: The Callisto Protocol (Multi) é terror e ação espaciais de ótima qualidade

Prepare-se para uma aventura de outro mundo repleta de tensão e muita emoção.


Com fortes inspirações na franquia Dead Space, o mais novo lançamento do gênero terror chama-se The Callisto Protocol. Com direito a uma aventura repleta de surpresas assustadoras e combates emocionantes, o título conta com vários elementos interessantes e viciantes. Prepare-se para tomar alguns sustos, pois a análise vai começar!

Em uma galáxia nada distante...

O game se passa aproximadamente 300 anos no futuro e acompanha Jacob Lee, um até então piloto espacial. Ao fazer uma entrega em Callisto, a segunda maior lua do planeta Júpiter e base de uma prisão, um ataque à sua nave resulta em um acidente grave. Em meio à confusão, o protagonista é levado como prisioneiro juntamente com a terrorista que o atacou.
Tudo muda depois do ataque e do acidente espacial
Depois de um sofrido processo de encarceramento, Jacob desmaia e, quando acorda, vê-se em meio a uma misteriosa rebelião na prisão. E assim começa a aventura, que se inicia com o protagonista tentando fugir do local em meio a monstros mutantes, guardas robôs e o mistério por trás de tudo o que está acontecendo. Realmente gostei da história, mesmo com os vários buracos no enredo que não são devidamente explicados.
Fuga em meio ao caos de uma prisão sob ataque
A sensação de tensão é constante em cada nova sala e corredor, pois nunca sabemos o que vamos encontrar. A campanha se desenvolve de forma bastante linear, mas existem algumas passagens escondidas e itens colecionáveis que expandem um pouco o universo do game. Como a aventura em si é muito boa, com várias reviravoltas e muita ação, então a linearidade não se torna um problema e é viciante saber o que vem a seguir.

Porrada pra que te quero

Ao contrário dos games mais modernos da franquia Resident Evil, uma das mais populares do gênero ação e terror, o foco de The Callisto Protocol está nos combates à curta distância e acontecimentos em menor escala, sem grandes inimigos e explosões. Deixo isso como um elogio, visto que de nada adiantaria grandiosidade sem competência, essa última algo que o game oferece com méritos.
Os combates são intensos e emocionantes
Em particular, enfrentar inimigos fisicamente é sempre um desafio empolgante. As mecânicas principais consistem em esquivar, o que é “facilmente” realizável ao manter o analógico esquerdo puxado para um dos lados, e contra-atacar com uma arma física como uma barra ou bastão. O “facilmente” entre aspas se deve aos casos com investidas em sequência, que exigem alternar o lado da palanca para desviar com segurança.
Vale frisar que, embora o elemento sobrevivência seja importante, na maioria das vezes os confrontos são inevitáveis. Portanto, saber lutar com inteligência é fundamental para evitar perder vida e recursos desnecessários, cujo armazenamento também é limitado. Gostei bastante disso no game, dando peso a cada decisão e valorizando ambas habilidade e estratégia.

Além da pancadaria

Itens, como munição e recuperadores de vida, são equilibradamente escassos, podendo ser encontrados pelos cenários e ao derrotar inimigos. Também é possível obter moedas dessas formas, que por sua vez podem ser utilizadas para construir ou melhorar equipamentos. Cada vantagem pode ser a diferença entre a vida e a morte nos combates, sobretudo nas seções do jogo mais voltadas às batalhas.
A minha maior ressalva quanto a eles são as situações em que temos que enfrentar uma grande quantidade de inimigos ao mesmo tempo. O foco no corpo a corpo deixa claro que as mecânicas funcionam bem para lutas mano a mano (ou no máximo dois a um), mas que ficam confusas com ataques vindos de vários lados. Jacob até tem outros recursos à sua disposição, mas nenhum deles é completamente adequado ao problema.

Os demais armamentos incluem armas, como pistola e escopeta, e uma luva permite levitar inimigos e atirá-los com violência, seja em estruturas, como paredes e ventiladores, ou em outros monstros. Apesar de muito útil e divertida, é preciso comedimento no uso do equipamento para conservar a energia necessária para usá-la. Mais um ponto pro game, que traz formas variadas para liquidar inimigos, incluindo ataques sorrateiros.

O trabalho de luz torna cada cena mais incrível
É preciso se adaptar às variações de inimigos, que podem cuspir ácido e até se esquivar e defender ataques. Callisto Protocol é exigente e pode punir gravemente jogadores afobados ou esbanjadores. Falando nisso, o game trata cada derrota de forma gloriosa, com animações violentas, mas muito bem executadas. Isso vale tanto para Jacob quanto para os inimigos, que contam com diversos tipos de finalizações diferentes.

Terror e beleza

Em termos de produção técnica, temos um título de alta qualidade. Personagens são muito bem apresentados e animados, incluindo movimentos corporais e expressões faciais, e cenários bem construídos. É mais um dos poucos títulos atuais com “cara” de nova geração, sobretudo pelo ótimo trabalho com a iluminação, dando vida a corredores escuros e ambientes espaciais.
O game conta com vários tipos de ambientes diferentes
Com tais qualidades, a ambientação acaba sendo um dos pontos mais fortes em The Callisto Protocol. O HUD minimalista também contribui para isso: a quantidade de informações na tela é sempre bastante reduzida, situação perfeitamente ilustrada pela barra de vida, discretamente mostrada na nuca do jogador. A proposta é realmente focar na imersão, e ela é bem executada.
Para complementar a bela produção, a trilha sonora e a dublagem são de primeira linha. Melodias tensas dão o tom de explorações enervantes, assim como embalam combates intensos. Diálogos funcionam bem graças ao bom trabalho das vozes, na sua maioria emprestadas, assim como os rostos dos personagens, de atores profissionais competentes.

Uma aventura de outro mundo

Com uma proposta voltada ao terror, The Callisto Protocol obtém sucesso ao oferecer uma aventura sólida, assustadora e viciante. Os combates são desafiadores e a ambientação é ótima, deixando aquela apreensão constante em cada novo corredor e sala explorados. Ele não chega a ser uma sumidade absoluta, mas certamente é um dos melhores lançamentos recentes do gênero e merece um lugar na sua biblioteca.

Uma aventura enxuta, mas bem trabalhada e divertida

Prós

  • Jogo de terror e ação bem executado e divertido;
  • Jogabilidade é ótima, sobretudo para combates um contra um;
  • Visuais de alta qualidade com destaque para o sistema de iluminação;
  • História e ambientação interessantes;
  • Desafios são exigentes, mas equilibrados;
  • Dublagem e trilha sonora dão a devida tensão ao game.

Contras

  • Roteiro deixa vários pontos em aberto;
  • Combate é mal pensado para grupos grandes de inimigos.
The Callisto Protocol — PC/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela KRAFTON

é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
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