Jogamos

Análise: Missile Command: Recharged (Multi) moderniza o clássico mantendo sua essência

Disponível em várias plataformas, esse é o título que inaugurou a franquia Atari Recharged.


Há pouco mais de quarenta anos, chegava aos fliperamas um arcade revolucionário. Diferente dos fixed shooters que seguiam a mesma fórmula de Space Invaders (Multi), este jogo não consistia em abater inimigos, mas sim proteger cidades. Era possível fazer combos, gerenciar a munição e até tomar decisões que carregavam dilemas éticos.

Missile Command (Multi) é um dos games mais antigos e conhecidos do mundo, um clássico que ainda hoje é um ícone da indústria de jogos eletrônicos. Por sua importância, ele foi escolhido pela Atari para ser o primeiro de uma série de remakes que celebram a rica história da empresa, ao mesmo tempo em que mantêm a essência dos originais da segunda geração de consoles. Seja bem-vindo a Missile Command: Recharged.

Bom como nos velhos tempos

Missile Command é um arcade shoot ‘em up em que assumimos o papel de operador do sistema de defesa em uma região com seis cidades a serem protegidas. Esses locais estão sob ataque pesado de bombardeiros e mísseis nucleares, que precisam ser interceptados por tiros de baterias antiaéreas controladas pelo jogador.


Nossos disparos explodem em uma pequena área e, se atingirem outros objetos, causam uma nova explosão, possibilitando formar combos com cadeias explosivas, muito importantes para poupar munição.

Missile Command: Recharged é uma versão reimaginada do clássico, seguindo os mesmos fundamentos mas com toques de modernidade. O objetivo e a mecânica básica mantêm-se os mesmos, mas alguns elementos foram modernizados.

Uma curiosidade um tanto macabra sobre Missile Command é que ele é o único videogame que substitui a mensagem de Game Over por The End. O programador do original quis deixar a mensagem de que uma guerra nuclear seria o fim de tudo, refletindo o pânico da época com as tensões da Guerra Fria. Essa característica sinistra foi mantida em Recharged.



Evoluir sempre

No Missile Command, o estoque de munição tem uma limitação de 30 mísseis defensivos, enquanto no remaster os canhões possuem um suprimento infinito, mas com um tempo de espera para poder atirar novamente.

Na versão retrô, os inimigos atacam em ondas e nosso canhão é reconstruído no início de cada nova fase; já em Recharged, não há fases: a ação prossegue ininterruptamente até que todas as cidades sejam destruídas. Uma vez atingidos, nossos canhões se regeneram, reconstruindo-se após alguns segundos. O jogo termina quando todas as cidades são destruídas.

Após a partida, é possível usar os pontos conquistados para comprar melhorias permanentes para nossas bases. Podemos aumentar a área de explosão dos mísseis, diminuir o tempo de recarga dos canhões, aumentar a velocidade dos projéteis ou acelerar a regeneração dos QGs. Esse sistema de upgrade faz com que o jogador fique estimulado a rejogar várias vezes, a fim de acumular pontos para melhorar seu arsenal até o limite máximo de seis atualizações por atributo.


Outra novidade interessante é que alguns alvos que cruzam a tela dão vantagens temporárias ao jogador se forem atingidos. Existem bombas que aniquilam instantaneamente todos os oponentes em uma grande área; escudos para as cidades; aumento temporário na velocidade ou no tamanho da explosão dos projéteis; e mísseis com mira automática.

O objetivo final de Missile Command é marcar a maior pontuação possível. Enquanto nos fliperamas da década de 1980 você só competia com outras pessoas que jogassem na mesma máquina, agora suas pontuações podem ser comparadas com as de jogadores do mundo todo. Infelizmente, esse é o máximo de interação remota que o jogo permite, pois não há nenhuma forma de multiplayer.


Após conseguir todas as melhorias, há pouco o que se fazer, a não ser tentar conseguir uma maior pontuação. Não há estágios nem variação de fases, o que torna a experiência repetitiva após algum tempo.

Acho que já ouvi essa música

O remake de Missile Command apresenta gráficos minimalistas em estética neon, ao mesmo tempo belos e simples, com um ar retrô mas adequado às plataformas atuais. A trilha sonora é da aclamada compositora Megan McDuffee, que produziu todos os outros temas da série Recharged, seguindo o estilo eletrônico retrô da década de 1980.

Missile Command: Recharged foi o primeiro de uma série de remakes dos clássicos da Atari, e foi o título que estabeleceu o formato “Recharged” a ser seguido pelos posteriores remakes de Centipede, Black Widow, Asteroids e Breakout. Seus sucessores repetiram os conceitos de design e até mesmo a trilha sonora, o que acabou cansando um pouco a fórmula.

 
Recentemente, a Atari repensou a estratégia, o que pode ser sentido nos últimos lançamentos, Gravitar: Recharged e Yar’s: Recharged, que trouxeram modificações estéticas e trilhas sonoras originais.

Vários consoles, experiências diversas

Missile Command: Recharged está disponível em diversas plataformas e, dada a sua simplicidade, acreditei que a experiência seria praticamente a mesma em todos os equipamentos, mas me surpreendi com diferenças significativas na jogabilidade.

O Android é a plataforma que oferece a experiência mais acessível. Primeiramente, porque é gratuito: você pode ir agora mesmo à Play Store e baixá-lo sem custos. Além disso, realizamos as ações do jogo tocando na tela, algo extremamente intuitivo.

Por causa do modelo de negócios free-to-play, no mobile podemos jogar somente três partidas. Para continuar, é necessário esperar alguns minutos ou assistir um vídeo de propaganda para liberar mais três partidas. É possível adquirir um passe para jogar sem essa limitação.



No PC, a jogabilidade com controles não se mostrou tão boa. Isso porque os três canhões do jogador são controlados por botões diferentes e leva um tempo para se acostumar a apertar o botão certo dependendo da região da tela que queremos atingir. Felizmente, nessa plataforma podemos jogar com teclado e mouse, de uma maneira muito mais natural, mas menos prática que no celular.

No Switch temos o melhor de dois mundos: podemos jogar sentados no sofá usando controles e o aparelho ligado a uma televisão; jogar com o console na mão; ou, melhor ainda, usando a tela de toque. Diferentemente do PC, no Switch é possível jogar usando um único botão de ação, que dispara os três canhões alternadamente.

Por fim, testei Missile Command: Recharged em um Atari VCS, o console moderno da própria Atari. Em tese, podemos jogar com um controle convencional, com o Classic Controller do Atari VCS ou com teclado e mouse. Na prática, jogar com o mouse não é tão bom porque os comandos apresentaram um lag considerável, arruinando a jogabilidade. Usando o controle convencional, a experiência é ótima, muito parecida com a do Switch.


Mas o brilho realmente está quando jogamos no Classic Controller do Atari VCS, que tem o mesmo formato do joystick do Atari 2600. Não que essa seja a forma mais prática de jogar, mas sem dúvida é aquela que faz a nostalgia bater ao máximo. A sensação de jogar Missile Command modernizado em um console Atari é algo sentimental, difícil de descrever e que sobretudo depende do seu apego com a versão original do shooter.

Mísseis recarregados!

Missile Command: Recharged é uma bela releitura do clássico, que atende muito bem à proposta de satisfazer o público nostálgico que passou tardes defendendo cidades nas telas dos arcades ou do Atari 2600. As modernizações estéticas e mecânicas são muito bem-vindas e realmente melhoram seu gameplay.

Já para o público que não tem sentimentos nostálgicos pelo clássico, talvez o game seja pouco chamativo pela jogabilidade repetitiva e ausência de variação de fases ou multiplayer. Ainda assim, trata-se de um remake bem-feito de um clássico imortal, com um gameplay básico mas ao mesmo tempo direto ao ponto, que pode render bons momentos de diversão.

Prós

  • Jogabilidade simples, direta e divertida;
  • Mantém o espírito e fundamentos do título original;
  • O sistema de upgrades dá um grande fator de rejogabilidade;
  • Implementação de novas mecânicas como escudos e upgrades;
  • Controles extremamente intuitivos.

Contras

  • Não há variedade de estágios;
  • Jogabilidade repetitiva.
Missile Command: Recharged — PC/Mobile/Switch/Atari VCS — Nota: 7.0
Versões utilizadas para esta análise: PC, Android, Switch e Atari VCS
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópias digitais adquiridas pelo redator

é engenheiro eletrônico e tem uma filha fofinha que tenta morder os controles do papai. Curte jogos de luta, corrida e ação.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google