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Análise: Breakout: Recharged (Multi) é uma aposta segura, mas que cansa um pouco

O famoso jogo de destruir tijolinhos com uma bolinha voltou aos holofotes com uma repaginada bacana, mas acabou virando refém do seu próprio legado.

Mais um clássico do Atari chegou, com visual neon e trilha sonora futurística. Seguindo os exemplos dos já avaliados Centipede, Asteroids e Black Widow, agora chegou a vez de derrubarmos infinitas paredes de tijolos voadores em Breakout: Recharged.

Entretanto, a fórmula mágica descoberta para revitalizar esses quarentões já começa a apresentar alguns sinais de cansaço, que nos leva a questionar até quando esse padrão será mantido.

Bolinha vai, bolinha vem

Qualquer pessoa que jogue qualquer coisa já gastou alguns segundos em uma versão de Breakout. Lançado em 1976, o jogo tem a mecânica simples de derrubar tijolinhos que ficam na parte superior da tela rebatendo uma bolinha que ricocheteia por todo o espaço com a ajuda de uma espécie de barra que fica na extremidade inferior. Entretanto, uma galera mais jovem, provavelmente da década de 1980, pode conhecer essa mecânica por outro nome bem famoso. 

Em 1986, a Taito lançou a sua versão de Breakout para o NES, com modelos coloridos, disposições diferentes para os tijolinhos e até inimigos que se mexiam pelo cenário. Esse era Arkanoid, que, assim como seu “pai”, fez bastante sucesso entre os jogadores.

O jeito fácil de jogar, seja de Breakout, seja de Arkanoid, inspirou uma infinidade de versões para qualquer tipo de console existente. Era possível encontrar para consoles, computadores, mini games de 9999 jogos em 1 (que por acaso se repetiam a cada 10) e, se vacilasse, até torradeiras.

Exatamente por esse motivo, Breakout: Recharged saía um pouco atrás no quesito interesse em relação aos seus irmãos. Por já existirem milhares de reinvenções dessa fórmula, é difícil apresentar algo novo para o público que chame a atenção.

Mais é menos

Não dá para negar que os visuais minimalistas de Recharged caem muito bem em Breakout. Toda a estética espalhada pelos tijolinhos cria cenários muito bacanas, porém agora tem um contra. Alguns efeitos de luz podem nos fazer perder a noção de onde está a bolinha, e consequentemente perdermos uma das nossas preciosas vidas, principalmente quando coletamos algum poder.

A trilha sonora permanece inalterada. Já citamos nas outras análises que ela é sim muito boa, mas mantê-la inalterada pelo quarto jogo seguido é um tanto quanto preguiçoso. Levando em consideração que os quatro jogos já estavam retratados na capa do álbum desde o lançamento de Centipede: Recharged, que foi o primeiro dessa leva (sem levar em consideração Missile Command, lançado para Switch, PC e Mobile), por que não ter feito uma coletânea com os quatro de uma vez?

A estrutura de menus também continua igual. É possível jogar o arcade de três maneiras diferentes: Clássico, que não tem poderes e com três vidas; Recharged, com poderes e uma vida só; e Clássico Recharged, que junta tudo e te dá a possibilidade de usar poderes e ter três vidas. Quanto aos desafios, desta vez são quase quarenta, porém com um número de objetivos menor. Como eles se restringem a destruir um certo tipo de bloco, limpar a tela ou alcançar um objetivo específico, eles se tornam um pouco cansativos. 

Essa sensação fica ainda maior por causa da jogabilidade, já que em Breakout o sucesso não depende apenas da habilidade e da atenção de quem está no controle, mas também da trajetória da bola, que pode tomar rotas imprevisíveis em alguns momentos. Tem momentos em que ela demora longos segundos para retornar para a base da tela, o que tornaria desafios de tempo/sobrevivência bastante exaustivos.

No que diz respeito aos poderes, Breakout: Recharged também foge um pouco da curva. Por ter uma mecânica diferente de Asteroids e Black Widow, por exemplo, eles não ficam pelo caminho para serem coletados e sim descendem de um bloco especial, e coletá-los pode ser meio impossível se a bola estiver indo para o outro lado, o que obriga o jogador a fazer escolhas mais extremas, pois ir atrás de um poder pode significar perder o jogo.

Logo, neste jogo específico não seria ruim ter poderes permanentes. Muito pelo contrário. Diversas versões, como o próprio Arkanoid ou o lendário DX Ball (saudades Windows 95), já mostraram que ter melhorias que ficam ativadas até a perda de uma vida ou a conclusão de uma fase vale mais a pena do que tê-las por um curto espaço de tempo.

O modo cooperativo também é algo bastante curioso, pois como duas pessoas jogam Breakout ao mesmo tempo? Simples: cada um fica com uma metade da tela e tem que prestar atenção para onde vai a bolinha — ou as bolinhas, caso haja três em jogo —, pois ela ainda pode percorrer o cenário todo. No modo Arcade, os jogadores dividem o mesmo número de vidas e, nos Desafios, se um player falhar, o outro assume a missão sozinho até triunfar (ou não).

Uma escolha segura

Diferente dos demais títulos da “série”, Breakout: Recharged é mais uma escolha segura do que uma tentativa de agradar os fãs nostálgicos. No fim, ele acabou se tornando vítima da sua própria fama, que gerou versões muito mais divertidas e completas ao longo dessas quatro décadas. Até pode se garantir como um título isolado, mas, para quem quer revisitar todos os clássicos remodelados da Atari, este aqui pode desapontar um pouco.

Prós

  • É um clássico simples e atemporal;
  • Os visuais casam muito bem com as formações de tijolinhos;
  • Excelente trilha sonora;
  • Rankings globais online.

Contras

  • A mesma trilha sonora dos demais Recharged, sem nenhuma adição;
  • O modo Desafio é pouco variado e arrastado;
  • Os poderes poderiam durar até o final da fase.
Breakout: Recharged — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Ives Boitano
Análise feita com cópia digital cedida pela Atari


é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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