Recentemente, estamos sendo bombardeados por constantes atitudes da indústria dos jogos que visam única e exclusivamente o aumento dos lucros , gerando aumentos no valor dos aparelhos, jogos e serviços online. Seja na Sony, Nintendo ou Microsoft, essa realidade já domina toda a realidade dos gamers. Jogos de nova geração agora são vendidos por US$ 80; aparelhos custam mais de US$ 400, valores já considerado nos mercados externos.
Chegamos ao ponto em que serviços online custam mais de R$ 500 por ano (um terço do salário mínimo). Jogos que antes custavam entre R$ 300 e R$ 350 que já um valor elevado para a realidade do brasileiro — agora chegam ao absurdo de R$ 500 (como Mario Kart World). Além disso, os aparelhos sofrendo aumentos e ficam mais caros do que em seu próprio lançamento, como o Xbox Series S, lançado por R$ 2.500 e atualmente custando R$ 3.500. Então, vamos analisar a relação causa e efeito do nosso maior vilão no mundo dos games.
Custo de produção
A principal alegação das empresas de jogos para justificar o aumento nos preços seria o custo de produção dos games, cada vez maior, com o uso de softwares e tecnologias mais caras. Além disso, há o investimento em atores e dubladores “famosos” para chamar a atenção e aumentar o hype, resultando em produções que custam mais caro do que filmes de Hollywood. Porém, esse fator não se sustenta por completo, pois temos grandes exemplos de estúdios indies e produções do tipo AA de extrema qualidade, sem precisar gastar milhões de dólares.
Recentemente, tivemos o lançamento de Clair Obscur: Expedition 33, vindo de um estúdio pequeno, Esse foi seu primeiro lançamento, com orçamento mediano, e o resultado brilha por si só nas telas dos reviews positivos de praticamente toda a mídia. Há uma infinita lista de jogos que não precisaram de grandes orçamentos para caírem no gosto popular e se tornarem sucesso: Stardew Valley, Hades, Hollow Knight, Dave the Diver, Celeste e tantos outros que mostram para os estúdios que criatividade, empenho e dedicação podem superar grandes valores injetados de maneira desenfreada nos seus projetos.
A volta da pirataria dos anos 1990 e 2000 parece cada vez mais uma realidade que se aproxima. É difícil entender como funciona a dinâmica entre preço e lucro na visão das empresas, mas é fácil pensar maneiras que poderiam tornar o custo mais suave para o bolso do jogador.
Tudo isso pode levar muitos gamers a recorrer a recursos do passado, que já haviam sido deixados de lado por muitos: o aluguel de contas, a pirataria em torrents na web ou o desbloqueio de aparelhos.
Recentemente, tivemos o lançamento de Clair Obscur: Expedition 33, vindo de um estúdio pequeno, Esse foi seu primeiro lançamento, com orçamento mediano, e o resultado brilha por si só nas telas dos reviews positivos de praticamente toda a mídia. Há uma infinita lista de jogos que não precisaram de grandes orçamentos para caírem no gosto popular e se tornarem sucesso: Stardew Valley, Hades, Hollow Knight, Dave the Diver, Celeste e tantos outros que mostram para os estúdios que criatividade, empenho e dedicação podem superar grandes valores injetados de maneira desenfreada nos seus projetos.
Impostos e Taxas
Um tema muito atual e conhecido de nós, brasileiros, as altas taxas para trazer produtos de outros países. Os infames e altíssimos impostos brasileiros (taxas de importação, ICMS, IPI etc.),somado com possíveis taxas que os Estados Unidos também estão aplicando, elevam cada vez mais o custo para o cliente final.
Algumas empresas preferem vender os consoles com certo prejuízo para diminuir o impacto dos impostos altos e lucrar "apenas" com a venda de jogos e serviços. Neste ponto, a única maneira de combater esse poderoso vilão é cobrar das autoridades políticas uma readequação dos impostos, diminuindo também as taxas de importação. A redução desses valores aumentaria a venda desses produtos e, consequentemente, a arrecadação para o governo. É um ciclo que, neste caso, seria benéfico para todas as partes, mas é necessário o entendimento e o envolvimento dos políticos e responsáveis econômicos para que isso ocorra.
Algumas empresas preferem vender os consoles com certo prejuízo para diminuir o impacto dos impostos altos e lucrar "apenas" com a venda de jogos e serviços. Neste ponto, a única maneira de combater esse poderoso vilão é cobrar das autoridades políticas uma readequação dos impostos, diminuindo também as taxas de importação. A redução desses valores aumentaria a venda desses produtos e, consequentemente, a arrecadação para o governo. É um ciclo que, neste caso, seria benéfico para todas as partes, mas é necessário o entendimento e o envolvimento dos políticos e responsáveis econômicos para que isso ocorra.
Certa vez, a Ubisoft chamou a atenção da mídia ao afirmar que lançaria um jogo tão bom que seria um título AAAA (essa categoria não existe), o que justificaria seu preço. Recentemente, a Nintendo também justificou o aumento no preço dos seus exclusivos, alegando que eles possuem mais qualidade, são jogos maiores e mais bem feitos — por isso, seriam mais caros. Essa mesma justificativa foi divulgada por outras empresas, como a Rockstar (GTA VI está chegando). Ainda bem que esse pensamento não prevaleceu nas gerações anteriores, pois, seguindo essa lógica, jogos gigantescos e de qualidade, como Skyrim e The Witcher 3, poderiam facilmente ter custado o dobro do seu preço de lançamento. Podemos refletir: não seria a hora de deixar de comprar lançamentos ou pré-vendas?
Talvez a melhor maneira de pressionar os estúdios seja enviando um recado direto dos consumidores, utilizando as mídias sociais e influenciadores para exigir uma mudança na postura comercial das grandes empresas. Com a queda nas vendas e nos números, podemos esperar alguma mudança. Obviamente, se uma empresa não lucra o esperado no lançamento, se não vende o bastante, isso chamará a atenção para que seja feita uma revisão dos valores e uma readequação do mercado.
Talvez a melhor maneira de pressionar os estúdios seja enviando um recado direto dos consumidores, utilizando as mídias sociais e influenciadores para exigir uma mudança na postura comercial das grandes empresas. Com a queda nas vendas e nos números, podemos esperar alguma mudança. Obviamente, se uma empresa não lucra o esperado no lançamento, se não vende o bastante, isso chamará a atenção para que seja feita uma revisão dos valores e uma readequação do mercado.
Lucro acima de tudo
O principal problema dos grandes estúdios é que quem toma a decisão final geralmente não entende nada de games e de jogadores. Acionistas e executivos querem lucro, resultado rápido e dinheiro no bolso, além do retorno de seus investimentos. Ninguém quer saber se o roteiro do jogo está coeso, se algum personagem vive ou morre no final ou se o game tem microtransações caras e sem sentido. A ordem é gerar dinheiro.
Nesse sentido, a indústria dos games já sentiu a primeira pancada. Alguns jogos de serviço e caça-níqueis estão sendo lançados com dias contados: o vergonhoso lançamento de Concord, a curta duração de Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça, o triste destino de MultiVersus… Enfim, os jogadores mostraram que já estão entediados. É necessária uma grande reformulação nesse tipo de jogo. Isso é um bom exemplo das consequências de jogos serem decididos por pessoas que não amam videogames como os verdadeiros jogadores.
Uma opção interessante seria adaptar (regionalizar) os custos conforme a demanda e a economia de cada região do mundo, oferecendo aos gamers locais a oportunidade de adquirir os jogos conforme a realidade econômica de seu país.Para isso, as empresas precisam investir mais em pesquisa de mercado específica, o que poderia trazer um resultado muito interessante: aumento nas vendas e popularização de seus produtos.
Nesse sentido, a indústria dos games já sentiu a primeira pancada. Alguns jogos de serviço e caça-níqueis estão sendo lançados com dias contados: o vergonhoso lançamento de Concord, a curta duração de Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça, o triste destino de MultiVersus… Enfim, os jogadores mostraram que já estão entediados. É necessária uma grande reformulação nesse tipo de jogo. Isso é um bom exemplo das consequências de jogos serem decididos por pessoas que não amam videogames como os verdadeiros jogadores.
Uma opção interessante seria adaptar (regionalizar) os custos conforme a demanda e a economia de cada região do mundo, oferecendo aos gamers locais a oportunidade de adquirir os jogos conforme a realidade econômica de seu país.Para isso, as empresas precisam investir mais em pesquisa de mercado específica, o que poderia trazer um resultado muito interessante: aumento nas vendas e popularização de seus produtos.
Possíveis consequências para o mercado brasileiro de games
O mercado nacional consumidor de games pode sofrer uma queda com os recentes aumentos de preços e serviços. As grandes empresas vêm deixando de fornecer qualidade para passar a cobrar em maior quantidade e, ainda, com muitas maneiras de extrair cada vez mais dinheiro do jogador. Alegam que esses aumentos recentes realmente são necessários e justificáveis.
A volta da pirataria dos anos 1990 e 2000 parece cada vez mais uma realidade que se aproxima. É difícil entender como funciona a dinâmica entre preço e lucro na visão das empresas, mas é fácil pensar maneiras que poderiam tornar o custo mais suave para o bolso do jogador.
Tudo isso pode levar muitos gamers a recorrer a recursos do passado, que já haviam sido deixados de lado por muitos: o aluguel de contas, a pirataria em torrents na web ou o desbloqueio de aparelhos.
Mesmo sendo completamente errado e ilegal, a pirataria é algo que se torna próximo da realidade atual e, anteriormente, possibilitou a popularização de muitos consoles no Brasil, como o PlayStation 2 e o Xbox 360, Talvez isso pudesse soar como uma munição nessa guerra daqueles que já não tem mais condições de comprar, ou seria apenas uma consequência da ganância desenfreada da indústria atual dos games? Que prioriza apenas o lucro em vez da diversão, o investidor em vez do jogador, as microtransações em vez do conteúdo completo? Este cenário é muito triste para todos, principalmente para aqueles que viveram a ascensão dos games no Brasil e presenciaram a fabricação de aparelhos aqui, comemoraram o início da dublagem e das legendas na nossa língua e compraram edições com brindes exclusivos.
Muitos abandonaram a pirataria e passaram a consumir produtos originais, mas, infelizmente, agora, graças aos preços altos e muitas vezes injustos, alguns jogadores podem acabar optando por dar um passo atrás e retornar às práticas de antes. Passamos, então, a temer ainda mais um vilão cruel: o preço dos jogos. Um vilão que sempre esteve à espreita, que nunca deixou de nos assustar, mas que agora se tornou o maior vilão de todos os tempos dos games.
Revisão: Mariana Marçal