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Análise: Yars: Recharged (Multi) é mais um ótimo revival da Atari

Exploda núcleos e colmeias-labirinto com um canhão de luz pilotado por um inseto alienígena.

Em 1982, quem tinha um Atari 2600 conheceu uma espécie chamada Yar, que parecia uma mosca branca, que deveria derrubar uma barreira devorando-a e assim abrir caminho para destruir uma outra criatura, esta similar a uma borboleta, com um canhão de luz. Foi assim que o pequeno insectoide conseguiu sua vingança em Yars’ Revenge (sim, eu fiz esse trocadilho; desculpem).

Cá estamos, 40 anos depois, e é claro que a Atari aproveitou a deixa para revitalizar mais este clássico oitentista. Yars: Recharged veio para integrar a família de escolhidos que deixaram de ser borrões coloridos em um fundo preto para ganhar visuais modernos e trilha sonora única.

Com fome de tudo

Não havia muito o que mudar no objetivo de Yars: Recharged. No controle do pequeno Yar, podemos atirar ou roer as barreiras e torretas menores que circundam os grandes núcleos inimigos. Para eliminar os principais rivais da tela, devemos coletar os orbes laranjas que aparecem após consumirmos cada partícula da colmeia que protege o nosso oponente. Ao coletarmos a quantia necessária, o canhão de luz aparece na extremidade esquerda da tela e assim podemos efetuar dois disparos para eliminar o núcleo e prosseguir para a próxima fase.

A variação de cada estágio está nas formações da colmeia e na quantidade de torretas protetoras em volta do núcleo. Tudo começa de maneira simples, mas, ao avançarmos, devemos devorar, ou derrubar, verdadeiros mosaicos labirínticos, para abrir um caminho direto para que o disparo do canhão de luz seja certeiro.

Por mais que cada estágio possua um tipo diferente de disposição, a aparição deles não é aleatória, seja no modo Arcade, seja nos Desafios. Logo, a sensação de repetição bate depois de algumas horas de jogo. No modo Arcade, podemos dar uma dificultada para o nosso lado em troca de um multiplicador maior de pontos. Existe a opção de desabilitar nossos disparos, não contar com poderes especiais e tornar o controle de Yar mais rápido e instável em troca de uma mordida mais poderosa. Mas isso é o máximo de desafio que se pode acrescentar ao longo das 30 fases.

Quanto aos Desafios, tudo segue sem novidades, permanecendo sempre 30 desafios, com objetivos que variam entre eliminar um número determinado de alvos, concluir um objetivo no menor tempo possível, resistir a um certo número de investidas ou utilizar apenas um certo tipo de poder especial. Em ambos os modos, é possível jogar sozinho ou acompanhado de um parceiro local.

Um aspecto que Yars trouxe diferente de todos os outros Recharged é o de acumular poderes especiais. Assim como em Gravitar: Recharged, eles são coletados ao derrotarmos algumas das torres colocadas na colmeia, mas, se pegarmos duas com funções que não são iguais, elas serão usadas ao mesmo tempo, ampliando a área de destruição, o que é algo bem útil nas missões que cobram um tempo baixo para serem concluídas.

Vocês me veem, mas vocês me ouvem?

Como a Atari já tem uma receita fechadinha, parecendo um bolo de caixa, estava na cara como seria o visual e a sonoridade de Yars: Recharged. Ele traz elementos vistos em Gravitar, que até agora foi o mais diferentão dessa série, mas sua estrutura é muito mais próxima de Black Widow e Asteroids, que contavam com essa mecânica de movimentação livre e tiros. A única diferença é que Yars segue da esquerda para a direita, enquanto os outros dois têm um desenrolar que vai das bordas da tela para o centro.

Visualmente, as cores indicam de maneira simples e chamativa o que é bom e o que é ruim: laranja nós podemos coletar e rosa/violeta deve ser evitado. Apesar de não ser algo chamativo ou que roube a atenção pela criatividade, é bastante funcional e didático, sem precisar de muitas explicações.

Já a trilha sonora, mais uma vez de autoria de Megan McDuffee, é muito boa, quando toca. Curiosamente, Yars: Recharged conta com um problema bem atípico para a série. Sempre que avançamos de fase, a música muda, como de praxe, mas aqui ela diminui de volume, tornando-se inaudível em muitos casos e nos deixando apenas com os efeitos de tiros e explosões oriundos da batalha. E não adianta aumentar o volume ao máximo, pois a questão continua acontecendo.

É um problema simples e que até passaria batido, se todos esses títulos da Atari não viessem fortemente apoiados na sua proposta de revitalização visual e sonora. Como as músicas realmente são parte vital da ação, a ausência delas sempre é sentida.

Orgulho da sua espécie

Yars: Recharged traz de volta o esquema bullet hell daquela época de maneira não tão criativa, mas ainda assim de maneira competente e eficaz. A fórmula replicada pela Atari parece que ainda está dando certo e esse tipo de lançamento sempre nos deixa curiosos para saber o que mais eles planejam resgatar para as plataformas atuais.

Prós

  • É muito fácil de pegar e sair jogando;
  • A complexidade dos níveis aumenta de maneira amistosa, sem exigir demais do jogador;
  • É possível utilizar mais de um poder de uma vez;
  • Visual bacana, que não compromete;
  • Ótima trilha sonora.

Contras

  • Depois de um tempo torna-se repetitivo;
  • Falta de aleatoriedade dos mapas no modo Arcade;
  • O volume da música reduz até sumir.
Yars: Recharged — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Ives Boitano
Análise feita com cópia digital cedida pela Atari

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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