Starbound (PC) rompe a barreira do “céu é o limite”

O novo jogo da Chucklefish leva a mecânica de Terraria ao infinito e além numa aventura espacial sensacional!

em 18/07/2014
 Starbound é um sandbox em 2D indie que está sendo desenvolvido pela Chucklefish. O jogo teve sua primeira versão beta liberada em dezembro do ano passado e se assemelha muito ao estilo lançado por Terraria em 2011. A premissa do jogo apresenta você perdido no espaço após fugir do seu planeta natal em uma nave. Ao gastar todo o combustível através do piloto automático, a nave para na órbita de um planeta desconhecido, onde você deve descer para coletar recursos para explorar e sobreviver na galáxia. Mesmo com a presença de alguns bugs, o jogo é pedida certa para os fãs do gênero “Minecraft em 2D”.

Raças “sci-fi” num vasto universo randomizado

Para começar a jogar Starbound, é preciso criar o seu personagem escolhendo entre seis raças distintas. Das seis raças, cinco são totalmente originais e possuem, além de um estilo único, habilidades que influenciam a sua escolha. Veja um resumo de cada raça abaixo:
  • Human: Como eu disse, cinco das seis raças são originais. A sexta somos nós, os humanos. Nesse jogo os humanos fogem da terra após ela ser destruída e você fica perdido no espaço por conta da fuga. A habilidade diferencial deles é a capacidade de carregar mais equipamentos no seu inventário.

  • Avian: São pássaros humanóides com estilo mais rústico. Através da exploração de certos planetas podemos encontrar “conterrâneos” em navios piratas ou em casas/ninhos no alto de montanhas. Sua habilidade diferencial é a capacidade de planar por terrenos ficando mais rápido.

  • Apex: Os símios humanóides lembram a trama do filme O Planeta dos Macacos, são altamente tecnológicos e, vez ou outra, é possível encontrar um laboratório genético desses homens-macaco em certos planetas. São capazes de pular mais alto que as outras raças.

  • Floran: São plantas humanóides e evoluídas. Possuem naves bem características e são famosas por serem agressivas em suas terras natais. Sua habilidade racial é converter energia solar em fator de cura.


  • Hylotl: São anfíbios evoluídos com um estilo oriental clássico, conhecidos por serem muito pacíficos. Possuem a habilidade de nadar mais rápido e respirar debaixo d’água. 


  • Glitch: São andróides com vida própria, criados por uma raça alienígena desconhecida. São tecnologicamente bem desenvolvidos e possuem um estilo medieval peculiar. Possuem a habilidade de minerar mais rapidamente. 


Outro ponto positivo na escolha da raça durante a criação do personagem é o leque de opções para personalização. Cada raça possui seus próprios modelos de cabelos, barbas e roupas. É notável o cuidado do pessoal da Chucklefish no design das raças e no comportamento de cada uma. De início é possível ver que cada raça possui um estilo de nave própria, e pela nave pode-se ter uma ideia de como cada raça se comporta.

Além disso o mapa do jogo é o seu carro chefe, uma vez que utiliza o sistema de geração processual (o mapa é gerado aleatoriamente assim que é explorado). Se não fosse pelo seu mapa, talvez o jogo passasse despercebido. Starbound permite que o jogador transite livremente entre sua nave e o planeta no qual está orbitando, além de permitir também viagem entre luas, planetas, sistemas solares e setores inteiros da galáxia, tudo utilizando uma quantidade de combustível proporcional. Dessa forma o mapa de Starbound é potencialmente infinito, mas é importante dizer que, devido ao grande número de biomas, ele é também pouco repetitivo, o que é ótimo para os amantes de exploração e fãs de séries como Jornada nas Estrelas.

Uma galáxia de variedades

Em Starbound um dos pontos altos é a variedade de combinações de mundo possíveis, o que torna a exploração da galáxia muito interessante. Diversas qualidades de monstros, equipamentos, vegetação, paisagens e biomas são gerados pelo sistema processual que já citei aqui. Desse modo é impossível encontrar dois planetas iguais, e os elementos que você pode se deparar em cada um deles torna a exploração mais perigosa e divertida.

Em um planeta, por exemplo, você pode encontrar um laboratório de Apex com experiências sendo feitas com animais. Em outro você encontra uma vila pacífica de Hylotls,  enquanto que na lua seguinte existe um império medieval de Glitchs que ataca qualquer invasor. Fora isso existem templos antigos, esgotos, bases subterrâneas, cavernas, armadilhas, cidades inteiras e outras coisas a mais que animam qualquer um que vá se aventurar pelos mundos do jogo. Como se não bastasse, cada planeta gerado cria uma coordenada única que pode ser compartilhada com seus amigos para que, em partidas online, seja possível um visitar o planeta dominado pelo outro.

Mais uma vez é bom citar o cuidado que os desenvolvedores estão tendo com o jogo. Elementos como a gravidade, período de dia e noite e a variação de clima também são influenciados pelo planeta no qual estamos; é possível, inclusive, dar a volta completa no planeta (se você andar eternamente para direita da sua base acabará chegando ao lado esquerdo dela) ou então sair da órbita dele manualmente. Entre os biomas já disponíveis no jogo estão: árido, deserto, floresta, prado, selva, magma, lunar, neve, tentáculos (sim, um planeta todo formado de tentáculos), tundra, vulcânico e savana.
Sobre as criaturas que habitam (ou não) os planetas, a variedade beira o nível de Pokémon. São tantas cores, patas, olhos, tamanhos e formatos que não é possível catalogar aqui. E cada criatura tem seu próprio comportamento, sendo uns agressivos, outros pacíficos, alguns andam em bandos e outros sozinhos, uns só saem de noite ou então só são encontrados no subterrâneo. As possibilidades são inúmeras e ainda é possível encontrar raças inteiras povoando um planeta, aumentando a dificuldade de dominá-los.

Jogabilidade não inova, mas impressiona

A jogabilidade de Starbound é bem semelhante a de outros jogos sandbox consagrados como Minecraft e o já citado, Terraria. Inúmeros itens para coletar, diversas formas de evoluir suas ferramentas, várias mesas para a fabricação de novos itens, diversas armas e armaduras disponíveis para se fabricar ou encontrar perdidas nos planetas.

Mas o que impressiona é o tamanho do conteúdo. Os recursos a serem coletados, por exemplo, vão desde o carvão até o urânio, passando pelo ouro, diamante, titânio e muitos outros. Os comandos podem travar no início do jogo,  pois o mapa ainda está carregando mas logo as lutas se tornam fluídas e muito divertidas. Até a forma de cada espécie ressuscitar é única e dá mais charme ao jogo.


O problema se encontra em algo que o próprio jogo te avisa ao abrí-lo: “warning: early beta, bugs and crashes expected” (cuidado: beta inicial, bugs e crashes esperados). Alguns bugs podem atrapalhar um pouco a experiência completa do jogo como ficar preso em alguns blocos ao ser empurrado, travamento ao passar do planeta para a nave ou então o jogo fechar completamente quando você tenta viajar para um planeta muito distante; fora o loading inicial muito demorado. Mas como a própria empresa disse, mesmo com o jogo já disponível na Steam, como vários outros indies, ele ainda está em desenvolvimento e bugs são esperados.

Pelo fato de estar em desenvolvimento ainda, muitas coisas podem ser consertadas e melhoradas. O criador do jogo, Finn "Tiy" Brice, divulgou que uma nova raça já está em desenvolvimento, além da capacidade de cultivar e vender coisas, receber dinheiro do aluguel de edifícios por NPCs e a possibilidade de evolução da nave, tornando-a maior e com mais cômodos.
É assim que ficará a nave com todas as melhorias.

Um grande potencial

Starbound já vendeu mais de 1 milhão de cópias e durante a E3 2014 foi confirmada a sua futura presença no PS4. Esse é um jogo com grande potencial e com uma equipe criativa belíssima. As músicas compostas para o jogo, os visuais feitos em C++, partidas online  e tudo que eu já falei aqui são ótimas pontuações que garantem diversão prolongada.

Um jogo que, em sua versão beta tem tanto conteúdo de boa qualidade,  só pode ser um grande ícone dentro dos indies. Tanto que foi eleito um dos melhores games independentes do ano passado. Mas e vocês leitores? Já experimentaram esse jogo? Comentem o que acharam!

Revisão: Marcos Vargas Silveira
Capa: Daniel Silva
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Gilson Peres é Psicólogo e Mestre em Comunicação pela UFJF. Está no Blast desde 2014 e começou sua vida gamer bem cedo no NES. Atualmente divide seu tempo entre games de sobrevivência e a realidade virtual.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Você pode compartilhar este conteúdo creditando o autor e veículo original (BY-SA 3.0).