Top 10

Do papel ao pixel: quadrinhos que deveriam se tornar jogos de videogame

Adaptações nem sempre dão muito certo. Quantas vezes já nos iludimos com filmes ou quadrinhos que se tornaram jogos, que prometiam muito... (por Unknown em 27/09/2013, via GameBlast)

Adaptações nem sempre dão muito certo. Quantas vezes já nos iludimos com filmes ou quadrinhos que se tornaram jogos, que prometiam muito, mas, no final das contas, acabaram decepcionando? Pois é, muitas vezes. Mas não é o caso do que a Telltale Games vem realizando com a adaptação de The Walking Dead, que aborda uma perspectiva totalmente nova na série usando os vários elementos disponíveis nos videogames. O jogo surpreendeu tanto o público quanto a crítica e recebeu vários prêmios. Agora a desenvolvedora se prepara para ir mais fundo no terreno dos quadrinhos com The Wolf Among Us, adaptação para os consoles do prestigiado quadrinho Fábulas, de Bill Willingham. Inspirado (e animado) por essa notícia, resolvi preparar um Top 10 com HQ’s que ainda não foram adaptadas para os videogames, e que talvez nunca sejam, mas que seriam muito bem-vindas.

10. The Authority 

Criado por Warren Ellis e Bryan Hitch, The Authority é uma versão mais polêmica e sem censura da Liga da Justiça. O grupo é formado por Jack Hawksmoor, Rapina, Apollo, Meia-Noite, Engenheira e Jenny Quantum. O grande diferencial da super equipe é a sua luta política no mundo. Sem seguir governo algum, eles apenas tentam fazer o bem para o planeta, mesmo que para isso tenham que se livrar de alguns ditadores pelo caminho, que não deixam de ser super-vilões.

O jogo poderia seguir a linha de um Batman: Arkham City, mas ao invés de se prender apenas a uma cidade, o jogador poderia viajar pelo mundo inteiro, até mesmo pelo espaço, enfrentando ameaças humanas e alienígenas.

9. The Boys 

Essa HQ saiu da cabeça de Garth Ennis, então você pode esperar muita violência, perversão, brutalidade e um pouco mais de violência. Em um mundo onde qualquer um pode ser um super-herói graças à ciência, é preciso ter um grupo especial para manter os super-poderosos na linha. E é daí que surge The Boys, formado por Billy Butcher, Hugh Campbell, Mother’s Milk, The Frenchman e The Female. Destaque para o personagem Campbell, carinhosamente apelidado pelos colegas de “Wee Hughie” (Hughie Mijão), que é inspirado no ator Simon Pegg, de Shaun Of The Dead e Star Trek.

Um mistura de Hack and Slash com Beat’ em Up acompanhado por um modo cooperativo local com até quatro jogadores seria o ideal para levar The Boys com sucesso aos videogames. Tipo um Streets Of Rage ou Final Fight, só que com mais sangue. Muito mais.

8. ZDM 

Você já imaginou se os Estados Unidos da América sofressem mais uma Guerra Civil? É isso o que acontece em ZDM, de Brian Wood. Uma organização conhecida como os Estados Livres cria uma insurgência e toma conta da Ilha de Manhattan, em um impasse com o exército americano o grupo não consegue prosseguir e o lugar é declarado uma zona desmilitarizada, tornando-se terra de ninguém.  A maioria das pessoas foi evacuada, restando apenas pouco mais de 400.000 habitantes na ilha, entre pobres, franco atiradores e militares perdidos. Nessa confusão toda, entra Matthew Roth, enviado como estagiário em uma equipe de jornalistas. Ele sabia que a coisa ia ser séria, mas não esperava perder todos seus colegas numa batalha contra os insurgentes logo na chegada. Agora ele é o único contato com o mundo lá fora, como se não fosse o bastante, sua vida corre perigo e ele está sozinho.

Eu já até consigo imaginar uma espécie de Infamous, com a ideia de uma ilha isolada, quase como uma quarentena. O único problema é que você não vai ter nenhum super poder e sua única arma vai ser o seu celular, sua câmera e a mídia.

7. Ex Machina 

Ser super-herói é fácil, difícil é governar uma cidade. Em Ex Machina, Brian K. Vaughan faz Mitchell Hundred trocar o seu uniforme por um terno e a prefeitura de Nova York, em um conto de heroísmo, ficção científica e política. Fugindo de todo o conteúdo político que o quadrinho oferece, o jogo poderia se basear inteiramente nos flashbacks da época que Hundred atuava como o herói conhecido como A Grande Máquina.

6. Planetary 

Com apenas 27 números, mas um longo período de publicação que durou dez intermináveis anos, de 1999 a 2009, Planetary é mais uma criação do louco Warren Ellis, agora em parceria com o desenhista John Cassaday. Conhecidos como “Os Arqueólogos do Impossível”, o grupo é formado pelo trio Jakita Wagner, Drummer (Baterista) e Elijah Snow, responsáveis por investigar os segredos mais ocultos do mundo. O quadrinho é uma viagem pela cultura pop que vai do cinema à literatura, repleto de referências e perfeito em todos os seus detalhes.

Não preciso dizer que o jogo poderia ser inteiramente voltado aos segredos da cultura dos videogames, repleto de referências dos games mais clássicos aos mais modernos, misturando um pouco de cinema e literatura aqui e ali. Enfrentar um Donkey Kong no alto de um arranha-céu seria definitivamente um ponto alto do jogo.

5. V de Vingança 

O mago Alan Moore e o desenhista David Lloyd se juntaram para criar uma Inglaterra que se entregou ao fascismo em um futuro imaginário dominado por um estado policial autoritário em V de Vingança. Mas V, um anarquista dono de uma máscara estilizada inspirada em Guy Fawkes, não se entrega ao controle e inicia uma campanha para derrubar o estado e trazer a liberdade novamente até o povo. Uma obra ácida, crítica e política, que só poderia sair da cabeça de Alan Moore.

Um game com a jogabilidade de Assassin’s Creed, mas em uma Inglaterra mais moderna, seria o ideal para levar a história de V aos videogames. Com estratégias discretas e baixas silenciosas ao melhor estilo Ezio Auditore e o estado não teria chance alguma.

4. Sin City

A cidade do pecado, de Frank Miller, é o retrato de uma cidade arruinada pela corrupção, crimes, vícios e violência. Traços de alto contraste e a grande variedade de personagens marcantes tornaram Sin City em um grande sucesso. O jogo poderia funcionar como uma espécie de Grand Theft Auto (GTA) nos videogames, com gráficos mais estilizados em preto e branco, onde apenas o vermelho do sangue ganharia a sua cor original. E o Assassino Amarelo também, é claro.

3. Y — O Último Homem

E se de uma hora para outra o mundo resolvesse enlouquecer e todos os homens da face da terra morressem, sem explicação alguma, e quem sobrasse fosse apenas você, seu macaco e o resto das mulheres? Bem-vindo a Y — O Último Homem, de Brian K. Vaughan. Embora isso possa parecer muito legal, não é não. Regimes e facções feministas começam a surgir pelo mundo e você, bom, você é um homem, o último deles aliás, portanto um inimigo. O jogo ia ser quase um The Last Of Us, só que sem Clickers e Runners, e sim mulheres assassinas.

2. Preacher 

Garth Ennis explora os cantos mais sujos da América, em uma road trip com o trio Jesse Custer, Tulipa e o vampiro Cassidy. Em Preacher, Custer é um pastor, que possuído por uma entidade nascida de um anjo e uma demônio ganha o poder da palavra. Tudo o que ele ordena é automaticamente obedecido. Jesse descobre que Deus criou o mundo e o abandonou, então parte em uma viagem de autoconhecimento e também para tirar satisfações com o Criador.

O tom melancólico e noir de Max Payne poderia combinar muito bem com a temática proposta pelo quadrinho. Só que ao invés de testemunhar apenas os podres de Nova York, presenciaríamos o que tem de mais errado e sujo com toda a América do Norte. E buscando Deus, é claro, literalmente.

1. Sandman 

Neil Gaiman iniciou uma jornada onírica em 1988 e nos convidou para sonhar junto com ele. Em Sandman, somos apresentados a Morpheus, o rei do Sonhar, lugar para onde os sonhos vão. Morpheus é apenas um dos sete Perpétuos, entidades responsáveis pela ordem da realidade, que contam ainda com Destino, Morte, Destruição, Desejo, Desespero e Delírio. Durante o desenvolvimento da história, conhecemos um pouco mais de cada um deles e Morpheus.

Sandman é uma HQ clássica e de uma complexidade ímpar. Confesso que não consigo imaginar como seria possível traduzir seu encanto das páginas dos quadrinhos para os videogames. Mas não seria incrível controlar e viajar por sonhos com Morpheus? Ou ser o Destino por uma noite, ou talvez o Delírio, até mesmo a Morte. Neil Gaiman recentemente começou a se aventurar no mundo dos games com um primeiro jogo de sua autoria. Não custa sonhar com um jogo de Sandman idealizado pelo seu próprio criador, não é mesmo?
E nossa lista chegou ao seu fim. Fomos dos lugares mais sombrios aos lugares… mais sombrios ainda. Realmente, a temática dos quadrinhos apresentados neste Top 10 não seria nenhum um pouco fácil de ser adaptada para os videogames, seja pela violência, conteúdo político ou a coerência na transição entre as mídias. Mas se as nossas esperanças de ver todos eles se tornarem jogos não é tão alta assim, pelo menos a lista fica como uma boa dica de leitura.
Ah, sim, antes de virarmos a página. Você acha que ficou faltando algum quadrinho neste Top 10? Então não fique tímido e deixe o seu comentário aqui embaixo. Quem sabe alguma desenvolvedora não está de olho nessa matéria e curte a sua sugestão! 
Revisão: Alberto Canen 
Capa: Doug Fernandes 

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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