Blast Battle

Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça x Marvel’s Avengers — Qual o melhor game de vilões e super-heróis?

Um embate de proporções titânicas no mundo dos videogames.

em 21/02/2024

Conforme conferimos na análise aqui do GameBlast, Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça é um bom jogo baseado na DC e seu vasto conteúdo. Apesar de existirem vários outros títulos semelhantes, também inspirados em super-heróis, a similaridade com Marvel’s Avengers é bastante considerável. Inclusive, é perfeitamente possível fazer um paralelo entre os games, com direito a diversas intersecções.
 
Considerando a rivalidade histórica entre a DC e a Marvel e essa interessante semelhança, esta matéria propõe uma batalha para definir qual é o melhor desses dois jogos famosos. Pegue o seu martelo, recarregue o anel, fique zangado, equipe o cinto de utilidades e não esqueça da máscara (eu gostaria de usar mais linhas nisso, mas enfim), pois vamos começar!

Considerações iniciais

Antes de começar a batalha, vamos trazer algumas informações gerais. Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça foi lançado para PlayStation 5, Xbox Series e PC em 2 de fevereiro de 2024, enquanto Marvel’s Avengers chegou para PlayStation 4, Xbox One e PC em 4 de setembro de 2020, com uma versão para a geração atual que chegou em 18 de março de 2021. O primeiro foi produzido pela Rocksteady e publicado pela Warner Bros. Games; já o segundo teve como produtoras a Eidos-Montréal e a Crystal Dynamics, publicado pela Square Enix.
Formar um time organizado é uma parte importante dos games
Ambos trouxeram uma proposta focada no elemento cooperativo, com um grupo de personagens que devem encarar missões e desafios. Além disso, a campanha vista nos dois games serviu mais como uma introdução, pois o objetivo principal de ambos é atuar no segmento de jogos como serviços. Inclusive, essas são algumas das principais semelhanças que levaram a essa disputa direta entre eles e não, por exemplo, contra Gotham Knights.

O Esquadrão Suicida até teria boas razões para comparações com os pupilos do Batman, mas os dois jogos são diferentes em essência, já que os Cavaleiros de Gotham vieram num pacote fechado, enquanto a Força Tarefa X chegou com promessas de futuras expansões e eventos online, tal como os Vingadores. O combate desta matéria colocará os dois jogos frente a frente em questão de elementos importantes para um videogame.
Agora só pode jogar quem já tem o título na sua biblioteca
Farei o possível para analisar os títulos de forma técnica e objetiva, sem considerar gostos pessoais e demais pontos subjetivos. A ideia aqui é ponderar as diferenças em duas propostas tão semelhantes, mas ao mesmo tempo tão distintas. Vale lembrar que Marvel’s Avengers saiu das lojas digitais em 30 de setembro de 2023. Ou seja, não é mais possível adquirir o game digitalmente; felizmente, eu tenho a minha cópia, que, inclusive, utilizei para escrever a análise para o GameBlast. Feitos os comentários, vamos começar a disputa!

Uso da marca

Tomando cuidado para não entrar em outra disputa polêmica (DC x Marvel), este item da matéria procura analisar a utilização das respectivas marcas por parte dos games. Logicamente, não é algo simples, visto que é possível encontrá-las em quadrinhos, filmes, séries e até mesmo outros videogames. Cada um desses elementos traz sua própria visão sobre personagens, cenários, acontecimentos e assim por diante.
Suicide Squad traz muitas referências interessantes e adaptações bem pensadas
Mesmo dentro de cada mídia temos mudanças constantes, sobretudo nas histórias em quadrinhos. Exemplificando, a ideia aqui não é pesar se a Arlequina do Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça é legal por ser mais parecida com a da série do Bruce Timm ou a que foi vista nos filmes recentes. A questão é avaliar se os personagens representam dignamente suas contrapartes de sucesso, se os cenários são interessantes, se a história é envolvente como visto em outros locais, etc.
Avengers tende a ser mais "fiel", mas sem abri de mão de inovar
Na minha opinião, começamos a disputa com um empate: a Força Tarefa X trouxe um estilo misto entre a série de games Arkham, os quadrinhos da última década e o cinema, enquanto os Vingadores penderam para o lado dos filmes do MCU. De qualquer forma, as duas abordagens foram bem produzidas, trazendo toda sorte de referências e detalhes pertinentes. É possível notar que houve dedicação e paixão nas produções, honrando suas origens de forma satisfatória.

Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça 1 X 1 Marvel’s Avengers

Produção audiovisual

Aqui a vitória é um tanto lógica: enquanto os Vingadores chegaram aos consoles em setembro de 2020, a Força Tarefa X chegou em fevereiro de 2024. Ou seja, praticamente 3 anos e meio de diferença, com direito a muitos avanços técnicos e artísticos nesse intervalo de tempo. Não é como se Marvel’s Avengers não tenha méritos: ele continua um jogo muito bonito, com cenários bem-feitos e personagens repletos de detalhes e animações competentes.
Os cenários têm um escopo normalmente menor e menos detalhado
Aliás, considerando a grande variedade de heróis diferentes, a maioria deles com características bem distintas, temos uma produção elogiável (isso será crítico no próximo combate). A questão é que Esquadrão Suicida conta com visuais mais detalhados e mapas mais grandiosos e detalhados, mesmo analisando proporcionalmente a diferença de datas. Destaque para as cutscenes do jogo da DC, com ótimas animações e expressões faciais.
Muitos detalhes e profundidade no jogo
Em termos de som, creio que as produções se equivalem, com leve vantagem para os vilões devido às dublagens terem mais carisma e personalidade (favorecidas pela proposta do game). Também vale comentar que, apesar de o título da Marvel também contar com uma versão para PlayStation 5, ela focou muito mais em um desempenho suave do que em melhorias na produção. Já o game da DC, exclusivo da nona geração de videogames, usa e abusa dos recursos à disposição.

Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça 2 x 1 Marvel’s Avengers

Jogabilidade

Aqui fica clara mais uma diferença primordial dos dois títulos: enquanto a Força Tarefa X é focada nos tiroteios, os Vingadores apelam mais para o corpo a corpo. Ambos possuem opções complementares, pois é possível usar uma marreta com a Arlequina ou disparar pistolas com a Black Widow (alguns nomes em Marvel’s Avengers não foram traduzidos na versão brasileira), mas o foco de cada um é claro.
A variedade aqui é muito superior
Intrinsecamente, ambas as jogabilidades são sólidas e competentes. A questão é que, se Marvel’s Avengers oferece um leque de opções diferentes, com personagens que funcionam de formas muito distintas, Esquadrão Suicida traz personagens essencialmente iguais. Explico: enquanto o Hulk é pesado e forte, com golpes lentos e contundentes, o Capitão América é ágil e perfeito para combos, com direito a diversos golpes com o escudo. Basta alguns segundos para ver e sentir a diferença.
Qualquer personagem pode usar qualquer arma do jogo
Infelizmente, o Tubarão-Rei é praticamente o mesmo que o Pistoleiro nos combates, com um mero ataque físico distinto e dois especiais diferentes. Afinal, ambos dependem de armas de fogo, que por sua vez não possuem características marcantes. A única diferença real é a aparência e a forma de se deslocar, pois o primeiro salta e o segundo voa (com uma mochila a jato). Faltou mais personalidade, lembrando que o elenco dos Vingadores desde o princípio contou com mais personagens (6x4), todos eles únicos em todos os quesitos.
A maior originalidade fica por conta dos movimentos
Resumindo, é como se Marvel’s Avengers trouxesse seis personagens saídos de jogos distintos, enquanto Esquadrão Suicida ofereceu pouca personalidade às suas quatro opções em termos de combate. Portanto, ponto mais do que justo para os Vingadores.

Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça 2 x 2 Marvel’s Avengers

Mecânicas de jogo

Embora as mecânicas estejam diretamente ligadas à jogabilidade, julgo que ambas estejam num nível de qualidade equilibrado. Apesar de funcionarem de formas semelhantes, os membros do Esquadrão Suicida contam com opções como contra-ataques, escudos, ataques críticos, danos elementais, granadas, efeitos secundários, etc. Tudo funciona muito bem, incluindo as movimentações únicas de cada personagem.
 
Os Vingadores também são competentes neste quesito, mesmo que de forma um pouco distinta devido às razões já explicadas no item anterior da disputa. São muitos golpes especiais diferentes, mais de uma dúzia de finalizações, sistema de combos e até mesmo golpes combinados. Como creio que as mecânicas se equivalem, acabamos ficando com um empate neste quesito.

Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça 3 x 3 Marvel’s Avengers

História

Provavelmente o item mais subjetivo desta matéria, o enredo dos games é uma parte importante de cada um deles. Em Esquadrão Suicida, temos uma invasão que não somente traz ameaças alienígenas, mas também domina a mente de grandes heróis. Resta aos vilões salvar o dia, para depois descobrir (spoilers) que o problema afeta várias dimensões diferentes, exigindo enfrentar desafios de escala maior do que esperado.
As possibilidades aqui são infinitas
Marvel’s Avengers apresentou uma história de crise e redenção, contando como a jovem Kamala Kham reuniu os maiores heróis da Terra após um acidente desacreditar a equipe. Descobrindo depois que o ocorrido foi um plano maligno, os Vingadores lutam para eliminar a nova ameaça, que se desdobra em vários tipos de missões diferentes.
 
Ambas as histórias são interessantes e bem apresentadas, com direito a ótimos diálogos e cutscenes de qualidade. Darei a vitória (apertada) aos vilões por causa do escopo apresentado: a possibilidade de acessar o Multiverso e suas infinitas Terras, cada um com suas próprias crises e personagens únicos, é deveras interessante. O que importa realmente é como isso vai funcionar como um videogame, mas ao menos essa base oferecida pelo enredo é mais vistosa que a do rival.

Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça 4 x 3 Marvel’s Avengers

“Modo Serviço”

Jogos como serviço são bastante populares atualmente, o que provavelmente levou a incorporação desse elemento aos games desta disputa. Na minha opinião, ambos deveriam ter focado em histórias mais recheadas e missões interessantes, deixando a questão game as a service numa relevância menor. Ela não é ruim por si só, pois pode permitir a chegada periódica de novos conteúdos, incluindo personagens, itens e eventos.
 
O problema é que tanto Esquadrão Suicida quanto Marvel’s Avengers parecem ter feito o contrário, focando nesse elemento e deixando o resto como suporte. Mesmo que a Força Tarefa X ainda possa provar que estou errado, afinal os Vingadores já se “aposentaram”, deixarei a análise das atualizações para o próximo item da disputa. Ao meu ver, o potencial de ambos foi “perdido” por focar nesse gênero polêmico e saturado, de modo que será menos um ponto para cada game.

Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça 3 x 2 Marvel’s Avengers

Atualizações

Nesta última disputa, temos um elemento complicado de ser analisado neste momento, mas que, devido a sua importância para ambos os jogos, precisa ser considerado. De um lado, temos um game já encerrado, cujas atualizações já foram plenamente conhecidas e exploradas; do outro, temos um lançamento recente, com detalhes ainda resumidos sobre as futuras novidades, deixando um mistério sobre o desempenho no longo prazo.
A última grande atualização do jogo
Falando de Marvel’s Avengers, ele recebeu diversas atualizações, pequenas e grandes. A ideia aqui não é ser exaustivo, até porque elas podem ser facilmente encontradas na internet. Elas incluem Hawkeye, novo personagem jogável que chegou com uma campanha inédita; a expansão Guerra por Wakanda, que introduziu novos cenários, vilões e o herói Black Panther; e a exclusividade do personagem Spider-Man, que só podia ser acessado nos consoles PlayStation.
Ainda estamos no aguardo do que o futuro reserva
Apesar de elas não melhorarem os problemas básicos do game, os conteúdos adicionados gratuitamente foram significativos, com direto a vários personagens e desafios inéditos. Atualmente, Esquadrão Suicida tem confirmada a sua primeira temporada para março, que trará o Coringa em um pacote com novas armas, missões e outras novidades. Aparentemente, mais três atualizações no mesmo estilo estão previstas para o futuro. Portanto, ainda é prematuro fazer muitas inferências sobre este tópico.

Dada a situação de Esquadrão Suicida, farei o seguinte exercício para terminar o combate titânico entre os títulos da DC e da Marvel: trarei comentários sobre três possíveis cenários diferentes, deixando claro qual deles é o que considero mais provável. Espero que, assim, seja possível oferecer um “combate justo”:
  • Atualizações negativas (Esquadrão 3 x 3 Avengers): o mais improvável dos três cenários, ele traria novidades escassas e pouco interessantes. Por exemplo, as missões continuariam repetitivas, os novos personagens não trariam nada novo em relação aos atuais, etc. A possibilidade de muito conteúdo pago também entraria nesta categoria. Apesar dos pesares, Esquadrão Suicida é um bom jogo em nível fundamental e pode aprender com os erros alheios, então creio que as coisas não vão por este caminho;
  • Atualizações positivas (Esquadrão 4 x 2 Avengers): no meio-termo das três possibilidades, neste caso teríamos novidades significativas, levando o título a atingir o seu potencial até então meio perdido. Novos e divertidos personagens e missões, com direito a campanhas adicionais interessantes, chegariam em atualizações majoritariamente gratuitas ou com preços acessíveis. Embora mais provável que a anterior, é difícil imaginar tantos acertos, sobretudo considerando alguns erros sérios que o jogo-base cometeu;
  • Atualizações “na média” (Esquadrão 4 x 3 Avengers): as novidades chegam trazendo boas qualidades, mas sem mudar completamente o panorama do game. Algumas atualizações serão muito positivas, enquanto outras nem tanto, servindo mais como consolidação e aprimoramento do que como revolução. Aposto minhas fichas neste cenário, pois o jogo-base tem problemas intrínsecos que dificilmente serão corrigidos ou plenamente compensados por updates futuros, embora possa ser beneficiado por eventos e novidades interessantes (e gratuitas). Ou seja, será de forma semelhante ao visto em Marvel’s Avengers, embora eu não saiba dizer se Esquadrão Suicida chegará ao limite extremo de ser retirado das lojas.

Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça 4 x 3 Marvel’s Avengers

Considerações finais

Chegamos ao término do nosso combate, com uma vitória apertada do jogo da DC: 4 a 3. Obviamente, a diferença entre datas de lançamento (que afeta a produção técnica, por exemplo) e futuras atualizações podem mudar o resultado, não somente do item “Atualizações”, mas dos demais também. Acredito que a tendência seja a manutenção do que temos agora, visto que algumas mudanças exigiriam alterações profundas em elementos básicos do game, algo bastante improvável.
Usando a ferramenta Steam Charts, os Vingadores alcançaram totais mais expressivos nos 12 primeiros dias após lançamento...
Confesso que, a despeito do resultado final, eu ainda prefiro Marvel’s Avengers do que Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça. Claro que isso pode mudar pelas razões já expostas, mas preciso tirar essa opinião do meu peito. Inclusive, mesmo que hoje eu veja a necessidade de reduzir a nota que conferi aos Vingadores em 2020 (passaria para um 8 redondo), continuo com essa preferência por uma razão principal: se não fosse por uma questão de coerência, eu daria mais pontos no quesito jogabilidade para os Heróis Mais Poderosos da Terra.
... enquanto o Esquadrão Suicida, para piorar, teve uma forte redução no número de jogadores considerando os 12 dias após o lançamento
A Força Tarefa X tem suas qualidades, mas nunca chegou perto da diversão de prender inimigos no chão usando o Mjölnir e enchê-los de socos com Thor, ou então refletir os lasers do Homem de Ferro com o escudo do Capitão América para ataques combinados. Essa é a minha maior crítica ao novo lançamento, que foca em armas um tanto genéricas em vez das características únicas de cada personagem, que por sua vez poderiam influenciar tais armas, habilidades, itens, combos, etc.
 
De qualquer forma, Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça pode aprender com os erros do rival e obter êxito no longo prazo. É difícil se recuperar de lançamentos ruins devido ao dinamismo da indústria, pois o tempo perdido pode facilmente ser preenchido por outros títulos melhores, tornando o retorno menos provável. Ainda assim, eu ficaria feliz em ver essa tendência ser quebrada. Só nos resta esperar pelas novidades e torcer para que o destino da DC seja melhor do que o da Marvel.

Revisão: Ives Boitano

é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
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