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Análise: The Adventures of Panzer: Legacy Collection (Multi) - O retorno do herói que ninguém queria de volta

A coletânea traz os dois jogos focados em Panzer, que foram desenvolvidos para NES em plenos anos 2020.

Enquanto algumas desenvolvedoras se encarregaram de trazer jogos antigos para os consoles atuais, outras fizeram o caminho reverso e decidiram criar novas aventuras para os velhos guerreiros dos anos 80 e 90. O pessoal da PixelCraft Games lançou The Adventures of Panzer, em 2022, para o NES, e no ano seguinte veio a sequência. Ambas também estavam disponíveis para PC.

Agora ambos os títulos foram unidos pela Ratalaika Games na coletânea The Adventures of Panzer: Legacy Collection; e sim, ela tem o mesmo DNA dos outros inúmeros compilados já trazidos antes, e alguns já até analisei aqui. Logo, é de se esperar as mesmas qualidades e os mesmos defeitos de sempre.

Deixa a gente em paz, Panzer!

Diferente de outros ports e coletâneas, como Gleylancer, Gynoug, Cyber Citizen Shockman, Avenging Spirit, e muitos outros que deixariam este parágrafo enorme, o chamariz de The Adventures of Panzer I e II está na novidade. Todos os outros que citei agora têm aproximadamente quatro décadas de vida, sendo conhecidos por quem jogou na época ou quem baixou emuladores cheios de ROMs antes desconhecidas. Já as aventuras de Panzer são inéditas, de certo modo.

Para quem nunca ouviu falar, a história gira em torno do condecorado e bravo general Panzer. Após passar 10 anos sem dar sinal de vida, o antigo herói de guerra retorna e decide reunir seu antigo batalhão para uma última missão. Entretanto, absolutamente ninguém está afim desse reencontro, e é isso que norteia cada fase do primeiro jogo. Cada chefe é um dos antigos membros da equipe que não estava tão afim assim de reencontrar seu líder.

No quesito jogabilidade, mesmo para um título retrô, o desempenho é bastante satisfatório. Panzer pode pular, atacar com a sua espada e recorrer a três magias que gastam mana: um machado, que tem trajetória retilínea; uma bomba arremessada em arco; e uma recuperação total da sua barra de vida.

Os sprites coloridos e setores de plataforma lembram muito clássicos do final dos anos 80, como Super Mario, Kid Icarus e os primeiros Mega Man. Inclusive, a confusão provocada com áreas que possuem as mesmas tonalidades também se faz presente.

A segunda aventura se passa um ano após a primeira, e parte de uma premissa ainda mais jocosa. Panzer retorna com todos os louros da glória possíveis após uma missão bem-sucedida, e uma estátua é erguida em sua homenagem. Seus antigos parceiros retornaram - à contragosto - e o esquadrão está de volta em um quartel general novinho.

Entretanto, o monumento é destruído e o general parte em busca do terrorista que depredou a homenagem. Com isso, os chefes de cada fase agora são alguns dos amistosos NPCs encontrados no primeiro jogo, que se tornaram suspeitos do atentado.

Mais uma vez, temos algo bem similar à Mega Man, inclusive na escolha de fases, com os rostos dos chefes em uma tela de seleção. A maior mudança do primeiro jogo para o segundo é que agora Panzer traz a ajuda de três companheiros: Kankaro elimina inimigos distantes com seu arco e flecha, além de escalar paredes; Vespeto arremessa explosivos que destroem paredes; e Ahzriaz usa sua magia de gelo para congelar cachoeiras e criar plataformas. Podemos contar com a ajuda de um deles em cada nível.

Toda essa dinâmica entre o protagonista e os NPCs, inimigos e aliados, traz à tona o quanto o bom-humor é parte vital em The Adventures of Panzer I e II. Controlamos o herói que ninguém queria que voltasse e que se acha tão bom, que até os camponeses começam a ficar de saco cheio dele. São dois ótimos jogos que revivem a glória dos tempos do NES, mas sem parecer defasados com o peso da idade que carregam, até porque são títulos bem recentes.

Mais um pacote com defeito, Ratalaika?

Quem compra estas coletâneas já deve estar careca de encontrar o mesmo molde e as mesmas opções: filtros de tela para deixar com aparência de fliperama, customização de botões, recurso de save/load state, botão de rewind e trapaças, como vida infinita e etc. Nada de novo, mas nunca deixa de dar um brilho a mais na coleção.

Só que de novo, quem está jogando nos consoles da Sony terá problemas para conseguir o troféu de platina. Eu já citei isso em um ou dois (ou mais) textos que envolvem os compilados de Ratalaika ou ININ Games, mas tem se tornado uma constante chatíssima. Quem estiver no Xbox, pode continuar tranquilo, pois seu 100% está garantido.

Outra reclamação constante que eu faço, e que dessa vez foi anulada, é a ausência de uma Galeria. Talvez por se tratar de um trabalho recente, o pessoal da PixelCraft tenha feito questão de disponibilizar versões digitalizadas dos manuais de The Adventures of Panzer I e II, além de algumas artes conceituais e esboços de personagens.

Panzer, o herói “neo-nostálgico”

The Adventures of Panzer: Legacy Collection traz dois títulos que fizeram o caminho inverso dos ports antigos, e são bastante divertidos. Se tivessem sido lançados na mesma época dos clássicos dos 8-bits, não ficariam devendo nada e com certeza seriam disputados nas locadoras aos finais de semana.

Prós

  • Os dois títulos são recentes, mas conseguem trazer a nostalgia da época do NES;
  • A jogabilidade é dinâmica e voltada para os controles modernos, sem se ater a precariedade da época de inspiração;
  • O bom humor de Panzer e cia. se destaca em meio a aventura;
  • Recursos de filtros de tela trazem a sensação de jogar em um fliperama ou tv de tubo;
  • Inclusão de manuais digitais e galeria;
  • Save/load state, botão de rewind e trapaças podem ser ativados a qualquer momento.

Contras

  • O primeiro jogo tem situações nas quais as cores de ambiente e personagens se fundem, causando algumas confusões;
  • Problemas com o desbloqueio de troféus nas versões para PlayStation.
The Adventures of Panzer: Legacy Collection — PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Análise feita com cópia digital cedida pela Ratalaika Games

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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