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Análise: IREM Collection Volume 1 (Multi) é uma fração de uma coletânea que poderia ser colossal

A primeira parte da reunião de clássicos desta empresa japonesa traz três shmups que ficaram relegados às suas origens asiáticas.

Sim, esta é mais uma análise de uma coletânea da ININ Games. Desta vez, os escolhidos foram alguns shoot ‘em ups da IREM Software, responsável por ícones como Moon Patrol, Kung-Fu Master e a série R-Type.

Além desses, ela produziu diversos títulos que ficaram famosos apenas nos PCs japoneses. IREM Collection Volume 1 é um dos compilados nos quais teremos a oportunidade de conhecê-los, mas infelizmente essa viagem no tempo será feita em mais de uma parcela.

Vai virar seriado?

Os títulos escolhidos para esse primeiro volume são três que pertencem ao mesmo universo:

Image Fight (1988) —  jogo de naves com voltagem vertical, os gráficos coloridos e vivos foram um dos chamarizes da época. Além disso, o diferencial da ação está nos pods auxiliares, que podem atirar frontalmente ou ter direção independente dos nossos projéteis principais. Versões incluídas: Arcade, PC Engine (JP) e NES (US).

X-Multiply (1989)
— considerado um spin-off de Image Fight, X-Multiply muda a ação para a perspectiva lateral, bastante similar a R-Type. O tema espacial também fica de fora, dando lugar a uma batalha contra micro-organismos dentro do corpo humano. Versão incluída: Arcade

Image Fight 2 (1992)
— continuação de Image Fight, mantém a jogabilidade e a identidade visual do antecessor. A novidade fica por conta das animações e cenas entre as fases, dubladas em japonês. Versão incluída: PC Engine (JP).

Os três títulos — ou cinco, se contarmos cada ROM — por si só são bastante únicos, visto que somente o primeiro Image Fight teve um alcance mais amplo ao redor do planeta. No mais, a emulação dos três títulos é bem feita, adaptando muito bem a jogabilidade da época aos controles atuais. Destaque para o controle dos pods, que pode ser feito com o analógico direito, enquanto pilotamos a nave com o esquerdo.

Entretanto, há uma infinidade de outros compilados da própria ININ Games, alguns até analisados por mim aqui no Blast, que trazem bem mais jogos em um pacote similar a este. Será que a IREM não tem mais nenhum nome de peso que pudesse ser incluído? A resposta é sim, mas com um grandíssimo porém.

Este é o primeiro volume da coletânea, que tem planejado não dois, nem três, mas cinco partes. Cada uma contará com três jogos e algumas versões das ROMs disponibilizadas. Os volumes 2 e 3 já foram definidos, com GunForce (Arcade e SNES), GunForce II (Arcade) e  Air Duel (Arcade) para o segundo; e Mr. Heli/Battle Chopper (Arcade e PC Engine), Mystic Riders (Arcade) e Dragon Breed Arcade para o terceiro. Ambos serão lançados no ano que vem.

Se os volumes 4 e 5 seguirem o ritmo de trazer entre quatro e cinco ROMs, o número total de jogos ficará na faixa de 20 e 25, o que daria tranquilamente para colocar em um compilado só. Wonder Boy Anniversary Collection, por exemplo, tem ao todo 18 ROMs dos 6 jogos da franquia, mas ele também teve uma polêmica em seu lançamento, que eu expliquei na análise. Por mais fanático que o jogador seja pela época ou pela nostalgia, desembolsar o mesmo valor cinco vezes é algo bem pesado.

Até os problemas estão ficando iguais

IREM Collection Volume 1 traz, além das emulações de fato, os recursos extras para quem quer tirar um melhor proveito da jogatina. Os filtros de tela e bordas arredondadas estão presentes para quem gosta do visual oitentista dos monitores de tubo, bem como as diferentes disposições, que variam entre 4:3, 16:9 e o original 1:1.

Os recursos modernos de save/load state e rewind também já são marcas registradas das coletâneas, para dar uma ajuda a quem não está acostumado com a intensidade do desafio proposto. Cada jogo também possui seu próprio menu de trapaças, que envolvem invencibilidade, vidas infinitas e já começar com os três pods auxiliares ativados.

Entretanto, para não ficar fácil demais, tudo isso vem ao preço de desabilitar as conquistas. Quem quiser o troféu de platina não poderá contar com cheats ou salvar o jogo. Para quem não se importa com isso, o modo Standard permite jogar com todos esses benefícios ligados.

Um problema que retornou, oriundo da coletânea de Ninja Jajamaru, são as conquistas que não são desbloqueadas, mesmo cumprindo o objetivo necessário mais de uma vez. Até o momento da conclusão desta análise, não houve nenhuma correção para esse problema — e só para constar: Ninja Jajamaru, lançado em março desse ano, também permanece sem correção.

Outro recurso que poderia ser adicionado à ROM de Image Fight 2 são legendas nas cutscenes, mesmo que em inglês — já que o português não é considerado nem para os menus. Isso ajudaria no entendimento de um jogo que até então só estava disponível em terras nipônicas. Some isso à já rotineira falta de uma galeria de imagens e vídeos, e temos mais uma oportunidade perdida de fazer uma apresentação mais contundente destes clássicos ao grande público.

Um parcelamento infeliz

É um crime fracionar os clássicos da IREM em cinco compilados minúsculos, e IREM Collection Volume 1 infelizmente vem para tomar uma pedrada que todas as suas partes seguintes também receberão. Além de ter alguns problemas estruturais, a maneira de relançar esses jogos acaba eclipsando o quão divertido todos eles poderiam ser juntos.

Prós

  • A emulação dos três títulos é bem-feita;
  • Controles adaptados para o uso dos dois analógicos;
  • Filtros de tela e recursos de save/load state e rewind.

Contras

  • Poucos jogos;
  • Ausência de uma galeria;
  • Image Fighter 2 poderia ter legendas em inglês nas animações;
  • Problema com troféus que não desbloqueiam;
  • Depender de cinco volumes avulsos para ter todo o conteúdo.
IREM Collection Volume 1 — PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 5.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Davi Sousa
Análise feita com cópia digital cedida pela ININ Games

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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