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Análise: Avenging Spirit (Multi) é um resgate curioso que denuncia uma certa saturação na cultura dos ports

Outro título noventista volta aos holofotes de maneira isolada, o que é bom para os curiosos, mas o coloca em uma prateleira que está ficando lotada.

Avenging Spirit
é mais um título arcade dos anos 1990 que a Ratalaika resgatou para os consoles atuais. Ele foi produzido para os arcades pela Jaleco.

A exemplo de Gynoug, Gleylancer e os jogos da franquia Cotton, que mesmo com seus 30 anos de estrada conseguiram ter algum ponto de destaque, aqui infelizmente temos mais um bom port, mas que entretém menos que os outros.

Tentando descansar em paz

Em uma bela noite, um casal é abordado por bandidos. O rapaz é assassinado e a moça capturada pelo líder de um sindicato criminoso. Agora cabe ao espírito do morto resgatar sua amada antes de partir para a eternidade. Romântico, não?

Como o nome sugere, em Avenging Spirit controlamos um fantasma que toma posse do corpo dos inimigos para poder eliminar os demais rivais e derrotar os chefes. Logo de início podemos escolher entre quatro bandidos para se apossar e começar nossa jornada. A ideia é ótima e até existe uma boa variedade de inimigos, mas todos eles têm mecânicas muito parecidas entre os arquétipos disponíveis: os que arremessam projéteis e os que batem com as mãos nuas.

O jogo se resume a seis fases e seis batalhas contra chefões, mas mesmo na dificuldade mais alta, o desafio não coloca as habilidades do jogador à prova, tornando a campanha facílima. Inclusive este jogo é mais uma presa fácil para os platinadores de plantão, graças a isso e ao seu custo baixo em todas as plataformas. Não há um incentivo para que o jogador tente descobrir o que cada bandido faz ou complete os estágios em um nível mais elevado.

Não dá para falar que faltou criatividade, pois Avenging Spirit é um jogo de três décadas de vida, mas talvez ele não tenha sido a melhor opção para trazer de volta dessa vez. Sem contar que tanto a parte visual quanto a sonora se tornaram bem datadas, mesmo em comparação aos outros títulos que passaram por esse resgate do ostracismo.

Receita cansada

Não citei aqueles títulos do começo do texto à toa. Todos eles seguem um mesmo padrão de menu, com as mesmas funcionalidades. Logo, em Avenging Spirit encontramos as mesmas opções de formatos de tela e filtros, para dar aquele ar nostálgico de fliperama. Também é possível contar com os sempre úteis recursos de rebobinar e de poder salvar a qualquer momento em até seis espaços distintos. Isso sempre cai bem.

Entretanto, também temos a ausência de qualquer tipo de conteúdo que dê algum tipo de contexto histórico para os curiosos de plantão, como uma galeria. Só que dessa vez essa falta pesa um pouco mais, pois existem outros dois títulos que aprimoraram o pacote apresentado: Clockwork Aquario e Wonder Boy Collection, que contaram com a mostra de algumas artes e um menu de trilha sonora.

Os dois jogos supracitados foram distribuídos pela ININ Games, mas as duas empresas já colaboraram com alguns ports, como os de Panorama Cotton e 100% Cotton. Logo, realmente fica cada vez mais difícil de acreditar que não daria para enriquecer a experiência em torno de Avenging Spirit. Nem mesmo um Cheat Mode foi adicionado, só pela graça.

Para que eu não seja totalmente injusto, há a possibilidade de jogar a versão simplificada para consoles ou a emulada dos fliperamas, que abre a possibilidade de um amigo se juntar de maneira local. Também há a opção de escolhermos entre a ROM japonesa e a americana, mas elas não diferem em nada além das legendas.

Por fim, só pela curiosidade, dá para acessar o Debug Mode. Ele não faz nada de efetivo além de mostrar telas de testes diversas, como se estivéssemos mexendo no sistema de uma máquina de fliperama.

Alma penada

Avenging Spirit é um título bacana sim, mas dessa vez talvez fosse melhor que ele fizesse parte de algum compilado ou trouxesse um diferencial que justificasse seu lançamento. O fato dele ser bem fácil e não ter nada que incentive uma nova partida fará com que ele seja encostado bem rápido.

Prós

  • A dificuldade é bastante convidativa para jogadores inexperientes;
  • Diversos filtros e formatos de tela para trazer um ar nostálgico;
  • Os recursos para salvar a qualquer momento e rebobinar são uma mão na roda;
  • Uma platina fácil para quem curte a caça de troféus/conquistas.

Contras

  • O visual e o áudio ficaram muito datados;
  • Ausência de uma galeria;
  • Nada que incentive ou crie um fator replay.
Avenging Spirit — PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 6.0
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Davi Sousa
Análise feita com cópia digital cedida pela Ratalaika Games


é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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