Análise: Crypt of the NecroDancer (PC) - a dança das caveiras

Em meio a grande quantidade de roguelikes no mercado, Crypt of the Necrodancer consegue destacar-se pela sua originalidade, mostrando que o gênero ainda não perdeu seu fôlego.

em 01/05/2015

Crypt of the NecroDancer (PC) é um indie desenvolvido e publicado pela Brace Yourself Games. Apesar da versão final do jogo ter sido lançada recentemente, em 23/04/2015, o jogo já estava disponível desde setembro de 2014, através do Acesso Antecipado da Steam, no qual, além do apoio financeiro, você pode testar as versões iniciais do game e ajudar os desenvolvedores deste, apontando erros e dando sugestões.

Crypt of the NecroDancer é um jogo 2D pixelado que lembra os jogos da geração 16-bits, sendo possível notar nele sua participação em três gêneros (ou subgêneros) de jogo: o Roguelike, Dungeon Crawl e o Rhythm Game (jogo de ritmo, musical). Ele é um roguelike, na medida em que é um jogo difícil e suas fases, monstros e itens encontrados são gerados aleatoriamente. Pode ser categorizado como um dungeon crawl, pois, em certa medida, é um RPG que se passa em um cenário de fantasia envolvendo labirintos, várias batalhas com monstros e tesouros. E, finalmente, é um rhythm game, porque você depende do ritmo da música para se movimentar, matar os adversários e conseguir mais dinheiro. Enfim, a mistura desses gêneros, a princípio, principalmente para aqueles que não jogaram efetivamente, parecia ser algo no mínimo estranho para não dizer inconcebível e fadada ao fracasso, acaba por nos apresentar uma grande surpresa.

Tudo é questão de pegar o ritmo da coisa...

"Eles me disseram que eu era muito nova, me disseram que eu precisava de mais treino, eu disse a eles que estavam exagerando, como eu gostaria que estivessem! Eu não sei como eu sobrevivi àquela queda, alguma coisa muito estranha deve ter acontecido, meu coração bate como um tambor, mas meu sangue corre gelado. Eu não sei o que está acontecendo, mas eu estou aqui com uma pergunta, e eu irei encontrar uma resposta para aquilo que está me matando!” - Cadence

Logo na tela inicial, o jogo já nos apresenta um diferencial: a história introdutória do jogo é dublada, o que é raro em jogos indies devido ao alto custo de produção, ainda mais em roguelikes.

A história do jogo parece ser bastante rasa e se resume a poucas cutscenes no começo e em alguns poucos momentos durante o progresso do jogo, mas aparentemente se resume ao roubo do coração de Clarence pelo NecroDancer, como é apresentado no começo do jogo.  

Você inicia sua busca no primeiro nível (andar), em uma espécie de dungeon, onde a única maneira de você se mover é apertando os botões no ritmo da música, o que faz com que seu personagem também se movimente neste ritmo. fazendo que o jogo seja agradável tanto pela sua sonoridade quanto pela seu visual, pois, muitas vezes, parecerá que seu personagem está  de fato dançando. Para ajudar você a não perder o ritmo, há um coração centralizado na parte inferior da tela, cujas batidas estão sincronizadas com a música. Além do que, se movimentar na batida da música fará que a quantidade de moedas que você encontre seja maior, o que posteriormente lhe permitirá comprar uma quantidade maior e melhor de itens.

Cada um dos níveis do jogo possui uma música diferente, com um ritmo e duração própria. Quando a música acaba, você é transferido automaticamente para o próximo andar. O que não parece de todo o ruim, mas o problema é que cada andar possui um mini boss (mini chefe), que se não for encontrado e morto até o final da música, obrigatoriamente terá de ser enfrentado no início do próximo andar em uma sala fechada e apertada, de modo que você só consegue sair desta sala após matá-lo, dificultando bastante as coisas. Em outras palavras, na maioria das vezes é mais fácil encontrar o mini boss e matá-lo em seu próprio andar do que enfrentá-lo no andar seguinte.

Na dungeon há dezenas de monstros, cada um com habilidades, movimentos e velocidade própria, mas que, da mesma maneira que você, só consegue se movimentar no ritmo da música. Para você provocar dano a estas criaturas ou elas a você, basta que você pule no quadrado onde elas estão, encostando nelas antes que elas encostem em você, o que fará com que elas percam um coração de vida. Quando os corações chegarem a zero, elas morrem. Seguindo este raciocínio, a melhor forma para matar cada um desses monstros é descobrir qual dos seus lados é o mais oportuno para atacar e, principalmente, qual é o padrão de movimento de cada um deles. Por exemplo, as gosmas azuis ora pulam para o quadrante de cima, ora para o quadrante de baixo, este é o padrão de movimento delas e a melhor maneira de matá-las é com um ataque por trás no momento em que elas não estiverem pulando, ou seja, quando elas estiverem no chão.

Dessa maneira, podemos resumir os dois principais desafios do jogo em se movimentar no ritmo da música e em descobrir os padrões de movimento de cada um dos monstros para que você os possa matá-los.

Konga, konga, KONGA!

Durante a sua jornada, você se irá se deparar com vendedores de itens, sendo estes vitais para seu progresso no jogo. Há um vendedor por andar, cada um deles vende três itens aleatórios. Para complicar ainda mais a jogatina, ao menos na primeira vez, você não saberá o que cada um dos equipamentos fazem.

Alguns dos itens que mais se destacam são as pás e picaretas, que permitem que você crie seu próprio caminho, cavando nas paredes e nas pedras. Isso também cria a oportunidade para que você crie novas estratégias para matar os adversários.

Cada quatro andares do jogo é considerado uma zone, sendo que no jogo há um total de quatro delas, no final de cada uma dessas Zones há um Big Boss (chefão) que, geralmente, é muito mais difícil que os chefes dos outros andares. Este chefe não necessariamente será o mesmo, é possível encontrar pelo menos três Big Bosses diferentes por Zone.

Toda vez que você morre, você é transferido para o Lobby, onde, com os cristais adquiridos em sua última partida, você poderá comprar upgrades permanentes, como seu número máximo de corações, e determinar os itens que poderão ou não ser encontrados no jogo na próxima vez que você descer na dungeon. Também é possível, pagando certo custo em cristais, enfrentar uma criatura a sua escolha, o que facilita aprender seus padrões e descobrir a melhor maneira de derrotá-la. Resumindo, as coisas vendidas neste local lhe permite ter certo controle sobre a aleatoriedade do jogo. É também importante frisar que nem todos os vendedores do Lobby estão disponíveis no começo do jogo, muitos deles estão presos na dungeon e precisarão ser libertados.

Para aqueles que adoram roguelikes, mas não gostam de jogos musicais, o CoND traz a opção de você escolher o personagem Bard (Bardo). Este personagem permite que você se mova e ataque sem precisar seguir as batidas da música. Aliás, há ainda outros personagens selecionáveis, além de Cadence e do Bard, que serão liberados à medida que você avança na dungeon, totalizando 10 personagens distintos, cada um deles com uma peculiaridade, o que muda bastante a jogabilidade e o ritmo, lhe obrigando a criar novas estratégias.

Além disso, o game ainda trás outros elementos que favorecem seu replay como a possibilidade personalizar o jogo, colocando qualquer outra música que você tenha em seu computador, o que muda também o ritmo do jogo. CoND ainda lhe presenteia com um editor de níveis, no qual você poderá criar suas próprias dungeons e com a possibilidade de baixar novos MODs, como novos personagens, além dos 10 que já estão inclusos.

Já como nem tudo são moedas de ouro, o jogo também possui algumas características que não são de todo ruim, mas poderiam ser aprimoradas, como o modo cooperativo que só permite que você jogue com amigo localmente, ou seja, CoND não possui um modo online, o que dificulta as partidas multiplayer. Outro detalhe é que por se tratar de um rhythm game, as penalidades por não seguir o ritmo da música deveriam ser maiores, pois você pode simplesmente ficar parado e esperar os adversários fazerem seu movimentos primeiro, atacando-os em um momento propício, o que além de facilitar o jogo, faz com que os elementos de rhythm game sejam dispensáveis.

De qualquer maneira, Crypt of the NecroDancer é uma ótima e divertida pedida para aqueles que gostam de jogos de RPG, principalmente os roguelikes, e não têm aversão a jogos musicais. E você, meu caro leitor, prefere jogar CoND acompanhado com que tipo de música? Escreva nos comentários!

Prós

  • A história do game é dublada;
  • Combina com maestria elementos de RPG e Rhythm Game;
  • Mecânicas originais.

Contras

  • Falta do modo cooperativo online;
  • Pouca penalidade por não seguir o ritmo da música.

Crypt of the NecroDancer — PC  — Nota: 8.0

Revisor: Luigi Santana
Capa: Victor Pereira (Ryo)

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